Valoriza herói, todo sangue derramado afrotupy!

sexta-feira, abril 30, 2010

O Operário Em Construção

E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo:
– Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue e dou-o a quem quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu.
E Jesus, respondendo, disse-lhe:
– Vai-te, Satanás; porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás.
Lucas, cap. V, vs. 5-8.

Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia

Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.

De fato, como podia
Um operário em construção
Compreender por que um tijolo
Valia mais do que um pão?
Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia...
Mas fosse comer tijolo!
E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento
Além uma igreja, à frente
Um quartel e uma prisão:
Prisão de que sofreria
Não fosse, eventualmente
Um operário em construção.

Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tomado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
– Garrafa, prato, facão –
Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção.
Olhou em torno: gamela
Banco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, tudo o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.

Ah, homens de pensamento
Não sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operário
Soube naquele momento!
Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.
O operário emocionado
Olhou sua própria mão
Sua rude mão de operário
De operário em construção
E olhando bem para ela
Teve um segundo a impressão
De que não havia no mundo
Coisa que fosse mais bela.

Foi dentro da compreensão
Desse instante solitário
Que, tal sua construção
Cresceu também o operário.
Cresceu em alto e profundo
Em largo e no coração
E como tudo que cresce
Ele não cresceu em vão
Pois além do que sabia
– Exercer a profissão –
O operário adquiriu
Uma nova dimensão:
A dimensão da poesia.

E um fato novo se viu
Que a todos admirava:
O que o operário dizia
Outro operário escutava.

E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:

Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.

E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.

Como era de se esperar
As bocas da delação
Começaram a dizer coisas
Aos ouvidos do patrão.
Mas o patrão não queria
Nenhuma preocupação
– "Convençam-no" do contrário –
Disse ele sobre o operário
E ao dizer isso sorria.

Dia seguinte, o operário
Ao sair da construção
Viu-se súbito cercado
Dos homens da delação
E sofreu, por destinado
Sua primeira agressão.
Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebrado
Mas quando foi perguntado
O operário disse: Não!

Em vão sofrera o operário
Sua primeira agressão
Muitas outras se seguiram
Muitas outras seguirão.
Porém, por imprescindível
Ao edifício em construção
Seu trabalho prosseguia
E todo o seu sofrimento
Misturava-se ao cimento
Da construção que crescia.

Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
– Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.

Disse, e fitou o operário
Que olhava e que refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
O operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!

– Loucura! – gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
– Mentira! – disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.

E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão.
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Com o medo em solidão.

Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão.
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção.
FONTE:Vinicius de Moraes

"Meu Maio"

A todos
Que saíram às ruas
De corpo-máquina cansado,
A todos
Que imploram feriado
Às costas que a terra extenua –
Primeiro de Maio!
Meu mundo, em primaveras,
Derrete a neve com sol gaio.
Sou operário –
Este é o meu maio!
Sou camponês - Este é o meu mês.
Sou ferro –
Eis o maio que eu quero!
Sou terra –
O maio é minha era!
Vladimir Maiakovski

1º DE MAIO DO TRABALHADOR

maio verde 2010

quinta-feira, abril 29, 2010

1° de Maio: Vamos lutar em defesa dos aposentados e pela jornada de 36 horas

No Dia Internacional do Trabalhador nossas principais bandeiras de luta serão em defesa dos aposentados e pela redução da jornada sem redução de salários e direitos



O 1º de Maio já está aí. Vamos manter a tradição da esquerda e preparar atos unitários e classistas. Não faremos como as centrais governistas que realizam showmícios financiados pelas mesmas empresas e governos que atacam direitos e salários dos trabalhadores do decorrer do ano.

Uma das nossas principais bandeiras será a defesa do reajuste dos aposentados igual ao do salário mínimo: 9,68% retroativos a janeiro de 2010. A votação está marcada para a próxima terça-feira (5/4). Além disso, está em pauta o fim do Fator Previdenciário. Precisamos reafirmar o apoio da Conlutas à Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas (Cobap), que luta em defesa das aposentadorias.

Também serão levantadas as bandeiras de luta pela redução da jornada de trabalho para 36 horas sem redução de salários e de direitos, aumento de salário e contra a ocupação militar no Haiti.

O 1º de Maio é dia de luta contra o capitalismo, para denunciar as grandes empresas, os Estados e seus governos e reafirmar a luta por uma sociedade justa, igualitária, uma sociedade socialista.

A Conlutas faz um chamado a todos os setores do movimento sindical, popular e estudantil à realização de atos unitários, classistas, de oposição de esquerda ao governo Lula, aos governos estaduais e municipais e aos patrões. Vamos organizar atos conjuntos com todos os setores que hoje compõem o processo de reorganização e aproveitar para convocar o Congresso Nacional da Classe Trabalhadora.

Bandeiras de luta

Em cada Estado devemos nos apoiar nas mobilizações que estão ocorrendo e buscar unificá-las com as mobilizações nacionais que são:

- Aposentados: reajuste igual ao do salário mínimo, reposição das perdas e fim do fator previdenciário!

Estamos diante de mais um episódio na luta dos aposentados contra o governo Lula. Já é a terceira vez que o governo e as centrais governistas tentam uma manobra para impedir que os projetos de lei que garantem o fim do fator previdenciário, o reajuste igual ao do salário mínimo e a reposição das perdas sejam aprovados na Câmara dos Deputados. O governo quer pagar apenas 6,14% de reajuste. É necessário denunciá-lo e as centrais governistas que defendem 7,7%. Precisamos dizer que não há déficit na previdência, como insiste em afirmar o governo Lula. Só o ano passado o governo destinou R$ 283 bilhões para pagamento de juros e serviços da dívida externa.

- Redução da jornada de trabalho, para 36h, sem redução de salário e direitos

Essa bandeira deve estar presente em todas as campanhas salariais cuja jornada é superior a 36h semanais. Além disso, vamos denunciar que passados mais de sete anos, o governo Lula não tomou uma iniciativa sequer para reduzir a jornada, nem para 40h semanais. Vamos fazer um chamado às centrais governistas por um dia nacional de paralisações; não devemos apostar as nossas fichas em um congresso corrupto como as centrais governistas vêm fazendo. Essa vitória dependerá exclusivamente da mobilização de nossa classe e por isso será preciso unidade e uma forte ação contra o governo e os patrões.

- Aumento geral dos salários

Durante o Governo Lula os empresários e banqueiros aumentaram em 400% o seu lucro enquanto os salários aumentaram pouco mais de 50% no mesmo período. Vamos denunciar que isso só foi possível por que o governo, no momento da crise, despejou centenas de bilhões do dinheiro público para as grandes empresas e ao latifúndio, enquanto aos trabalhadores sobraram demissões e agora um ritmo infernal de trabalho. Portanto, há condições, sim, para um aumento geral dos salários!

- Reforçar reivindicações das campanhas salariais e manifestar apoio à luta do funcionalismo público federal

Em cada estado, região ou município devemos destacar as ações das categorias em mobilização, especialmente as campanhas salariais e dar divulgação a essas lutas. É preciso manifestar apoio à luta do funcionalismo público. Esse setor se enfrenta novamente contra o governo Lula, agora contra os projetos que na prática congelam o reajuste destes trabalhadores por 10 anos.

Haiti: Solidariedade sim, ocupação militar não!

Neste 1º de Maio mais uma vez vamos erguer defender a solidariedade ao povo haitiano. Vamos denunciar que os efeitos nefastos causados pelo terremoto têm sua intensidade agravada a partir das inúmeras décadas de opressão e retaliação impostos pelo imperialismo. Vamos reafirmar a importância da solidariedade classista e internacional, e fazer contundente exigência da retirada das tropas de ocupação militar daquele país. É preciso denunciar o papel do exercito brasileiro nesta ocupação e a irresponsabilidade do Governo Lula neste episódio. Vamos divulgar a visita de nossa delegação, este mês, ao Haiti e de nossa contribuição material ao Batay Ouvriye. Denunciar que nada está sendo reconstruído pelas tropas, que é com a própria força e solidariedade do heróico povo haitiano. Contra a ocupação, vamos exigir a presença de médicos, engenheiros, educadores e não soldados! Fora as tropas brasileiras do Haiti!

Faixas e bandeiras - Vamos ao 1º de Maio com nossas faixas, bandeiras, manifestos, formando as colunas da Conlutas. Além de nossas reivindicações principais, não podemos deixar de falar da luta contra a opressão, o machismo, a homofobia, da luta por direito a moradia, saúde, educação, estabilidade no emprego, e a defesa do Socialismo, alternativa para a vida da classe trabalhadora, para a vida da humanidade.

Veja a programação nos principais estados

São Paulo

Capital - O ato em São Paulo acontece na Praça da Sé e será divido em três blocos: sindical, dos movimentos populares e partidos políticos. Haverá apresentações de grupos culturais como Operário em Construção, Marighela, Rap-MST e Radiola.

Programação:
10h30 - Abertura do ato com a coordenação e a apresentação do grupo Radiola.
11h – Fala dos blocos dos sindicatos
11h50 – Fala os movimentos populares
12h45 – Fala os partidos políticos
13h – Encerramento.

São José dos Campos - O evento acontece neste sábado, dia 1º de Maio, a partir das 10h, na Praça Pedro Pinto da Cunha, em frente à Igreja São Judas Tadeu, no Jardim Paulista.

A luta pela redução da jornada de trabalho, sem redução salarial e sem banco de horas, estará no centro da manifestação, organizada pela CONLUTAS, sindicatos dos Metalúrgicos, dos Químicos, Trabalhadores da Alimentação, Correios, Admap (Associação Democrática dos Aposentados e Pensionistas), servidores municipais de Jacareí, oposição dos servidores municipais de São José dos Campos, oposição alternativa da APEOESP, Ação Eco-Socialista, Movimento Mulheres em Luta e Must (Movimento Urbano dos Sem-Teto) do Pinheirinho.

Ribeirão Preto

Em Ribeirão Preto haverá um ato público na Esplanada Pedro II, às 9h.

Rio de Janeiro

Niteroi - Neste ano a atividade do 1º de Maio será no Morro do Bumba, em Niterói-RJ. O ato levará a solidariedade para todos os trabalhadores vitimados em todo o Estado do Rio de Janeiro e denunciará o descaso dos poderes públicos municipal, estadual e federal relativo às tragédias das últimas chuvas potencializadas pela inércia dos governos de plantão.

Programação
30 de abril – 6ª feira – a partir das 16 horas – Panfletagens de agitação para o Ato do 1º de Maio nos seguintes locais: Central do Brasil, Metrô Carioca e Praça XV (Barcas);
01 de maio - sábado – Ato do Dia do Trabalhador em Niterói – concentração a partir das 10 horas da manhã no Morro do Bumba.

Minas Gerais

Belo Horizonte - No dia 30/04, às 8 horas no auditório do Sindicato dos Comerciários de BH, acontecerá o Encontro Metropolitano com as Centrais Sindicais para a elaboração de uma plataforma de luta unitária a ser encaminhada aqui em Minas, cujas principais bandeiras são:

- Valorização dos salários em nível regional;
- Redução da jornada de trabalho sem redução de salários;
- Contra o fator previdenciário;
- Contra criminalização e judicialização do movimento sindical e popular;
- Contra as práticas anti-sindicais;
- A questão da terra.

O ato do 1º de Maio unitário, acontecerá no mesmo dia do encontro, 30 de abril, na Praça Sete, a partir de 14 horas.

Rio Grande do Sul

Porto Alegre - A comemoração acontece na sexta- feira (30). Haverá o lançamento da revista “O ensino público pede socorro”, com a participação de professores e funcionários públicos. Logo em seguida, uma passeata irá do no Largo Glênio Peres até o centro da cidade, com a participação de sindicatos filiados à Conlutas. O ato se unificará com outras centrais sindicais e continuará em marcha até a sede do governo onde haverá um protesto contra o governo de Ieda Cruz. O encerramento será na Secretária Municipal de Saúde e denunciará o descaso e precariedade do governo com o setor.

Rio Grande do Norte

Natal - Será empunhada a bandeira por um mundo socialista, com a unificação dos trabalhadores da cidade e do campo, mulheres e homens, jovens e idosos. Juntos, pretendem ampliar ainda mais a jornada de lutas por uma sociedade justa. Participam da atividade o Sintsef, Sindsaude, Sintest, Sindbancários, Sinai, CASS, ANEL, POR, Intersindical, MST, GAS, MR, PSOL, PSTU e outras entidades.

Programação
Dia 30 (sexta-feira), 15h - Concentração no cruzamento da rua Baraúnas
com Av. 9 - em frente a Igreja Universal.
16h - Ato na praça Gentil Ferreira, no Alecrim

Dia 1º (Sábado) 9h - Panfletagem e ato no cruzamento da entrada de
São Gonçalo do Amarante (Nordestão do Gancho)

A história do 1º de Maio

O 1º de Maio é uma homenagem aos milhares de trabalhadores de Chicago (EUA) que foram às ruas protestar contra as péssimas condições de trabalho as quais eram submetidos - férias, descanso semanal e aposentadoria não existiam - e exigir a redução da jornada de trabalho de 16 para 8 horas. Essa mobilização envolveu mais de 250 mil trabalhadores. Em greve, realizaram manifestações, passeatas, piquetes e discursos movimentavam a cidade. Entretanto, a repressão policial foi brutal: trabalhadores foram presos, feridos e alguns deles mortos. Isto foi em 1886.

Após diversos enfrentamentos com mortes de trabalhadores e policiais, a polícia promoveu uma investigação pesada e centenas foram presos. Oito dos militantes mais ativos de Chicago foram acusados de conspiração.

Albert Parsons, August Spies, Adolf Fischer e George Engel foram enforcados no dia 11 de Novembro de 1887. Louis Lingg teria cometido suicídio na prisão. Os três restantes foram finalmente perdoados em 1893.

Em 1889, a Segunda Internacional Socialista aprovou em seu congresso, realizado em Paris, proclamar o dia 1º de Maio como o Dia Internacional do Trabalhador, em memória aos "mártires" de Chicago e pela luta por jornada de oito horas. Essa deveria ser uma grande manifestação internacional.

Em 1890, o Congresso norte-americano se viu obrigado a voltar a lei que estabeleceu a jornada de oito horas de trabalho.
Em 1º de Maio de 1891, nova manifestação no norte da França sofreu forte repressão policial resultando na morte de dez manifestantes, o que reforçou a data do 1º de maio como um dia de luta dos trabalhadores.

Em abril de 1919 o senado francês ratificou as oito horas diárias de trabalho e proclamou o 1º de Maio daquele ano dia feriado. Em 1920 a Rússia adotou o 1º de Maio como feriado nacional. Este exemplo foi seguido por muitos outros países, com exceção dos EUA.

FONTE: CONLUTAS

quarta-feira, abril 28, 2010

Ingresso não dará mais direito a doce

Organização da feira de Pelotas causou polêmica ao suspender a tradição





A Feira Nacional do Doce (Fenadoce) de Pelotas começará mais amarga para os visitantes neste ano. Por decisão da organização, o ingresso deixará de dar direito a um doce grátis, como tradicionalmente ocorria.

Embora a ideia tenha sido cogitada na edição passada, o anúncio da mudança causou incômodo às doceiras que participam da feira. Kris Fernandes, presidente da Associação dos Produtores de Doces de Pelotas, calcula que cada doceira vai vender 30% a menos com a medida.

– A maioria dos doceiros desaprovou a ideia. A Fenadoce foi feita em cima dessa ação, já é algo bem tradicional, e agora vamos ter de pensar em outra forma de chamar o visitante – preocupa-se Maria Helena Lubkejeske, proprietária de uma doçaria em Capão do Leão.

De acordo com Enio Lopes, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), instituição organizadora do evento, a mudança foi ocasionada principalmente pela escolha de não aumentar em R$ 2 o valor do ingresso, fixado em R$ 5.

– Estamos com o mesmo valor de ingresso há cinco anos, e o preço das iguarias vem subindo. Além disso, 20% dos doces grátis da última edição não foram retirados – justifica.

Novas estratégias para atrair visitantes

O presidente do CDL ressalta que as crianças que já visitavam a feira com entrada franca, mas não tinham direito ao doce, vão receber o brinde na entrada.

– A ação foi criada para apoiar as doceiras que nas primeiras edições ainda possuíam um trabalho artesanal e necessitavam da venda garantida. Hoje, as que cozinhavam em casa possuem empresas e funcionários – argumenta.

Outra questão levada em conta na hora da decisão foi a regularização da meia-entrada. Na edição deste ano, pessoas acima dos 60 anos e estudantes com carteiras de institutos de ensino pagarão metade.

– Antes, não tínhamos como dar meio doce – exemplifica Lopes.

FONTE ZERO HORA

Dia da Educação é comemorado hoje; pedagogo defende criação de Procon específico








No Dia da Educação, comemorado nesta quarta-feira, especialistas que participarão do 17º Educador Congresso Internacional de Educação foram convidados para comentar a importância da data. O congresso acontece em conjunto com a 17ª Educar Feira Internacional de Educação e o 6º Educador Management Seminário de Gestão em Educação entre os dias 12 e 15 de maio, em São Paulo.

Para Júlio Cezar Furtado, pedagogo, doutor em ciências da educação pela Universidade de Havana (Cuba) e mestre em educação pela UFRJ, a data deveria servir como motivo de mobilização e reflexão. "É um dia em que se tenta sensibilizar a sociedade para a questão da educação e deveria ser assumido pelos educadores. É um dia, teoricamente, dedicado à reflexão dos educadores e das famílias, para conscientizar sobre a necessidade de se ter uma educação de qualidade e, sobretudo, deixar claro o que é uma educação de qualidade. No Dia Nacional da Educação deveríamos clamar por um 'Procon' [órgão de defesa do consumidor] específico do setor".

Nilbo Nogueira, doutor em educação pela PUC-SP e mestre em educação pela USP, pondera sobre a questão da aprendizagem e a tecnologia. "Se a metodologia não for alterada, não há milagre tecnológico que possa dar conta de todos os problemas educacionais." No 17º Educador, Nogueira apresentará em seu debate a palestra "Metodologia x Tecnologia: Questionamentos e Inovações para uma Nova Escola".

Mário Sérgio Cortella, doutor em educação pela PUC-SP, lembrou o legado deixado pelo educador Paulo Freire, cujas ideias são consideradas importantes até hoje. "Paulo Freire, falecido em 2 de maio de 1997, menos de uma semana depois do Dia Nacional da Educação, nos deixou inúmeras obras fundamentais, sendo que uma delas foi a 'Pedagogia da Esperança'; por outro lado, pouco tempo antes de nos deixar, houvera registrado algumas contundentes reflexões que foram publicadas postumamente sob o título 'Pedagogia da Indignação'. Ambas as palavras, esperança e indignação, cabem bem dentro do conceito de educação e, mais ainda, da educação escolar. Esperança ativa na construção da dignidade coletiva e indignação impaciente com qualquer ameaça à fraternidade decente."

FONTE: FOLHA ONLINE

Acusado de matar o rapper Sabotage será julgado nesta quarta em SP

Sirlei Menezes da Silva vai a júri popular no Fórum da Barra Funda.
Sabotage foi morto em janeiro de 2003, na Zona Sul de São Paulo.




O acusado de matar o rapper Mauro Mateus dos Santos, mais conhecido como Sabotage, começará a ser julgado nesta quarta-feira (28) no Fórum da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo. O julgamento está previsto para começar às 13h. Sirlei Menezes da Silva, acusado de matar o músico em 24 de janeiro de 2003 na Zona Sul da capital, vai a júri popular.

Presidido pela juíza Fabíola Oliveira Silva, o julgamento vai ser realizado no 1º Tribunal do Júri. Sabotage foi assassinado a tiros na Avenida Abraão de Morais, no bairro Bosque da Saúde. Ele tinha 29 anos na época.

Cantor e compositor nascido em uma favela paulista, Sabotage compôs muitas músicas de cunho social, falando sobre drogas, violência e criminalidade. Sua estreia no cinema foi no filme “O Invasor”, de Beto Brant. Também incorporou o personagem Fuinha em “Carandiru”, longa de Hector Babenco, que estreou meses depois da morte do rapper. O papel dele era de um detento viciado em drogas.

FONTE: G1

terça-feira, abril 27, 2010

"Os loucos e insensatos estão em marcha"

Trafegava nesta quinta-feira pela BR-324 (Salvador – Feira de Santana) e vi a marcha do MST pela rodovia. Saíram de Feira de Santana e a previsão de chegada a Salvador é na segunda-feira. São mais de 100 km de caminhada.

Fala-se em 5 mil ou 6 mil participantes. Vi muitos jovens e mulheres participando da marcha.

Segundo a imprensa local, “a manifestação tem como objetivos cobrar mais agilidade na reforma agrária no País e cobrar do governo a realização de obras negociadas em manifestações anteriores, como a construção de casas e escolas em 120 assentamentos no Estado”.

A marcha também tem o caráter de protesto contra a criminalização dos movimentos sociais e contra a impunidade no campo, afirmou o deputado estadual Valmir Assunção (PT), que integra a marcha.

Com ele, estão outras lideranças do partido na Bahia, como o vice-presidente estadual da legenda, Weldes Valeriano. Na programação dos participantes, estão previstas “caminhadas pela manhã e atividades culturais – como curso de formação política e exibição de filmes – nos outros períodos”.

Antes de encontrar os membros do MST em caminhada, parei em um posto para abastecer o carro e puxei conversa com o frentista sobre a marcha. Comecei perguntando se estavam muito na frente e ele me respondeu que tinham passado por ali na manhã anterior e que àquela hora (mais ou menos às nove da manhã) já deveriam ter levantado acampamento e estavam novamente na pista.

Em seguida, tentou me confortar argumentando que era feriado, o trânsito não estava intenso e talvez não encontrasse muito engarrafamento.

Respondi que não me incomodava muito, pois o MST tinha o direito de lutar e de se manifestar. Ele se animou para continuar a conversa e alegou que também gostava do MST e da coragem deles, mas não gostava quando se tornavam violentos, destruíam plantações e casas das fazendas invadidas. Desejei bom dia de trabalho ao frentista e segui viagem.

Depois que passei por aquela multidão de homens e mulheres, caminhado em duas filas indianas, cantando e demonstrando que estavam voluntariamente naquela caminhada, pensei comigo mesmo: são mesmo loucos e insensatos!

Ora, são mais de 100 km de caminhada e nesta época do ano costuma chover muito no recôncavo baiano. Loucos e insensatos, mesmo!

Mais na frente, lembrei-me da observação do frentista com relação à violência do MST e pensei: também, o que se pode esperar de loucos e insensatos?

Que vão entrar com muito cuidado nas fazendas que ocupam, cuidar bem da casa, deixar tudo limpo e arrumado? Não, nada disso. São loucos e insensatos!

Mas o que os levou à loucura e à insensatez?

Por que tantos jovens, moças e rapazes, já perderam a razão e os bons modos ainda na flor da idade?

Esta doença é hereditária e foi causada por mais de 500 anos de exclusão e opressão. No início, os índios, depois os negros, depois os posseiros e pequenos colonos foram excluídos da terra e lançados ao léu.

Agora, séculos depois, tornaram-se “sem-terra” e marcham pelas rodovias do país, moram em acampamentos, ocupam fazendas, derrubam laranjais, queimam sedes luxuosas, matam bois para comer a carne… São uns loucos e insensatos.

Sendo assim, diferente dos “doutores da lei”, eles não sabem distinguir os vários tipos de posse, não sabem distinguir posse de propriedade e, muito menos, o que sejam os tais “interditos proibitórios.”

Para eles, interessa somente a terra e os alimentos que dela brotam. Terra, portanto, não se confunde com posse e, muito menos, com propriedade.

Terra é mãe e produz alimentos, é o local, o espaço sagrado e detentor das possibilidades de continuidade da espécie humana sobre o planeta. Propriedade, de outro lado, é mera abstração, conceito, idéia, pedaço de papel, registro em cartório…

Não compreendem os loucos e insensatos do MST, enfim, por que tantos “letrados” andam dizendo por aí que a “propriedade” é um direito sagrado.

Ora, sagrada é a terra, e não a propriedade dela! Esse destino místico da terra, porém, não se realiza com pastos e pisadas de bois ou eucalipto para virar celulose, mas com a presença do homem, como se pertencessem um ao outro, plantando e colhendo, no cio da terra, alimentos para o mundo.

O homem, portanto, não pode impor qualquer função ou amarras à terra, pois ela já tem desde sempre o seu destino inafastável, que é oferecer a vida ao homem que lhe habita.

Pensando bem, aliás, o que seria da vida, da liberdade e do mundo sem os loucos e os insensatos?

FONTE: MST/ Gerivaldo Neiva Juiz de Direito da Comarca de Conceiçãodo Coité (BA)