Valoriza herói, todo sangue derramado afrotupy!

terça-feira, novembro 30, 2010

Esquerda vence eleição do DCE da UFRGS










No dia 24 de novembro foi anunciado o resultado das eleições para o DCE da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Após um ano de paralisia, a principal entidade estudantil gaúcha está na luta de novo.

Com 2.354 votos, a chapa UFRGS Pública e Popular, que unificou a esquerda na universidade, retomou o DCE para o caminho das lutas. A chapa da direita fez 1.130 votos e a chapa que defende um programa pró-governo obteve 887, mostrando que o discurso de uma universidade perfeita não encontra eco entre os estudantes que vivem a realidade da educação superior pública.

No final de 2009, a esquerda da UFRGS sofreu uma derrota após uma divisão que gerou duas chapas de esquerda. A direita, já organizada há três anos, conseguiu vencer e conquistar a direção do DCE.

O que poderia se tornar uma briga quanto a quem tinha culpa pela derrota da esquerda, tornou-se um movimento coeso de oposição. Já na primeira semana de março, antes de as aulas começarem, os lutadores e lutadoras da universidade se juntavam contra a implementação do projeto do Parque Tecnológico, na trincheira oposta ao DCE, que defendeu o projeto da reitoria. Impedimos que o projeto fosse votado sem discussão.

Durante o ano, diversas foram as lutas em unidade: a convocação dos CEBs, que o DCE não convocou, a formação da Comissão Estudantil de Investigação (que levou a público a corrupção da gestão), as calouradas unificadas etc. Tudo isso culminou em uma grande chapa com 740 apoiadores em toda a UFRGS.

Novamente, a esquerda estava unida em uma eleição para combater tanto a direita quanto o governismo, que havia inscrito uma chapa com bastante força - fato que não acontecia há anos na nossa universidade.

Foram mais de três semanas de muita confusão, tentativas de golpes e mostras de desespero da direita. Quatro membros da comissão eleitoral ligados à direita tentaram de tudo para boicotar e anular as eleições. Porém, nesse momento, se viu a força dos diretórios e centros acadêmicos unidos, que tinham oito membros na comissão eleitoral. Esses, em meio a grandes batalhas dentro da comissão, conseguiram combater os golpes e garantir o pleito.

A direita tentou de tudo. Desde se utilizar da lista de e-mails dos alunos, de que dispõe o DCE, para divulgar que as eleições tinham sido anuladas, que a nossa chapa havia sido impugnada, que a nossa chapa havia supostamente agredido integrantes da comissão eleitoral, até rasgar atas de urnas onde tradicionalmente a esquerda faz muitos votos. Mas os estudantes perceberam a manipulação. Nossa chapa se mobilizou e garantiu que haveria urnas para que os estudantes escolhessem democraticamente a próxima gestão do DCE.

Essa unidade na UFRGS se deu em uma conjuntura de unidade nacional dos setores de oposição ao governo. Foi, sobretudo, alavancada pelo Seminário de Uberlândia. Hoje, já podemos nos orgulhar da vitória em diversos DCEs.

Agora o momento é de reorganizar a casa e mostrar aos 23 mil estudantes da UFRGS que o DCE está junto a eles novamente. Nossa gestão tem condições de entrar para a história com lutas importantes, pois não serão poucos os ataques à educação em 2011.

O próximo ano será de muito trabalho, mas com a certeza de aproximar ainda mais o DCE dos estudantes e ter uma grande gestão unificada até o fim, para poder vencer com força todas as tarefas que teremos.
FONTE: OPINIÃO SOCIALISTA

Nova equipe econômica anuncia ataques aos trabalhadores

Preparar desde já a resistência em defesa dos direitos trabalhistas e previdenciários








Na semana passada, a presidente eleita Dilma Rousseff (PT) anunciou os principais nomes de sua equipe econômica. Em destaque a manutenção de Guido Mantega no Ministério da Fazenda, além da indicação de Miriam Belchior para o Ministério do Planejamento e de Alexandre Tombini para a presidência do Banco Central (BC). Os dois também já colaboravam com o atual governo.

A divulgação da nova equipe econômica acontece em um momento de agravamento da crise econômica internacional, principalmente na Europa. No continente europeu vemos a ameaça da quebra de países como a Irlanda e a Grécia, e de uma profunda recessão em outros ainda mais importantes, como Inglaterra, Espanha e Portugal.

Este anúncio vem acompanhado do compromisso explícito de manutenção da essência da política econômica praticada nos dois mandatos de Lula e de novas medidas, que significarão mais ataques aos direitos da classe trabalhadora e do povo brasileiro.

A grande imprensa divulgou entrevistas com o atual (e futuro) ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciando uma política de ajuste fiscal e de maior contingenciamento do Orçamento da União. O ministro reafirma o compromisso de manter e ampliar o chamado superávit primário, medida que retira dinheiro do orçamento para garantir o pagamento dos juros e amortizações da dívida pública.

Além da meta de superávit primário de 3,1% do PIB (Produto Interno Bruto), Mantega fala em cortar cerca de 20 bilhões de reais do Orçamento da União, já no ano que vem. O contingenciamento do Orçamento vai afetar diretamente as áreas sociais e vai significar menos investimentos públicos em áreas prioritárias como a saúde e a educação, para garantir a remuneração e o pagamento de juros exorbitantes aos banqueiros nacionais e internacionais. Outra medida já anunciada é o congelamento dos salários dos funcionários públicos federais, ao menos em 2011.

Mantega destacou também a retomada da proposta da reforma Tributária. O novo governo já anuncia a intenção de flexibilizar direitos trabalhistas e previdenciários, anunciando a proposta absurda de reduzir a contribuição patronal no financiamento da previdência social.

Ou seja, o mesmo ministro do PT que segue afirmando que um aumento justo nos salários e nas aposentadorias dos trabalhadores e aposentados poderia falir a Previdência social se cala completamente sobre a verdadeira sangria anual do orçamento da Previdência para pagar os juros e as amortizações da dívida pública aos banqueiros, e ainda propõe diminuir a contribuição dos patrões para a previdência.

Os números oficiais do próprio governo demonstram que se acabassem os desvios contínuos das verbas da Previdência social, especialmente para pagar os juros da dívida pública, ela seria superavitária e ainda seria possível reajustar de forma digna o salário mínimo e as aposentadorias.

E o que é pior, embora ainda não admitida oficialmente pela equipe de transição do governo Dilma, o atual ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, já confirmado no novo governo, já declarou publicamente a necessidade iminente de que Dilma aplique uma nova reforma da Previdência. A grande imprensa já divulgou matérias sobre a intenção do governo Dilma de propor novo aumento na idade mínima para a aposentadoria.

O Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) propõe um caminho oposto, uma mudança absoluta na atual política econômica, que foi apresentado em nossa recente campanha para a Presidência. Defendemos o não pagamento da dívida externa e da dívida interna aos grandes investidores. Afinal, os pagamentos de juros exorbitantes por anos demonstram que o nosso país já pagou esta dívida.

Propomos sobretaxar as grandes fortunas; estatizar o sistema financeiro; reestatizar as empresas privatizadas; Acabar com a privatização do nosso petróleo e do Pré-sal, garantindo uma Petrobrás 100% estatal; entre outras medidas anticapitalistas que garantam as condições básicas para que seja possível erradicar a pobreza no país, garantir empregos para todos com salários dignos e os investimentos necessários para acabar com o déficit habitacional e garantir saúde e educação públicas e de qualidade.

Mas, infelizmente, o conjunto de medidas já anunciadas demonstra que Dilma vai seguir governando dando prioridade para a defesa dos interesses dos grandes empresários e dos banqueiros. E a classe trabalhadora, os negros, as mulheres e o conjunto dos explorados e oprimidos do nosso país sofrerão ainda mais com os ataques aos seus direitos, seja com as reformas constitucionais, que buscam flexibilizar os direitos trabalhistas e previdenciários, ou com a diminuição dos investimentos em serviços públicos de qualidade.

Para a classe trabalhadora e suas organizações sindicais, para os movimentos populares e estudantis, só resta preparar desde já a resistência contra os ataques que virão.

Neste sentido, nosso partido saúda a importante reunião que aconteceu no dia 25 de novembro, em Brasília, com a presença de dezenas de entidades sindicais e representantes dos movimentos populares, que aprovaram a construção de um espaço unitário de luta com o objetivo de preparar uma jornada de mobilizações já no primeiro semestre de 2011 em defesa dos direitos dos trabalhadores e do povo pobre. Uma nova reunião deste movimento ocorrerá no dia 27 de janeiro, em Brasília.

Somente com a mais ampla unidade de ação e de luta entre as entidades sindicais, movimentos populares e estudantis combativos de nosso país, a exemplo do que acontece hoje na Europa com as mobilizações e greves protagonizadas pelos trabalhadores e a juventude, para conseguirmos barrar os ataques já anunciados pela equipe econômica do novo governo, garantindo nossos direitos e reivindicações.

São Paulo, 29 de novembro de 2010.

Zé Maria, Presidente Nacional do PSTU e ex-candidato à Presidência da República.

III FESTIVAL MUNDIAL DAS ARTES NEGRAS




Faltam poucos dias para o início da grande celebração internacional à cultura negra. O III Festival Mundial das Artes Negras apresentará a visão de uma África livre, criativa e otimista, em contraponto à versão sombria veiculada nas mídias em geral. O Brasil é o convidado de honra desta edição. Estão encarregados de organizar a delegação que irá ao continente africano o Ministério da Cultura por meio da Fundação Cultural Palmares; o Ministério das Relações Exteriores, por meio de seu Departamento Cultural e da Embaixada do Brasil no Senegal; e a Secretaria Especial de Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR).

Símbolo do diálogo entre os povos e as culturas da Diáspora Africana, o III Festival Mundial das Artes Negras acontecerá de 10 a 31 de dezembro próximo no Senegal. A primeira edição, realizada em 1966 em Dakar, capital senegalesa, deu grande visibilidade aos anos de reconquista da dignidade dos povos negros em terras africanas, devolvidas há pouco tempo aos habitantes do continente. A segunda edição, realizada em 1977, foi organizada pela Nigéria.

DELEGAÇÃO BRASILEIRA - O Brasil é a nação com o maior número de negros ou mestiços do mundo, perdendo apenas para a Nigéria. São cerca de 90 milhões de habitantes negros ou afrodescendentes, o que transforma o território nacional em um grande símbolo da diversidade cultural. O País terá uma noite dedicada à exibição de suas riquezas musicais e outras manifestações artísticas.

As atrações envolvem grandes artistas e grupos, como Carlinhos Brown, Chico César, Tereza Cristina, Rappin' Hood e a escola de samba Império Serrano. Espetáculos de dança e paradas populares inspiradas nos tradicionais festivais brasileiros farão vibrar as ruas senegalesas. E, para que a festa seja total, os sabores brasileiros não serão esquecidos. Restaurantes irão sugerir diversos pratos e especialidades brasileiras.

INTELECTUAIS - Além das manifestações artístico-culturais, o III Festival Mundial das Artes Negras incluiu na programação um fórum com intelectuais dos países envolvidos, que debaterão temáticas relacionadas à Renascença Africana. Idealizado e coordenado pelo escritor e vice-presidente da Assembléia Nacional do Senegal, Iba der Thiam, o encontro será encerrado pelo presidente do país, Abdoulaye Wade.

FONTE: FUNDAÇÃO PALMARES

segunda-feira, novembro 29, 2010

“Antes, nós éramos pagos para pensar. Agora, para produzir”

O recente processo de intensificação do trabalho docente representa não apenas um aumento da quantidade deste trabalho, mas também uma mudança significativa do seu caráter. “Antes, nós éramos pagos para pensar. Agora, somos pagos para produzir. Precisamos discutir como lidar com isso. Essa é uma tarefa política que se impõe o nosso Sindicato”, provocou o professor da Universidade do Oeste do Paraná – Unioeste, Antônio Bosi, durante o painel “Trabalho docente e organização da categoria”, no 5º Encontro Intersetorial do ANDES-SN, em Brasília (DF), de 21 a 23/10.

De acordo com ele, as condições de trabalho no âmbito das instituições de ensino superior brasileiras vêm se modificando tanto nos últimos anos que a categoria se encontra aturdida. Até meados da década de 1980, o desenvolvimento da pesquisa acadêmica não era gerido por prazos rígidos pré-fixados e a obrigação de publicar resultados. “Muitas vezes a sala de aula era o principal laboratório docente, uma oficina artesanal onde a formação de novos profissionais não era um objetivo secundário”, acrescenta.

O quadro mudou drasticamente. “Nos últimos vinte ou vinte e cinco anos, esta experiência cedeu lugar às atividades de captação de recursos, realização e participação em eventos, publicação, consultorias, produção de patentes, prestação de diversos serviços etc. Uma das evidências mais gritantes desta mudança está expressa nas avaliações sobre os cursos de mestrado e doutorado que é realizada por nossos pares designados como consultores da CAPES. Atualmente, o mérito de um programa não é mensurado por sua capacidade de formar bons profissionais, mas pelo volume e “qualificação” das publicações docentes! Como é que nosso trabalho adquiriu este sentido?”, questiona.

Expropriação do trabalhador

Comparando o processo de intensificação do trabalho docente com o de conversão dos artesões em trabalhadores especialistas, conforme descrito por Marx, o professor ressalta que a expropriação do trabalhador não é um simples ato de sequestro dos meios materiais de produção, mas atinge, cancela, limita ou condiciona a autonomia ligada ao trabalho de modo a subordinar os trabalhadores. “A expropriação do trabalhador tem sido uma necessidade imperiosa para que o capital refaça constantemente suas relações de dominação para garantir a extração da mais valia nas mais variadas formas vividas por nós”.

Ele reconhece, obviamente, que as escolas e as universidades públicas nunca foram espaços de plena autonomia para a realização de qualquer desejo. Entretanto, esclarece que, até meados da década de 1980, a presença do capital nas instituições de ensino superior foi mais recessiva do que dominante. “No caso específico da pesquisa, a bolsa de produtividade financiada pelo CNPq existe desde, pelo menos, 1975, mas até o final dos anos 80 não compôs com qualquer tipo de arsenal político e ideológico que tivesse o objetivo de seduzir a massa de docentes e condicionar seu trabalho à meta de conseguir tal ‘benefício’”, exemplifica.

O professor assegura que, da mesma forma, na universidade de 25 anos atrás, a competição também não existia nos padrões atuais, onde prestígio e status são conferidos por quantidade de produtos e de projetos financiados, e não por mérito e relevância do trabalho docente.

Ele resume em pelo menos três os pontos de inflexão que resultaram nesta nova cultura acadêmico-científica centrada no aumento da produtividade: uma contínua e acelerada subtração e “privatização” dos meios de produção docentes; um processo de avaliação do trabalho docente a partir da pós-graduação stricto sensu; e uma relevante adesão docente a tal processo.

Necessidades do capital

Através de dados obtidos em pesquisas oficiais, o professor demonstra que, cada vez mais, o CNPq e as Fundações Estaduais de Apoio à Pesquisa têm convertido seus recursos para pesquisas e estudos que aparelhem e potencializem o trabalho docente à medida da necessidade do capital. “Uma das conseqüências desse processo é que a qualidade da produção acadêmica passa então a ser mensurada pela quantidade da própria produção e por valores monetários que o docente consegue agregar ao seu salário e à própria instituição”.

Exemplo é o crescimento da pós-graduação brasileira, mesmo sem a devida e necessária contrapartida financeira. Em 1965, havia no 27 cursos de mestrado e 11 de doutorado. Em 1996, já eram 1.083 de mestrado e 541 de doutorado. “Antes da última avaliação trienal feita pela Capes em 2010, havia 2.594 cursos de mestrado, 1.516 cursos de doutorado e 284 cursos de mestrado profissionalizante. Estes números representam um crescimento de 139,5% para os cursos de mestrado e de 180,2% para os cursos de doutorado nos últimos 14 anos. Foi neste território que se construiu os valores estruturantes de uma cultura voltada para a produtividade acadêmica e científica”.

Paralelamente, o dados apresentados pelo professor demonstram que as bolsas para mestrado tiveram redução de 3 para 2 anos e meio, no início da década de 1990, e de 2 anos e meio para 2 anos, no final dessa mesma década. “Nessa nova ossatura institucional, os mestrandos e doutorandos quase sempre recebem pressão de seus orientadores e dos programas (que pleiteiam sempre a melhor pontuação na CAPES) para cumprirem esses prazos a despeito da qualidade final de seus trabalhos”, denuncia.

Pobres, sujos e malvados

Declarando-se bastante pessimista com o quadro, Bosi fez uma dura crítica à postura assumida pela categoria em relação ao problema. “Somos feios, sujos e malvados porque uma vida dedicada somente ao dinheiro e ao status acadêmico produtivista é desumanizadora. Mas também somos feios, sujos e malvados para nós mesmos à medida que tendemos a tratar o produtivismo apenas com repulsa ou, no limite, entre a condescendência e o desdém”.

Para ele, esta postura se reflete, inclusive, em uma das deliberações do último congresso do ANDES-SN, realizado em janeiro, em Belém (PA): “denunciar o papel da CAPES e dos princípios e critérios de avaliação produtivista em curso, sobre a intensificação do trabalho docente, a redução de prazos para a formação de mestrandos e doutorandos, o incentivo à competição, a apropriação privada e a mercantilização do conhecimento”.

Porém, é nas decisões aprovadas por este mesmo congresso que o professor vislumbra a saída para o impasse, por meio da deliberação do ANDES-SN organizar Seminários Regionais e um Seminário Nacional para discutir as políticas de avaliação e qualificação para as universidades brasileiras, instituídas pelas agências de fomento, visando construir uma proposta crítica, contrapondo-se ao modelo utilizado.

O professor acredita que os seminários poderão proporcionar o espaço necessário para reflexão sobre processo de reorganização do trabalho docente. “Será mais uma oportunidade para um diálogo com nossos pares, mais próximo dos sabores e dissabores experimentados no trabalho docente, naquele lugar que denominamos de “base”, onde se vive a intensificação do trabalho e o ideário da produtividade acadêmica, no “chão da fábrica”, onde somos feios, sujos e malvados. Não é lá que se começa a construção da hegemonia?“.

Fonte: ANDES-SN

Unicef lista dez maneiras de contribuir para uma infância sem racismo





O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) lança hoje (29) uma campanha para combater o racismo contra crianças negras e indígenas. Uma dos objetivos é orientar os adultos sobre como tratar o tema da diversidade com as crianças e evitar que o preconceito se perpetue. Veja dez dicas listadas pelo fundo para lidar com a questão:

1. Eduque as crianças para o respeito à diferença. Ela está nos tipos de brinquedos, nas línguas faladas, nos vários costumes entre os amigos e pessoas de diferentes culturas, raças e etnias. As diferenças enriquecem nosso conhecimento.

2. Palavras, olhares, piadas e algumas expressões podem ser desrespeitosas com outras pessoas, culturas e tradições. Indigne-se e esteja alerta se isso acontecer!

3. Não classifique o outro pela cor de pele; o essencial você ainda não viu. Lembre-se: racismo é crime.

4. Se seu filho ou filha foi discriminado, abrace-o, apóie-o. Mostre-lhe que a diferença entre as pessoas é legal e que cada um pode usufruir de seus direitos igualmente. Toda criança tem o direito a crescer sem ser discriminado.

5. Não deixe de denunciar. Em todos os casos de discriminação, você deve buscar defesa junto ao conselho tutelar, às ouvidorias dos serviços públicos, da OAB e nas delegacias de proteção à infância e adolescência. A discriminação é uma violação de direitos.

6. Proporcione e estimule a convivência de crianças de diferentes raças e etnias nas brincadeiras, nas salas de aula, em casa ou em qualquer outro lugar.

7. Valorize e incentive o comportamento respeitoso e sem preconceito em relação à diversidade étnico-racial.

8. Muitas empresas estão revendo sua política de seleção e de pessoal com base na multiculturalidade e na igualdade racial. Procure saber se o local onde você trabalha participa também dessa agenda. Se não, fale disso com seus colegas e supervisores.

9. Órgãos públicos de saúde e de assistência social estão trabalhando com rotinas de atendimento sem discriminação para famílias indígenas e negras. Você pode cobrar essa postura dos serviços de saúde e sociais da sua cidade. Valorize as iniciativas nesse sentido.

10. As escolas são grandes espaços de aprendizagem. Em muitas, as crianças e os adolescentes estão aprendendo sobre a história e a cultura dos povos indígenas e da população negra e como enfrentar o racismo. Ajude a escola de seus filhos a também adotar essa postura.
FONTE: AGÊNCIA BRASIL

domingo, novembro 28, 2010

E vamos a luta!

Homenagem do blog G'BALA a todos os Rene (s) Silva(s) que vivem no Rio ou em cada canto do Brasil, alimentando nossa esperança de podermos viver em um país melhor. Eles no levarão a este futuro.


Eu acredito
É na rapaziada
Que segue em frente
E segura o rojão
Eu ponho fé
É na fé da moçada
Que não foge da fera
E enfrenta o leão

Eu vou à luta
É com essa juventude
Que não corre da raia
À troco de nada
Eu vou no bloco
Dessa mocidade
Que não tá na saudade
E constrói
A manhã desejada...(2x)

Aquele que sabe que é negro
O coro da gente
E segura a batida da vida
O ano inteiro
Aquele que sabe o sufoco
De um jogo tão duro
E apesar dos pesares
Ainda se orgulha
De ser brasileiro
Aquele que sai da batalha
Entra no botequim
Pede uma cerva gelada
E agita na mesa
Uma batucada
Aquele que manda o pagode
E sacode a poeira
Suada da luta
E faz a brincadeira
Pois o resto é besteira
E nós estamos pelaí...

Acredito
É na rapaziada
Que segue em frente
E segura o rojão
Eu ponho fé
É na fé da moçada
Que não foge da fera
E enfrenta o leão
Eu vou à luta
É com essa juventude
Que não corre da raia
À troco de nada
Eu vou no bloco
Dessa mocidade
Que não tá na saudade
E constrói
A manhã desejada...

Aquele que sabe que é negro
O coro da gente
E segura a batida da vida
O ano inteiro
Aquele que sabe o sufoco
De um jogo tão duro
E apesar dos pesares
Ainda se orgulha
De ser brasileiro
Aquele que sai da batalha
Entra no botequim
Pede uma cerva gelada
E agita na mesa logo
Uma batucada
Aquele que manda o pagode
E sacode a poeira
Suada da luta
E faz a brincadeira
Pois o resto é besteira
E nós estamos pelaí
Eu acredito
É na rapaziada!


E VAMOS A LUTA! - GONZAGUINHA


HOMENAGEM: G'BALA

A Voz da Comunidade



Aos 11 anos, Rene Silva, morador da Vila Cruzeiro, Zona Norte do Rio de Janeiro, foi estudar na Escola Municipal Alcide de Gasperi, onde teve seu primeiro contato com o jornalismo. “Pedi à diretora da escola para participar do jornal, ela autorizou e lá eu aprendi a usar o computador e diagramar”, conta o estudante que logo depois pediu para que a diretora o ajudasse a criar um jornal para a comunidade. Assim nasceu o jornal A Voz da Comunidade, com 100 exemplares por mês feitos na copiadora da escola.

Hoje, mais de quatro anos depois, Renê distribui mensalmente 3 mil exemplares do jornal pelo conjunto de favelas do Alemão. “Escrevo o jornal sozinho e às vezes meus primos me ajudam”, revela Rene que está cursando o primeiro ano do ensino médio e pretende cursar a faculdade de Comunicação e se formar em jornalismo. O estudante diz que os assuntos tratados no jornal são os que despertam o interesse dos moradores da comunidade, como saneamento básico, as obras do governo na comunidade, falta de energia e água, por exemplo.

O jornal também cobre acontecimentos na comunidade, como atividades culturais e artísticas, além de fatos do dia a dia. Rene conta que em 2007, em janeiro, na época das chuvas, a casa de uma senhora foi inundada pela enchente. Ele começou a fotografar a cena enquanto seu primo entrevistava a dona da casa.

Temas mais gerais como uma seção de culinária, leitor da vez, promoções junto a parceiros do jornal e também colunas de tecnologia e informática saem frequentemente nas edições da Voz da Comunidade. Rene ainda dá uma dica para agradar o público: “sempre sai uma notinha sobre o que está passando na televisão”.

E como se dá o financiamento tanto da impressão como da produção do jornal? Rene explica que o jornal se mantém através de patrocinadores e que as despesas com os brindes das promoções são todas pagas pelos próprios patrocinadores. “Eu não gasto o dinheiro do jornal com as promoções, somente para manutenção, mensalidade da internet e do computador”, diz. O dinheiro para a manutenção vem dos diversos anunciantes que o próprio Rene conseguiu, conversando com os comerciantes locais. Embora o jovem pretenda ampliar o raio de distribuição do jornal para outras comunidades, tem dificuldade de conseguir patrocinadores fixos para aumentar a impressão do jornal.

O adolescente conta que fazer o jornal trouxe, além de aprendizado, outras responsabilidades. “Não sou a mesma pessoa de anos atrás, pois algumas pessoas me vêem com um exemplo. Se eu errar uma única vez, vão falar. Então tenho que sempre andar na linha, curtir com os amigos, mas com moderação, nada de sair para as baladas e beber, por exemplo, que vou ser criticado”, conta. Por fim, Rene dá um recado para as pessoas que têm desejos como o dele: “Lute pelo seu sonho, porque não é impossível, basta você acreditar”.

FONTE: PRVL ORG

SUGESTÃO G'BALA: FORTALEÇA ESTA IDÉIA, SIGA @vozdacomunidade

Conjunto do Alemão tem um dos piores indicadores sociais do Rio

De 158 bairros, complexo ocupa a 149ª posição no IDS. Mais de 15% das residências não contam com rede de esgoto.



Local onde é realizada a maior operação contra o narcotráfico da história do Rio de Janeiro, o bairro do Complexo do Alemão, na Zona Norte, é dono de uma da piores médias do Índice de Desenvolvimento Social (IDS) da cidade. O índice, calculado pelo Instituto Pereira Passos (IPP), da prefeitura, mede o acesso a saneamento básico, a qualidade habitacional, o grau de escolaridade e a renda da população carioca.

Do total de 158 bairros do Rio, o Complexo do Alemão ocupa a 149ª posição, com um IDS de 0,474. Quanto mais perto do número 1, melhor o índice. De acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado no ano 2000, 65.026 pessoas vivem nos 18.245 domicílios do complexo, que é formado por 14 favelas, de acordo com o IPP. Deste total, mais de 15% das residências não contam com rede de esgoto.

Juventude fora da escola, mães precoces e pouca renda

Com uma das maiores densidades demográficas do Rio, segundo o IPP, alguns índices medidos pelo Censo 2000 do IBGE demonstram o porquê de o Complexo do Alemão ser uma das áreas mais carentes da cidade. De um total de 125 bairros pesquisados, o complexo está entre os 15 bairros com mais crianças e adolescentes, dos 7 aos 17 anos, fora da escola. Na faixa etária dos 15 aos 17 anos, o percentual chega a 27,83% de jovens que não frequentam as salas de aula.

Já 36,43% dos chefes de família têm menos de quatro anos de estudo. Um em cada 11 moradores da favela com mais de 15 anos de idade é analfabeto.

Isso se reflete em outros indicadores de pobreza, como o número de mães adolescentes do Complexo do Alemão. Na faixa etária entre 15 e 17 anos, 11,37% das meninas que moram nas favelas da região já são mães. E o dinheiro para cuidar dos filhos é curto, já que a renda média dos chefes de domicílio é de pouco mais de dois salários mínimos – 60,55% deles ganham até dois salários.

A origem do nome

O Alemão passou a existir oficialmente como um bairro carioca em 9 de dezembro de 1993, data do decreto municipal que definiu o nome e a delimitação da região. O complexo faz limite com os bairros de Olaria e Ramos (ao norte), Bonsucesso (a leste), Higienópolis e Inhaúma (ao sul) e Engenho da Rainha (a oeste).

Com 296 hectares, o Alemão tem quase o mesmo tamanho de Ipanema, um dos mais famosos do Rio, na Zona Sul, com 308 hectares. Para efeito de comparação, o complexo tem mais do que o dobro do tamanho da Favela da Rocinha, que tem 143 hectares.

Mas a origem do nome é muito mais antiga e se deve ao Morro do Alemão, uma das principais favelas do complexo, que até o final dos anos 40 era uma grande fazenda que pertencia a um imigrante europeu. “Por causa da aparência do dono da fazenda, branco e alto, todos se referiam ao local como a ‘fazenda do alemão’”, conta Seu Zé, presidente da Associação dos Moradores do Alemão em depoimento no documentário Complexo - Universo Paralelo. O filme é uma realização dos irmãos e cineastas portugueses Mário e Pedro Patrocínio. Os dois filmaram o cotidiano de moradores do Complexo do Alemão por cerca de dois anos e lançaram o filme no Festival do Rio 2010.

FONTE: G1

quarta-feira, novembro 24, 2010

Por que não podemos parar de lutar: mais uma comunidade quilombola é despejada no Maranhão










Desta vez trata-se da Comunidade Quilombola Cruzeiro, situada no município de Palmeirândia-Maranhão. Hoje (23) pela manhã, a força policial do governo Roseana Sarney, cumprindo liminar do juiz Sidney Cardoso Ramos, arrasou as plantações e benfeitorias das 200 famílias que vivem no povoado num ato de extrema perversidade e falta de humanidade.

Essa é a terceira ação de despejo cumprida sobre a comunidade Cruzeiro, que já foi declarada Remanescente de Quilombo, cujo processo já tramita no INCRA. Na semana passada uma Comissão composta de várias entidades: CPT, OAB, ANEL, PSTU, CSP/Conlutas, CONAC, Quilombo Urbano, Jornal Vias de Fato, FETAEMA, entre outras, participaram de Audiência Judicial na cidade de São Bento-MA, onde testemunharam toda a arrogância e truculência do juiz Sidney Cardoso Ramos. Apesar dos apelos das entidades, da comunidade e dos advogados, o juiz não aceitou e determinou o cumprimento da liminar.

Cruzeiro já foi certificada pela Fundação Cultural Palmares como Comunidade Quilombola, fato esse que não sensibilizou o dito juiz o ponto de reconhecer sua incompetência para julgar processos quilombolas, sendo o mesmo da competência da Justiça Federal.

O território de aproximadamente 900 ha é reivindicado pela família de Gentil Gomes, a mesma do conflito da comunidade do Charco, município de São Vicente de Ferrer – MA, que no dia 30 de outubro perdeu pelas balas de jagunços um dos seus dirigentes – Flaviano Pinto Neto, 45 anos.
Por Cláudia Durans e Manuel Santana (Quilombola de Charco-Maranhão)

FONTE: CSP-CONLUTAS

CSP-Conlutas, COBAP e FST convidam para reunião; pauta é organizar defesa dos trabalhadores

DIA 25/11/2010

CONVITE PARA REUNIÃO:
ORGANIZAR A RESISTENCIA EM DEFESA DOS DIREITOS
DOS TRABALHADORES E DA APOSENTADORIA

Passado o processo eleitoral, o debate político do país concentra-se na formação do novo governo, e nas medidas que devem ser adotadas por ele, frente ao quadro da economia no mundo e em nosso país. A avaliação que fazemos em comum – as três organizações que assinam este convite – é que as perspectivas para o início do novo governo apontam para mais ataques aos direitos dos trabalhadores.

As discussões recorrentes na mídia, sobre a necessidade de uma nova reforma da previdência e de um ajuste fiscal, e a postura da presidente eleita frente a estes debates são indicativos claros de que os ataques à aposentadoria, aos salários e ao serviço público que vem acontecendo na Grécia, França, Espanha, Portugal e Inglaterra, são uma pista importante para entender o que nos aguarda.

Na hipótese de estes ataques se efetivarem, não podemos ser pegos desprevenidos, como em 2003 na reforma da previdência feita pelo governo Lula. Precisamos nos preparar e preparar a nossa classe desde já. Unir todos os setores e organizações que têm disposição de lutar para defender os direitos dos trabalhadores – independentemente de suas opiniões políticas acerca da conjuntura e do governo que ora assume – é um primeiro e decisivo passo no sentido da construção desta resistência.

Por isso convidamos para uma reunião cujo objetivo é debater esta questão, visando avançar na construção de um “espaço de unidade de ação” capaz de unir e fortalecer os trabalhadores na luta em defesa de seus direitos e interesses.
Data da reunião: 25 de novembro
Hora: 10:00 hs
Local: SGAS Sul Av. W-5 Quadra 902 Bloco C - Edifício Sede da CNTC
Nesta reunião definiremos as bandeiras unitárias em torno às quais se construirá a nossa unidade, e também como funcionará este “espaço de unidade” que queremos construir. Neste sentido, apresentamos abaixo as opiniões que acumulamos entre as três organizações que convidam para a reunião. São opiniões que colocamos para a discussão entre todos, para uma definição conjunta na reunião do dia 25 de novembro: Bandeiras de luta: propomos a definição de poucas bandeiras, para que haja foco na luta; e que um critério para definir as bandeiras seja o comum acordo de todos em relação a elas.
- Contra a Reforma da Previdência / Fim do Fator Previdenciário / Recomposição do valor das aposentadorias e seu reajuste conforme o salário mínimo / Defesa da Previdência Social pública;

- Defesa dos direitos trabalhistas e sindicais / Regulamentação do artigo 7º e 8º da CF / Aprovação da convenção 158 da OIT – Proibição da demissão imotivada / Regulamentação e proteção do direito de organização nos locais de trabalho;

- Fim da Portaria 186 e da interferência do Ministério do Trabalho nas entidades sindicais, que tem sido usada para dividir organizações dos trabalhadores;

- Fim à repressão e à criminalização dos movimentos sociais / pleno direito de greve para todos os trabalhadores - da iniciativa privada e servidores públicos;

- Intensificação da luta nacional e urgente pela redução da jornada de trabalho, sem redução dos salários e sem banco de horas;

- Defesa dos serviços e dos servidores públicos / Aprovação da Convenção 151 da OIT pelo Congresso Nacional, assegurando-se o direito dos servidores públicos à negociação coletiva e livre organização nos seus sindicatos;

- Reforma Agrária já! / Por uma política agrária e agrícola voltada para a priorização da produção de alimentos e contra a monocultura e em defesa da agricultura familiar;

- Moradia digna para todos / Reforma Urbana concebida em base aos interesses da população;

- Educação e saúde pública e de qualidade para todos.

- Defesa do meio ambiente;

- Defesa da volta do monopólio estatal do petróleo e de uma Petrobrás 100% estatal;
Quanto ao funcionamento do “espaço de unidade de ação” que queremos construir, acreditamos que deve se pautar pelo seguinte:
- O “espaço de unidade de ação” não será vinculado a nenhuma central ou organização sindical em particular. Será amplo, aberto à participação do todas as organizações que queiram, independentemente de suas opiniões políticas, (e que, obviamente, concordem com seus objetivos);

- As bandeiras de luta e objetivos comuns a serem alcançados serão definidos coletivamente, com a participação de todos. Qualquer mudança nestas bandeiras e objetivos, portanto, também demandarão uma decisão coletiva, com a participação de todos;

- O espaço de unidade de ação se constituirá em torno à defesa das bandeiras que são comuns às organizações que dele participam. Devemos, portanto, colocar de lado aquilo que nos divide nesse momento (sem prejuízo do direito de qualquer das organizações que participam do “espaço”, de defender suas idéias e realizar os encaminhamentos que julgar necessários para defendê-las, sempre que julgar adequado). São idéias que estamos propondo para o debate para, em nossa reunião do dia 25, definirmos tudo coletivamente.

FST – Fórum Sindical dos Trabalhadores
COBAP – Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas
CSP-Conlutas – Central Sindical e Popular

Reforma da Previdência: Polêmica com o presidente da CUT - Central Única dos Trabalhadores

O que que é isso, companheiro Artur?

“Diga-me com quem andas que te direi quem és”
antigo ditado popular

Quem imaginava que a direção da CUT (Central Única dos Trabalhadores) já havia atingido o ápice em matéria de “chapa-branquismo” ao longo (e ao lado) dos oito anos de governo Lula precisa ler as declarações dadas pelo seu presidente a uma jornalista em relação à reforma na previdência gestada nesta reta final de governo Lula e início de governo Dilma: “Algumas centrais sindicais bandearam para o lado dos congressistas, que tentaram impor a queda do fator. Mas não adianta insistir, porque isso o governo já vetou e vai tornar a vetar”, diz Artur Henrique. Para o presidente da CUT, é melhor defender a Fórmula 85/95 do que bater na tecla da derrubada do fator previdenciário em 100%, informa ele à jornalista.

O “combativo” Artur se referia à aprovação pelo congresso do fim do famigerado fator previdenciário e ao veto ao seu fim feito pelo Presidente Lula. A tal fórmula 85/95 que ele se propõe a defender nada mais é do que a proposta que o próprio governo levantou como alternativa para retirar o veto. Na prática a tal fórmula 85 anos para as mulheres e 95 para os homens (tempo de contribuição, mais idade) tem o mesmo efeito que o fator previdenciário: reduz o valor das aposentadorias e alonga o tempo para o trabalhador aposentar-se com um salário digno.

A segunda declaração é ainda mais lapidar do “puxa-saquismo” oficial (se isso é possível). Vamos a ela: “A regra alternativa de 90/80 é mais benéfica para o trabalhador, sem dúvida, mas será rechaçada pelo novo governo, que não vai aceitar baixar a idade média em que as pessoas estão se aposentando hoje no Brasil”, alerta o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique. O Presidente Lula, que é bem mais esperto, deve estar pensado: “Disfarça Artur, você não é Ministro (ainda), é presidente da CUT.”

Aqui o Ministro Artur, perdão, o presidente da CUT critica uma proposta de negociação surgida no Congresso Nacional como alternativa ao fator previdenciário e à fórmula 85/95: 90 anos para homens e 80 para mulheres (de novo tempo de contribuição, mais idade). Seria uma medida ainda draconiana para quem vai se aposentar, porém em relação ao fator previdenciário e à sua cara-metade a fórmula 85/95, uma bem pequena concessão que reduziria em, no máximo, 2 anos e meio o tempo para aposentadoria. Pois bem, nem essa ínfima concessão o homem apóia.

Coerência é uma matéria ministrada em vários cursos. Se a fizesse, o presidente Artur seria reprovado. Sua nota: zero com louvor. Ele adora reclamar das “heranças malditas” que o governo Lula teria herdado de FHC e a importância de livrar-se delas. O fator previdenciário foi aprovado pelo governo dos tucanos, com a oposição da CUT e do PT à época. Essa “herança maldita”, que prejudica e muito os trabalhadores e trabalhadoras, o governo Lula esmera-se por mantê-la e o funcionário do governo, perdão, presidente Artur descabela-se agora para apoiá-la.

Um dirigente sindical tem o direito de ser favorável a um governo ou de apoiar um determinado candidato. Mas não tem o menor direito de subordinar os interesses da classe que representa aos interesses do governo, pois eles, regra geral, são antagônicos. Neste caso, em particular, muito antagônicos. Isso implica acabar com a independência e autonomia dos sindicatos, princípios elementares dos movimentos sociais. O problema aqui é que de tanto andar ao lado dos funcionários do governo, de tanto caminhar junto da candidata eleita Dilma, Artur Henrique esqueceu-se de quem ainda é: presidente da maior Central brasileira.

Em posição oposta, neste terreno, está a Confederação Brasileira dos Aposentados e Pensionistas . A COBAP já avisou: não vai aceitar mudanças no sistema previdenciário que não sejam para beneficiar os segurados. “Nós propomos uma reforma ao contrário, para conceder direitos, e não tirar”, diz o presidente da Cobap, Warley Martins. As duas declarações são de natureza opostas e se inserem num contexto global em que o capital, no seu desejo insaciável de manter seu lucro, joga sobre os trabalhadores e trabalhadoras os efeitos da crise que criou. A retirada de direitos, o ataque aos salários e à jornada de trabalho são a expressão cruel dessa política. Neste momento, o epicentro desse processo está na Europa. Aí a reforma da previdência encontra-se no topo da lista das ações sofridas pela nossa classe e uma das razões dos grandes conflitos ocorridos no velho continente. As greves gerais na Grécia, França, Espanha e agora Portugal são as expressões disso.

Como o Brasil não é uma ilha de ilusão no mundo capitalista, é natural para o capital estender essa política para cá. Durante a campanha eleitoral já havíamos visto declarações dos dois candidatos(do PT e do PSDB) nesse sentido, ainda que cuidadosas exatamente por causa das eleições. Agora rola nos bastidores do governo em transição de Lula para Dilma as “negociações” para uma nova reforma da previdência. As declarações de Artur Henrique são muito mais que preocupantes: são terríveis, pois estão mais para porta-voz do governo do que para presidente de uma central, por mais apoiadora do governo que ela possa ser. Isso sinaliza que, a depender de seus principais dirigentes, começando pelo presidente, a CUT vai buscar ser mais chapa-branca do que foi durante o governo Lula. O objetivo: tentar dar suporte no movimento sindical e popular ao próximo governo. Suporte importante, já que a presidenta eleita Dilma não tem o mesmo prestígio de Lula perante os movimentos sociais. O que se espera é que dirigentes da CUT e Sindicatos a ela filiados se posicionem categoricamente contra estas posições de Artur Henrique, cerrando fileira ao lado dos interesses da classe trabalhadora.

A CSP-Conlutas tem, sobre este tema, a mesma posição da COBAP expressa pela declaração de seu presidente Warley Martins. Por isso, a CSP-Conlutas, a Cobap, a FST, a Intersindical, a Via Campesina, além de outros setores, estão organizando uma reunião no dia 25 em Brasília aberta a quem mais quiser se somar. A finalidade é unir todos aqueles que querem lutar em defesa dos direitos da classe trabalhadora. É preciso unir a todos e a todas numa poderosa campanha. Ela deve demonstrar ao governo e ao capital que não aceitaremos que seja atirado sobre nossa classe o ônus de uma crise não criada por nós.

Mauro Puerro
Secretário Geral do SINPRO Guarulhos e da Executiva Nacional da CSP-Conlutas