Valoriza herói, todo sangue derramado afrotupy!

quinta-feira, dezembro 19, 2013

OS BOIAS-FRIAS DO FUTEBOL








A Pública visitou o universo dos pequenos times e dos jogadores profissionais desempregados e subempregados que o Bom Senso F.C denuncia. Abuso é pouco, constatou.


Terça-feira de manhã, céu nublado, aquele “chove-não-chove” no ar. A reportagem da Pública está em Mauá, município da Grande São Paulo, para acompanhar um jogo de futebol sem torcida, estrelado pelo Grêmio Esportivo Mauaense, da Segunda Divisão do Campeonato Paulista, abaixo da Série A3. Com o objetivo de montar uma equipe para o próximo campeonato do primeiro degrau do futebol profissional, os jogadores de Mauá enfrentam um time de jogadores ainda mais frágeis: o dos desempregados, reunidos em uma equipe montada pelo Sindicato de Atletas Profissionais do Estado de São Paulo (SAPESP) para que eles possam manter a forma enquanto não voltam a jogar profissionalmente.

Ali não há fotógrafos, jornalistas, símbolos das federações, placas de publicidade. Ninguém está nas arquibancadas para vibrar pelas jogadas no campo deteriorado, cheio de entulho. Dois cachorrinhos brincam no fundo do “campo” do Estádio Pedro Benedetti, municipal, que fica escondido atrás de um distrito da Polícia Militar.

Mas não falta emoção em um jogo em que cada um luta por um lugar ao sol, pela remota chance de realizar o sonho de se tornar, ou continuar a ser, um jogador profissional de futebol. A Pública acompanhou a partida, vencida por 3 a 2 pelo Mauaense, assistiu a ótimas jogadas e ao golaço de Jorge, o craque do time vencedor, do lugar do quarto árbitro – privilegiadíssima posição em um estádio “de verdade”- e, como faziam os jornalistas esportivos de outros tempos, desceu aos vestiários para entrevistar os jogadores.

Não estávamos ali para fazer uma crônica da partida, mas para saber como é a realidade dos jogadores da base da pirâmide do negócio futebol. Saber o que esperam aqueles que não ganham salários milionários, não saem em capas de revista, nem vendem milhões de camisas com seus nomes estampados, cuja existência era ignorada pela mídia até recentemente, quando o movimento Bom Senso F.C – formado por atletas da Série A e B do Campeonato Brasileiro – girou os holofotes dos bons gramados para iluminar a dura realidade do mercado de trabalho de futebol brasileiro em que campinhos como o de Mauá e o desemprego como os atletas da equipe da SAPESP são bem mais numerosos que as camisas do times de elite.

A maioria dos garotos que encontramos nos chuveiros têm por volta de 20, 21 anos, “velhos” para iniciar a carreira no futebol, e estão longe de obter um contrato para valer em um clube profissional. Mas não desistiram do sonho como diz o meia-atacante Eddy Rocha, um baiano de 21 anos, da equipe da SAPESP: “Me indicaram pro time do sindicato aí e eu tô aqui agora, mantendo a forma pra me empregar”, diz. Antes de chegar ali, o morador do bairro da Plataforma, na periferia de Salvador, chegou a passar pelas categorias de base pelos principais times baianos – o Vitória e o Bahia – mas não conseguiu a vaga como profissional. Foi para Pernambuco jogar no Ferroviário do Cabo, time da segunda divisão pernambucana, uma experiência que ilustra um pouco pelo que passam os aspirantes ao futebol profissional.

“A gente não tinha cozinheiro, tinha que ir um rapaz entregar marmita pra gente: feijoada, saladinha e um suco, isso quando vinha. A gente dormia num tatame. Fizeram o pedido por beliche e não veio enquanto eu tive ali. Todo mundo ganhava um salário mínimo, que chegou a atrasar uns três meses. Só consegui me manter com a ajuda de um amigo de infância, de Salvador”, relembra Eddy.

Enquanto penava no Recife, Eddy recebeu de um empresário para participar de testes de dois times da Série A2 paulista , o Audax e o Grêmio Osasco, que pretendiam disputar o sub-21. Pela idade era a última chance de Eddy jogar nesse campeonato e ele se despediu da mulher e do filho de um ano no Recife e veio a São Paulo sozinho para tentar a sorte. A história, porém, era “uma barca furada”, como diz. Quando chegou, o período de testes tinha se encerrado e Eddy ficou sem chance e passou aperto até ser acolhido por um amigo em São Paulo. Não voltou para o Recife porque acha que lá ainda vai ser mais difícil realizar seu sonho. E aceitou as desculpas do tal empresário, que ainda tenta convencê-lo a assinar um contrato com ele. “Ele disse agora que quer fazer um DVD meu pra mandar pra uns clubes, me dar uma ajuda de custo. Mas é coisa só de boca né, aí fica difícil”, diz, relutante. Se nada der certo, Eddy, que estudou até a oitava série, diz que vai virar professor de Educação Física.

A VIDA DURA DO ATACANTE JORGE, O CRAQUE DA PARTIDA
Do lado do Mauaense, a coisa não vai muito melhor. O grande destaque da partida, o atacante Jorge de Araújo, de 26 anos, fez o gol de cobertura, e deu trabalho ao time adversário, com dribles, pivôs bem feitos e belas jogadas. Mas ele não conseguiu ir além no futebol profissional e agora o que o aguarda parece ser mais uma vez a Segunda Divisão paulista, pela qual disputou o campeonato deste ano pelo Mauaense por um contrato de três meses de 800 reais mensais. Que ainda não foram integralmente pagos.

Mas Jorge não desanima: “É aquela coisa. Três meses, mas nesses três meses você tem a chance de mostrar alguma coisa no futebol. É uma coisa precária, uma divisão muito difícil, mas a gente tá aí batalhando para conquistar o melhor. Quem sabe não aparece alguma coisa, alguém me vê jogar e eu posso ir pra um clube melhor?”.

O último salário dos três prometidos para o campeonato passado está atrasado, assim como o dos colegas de clube, que ganharam ainda menos: R$ 678,00, o salário mínimo. “Temos a promessa do nosso presidente, que falou que tá vindo o dinheiro, mas a gente continua esperando”, diz Jorge.

Para se manter num cenário de tanta instabilidade Jorge arrumou um bico: “Hoje eu tô trabalhando numa escolinha de futebol, dando aula pras crianças. Sou técnico de um time infantil também, fiz uns cursos aí. E tem a várzea né?”, conta. “Não gostaria de jogar na várzea, mas lá é dinheiro garantido, dinheiro na mão. Termina o jogo e tá lá o seu dinheirinho dentro do envelope. Aqui no profissional às vezes o mês tem 60, 80 dias. Então a gente não pode contar com o salário do mês. Aí a gente às vezes vai pra várzea, vai pra longe, faz de tudo aí pra se manter”, explica, referindo-se aos campeonatos de futebol amador, assim apelidados em São Paulo porque começaram a ser disputados nas várzeas dos rios paulistanos.

Hoje há campeonatos de várzea bem estruturados, como a Copa Kaiser, o principal campeonato amador da capital paulista que neste ano contou com 192 equipes em jogos que foram de março a outubro. “Na várzea, eu já peguei cinco mil pra assinar e mais 250 reais por jogo. É um dinheiro bom e sempre vem conforme o combinado. No profissional, muitas vezes eles te prometem um contrato e só pagam uma parte. O que vale mais a pena?”, pergunta Jorge, que foi campeão da Copa Kaiser deste ano pelo Leões da Geolândia, da Vila Medeiros, zona norte de São Paulo.

Como as premiações são pagas em dinheiro vivo, fica sempre a dúvida sobre suas origens. Mas fato é que a várzea funciona como alternativa ao vácuo de organização das divisões menores do futebol profissional. Jogadores que chegaram à Seleção Brasileira, como o atacante Leandro Damião, do Internacional, o volante Elias, atualmente no Flamengo, e o meia-atacante Denílson, este pentacampeão com o Brasil em 2002, jogaram a Copa Kaiser.

A falta de alternativas para quem busca ser profissional de futebol é tão grande para que os que ficaram fora das categorias de base dos times profissionais que alguns chegam a pagar – literalmente – para jogar, como conta Jorge, que já recebeu a indecente proposta. “Eu estava em Santa Catarina e um cara me pediu dez mil pra me colocar num time da Segunda Divisão do Catarinense. Aí eu fui pra lá, eu estava com dinheiro, mas eu vi que era uma barca furada e desisti”, diz. “Tenho amigos, por exemplo, que pagaram dez mil por um contrato de seis meses num clube. Só que aí eles vão lá, jogam, e acabam recebendo esses dez mil de volta nesses seis meses. Depois você vai embora, não é aproveitado. Fica tipo uma bagagem. Aí o cara fala: ‘Ah, eu joguei no clube tal…’ Jogou nada. Jogou porque pagou pra jogar”, afirma.

NA BASE DA PIRÂMIDE, TIMES SEM DINHEIRO NEM INCENTIVO
Por sua vez, o Mauaense sofreu um fracasso retumbante na Segunda Divisão Paulista. Nos dez jogos que disputou, perdeu oito e empatou dois, ficando em último lugar do grupo 08. Em termos de arrecadação, o desempenho também foi ruim: média de 96,5 torcedores pagantes por partida em casa e renda média por partida de R$ 859,25.

“O Mauaense precisaria de uns R$ 70 mil por mês para bancar atletas, comissão técnica, médico, material esportivo, viagem essas coisas. Eu gastei R$ 20 mil, que era o que eu consegui por um empréstimo com um amigo, de última hora. Tá muito deficitário, né? Relutei esse ano para não entregar o time na mão de um empresário”, conta o presidente do Mauaense, Marco Antonio Capuano, conhecido como Quinho.

Diante da fragilidade de muitos clubes profissionais e das cifras que giram em torno do negócio-futebol, muitos investidores se aproximam dos clubes menores. “Chega um empresário com dinheiro, sonhando com uma transação milionária [de algum jogador], e começa a arcar com as despesas do clube. Às vezes vende o jogador, o clube não leva nada, e depois de um tempo vai embora, geralmente deixando dívida pro clube pagar, como já fizeram com o Mauaense, principalmente trabalhista, porque os contratos são firmados com o clube e não com ele,”, resume o dirigente.

Na opinião de Quinho, o que falta para o Mauaense é visibilidade – termo que ele repetiu pelo menos quatro vezes na entrevista. “Quando as pessoas não enxergam aquilo que você está fazendo, fica difícil. Como eu vou chegar numa empresa aqui de Mauá se eles falam: ‘ah, mas você não dá retorno’? É isso que a gente precisa: retorno. Precisa a prefeitura de Mauá nos ajudar, abraçar o time da cidade, e a mídia local e a própria federação paulista fazerem um esforço maior de divulgação do que se faz aqui na Segunda Divisão”, opina. “A falta de público é falta de iniciativa”, diz. De quem? “De todos, mas principalmente da mídia, do poder público e da federação paulista”, resume.

A Pública procurou a Federação Paulista de Futebol para falar nessa reportagem, mas não obteve retorno da assessoria de imprensa.

QUANTO MAIS LONGE DO CENTRO, MAIS DIFÍCIL O SONHO
Em estados distantes dos grandes centros, os jogadores também precisam se virar ainda mais para jogar o ano inteiro. “Quando termina o campeonato paraense aqui em Belém (PA), se a gente não consegue renovar o contrato, temos que ir para Macapá (AP) e jogar os outros três meses”, conta o belenense José Romeu Tavares, de 28 anos. O campeonato paraense foi de janeiro a junho e o amapaense, de julho a outubro. “A partir de dezembro começa a pré-temporada para o paraense, aqui em Belém e [os clubes] começam a contratar. Aí os jogadores voltam para não ficarem parados.”

Isso significa que muitos jogadores não têm férias entre as temporadas. Romeu se machucou no fim de 2012 e teve que passar por uma cirurgia no joelho. Ele ficou se recuperando durante o primeiro semestre deste ano, e jogou apenas o segundo, pelo Ypiranga, de Macapá. “Graças a Deus tive ajuda de amigos, da família que me ajuda e tenho um dinheiro que eu sempre deixo guardado, porque a gente nunca sabe.” Agora já retornou para Belém para a pré-temporada.

Situações como essa são comuns no Pará. O zagueiro Bruno Oliveira de Andrade, colega de Romeu no Ypiranga, não conseguiu firmar contrato para jogar no primeiro semestre. “Temos que dar uma economizada para sobreviver esses meses. Trabalhei em várias coisas: como motorista, até ajudante de pedreiro para ganhar um dinheirinho.” Romeu conta que muitos amigos desistiram do futebol porque precisavam sustentar suas famílias. Mas Bruno não quer seguir esse caminho. “Quando você fica três, quatro meses parado, passam várias coisas na cabeça da pessoa. Já pensei várias vezes em parar por causa da esposa, do filho. Continuo porque tenho condições de chegar em um lugar melhor. No futebol, do dia para a noite podem acontecer coisas melhores, você pode ficar bem. Meu sonho é ser campeão por uma equipe grande do Rio, de São Paulo, até de fora, conseguir sair daqui do estado.”

Em 2013, o Ypiranga teve apenas 23 jogos, dos quais 3 foram amistosos 20 oficiais (14 no estadual e 6 na Série D do Campeonato Brasileiro). O time sobrevive com uma média de 8 a 10 mil reais mensais que recebe da loteria esportiva Time Mania, além de um repasse anual de R$ 50 mil do estado do Amapá.

“Muita coisa o presidente tem que tirar do bolso”, diz o diretor administrativo do clube, Claudio Celio Góes Conrado. “Se não tem campeonato, não tem como manter o time [durante o ano]. A gente monta a equipe para jogar três meses se for só o estadual, e cinco meses se tiver a série D do Brasileiro”. Como na maioria dos times pequenos, os contratos de jogadores e patrocinadores vigoram apenas durante os campeonatos. “É complicado conseguir patrocinadores pela questão da credibilidade que a gente foi perdendo ao longo dos anos”, conta o dirigente. O time, fundado em 1963, possui sete títulos do campeonato amapaense, mas não ganha desde 2004.

FRANCESES EM SERGIPE?
Na segunda divisão de Sergipe, a situação é semelhante. “Os nossos campeonatos não são rentáveis, não temos patrocínios para realizar a competição, não temos grandes públicos nos estádios. O campeonato não é atrativo em termos de jogadores, já que a média salarial é baixa. Falta credibilidade frente aos torcedores porque não tem boas equipes”, descreve Diogo Andrade, diretor do departamento técnico da Federação Sergipana de Futebol. De acordo com ele, a média de público para jogos da Primeira Divisão do campeonato estadual varia entre 800 a 1000 pagantes, enquanto na Segunda Divisão é de 150 a 200 pessoas.

Fundado há 96 anos em Maruim, no interior de Sergipe, o Maruinense teve apenas 8 jogos em 2013. Com R$ 50 mil reais de patrocínio para todo o ano, o clube tenta diversificar sua receita fazendo parcerias com times de outros estados e busca outras fora do país. “Nós estamos firmando um projeto de clube-escola, em que vamos receber jogadores franceses, treinar e mandar pra fora. Além disso, estamos negociando com amigos meus na Ponte Preta, na Portuguesa e no Palmeiras para mandarem jogadores de 20, 21 anos que não estão sendo usados nos times de base”, explica Manoel Rodrigues Neto, presidente do clube. Ele conta que o time já revelou jogadores conhecidos como o atacante Oséas, que jogou pelo Atlético Paranaense, Cruzeiro e Palmeiras, na equipe que conquistou a Libertadores, em 1999.

“Meu sonho é colocar o Maruinense na série B do Campeonato Brasileiro, em um nível mais alto”, conta o dirigente do time que hoje disputa a Segunda Divisão do campeonato sergipano. Mas, para o zagueiro Felipe Severo Santana, de 25 anos, que já jogou no São Caetano e no Atlético Paranaense, o clube precisa melhorar sua estrutura para fazer frente aos times de elite. “Nesses times tinha mais profissionais, alimentação de qualidade, já aqui é meio carente. Aqui tem que ser guerreiro”, opina o jogador, que já trabalhou até em uma loja de sapatos enquanto ficou parado no futebol. “Já pensei em desistir muitas vezes. Futebol é injusto demais”, afirma.

Para Diogo Andrade, da federação sergipana, o maior problema é a incompetência administrativa” dos clubes. “Os clubes precisam ir atrás de patrocínio e trabalhar dentro do que arrecadaram, fazendo um orçamento. Aqui, primeiro se forma a equipe, pra depois pensar em uma forma de pagar.” Para ele, os campeonatos deveriam ter menos equipes que deveriam passar por um filtro das federações “exigindo um profissionalismo, para que não acumulem dívidas com os funcionários”, diz. “Eu já vi clube lamentando porque ia para a decisão da segunda divisão campeonato porque ia ter mais 15 dias de despesas”, relata, inconformado. Ele cita como bom exemplo de administração o caso do River Plate de Sergipe, que diante da possibilidade de disputar o Campeonato Estadual, a Copa do Nordeste e a Copa do Brasil, desistiu dos campeonatos oficiais por falta de condições financeiras.

Em termos financeiros, explica Diogo, vale mais a pena disputar o campeonato sergipano do que o nacional. “O estadual dá vaga para duas competições nacionais: Copa do Nordeste e do Brasil. Jogando dentro do estado a despesa é menor, por isso o lucro é maior do que no Brasileiro. E você tem certeza que o campeonato dura de janeiro a maio, pode contratar um atleta sabendo que vai cobrir todas as etapas do contrato do jogador. Já no brasileiro, a primeira fase tem dois meses. Você contrata um jogador por três meses [mínimo exigido pela lei]. Neste mês extra os atletas querem receber, mas o clube está inativo .”

Para ele, compensaria aumentar o número de times na série D ou criar uma série E do Campeonato Brasileiro se a CBF colaborasse. “Nós temos equipes com condições de ingressar em competição nacional, desde que a CBF se comprometesse a cobrir as despesas da competição – transporte, alimentação e hospedagem. Sem isso não há grande vantagem”, diz.

Ele também defende os campeonatos estaduais e regionais e elogia a Copa do Nordeste, bancada pela CBF, em que os 16 clubes recebem uma cota fixa em torno de 345 mil pela participação, mais a renda das partidas: “Um clube de Sergipe não ganha menos do que 500 mil reais em uma competição como essa. Ela serve para engrandecer os times da região”, diz, lembrando ainda que o campeão da Copa do Nordeste tem vaga garantida na Copa Sul-Americana. “É um caminho curto para uma equipe de menor porte chegar a uma competição internacional”, diz.

De acordo com o site Esporte Nordeste, o campeão receberá cerca de R$ 1,5 milhões, incluindo a cota de participação, a classificação até a final e a premiação.Em 28 de novembro, a CBF divulgou a tabela da Copa Verde, que será disputada por 6 clubes das regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste. O vencedor da competição, que acontece entre fevereiro e abril de 2014, também ganhará vaga na Copa Sul-Americana.

A CBF foi procurada pela reportagem da Pública, mas disse que não iria se manifestar.

PAULO ANDRÉ SABE O QUE É SOFRER NO FUTEBOL
Casos como esses mostram a necessidade de mudanças urgentes no futebol brasileiro, defendidas pelo Bom Senso FC, entre elas duas de interesse direto dos personagens desta reportagem: o aumento de jogos para os clubes pequenos (estendendo o calendário de atividade desses jogadores) e a instituição de um fair play financeiro, com a inclusão de leis mais severas para clubes que descumprirem suas obrigações contratuais. Só assim, seria possível mudar a história da grande maioria dos jogadores brasileiros, que alguns líderes do Bom Senso, como o jogador Paulo André, zagueiro do Corinthians, não esquecem.

“Eu morava num sítio que ficava quatro quilômetros da cidade, dormia num galpão com mais 30 outros sonhadores, aspirantes a jogadores de futebol. A nossa alimentação era precária: arroz, feijão e salsicha todo dia. A estrutura de treino era qualquer pedaço de grama que tinha na cidade. Nas viagens longas que se faziam pelo interior do estado, o ônibus quebrava e a gente chegava em cima da hora, atrasado pra jogar. Eu ganhava um salário mínimo, que era de 180 reais, e atrasava”.

A realidade vivida pelo craque 11 anos atrás, quando defendia as cores do Águas de Lindoia Esporte Clube, não mudou para os clubes menores, que ainda sofrem com esse vácuo de atuação de quem organiza o futebol brasileiro, como ele diz. “Isso não é fomentar futebol e sua prática, isso é expor trabalhadores a condições de risco. Isso é vender uma ilusão de ser jogador de futebol a milhares de pessoas, milhares de atletas, que vivem como verdadeiros bóias-frias do futebol. Vivendo do futebol três, quatro vezes no ano e depois tendo que encontrar outra divisão”, reflete.

“Queremos a redução de jogos dos times da Série A e aumento do número de jogos de todos os outros times brasileiros”, explica Paulo André, que vê os jogadores dos grandes times sobrecarregados de jogos e os dos pequenos sem-calendário. “A gente acredita que os clubes têm que jogar no mínimo 36 partidas e no máximo 72 partidas no ano. Qualquer modelo que consiga inserir essas duas premissas já é muito melhor do que o que está aí”, diz. “O que tem feito a CBF e as Federações sim, é um assassinato contra os clubes do interior.”

“Não há necessidade de que para que o pequeno exista, ele deva jogar contra o grande”, destaca. “Essa é uma grande mentira que tem emperrado o desenvolvimento dos pequenos. Hoje, no estado de São Paulo, que é o estado mais importante do país no futebol, a gente conta com 105 clubes. Desses 105, 85 não jogam contra os grandes porque fazem parte da Série A2, da Série A3 e da Série B do Paulista. E eles continuam sobrevivendo. Assim como os 7 clubes que jogam a Série A1 e não disputam competições nacionais. O que a gente pergunta para essas pessoas que defendem esse modelo é: qual é a diferença estrutural e financeira dos sete clubes que jogam a A1 para os 85 clubes que não jogam a A1? Não existe diferença. Todos eles estão se matando para tentar sobreviver”, conclui.

Por meio do Bom Senso FC, Paulo André e outros jogadores da “elite” também aproveitam sua visibilidade para denunciar os baixos salários e o atraso nos pagamentos que atingem a maior parte dos atletas. De acordo com dados da CBF, em 2010, 60% dos atletas profissionais registrados ganhavam até um salário mínimo, na época, R$ 510. Apenas 4,3% ganhava acima de 20 salários mínimos. Na lista dos 20 jogadores mais bem pagos no Brasil, feita pela Pluri Consultoria a pedido da revista Época Negócios, pelo menos oito fazem parte do Bom Senso FC. Enquanto D’Alessandro (Internacional), recebe o melhor salário entre eles, cerca de R$ 7,5 milhões por ano, os jogadores do Mauaense ganham o correspondente a 0,1% desse valor – R$ 8.136 por ano, um salário mínimo por mês.



FONTE: A Publica / Ciro Barros e Giulia Afiune

"2013 é o pior ano da reforma agrária", diz coordenador do MST











Para João Paulo Rodrigues, quase nada se fez, sendo que em muitos casos o governo teve a proeza de andar para trás

O ano de 2013 não deixará saudades aos Sem Terra de todo o país. No que tange a luta pela terra, o balanço é positivo, já que as mobilizações, marchas e ocupações de terras e prédios públicos aconteceram praticamente durante o ano inteiro.

Mas no que se remete à política de reforma agrária, quase nada se fez, sendo que em muitos casos o governo teve a proeza de andar para trás. Essas são as avaliações de João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST, sobre a política agrária estimulada pelo governo federal durante todo esse ano.

Como consta Rodrigues, algo que sempre esteve ruim nesse governo conseguiu piorar ainda mais. “Até agora, só 159 famílias foram assentadas em todo o país. É uma vergonha. Não passam de 10 os imóveis desapropriados pelo governo Dilma. Pior que o último governo militar do general Figueiredo, quando foram desapropriados 152 imóveis”, destaca.

Confira a entrevista:

MST - Como você avalia a luta pela terra em 2013 num período de completa paralisia da Reforma Agrária?

João Paulo Rodrigues - Apesar de ter sido um ano completamente negativo em relação à Reforma Agrária, os camponeses seguem firmes na luta pela terra.

Em março, por exemplo, montamos um acampamento permanente em Brasília durante três meses, realizando lutas constantemente na capital federal, como marchas, ocupações de ministérios e atos políticos.

No mesmo mês aconteceu a jornada das mulheres, quando mais de 10 mil camponesas se mobilizaram para exigir o assentamento das 150 mil famílias acampadas em todo país, ocupando terras, empresas de agrotóxicos, prédios públicos, fazendo marchas e trancando rodovias.

Logo na sequência, no mês de abril, os Sem Terra fizeram outra jornada de caráter nacional, com mobilizações em 19 estados mais no Distrito Federal. Novamente trancaram dezenas de rodovias, ocuparam mais terras, prédios públicos, prefeituras e realizaram marchas e atos políticos por todo o país.

Em junho e julho o Movimento se somou às manifestações que saíram nas ruas das principais cidades do país trancando diversas rodovias. Nessa onda, a juventude Sem Terra organizou sua jornada de lutas no começo do mês de agosto. No final desse mês, o conjunto do Movimento realizou, junto às centrais sindicais, uma mobilização nacional, com as centrais realizando greves e paralisações nas cidades, enquanto nós do campo trancávamos as rodovias.

No mês de outubro mais de 12 estados se mobilizaram em torno da Jornada Unitária por Soberania Alimentar, quando mais uma vez a população do campo promoveu marchas, ocupações de terras e prédios públicos. Nesse mesmo mês, a jornada dos Sem Terrinha repautou a luta no campo e necessidade da Reforma Agrária, ocupando ministérios e secretarias estaduais.

Tudo isso só para falar das lutas de caráter nacional, sem contar as lutas regionais, nos estados. Ou seja, falar que não há mais luta no campo é uma grande mentira.

E onde entra a questão da Reforma Agrária?

Aí é que vem o grande problema, com um balanço extremamente negativo. Trata-se do pior ano da Reforma Agrária. O governo Dilma, que sempre esteve péssimo nessa questão, conseguiu piorar ainda mais. Até agora, só 159 famílias foram assentadas em todo o país. É uma vergonha.

Não passam de 10 os imóveis desapropriados pelo governo Dilma. Pior que o último governo militar do general Figueiredo, quando foram desapropriados 152 imóveis.

Outro grave problema é o que o governo federal está chamando de “emancipação dos assentamentos”, passando o título dos lotes para os assentados. Na prática, isso serve para o Estado deixar de ter responsabilidade sobre as famílias. Mas o pior é que essa política vai criar uma contra Reforma Agrária, já que grandes fazendeiros passariam a pressionar os assentados para que vendessem seus lotes, colocando tudo por água abaixo e aumentando ainda mais a concentração da terra no país.

E a que se deve essa dificuldade em avançar na Reforma Agrária?

Podemos citar duas grandes questões cruciais.

A primeira é o fato do governo estar completamente refém da Bancada Ruralista, a maior frente no Congresso Nacional. São 162 deputados e 11 senadores, sem contar a legião de adeptos de última hora.

Só para se ter uma dimensão do problema, por mais absurda que seja a pauta desse setor, eles estão conseguindo sair vitoriosos em todas, mesmo em propostas inconstitucionais.

Podemos pegar desde o estrangulamento do Código Florestal, passando pela alteração da PEC do Trabalho Escravo, o retrocesso sobre a legislação referente à demarcação de terras indígenas, a criação de uma comissão especial para liberar com maior facilidade novos agrotóxicos – ignorando o trabalho de avaliação da Anvisa e do Ibama - e a liberação de novas sementes transgênicas.

Nenhuma dessas propostas é de interesse da sociedade brasileira. Todas são exclusivamente dos interesses particulares desse setor e estão sendo vitoriosas. A Bancada Ruralista é um câncer no povo brasileiro.

A outra questão é a ilusão do governo em relação ao agronegócio. As grandes exportações de commodities promovidas por esse setor permitem ao governo a manutenção da política de geração sistemática de superávit primário, garantindo o destino de recursos orçamentários para o setor financeiro, como o pagamento de juros e serviços da dívida pública, o que é lamentável.

Mas ao mesmo tempo tem se criado algumas políticas públicas para a agricultura familiar e camponesa.

Primeiro é muito importante ressaltarmos que todas as políticas públicas são conquistas das lutas dos movimentos sociais. Lutamos pela garantia da compra de alimentos e conquistamos o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Lutamos pela educação no campo e conquistamos o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera).

Lutamos pela agroindustrialização da nossa produção, e conquistamos o Programa Terra Forte. Lutamos por um outro modelo de agricultura, e conquistamos o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica - Brasil Agroecológico. Isso só para constar alguns exemplos.

No entanto, temos em mente que embora essas medidas sejam importantes, elas também têm seus limites. São muito desproporcionais se comparadas com os investimentos destinados ao agronegócio. Para se ter uma idéia o Plano Safra 2013/2014 da agricultura familiar representa pouco mais de 20% em relação ao que é destinado a agronegócio.

Além disso, contamos com essas políticas públicas hoje, mas nada nos garante que poderemos contar com elas amanhã. Uma simples troca de governo, por exemplo, pode acabar com todas as nossas conquistas.

O que é preciso fazer, então?

É preciso priorizar a produção camponesa e familiar, e não tratá-las como algo secundário. O governo precisa entender que a única solução à pobreza é uma ampla Reforma Agrária, criando milhares de empregos no campo. Ao contrário disso, resta apenas o inchaço dos grandes centros urbanos e a favelização das periferias ao redor dessas grandes cidades.

Ou seja, mudar a lógica e a estrutura da produção agrícola no Brasil. A própria FAO reconheceu que a única saída à crise ambiental e a garantia da soberania alimentar está na agricultura familiar. Quem disse isso foi o José Graziano, diretor da FAO. Tanto é que 2014 será o Ano Internacional da Agricultura Familiar pela ONU.

Mas por que ambos os modelos de agriculturas não podem ser conciliadas?

São modelos que se contrapõem em sua lógica e essência. A ganância do agronegócio junto aos seus gigantescos recursos econômicos inviabiliza outro tipo de agricultura, pois sempre buscarão incorporar as terras dos camponeses e os recursos naturais ao seu modelo de produção de commodities.

Para se ter uma idéia, nas duas últimas décadas mais de 6 milhões de pessoas foram expulsas pelo agronegócio no campo brasileiro. E foram para onde? Para as favelas dos grandes centros urbanos. O agronegócio não gera emprego, já que mais de 70% da mão de obra empregada no campo é da agricultura familiar, e se apropria das pequenas e médias propriedades, uma vez que a concentração de terras no Brasil segue aumentando ano a ano.

No âmbito da produção de alimentos básicos do povo brasileiro a situação também é gravíssima. De 1990 a 2011, as áreas plantadas com alimentos básicos como o arroz, feijão, mandioca e trigo declinaram entre 20 a 35%, enquanto os produtos nobres do agronegócio, como a cana e soja, aumentaram 122% e 107%. E tudo voltado à exportação. Estamos tendo que importar até arroz e feijão da China. Isso é alarmante.

Em fevereiro de 2014 o MST realizará seu 6° Congresso Nacional. O que o Movimento pretende com essa atividade?

Nele consolidaremos nossa proposta em torno da Reforma Agrária Popular. Mais do que nunca a Reforma Agrária é urgente e necessária. No entanto, é uma Reforma Agrária de novo tipo, o que chamamos de Popular.

Entendemos que a Reforma Agrária não é mais uma política voltada apenas para a população do campo. Ela é urgente e necessária para o conjunto da sociedade como um todo.

Se quisermos comer um alimento cheio de veneno que nos dará câncer, se quisermos cultivar uma produção que destrói o meio ambiente e contribui com a crise climática, expulsa os camponeses do campo aumentando a população pobre das grandes cidades, então a Reforma Agrária de fato não é necessária.

Mas se quisermos, por outro lado, um modelo produtivo que concilie sua produção com a preservação ambiental, que o povo brasileiro tenha alimentos saudáveis e sem agrotóxicos, que a miséria e a pobreza deixem de existir em nosso país, então ela nunca se fez tão necessária.

Por isso, temos que mostrar sua importância à sociedade para que o conjunto da classe trabalhadora ajude na realização da Reforma Agrária Popular, que só será possível com uma ampla reforma no sistema político.

E quais as perspectivas da luta para o próximo período?

Nesse último período, construímos e ampliamos a unidade entre todos os movimentos sociais do campo, com os olhos voltados para um programa de agricultura que realmente interesse ao povo brasileiro. E isso tende a se fortalecer cada vez mais.

Paralelamente a isso, aumentam as evidências das contradições do modelo do agronegócio, como sua destruição do meio ambiente, o enorme uso de agrotóxicos e a insegurança quanto aos preços dos alimentos.

Além disso, fruto das grandes lutas desse ano, as organizações sociais construíram o Plebiscito Popular por uma profunda reforma política em 2014, que permitiria mudar drasticamente o quadro atual.

FONTE: Luiz Felipe Albuquerque / Página do MST

Vassalagem e servidão no século XXI







Se conhecermos algo da história da Idade Média compreenderemos os termos que acabei de mencionar no título deste artigo. Estes dous termos referem um tipo de relaçons sociais de dependência dominante na Idade Média.



Dumha parte, a vasalagem como relaçom social que estipulava um pacto entre nobres e entre estes e o Rei. Estabelece-se pois umha pirámide com vínculos de dependência em que o nobre de maior categoria outorga um feudo (terras) pola obediência e serviço (militar) ao senhor nobre de menor categoria, e o senhor nobre de categoria superior perante o Rei. Sem esquecermos as disputas polo poder entre senhores feudais, já que muitos dos grandes Senhores feudais dispunham de maiores possessons do que o próprio Rei e por consequência maior poder jurídico-administrativo, militar e político entre os seus súbditos. Também nom é possível esquecermos da alta jerarquia eclesiástica e órdenes religiosas que possuiam grandes propriedades.

Nom é que queiramos analisar cá as relaçons sociais de dependência na Idade Média, mas sim, queremos estabelecer um grau de comparaçom entre as relaçons sociais de dependência nessa época com as atuais relaçons de dependência para olharmos com atençom as diferenças e similitudes e achar aquelas pegadas que impedem soltar lastro e dar por finalizado de vez qualquer um sistema de dependência e domínaçom que está a impedir a liberdade efetiva dos seres humanos quer na sua individualidade quer como ser social.

É assim que, além de falarmos da relaçons de vasalagem, estipuladas como já dixem só para as classes nobres, existia um outro tipo de relaçom de dependência na que se enquadrava a imensa maioria da populaçom, o campesinhado denominada relaçons de servidom. Estas eran as dominantes, já que a imensa maioria da populaçom era camponesa. O camponês era um semiescravo embora nom fosse vendida ou vendido com a terra, estava adscrito a ela e devia cumprir umhas obrigas impostas polo seu amo ou Sr feudal (nobre).

Os Camponeses devíam cultivar a terra e entregar ao Sr umha parte dessa colheita além de realizar umha série de serviços, mesmo prestar ajuda militar. Este nobre podia decidir também em muitos aspetos sobre a vida diária e íntima dos seus servos.

É assim que existia umha alto grau de dependência respeito do Sr feudal podendo falar quase dumha semi-escravatura. Mas agora queremos encontrar as similitudes e diferências entre a servidume da Idade Media e as relaçons sociais existentes no Século XXI e a nova servidume.

Bem é certo que neste século XXI os camponeses som substituidos por classe trabalhadora assalariada mas que continuam a sofrer umha situaçom de dependência respeito do seu amo, antes Sr feudal e agora Sr. burguês.O grande burguês estipula também umhas relaçons de dependência com a mediana burguesia e esta à sua vez com a pequena burguesia, similar as relaçons de vassalagem.

Do camponês ao trabalhador assalariado.
Do Sr. feudal(nobre) ao Sr. burguês.

Decorrem muitos séculos desde esa época do Medievo em que mudam os tempos e com eles os termos, mudam as formas, e as condiçons sociais, económicas e políticas evolucionam, mas no fundo as relaçons de dependência continuam a existirem e se consolidarem. Umha dependência que impede a liberdade quer individual quer social dos seres humanos para decidirem por sí próprios. Umha dependência extensível aos povos e as naçons subsumidas na homogeneidade dos Estados negadores da diversidade nacional, e negadores da sua riqueça e diversidade social e cultural.

A classe trabalhadora assalariada é o novo servo do século XXI. Esta classe trabalhadora deve cumprir um contrato em que tem de realizar umha série de tarefas para o novo amo burguês, em troco dum salário que lhe permite a subsistência além de poder continuar a regenerar sua classe, perpetuando assim o sistema capitalista e portanto as relaçons sociais de poder, dependência e domínio. Mantém pois umha dependência respeito do Sr burguês.

O Amo burguês decide o trabalho que devemos realizar e decide também as pautas e condiçons no seu desenvolvimento, além de decidir sem qualquer umha peja em que momento devemos abandonar a sua empresa deixando-nos sem qualquer um sustento e entrando a fazer parte da listagem de excluídas e excluídos sociais.

É pois a dependência umha forma de relaçom social de poder e domínio que continua a sua existência e consolidaçom em pleno século XXI e que impede qualquer libertaçom. Esta dependência tem a ver com a existência das classes sociais, burguesia e proletariado. A existência dumha classe que se encontra acima da pirámide, a grande burguesia capitalista, mediana burguesia e pequena burguesia. Estas duas últimas rendem vasalagem à grande burguesia através da inestimável colaboraçom que lhe prestam, enquanto estas tenhem assegurado o seu bem-estar e qualidade de vida.

Podemos olhar como malia o passo do tempo, há elementos que permanecem e mais outros que mudam adaptando-se às circunstáncias, a evoluçom e modernizaçom dos tempos, da técnica, das sociedades, das mentalidades e dos conhecimentos. A fórmula da dependência acho bem estudada polas estruturas de poder económicas e os seus servidores -governos- para continuarem este domínio polas classes poderosas sobre a imensa maioria da populaçom. As relaçons de dependência estipuladas na Idade Média diferem porque na altura ainda nom surgira o capitalismo. Mas, sim, existiam umhas classes poderosas, os nobres, que se encarregavam de extrair lucros graças à exploraçom dos camponeses.

No capitalismo continuam a existirem e se consolidarem ditas relaçons de dependência porque som as mais idóneas para continuarem a atingir o máximo lucro possível destas classes burguesas graças à exploraçom da classe trabalhadora assalariada. Sempre que existir umhas relaçons de dependência, sempre que existir qualquer um tipo de dependência ou dominaçom jamais é possível existir qualquer liberdade.

O aceso à liberdade passa por deixar fora o lastro da dependência, passa pola existência dumha moral autónoma que permita decidir por nós próprias e própriosa alcançando a maioridade, de decidirmos como seres quer individuais e quer sociais.

A dominaçom, exploraçom e opressom, som expressons das relaçons sociais de dependência existentes entre as classes poderosas e a imensa maioria da populaçom.

Há elementos que permanecem ao longo dos séculos, mas existem outros elementos que mudam polas circunstáncias, polos avanços da técnica, dos conhecimentos, pola evoluçom das sociedades e das mentalidades, e polo surgimento dumhas classes sociais que sustituem às anteriores além doutro sistema económico, que vem substituir ao feudalismo, o capitalismo. Adaptam-se pois as formas de dependência mas permanecem nas suas profundezas aspetos essenciais que permitam sustentarem e perpetuarem o poder dumhas classes sobre outras.

Deste jeito falamos de relaçons sociais de servidume do século XXI, com um sistema capitalista e patriarcal definido nestes momentos polo seu neoliberalismo, com democracias burguesas nos seus governos e na procura dumha homogeneidade social e dumha moral heterónoma que enquadra à imensa maioria da populaçom num proceso de minoridade perpétua.

Com todo isto só é possível falarmos dumha falta total de liberdade quer individual quer social da humanidade no século XXI.

A dependência da Idade Contemporânea do Século XXI, nom é mais do que um tipo de relaçons sociais que vem a se expressar no domínio, opressom e exploraçom da imensa maioria dos seres humanos por elites. Quer dizer, a dependência da classe trabalhadora por umha classe, a classe burguesa com o alvo de extrair o máximo lucro económico possível.

A única possibilidade de perpetuar estas relaçons sociais de dependência é através de:

Construçom dumha homogeneidade social e cultural que destrua qualquer diversidade enriquecedora quer individual quer social e esto implica o que segue:

Anulaçom da consciência própria e introduçom dumha consciência superior heterónoma, enquadrando a imensa maioria da populaçom num processo de minoridade perpétua em que nom é possível decidir por si próprios.

Repressom contra a classe trabalhadora se as duas primeiras nom funcionam a través de medidas que restrinjam cada vez mais os direitos e liberdades da populaçom.

Proceso de fascistizaçom dos governos para impedir qualquer umha resposta da populaçom ou levantamento contra os poderes estabelecidos

E a única possibilidade de aniquilar qualquer relaçom social de dependência e portanto a a exploraçom, dominaçom e opressom é através de:

Eliminaçom da pirámide que divide a sociedade em classes sociais diferenciadas, umhas supeditadas às outras através das relaçons sociais de dependência.

Construçom dumha diversidade enriquecedora quer individual quer social para medrarmos como pessoas.

Criaçom dumha consciência própria, quer dizer, autónoma que permita à populaçom a integraçom num processo de maioridade com o alvo de decidir por sí próprios um presente e futuro em total liberdade.

Atingirmos umha sociedade em que o único domínio existente for: A igualdade de todos os seres humanos, equidade no reparto da riqueza sempre vinculado a sustentabilidade do nosso entorno, solidariedade entre todas e todos, além da independência quer individual quer social, dos povos e naçons, o socialismo e portanto erradicaçom do patriarcado como um dos piares essenciais do sistema capitalista.

Entre estas duas possibilidades há umha grande diferença. Na primeira delas estipula-se um sistema de relaçons sociais de dependência expressado na dominaçom, opressom e exploraçom do ser humano por umha elite poderosa e assim extrairem do seu trabalho o maior lucro possível acumulando cada vez mais riqueças numhas poucas maos.

Na segunda possibilidade tem de ser eliminada necessariamente qualquer diferenciaçom social e portanto as relaçons de dependência esvaem-se com o que já nom ha existir qualquer expressom de domínio, opressom e exploraçom. Isto tem de se vincular à desapariçom da propriedade privada do capital e portanto dos meios de produçom. Esta sociedade tem de ir construindo através dum processo revolucionário na procura do socialismo real, a libertaçom total de todos os povos e naçons além de todas as as pessoas e portanto sua independência para decidir por sí próprios um presente e futuro mais feliz.

FONTE: Diário Liberdade / Belém Grandal

quarta-feira, dezembro 18, 2013

Congresso aprova orçamento do Estado brasileiro para 2014: quase 50% para banqueiros









Hoje, o Congresso Nacional aprovou o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) para 2014, prevendo um total de despesas de R$ 2,4 trilhões, dos quais a impressionante quantia de R$ 1,002 trilhão (42%) é destinada para o pagamento de juros e amortizações da dívida pública [i].

Esse privilégio mostra que o endividamento é o maior problema do gasto público brasileiro, e afeta todas as áreas sociais, tendo em vista que o valor de R$ 1,002 trilhão consumido pela dívida corresponde a 10 vezes o valor previsto para a saúde, a 12 vezes o valor previsto para a educação, e a 4 vezes mais que o valor previsto para todos os servidores federais (ativos e aposentados) ou 192 vezes mais que o valor reservado para a Reforma Agrária.

Diante disso e tendo em vista as inúmeras comprovações denunciadas pela CPI da Dívida realizada na Câmara dos Deputados (2009/2010), de falta de contrapartida dessa dívida, além de ilegalidades e ilegitimidades, é urgente realizar completa auditoria, conforme previsto na Constituição Federal. Conheça mais sobre o assunto no livro Auditoria Cidadã da Dívida – Experiências e Métodos.

Servidores Públicos
O Orçamento 2014 aprovado hoje prevê, para gastos com pessoal, apenas a segunda parcela do reajuste anual de 5%, que sequer cobre a inflação do período.

Comparativamente ao PIB, os gastos com pessoal apresentam queda no PLOA 2014, de 4,3% do PIB em 2013 para 4,2% do PIB em 2014.

Desta forma, verifica-se que a proposta do governo aos servidores mal repõe a inflação deste ano, e não recupera as perdas históricas que levaram as categorias ao grande movimento grevista no ano passado.

Salário Mínimo e aposentadorias
O PLOA 2014 mantém a política de reajuste do salário mínimo prevista na Lei nº 12.382/2011, segundo a qual o mínimo será reajustado pela inflação mais o crescimento real do PIB de 2 anos atrás. Para 2014, isto significa um reajuste de 6,8% (de R$ 678,00 para R$ 724 em 1/1/2014), correspondente à inflação (INPC) de cerca de 6% mais um aumento real equivalente ao crescimento real do PIB de 2012 (0,87%).

Com um aumento real de 0,87% por ano, serão necessários mais 154 anos para que seja atingido o salário mínimo necessário, calculado pelo DIEESE em R$ 2.729,24, e garantido pela Constituição: O art. 7º, IV, determina que é direito "dos trabalhadores urbanos e rurais (...) salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social...".

O PLOA 2014 não traz nenhuma previsão de aumento real para as aposentadorias acima do salário mínimo. O eterno argumento oficial contra um aumento maior do salário mínimo é que a Previdência Social não teria recursos suficientes para pagar as aposentadorias. Porém, tal argumento é falacioso e não se sustenta em base aos dados da arrecadação federal.

A Previdência é um dos tripés da Seguridade Social, juntamente com a Saúde e Assistência Social, e tem sido altamente superavitária. Em 2011, o superávit da Seguridade Social superou R$ 77 bilhões, em 2010 R$ 56 bilhões, e em 2009 R$ 32 bilhões, conforme dados da ANFIP. Deveríamos estar discutindo a melhoria do sistema de Seguridade Social, mas isso não ocorre devido à Desvinculação das Receitas desse setor para o cumprimento das metas de superávit primário, ou seja, a reserva de recursos para o pagamento da dívida pública.

Distrito Federal, Estados e Municípios
O orçamento 2014 aprovado sacrifica também os entes federados. Enquanto os rentistas receberão 42% dos recursos orçamentários em 2014, os 26 estados, Distrito Federal e mais de 5.000 municípios receberão 9,9%, o que significa uma afronta ao Federalismo.

A coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida Maria Lucia Fattorelli, a coordenadora do Núcleo DF Eugenia Lacerda e colaboradores do movimento passaram o dia no Senado, entregando a Carta Aberta que alerta para as limitações da proposta contida no PLC-99/2013. Apesar de o referido PLC representar uma pífia revisão da extorsiva remuneração nominal que vem sendo exigida dos entes federados desde o final da década de 90, nossa equipe ouviu de alguns senadores que sua aprovação teria sido suspensa este ano, devido à exigência de setores do governo federal que temem a interpretação negativa dos rentistas. Esse fato demonstra o crescente poderio do Sistema da Dívida nas esferas política, econômica, financeira e legal em nosso país.

Notas:
[i] O valor de R$ 1,002 trilhão inclui a chamada "rolagem" ou refinanciamento da dívida, tendo em vista a comprovação de que grande parte dos juros são contabilizados como se fossem amortizações e incluídos na chamada "rolagem" da dívida. Esse tema está detalhado no relatório específico elaborado pela Auditoria Cidadã da Dívida incluído no Anexo I do livro Auditoria Cidadã da Dívida – Experiências e Métodos.

FONTE: DIÁRIO DA LIBERDADE / Auditoria Cidadã da Dívida

segunda-feira, dezembro 09, 2013

ESTUDANTES OCUPAM A REITORIA DA UFPEL







A reitoria da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) foi ocupada na manhã de ontem por estudantes da instituição. Eles estão no gabinete do reitor, Prof. Mauro Del Pino, em períodos de revezamento, entrando 30 universitários de cada vez. O reitor chegou a dialogar com o grupo e deixou a sala logo após. No total são cerca de 150 manifestantes que prometem ficar no local até que suas reivindicações sejam atendidas. Dois deles já iniciaram greve de fome.

Uma das exigências é para que o pró-reitor de Planejamento, Luis Osório, deixe o cargo. Os estudantes alegam que ele não tem transparência e diálogo com a comunidade universitária. A briga com o pró-reitor Luis Osório se intensificou a partir do momento em que outros quatro pró-reitores, alguns eleitos pelos estudantes, assinaram um manifesto que circula nas redes sociais criticando o reitor Mauro Del Pino, que teria se afastado das promessas de campanha de transparência e decisões democráticas na universidade. Depois da publicação, surgiram comentários de que os pró-reitores que assinaram a nota seriam demitidos por Del Pino. Daí ocorreu a revolta dos estudantes que decidiram ocupar a reitoria.

As outras reivindicações são:

* Que se retome o programa de gestão para qual Mauro Del Pino foi eleito;

* Abertura imediata das contas da pró-reitoria em planejamento e fundações de apoio;

* Manutenção de todos os cargos comissionados;

* Avaliação justa da gestão;

* Que o assessor do reitor Álvaro Hipolito se retire de toda discussão com os estudantes porque supostamente se refere aos estudantes como “torcida de reitor”;

* Que jamais se discuta casa de estudante sem os estudantes e que sejam tornados públicos todos documentos da nova casa de estudante.



FONTE: DIÁRIO DA MANHÃ




Repúdio ao reitor nu Mauro Del Pino


E apoio total aos pró-reitores Rosane Brandão, Fabiane Tejada, Sérgio Christino e Antonio Cruz.

Pelotas, 09 de dezembro de 2013.

Nota de Repudio ao Reitor Mauro C. B. Del Pino e ao Pró-reitor Luiz Osório;

e Moção de Apoio aos Pró-reitores, Antonio Cruz, Fabiane Tejada, Rosane Brandão e Sergio Christino.



Nós, estudantes da Universidade Federal de Pelotas e residentes da Casa do Estudante, amparados pela Secretaria Nacional de Casa do Estudante (SENCE), e com apoio de demais discentes da UFPel, enviamos a todos e todas que se façam interessados o nosso repudio as políticas que vem sendo aplicadas na Ufpel, pelo reitor Mauro C. B. Del Pino. Políticas arbitrárias, que contrariam os preceitos do Movimento Reconstrução, dentre eles, democracia, transparência e diálogo com a comunidade acadêmica; motivos que levaram 4.517 estudantes desta universidade a votarem no projeto da chapa Reconstrução e garantir a vitória desta no segundo turno.

No dia 6 de dezembro de 2013, no período da manhã, cinco residentes da CEU UFPel, se dirigiram até o gabinete do reitor, afim de pedir explicações sobre as possíveis demissões dos pró-reitores Rosane Brandão (pró-reitora de assuntos estudantis), Fabiane Tejada (pró-reitora de graduação), Antonio Cruz (pró-reitor de extensão e cultura) e Sergio Christino (pró-reitor de gestão de pessoas), além do vice-reitor Carlos Mauch.

O reitor deixou explicito sua quebra com o Plano de Gestão, afirmando que a partir de agora ele irá tomar as decisões sem consultar a comunidade acadêmica, motivo pelo qual os discentes desta Universidade, começaram a se movimentar. No período da tarde, o reitor convocou alunos do MR, para justificar suas ações, que levaram à insatisfação estes mesmos estudantes que construíram sua campanha.

Coincidentemente ou não, esses pró-reitores – Sergio, Rosane, Antônio e Fabiane - foram reivindicados pelos próprios estudantes do MR, que veem nestes, pessoas de diálogo com os estudantes, que cumprem as políticas da Gestão a qual ajudaram a construir e que são da total confiança dos estudantes.

Os residentes da CEU sempre tiveram uma boa relação com estes pró-reitores, ao contrário dos demais, em especial com o pró-reitor de planejamento, Luiz Osório, o qual sempre dificultou ações em benefícios dos moradores da Casa do Estudante. As 'sabotagens' do Pró-Reitor Osório contra os estudantes que dependem de políticas de permanência para estarem na universidade, motivou uma manifestação no dia 27 de maio de 2013, reivindicando que a reitoria aceitasse os projetos de moradias reunidos pelo GT da PRAE, os quais foram solicitados e recusados também pelo Osório anteriormente.

Dentre os cartazes e palavras de ordem entoadas, FORA OSORIO engrossava as reivindicações.

Lembramos também que, dentre as políticas de gestão, as audiências públicas com as pró-reitorias foram cumpridas apenas por cinco dos oito pró-reitores. A pró-reitoria de planejamento, a qual não fez audiência e nem foi cobrada por isso; uma pró-reitoria que não trabalha com transparência e nem colabora com as pró-reitorias de assuntos estudantis, graduação, gestão de pessoas e extensão e cultura, e nem com os estudantes.

Ao contrário do que o reitor Mauro Del Pino disse na última sexta, nós, residentes, não temos um projeto novo de casa de estudante graças ao Luiz Osório. Se hoje os arquitetos da UFPel e sua equipe fizeram esse trabalho, foi graças às ações dos estudantes unificados e, especialmente aqueles que compõe o GT da PRAE, à equipe da PRAE, na figura de Rosane Brandão, Romério Kunrath e Janaína Guerra, residentes da CEU e estudantes do auxílio moradia, e à SENCE e demais estudantes do Movimento de Casas de Estudantes, que nos ajudaram constantemente na confecção de um plano de necessidades, que contemplasse todas as reivindicações do MCE. Se o Osório trabalhou pelo projeto da nova CEU, os residentes têm plena convicção que só o fez devido à pressão estudantil.

Diante disso, questionamos o que é considerado correto pelo reitor Mauro Del Pino: trabalhar com transparência e diálogo, como propõe o projeto de gestão do movimento reconstrução e como Rosane Brandão, Fabiane Tejada, Sergio Christino e Antônio Cruz têm trabalhado; ou com falta de transparência, falta de critérios e falta de diálogo, como o Luiz Osório trabalha.

Para nós, a postura do Osório é inaceitável para um bom andamento de uma gestão que preze por democracia e transparência. Que garanta a toda comunidade voz, respostas, soluções e espaços para construção coletiva.

Diante das condutas apresentadas pelo pró-reitor Luiz Osório, apoiado pelo reitor, Mauro Del Pino, justificamos nosso repúdio, já que esses nomes deixaram de trabalhar conforme os eixos do MR que visa: democracia, compromisso social, desenvolvimento pessoal e qualidade de ensino.

Desconsideram a opinião dos demais envolvidos na vida acadêmica, como mostra os dizeres do reitor no dia seis de dezembro deste ano: "Eu não preciso consultar a comunidade acadêmica para tomar decisões administrativas.”

Apoiamos incondicionalmente toda e qualquer decisão dos pró-reitores Antonio Cruz, Fabiane Tejada, Rosane Brandão e Sergio Christino, por trabalharem a risca o Plano de Gestão construído dentro do MR – construção horizontal das 3 categorias e da qual participaram – e por acreditarem que é possível gerir uma universidade com democracia, transparência, compromisso social, desenvolvimento pessoal e qualidade de ensino, incluindo conselho de gestão, reconstrução de regimentos, criação de constituinte universitária, conselhos administrativos, audiências publicas e critérios de planejamentos, sempre levando em consideração a opinião de estudantes, técnicos e professores.

Sendo assim, Os residentes, reunidos em 07 e 08 de dezembro de 2013, decidiram por ocupar a reitoria na próxima segunda-feira com as seguintes reivindicações:

- Que se retome o programa de gestão eleito;

- Pela ausência de transparência, compromisso e diálogo, Fora Osório;

- Abertura imediata das contas da Pró-Reitoria de Planejamento e das Fundações;

- Manutenção de todos os cargos demissionários, a começar pelos pró-reitores que são cargos de confiança dos Estudantes que fizeram as indicações e dos Moradores da CEU UFPEL;

- Avaliação justa da gestão, que não seja por meio de pesquisas tendenciosas, mas sim pelo cumprimento dos compromissos firmados em campanha e ao assumirem os postos;

- Que o assessor do reitor, Alvaro Hypolito, se retire de toda e qualquer discussão com o Movimento Estudantil, em especial o MCE, visto o evidente desrespeito deste conosco ao se referir a categoria como "torcida" dos pró-reitores em questão;

- Que JAMAIS se volte a discutir CEU sem a presença de residentes e de representantes da PRAE, inclusive junto ao MEC;

- Que sejam tornados PÚBLICOS todos os documentos sobre o Projeto da Nova CEU e documentos sobre o direcionamento de verbas para a construção de CEUs na região sul - que está sendo tocado na câmara pelos deputados da bancada sulista -, inclusive identificando aqueles que construíram os projetos, as universidades, reitores ou pró-reitores, deputados e partidos políticos envolvidos nisso.
Contamos com o apoio de toda a comunidade da UFPel e dos companheiros do MCE para que essas pautas sejam discutidas e conquistadas.

Amanhã, a CEU está de mudança pra reitoria!

O MCE vive!

Residentes da Casa do Estudante da Universidade Federal de Pelotas
CEU UFPel




REITORIA DA UFPEL DIVULGA NOTA OFICIAL

A Reitoria da UFPel, considerando os últimos acontecimentos, manifesta-se da seguinte forma:

A Reitoria da Universidade Federal de Pelotas, levando em conta a pauta de reivindicações do grupo de estudantes que está no Gabinete do Reitor, vem manifestar sua determinação no cumprimento, em sua integralidade, do programa eleito na comunidade que tem como base o compromisso social, a democracia, o desenvolvimento de pessoal e a qualidade acadêmica.

Ao longo destes quase 11 meses de gestão, um conjunto importante de ações foram desenvolvidas visando equalizar os diferentes problemas encontrados na UFPel. A Gestão busca organizar a Universidade estabelecendo critérios para a tomada de decisões, buscando recursos para dar conta da grande carência de infraestrutura acadêmica e administrativa e trabalhando na valorização dos órgãos colegiados. As ações foram centradas na organização da estrutura e na valorização dos servidores, bem como na assistência aos estudantes e no projeto da moradia estudantil, entre outros.

A Gestão está em diálogo com os estudantes disponibilizando os dados orçamentários da Universidade e das Fundações e demais informações solicitadas como forma de sinalizar o compromisso com a transparência e publicização das ações acadêmicas e administrativas. Quanto às reivindicações referentes à substituição ou não de pró-reitores, a Gestão manifesta que a questão será resolvida no âmbito interno a partir da avaliação dos últimos acontecimentos.

Cabe salientar que os avanços obtidos nestes 11 meses de gestão devem-se ao esforço e trabalho de todas as Pró-Reitorias. Neste contexto, a Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento vem cumprindo um papel estratégico para as conquistas obtidas, sendo fundamental a sequência do trabalho desenvolvido para os avanços na implementação do Programa de Gestão.

Reitoria da UFPel, 9 de dezembro de 2013