Valoriza herói, todo sangue derramado afrotupy!

sexta-feira, abril 29, 2011

Sem geraldinos e arquibaldos


Em meio a falência de clubes, ganância de emissoras e um mercado voraz, desaparece a possibilidade de o pobre torcedor assistir ao esporte que adora


Com a aparente "volta por cima" da Globo nas negociações sobre a transmissão dos campeonatos brasileiros de 2012 a 2014, as esperanças de transmissão de jogos na TV aberta em horários civilizados, para espectadores e atletas, se esvaem. Os clubes, atolados em dívidas, menosprezam a negociação coletiva. Também passam ao largo preocupações com o que o torcedor mortal terá de pagar por ingressos em estádios ou pacotes televisivos para ver seu time ou secar os demais. O esporte mais popular do país é cada dia mais impagável para a maioria da galera. O professor Flávio de Campos, do Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP), compara a situação a uma briga oligárquica. "Essa cartolagem é muito parecida com determinadas raposas da política brasileira, e às vezes se confundem mesmo", diz.

A realização da Copa de 2014 no Brasil reforça a mudança de foco do futebol e potencializa a cobiça. Construídos ou reformados, às vezes com necessidade duvidosa, os estádios serão em tese mais bem aparelhados, terão capacidade menor e ingressos mais caros, o que evidencia essa busca pelo público de maior poder aquisitivo. "A questão da transmissão é um complemento da exclusão que vem sendo feita há anos nos estádios. Em nome da segurança, um padrão de modernidade se impõe e remove os setores populares. Como se a violência fosse um atributo desses setores, o que é uma falácia", acrescenta Campos.

No Maracanã, a geral, conhecida pelo grande número de populares fantasiados que ali acompanhavam os jogos, foi destruída em 2005 e deu lugar às cadeiras - setor nobre. Foi o fim dos geraldinos, como eram conhecidos os frequentadores. E os arquibaldos, a turma da arquibancada, também não tem vida fácil. Ambos os tipos foram cunhados pelo escritor Nelson Rodrigues, frequentador do velho Maracanã.

Aperto

O funcionário público Paulo Roberto Evaristo estava lá no último dia da geral, em 24 de abril de 2005, no jogo entre Fluminense e São Paulo – e até guardou o ingresso. "Estudava e trabalhava, o salário era pequeno, era a opção mais em conta. Além disso, era legal ficar mais perto do campo. A visão era ruim, mas compensava. Dava para chamar e xingar os jogadores. Pelo menos ficava a impressão de que podiam ouvir", brinca.

Na despedida, Paulo e alguns amigos foram os últimos a deixar o estádio. Aos 39 anos, realizou o sonho de muitos meninos: conseguiu entrar no campo, cobrar pênaltis imaginários e fingir que estava ligando do orelhão, como alguns jogadores costumavam comemorar seus gols, em vez de correr para diante da câmera mais próxima. Segundo ele, o ingresso custava um quarto do da arquibancada, que por sua vez era metade do preço das cadeiras.

Em 2010, o Maracanã foi fechado. A reforma mira a Copa. Na última, a capacidade caiu de 120 mil para 86 mil pessoas – que passaram a pagar mais. Em 1969, o estádio chegou a receber 180 mil torcedores. Com a reabertura, provavelmente em 2013, caberão apenas 76 mil e esperam-se preços ainda mais elevados.

Às vezes, alguém reclama. Como na partida entre Santos e Cerro Porteño, pela Taça Libertadores, em março. O time paulista aproveitou o jogo contra o rival paraguaio para cobrar R$ 100 pelo ingresso. Resultado: protestos e pouca gente no estádio.

Em Salvador, o gerente financeiro Marcus Vinícius Vilas Boas, o Kiko, torcedor do Bahia e fã de carteirinha do estádio da Fonte Nova conta que os preços não esperam reformas para subir. "Já está tudo mais caro. No Pituaçu (que vem sendo utilizado para jogos maiores), os ingressos para o campeonato baiano estão R$ 50, R$ 40 no mínimo, dependendo do jogo. Na Fonte Nova custavam R$ 10, R$ 20, R$ 30 no máximo."

O palco da Fonte Nova foi fechado em 2007, após a queda de um pedaço da arquibancada que matou sete pessoas. Kiko estava a poucos metros. "Lembro o dia da tragédia, nunca teve só 65 mil torcedores ali", diz, referindo-se ao público oficial informado. "No mínimo, uns 80 mil." O tradicional estádio foi implodido. No local, será construído um novo, com capacidade para pouco mais de 50 mil pessoas.

Elitização

Em artigo publicado em O Estado de S. Paulo no final de 2010, o professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) Marcos Alvito cita a Soccerex, feira internacional realizada no Rio com foco no futebol como negócio, na qual "especialistas" decretaram que a modalidade no Brasil terá a classe A como clientela-alvo, deixando as classes B e C para trás. "Porque as D e E há muito não sentam em uma arquibancada. Hoje os estádios viraram estúdios para um show televisivo chamado futebol", observa o antropólogo, para quem está em curso um processo de elitização perversa do esporte.

O docente foi um dos criadores, em 2010, da Associação Nacional dos Torcedores. Incipiente, mas com reivindicações como maior transparência no futebol, além de igualdade de acesso aos estádios. "Vai acabar com toda e qualquer possibilidade de a população pobre ou de classe média baixa frequentá-los. Claro que a gente aprova o conforto. O problema é transformar o estádio num grande shopping center", diz o estudante Matheus Serva, da ANT. "E tem o agravante da televisão. Quarta-feira às 10 da noite é impossível para um trabalhador assistir ao jogo."

O historiador Felipe Dias Carrilho vê na questão da TV um aprofundamento da lógica empresarial, que não chega a ser novidade, mas se torna mais visível à medida que a Copa se aproxima. "É a capitalização máxima do esporte. Nossos cartolas são os coronéis dentro do futebol." O jornalista Juca Kfouri fala em um país sui generis, em que os capitalistas não gostam de praticar o capitalismo que apregoam. "Por um lado, uma emissora (Record) capta recursos de forma 'espúria', no 'mercado da fé'. De outro, a concorrente (Globo) não demonstra interesse em seguir as regras da concorrência."

No mundo do consumo, os europeus estão muito à frente. Considerado pela revista Forbes o time mais rico do mundo, o Manchester United, da Inglaterra, acumula patrimônio de US$ 1,8 bilhão. Seu canal pago é exibido em 192 milhões de residências. O segundo na lista, o Real Madrid, da Espanha (US$ 1,3 bilhão), mostra equilíbrio nas fontes de receitas: 30% vêm da bilheteria de seu estádio, 34% do comércio de produtos e 36% de direitos da televisão - aqui, a dependência da TV supera os 50%. Em meados de março, o site do clube tinha poucos ingressos disponíveis a não sócios para um jogo do campeonato local que seria realizado três semanas depois, contra o Sporting Gijon: € 225 (R$ 530).

Arquibancada

O executivo e consultor espanhol Esteve Calzada calcula que um fã do Real ou do rival Barcelona gastará aproximadamente € 3.000 (mais de R$ 7.000) se acompanhar seu time por toda a temporada europeia. "Em tempo de crise", lembra. Ele também prevê que, na temporada 2011-2012, o Barça desbancará o Real e se tornará o clube com maior arrecadação no mundo. O time catalão tem mais de 170 mil sócios-torcedores e mantém sempre lotado seu estádio, o Camp Nou, com capacidade para 99 mil espectadores.

No Brasil, os clubes, endividados, as TVs e seus patrocinadores caminham para consolidar a tipificação do torcedor de "arquibancada de prédio", na definição do professor Flávio de Campos: aquele que assiste ao jogo em casa e faz barulho para perturbar o vizinho simpático ao adversário - que também não vai ao estádio.

O professor vê o país perder a oportunidade de fazer uma correção de rota. Eventos como Copa do Mundo (2014), Jogos Militares (2011), Olimpíada e Paraolimpíada (2016) deveriam ser determinantes para formular políticas de investimentos na formação de atletas. "É incrível a falta de interesse em vincular essa agenda esportiva à educação", diz. "Se equipassem as escolas públicas, essa revalorização poderia transformá-las em centros de difusão do esporte. Não seria muito difícil pensar num projeto mais interessante e criativo, em vez de gastar bilhões em estádios ultramodernos."

Autor, 30 anos atrás, do livro História Política do Futebol Brasileiro, o professor Joel Rufino dos Santos, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), considera que a chave para essa completa mercantilização é a separação entre o esporte e o espetáculo. "Eu gostava muito de ver jogos no campo do Palmeiras, da proximidade dos jogadores. Não sei por que vão construir outro estádio. É para o espetáculo", ironiza.

"Vai-se ao campo como se vai ao teatro", confirma Juca Kfouri. O jornalista também detecta um aspecto inexorável de elitização e de transformação dos estádios em estúdios para programas televisivos. Corintiano, ele lembra quando saboreava o show da torcida. "O lugar é para sentir em cima da pedra, no degrau (da arquibancada). Se estivesse lotado, ia para o alambrado." Juca conta a "sensação paradoxal" que experimentou, no Allianz Arena, na Copa da Alemanha, em 2006. "Um lugar suntuoso, limpíssimo e quase esterilizado. Não dá para xingar o juiz. Você faria isso no Teatro Municipal?", brinca. "Cada vez mais a sensação que tenho é de que os estádios não têm alma."

Na Argentina, a transmissão dos jogos é de graça

Enquanto no Brasil quem gosta de futebol praticamente fica à mercê de um conglomerado televisivo, na vizinha Argentina o governo comprou a briga com o Clarín, principal grupo de mídia do país, e assumiu as transmissões, que passaram a ser gratuitas e exibidas pela TV pública, com o lançamento do programa Futebol para Todos. A mudança faz parte da substituição da antiga Ley de Radiodifusión pela Ley de Medios Audiovisuales.

"Um capítulo importante dessa lei era precisamente garantir o direito ao acesso ao esporte mais importante dos argentinos", afirmou a presidenta Cristina Kirchner, na assinatura do convênio entre a AFA, a associação de futebol argentina, e o Sistema Nacional de Medios Públicos (SNMP), em agosto de 2009. Segundo ela, é obrigação do Estado "garantir a todos, sobretudo àqueles que não podem pagar, o direito a ver seu esporte predileto".

Para Gustavo Bulla, diretor da Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual, órgão regulador argentino, a exclusividade de direitos para televisionamento de futebol foi um dos fatores que levaram à concentração no meio audiovisual. "Agora, aquele adolescente de 18, 19 anos está vendo pela primeira vez um jogo de futebol, porque muitas cidades, devido ao sistema a cabo, não podiam transmitir", afirmou, durante evento em Brasília no final de 2010.

O governo argentino ofereceu US$ 150 milhões por ano, até 2019, para televisionar o campeonato. O valor é aproximadamente três vezes maior que o da TV privada. O acordo foi aceito pelos clubes, todos em dificuldade financeira, e intermediado pela AFA.

No Brasil, nas negociações pelo direito de transmissão do Campeonato Brasileiro de 2012 a 2014, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), vinculado ao Ministério da Justiça, até conseguiu impor um pouco de concorrência ao tema. A Globo ficou de fora do leilão elaborado pelo Clube dos 13 e implodiu o órgão ao assediar individualmente os clubes. Ofereceu bem mais do que pagou no contrato anterior a alguns dos principais times do país. A Rede TV! entrou como única concorrente e ganhou a licitação no atacado. A Record, da qual se esperava a maior oferta, nem entrou no leilão depois dos movimentos da Globo "por fora" - e, como a rival, partiu para as negociações individuais.

As dúvidas se multiplicam. Durante o programa Observatório da Imprensa, o procurador-geral do Cade, Gilvandro Araújo, afirmou que a autoridade antitruste poderá se manifestar novamente se acionada. "Isso (as discussões entre TVs e clubes) talvez vá ensejar no futuro um outro tipo de análise, não só do Cade, mas de todos os interessados nesse setor."

No campeonato inglês, os clubes negociam juntos. Na Espanha, separados, com grande parte do bolo destinada ao Barcelona e ao Real Madrid. Enquanto na Inglaterra o troféu é disputado por várias equipes, a Espanha criou "o melhor campeonato gaúcho do mundo", conforme expressão do jornalista esportivo Paulo Vinicius Coelho, em referência ao campeonato do Rio Grande do Sul, quase sempre vencido por Internacional ou Grêmio.

A questão, no Brasil, passa também pela política. Parte dos clubes é aliada de Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) há 22 anos, parceiro da Globo e candidatíssimo ao comando da Fifa, a entidade maior da modalidade mundialmente. Antes de assistir de camarote à implosão, Teixeira tentou sem sucesso emplacar na presidência do Clube dos 13 seu aliado Kléber Leite, ex-presidente do Flamengo.

Entre os cotados para substituí-lo na CBF, se o mundo não acabar até lá, estão o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, companheiro de primeira hora, e até Marcelo Campos Pinto, executivo da Globo e principal articulador do atual imbróglio do futebol brasileiro - que não está livre de acabar nos tribunais.

FONTE: rede brasil atual

Dilma cancela participação em 1º de Maio da Força Sindical












A presidente Dilma Rousseff cancelou a sua participação na comemoração do 1º de Maio organizada pela Força Sindical e outras quatro centrais --UGT, CGTB, Nova Central e CTB.

Com o cancelamento, ela deixará de dividir o palco com adversários como o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) e o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Os centrais esperam levar até 1,8 milhão de pessoas na comemoração que acontecerá na avenida Marquês de São Vicente, em São Paulo.

O custo estimado pelos organizadores é de até R$ 2,7 milhões.

O evento contará ainda, segundo a Força Sindical, com a presença do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (que saiu do DEM para fundar o PSD) e os ministros Carlos Lupi (Trabalho) e Alexandre Padilha (Saúde).

O ato político está marcado para começar às 10h. Após os discursos, haverá shows de artistas --como Cesar Menotti e Fabiano, Amado Batista e Luan Santana-- e sorteio de 20 carros.

Já a CUT espera reunir cerca de 30 mil pessoas para comemorar o 1º de Maio, no vale do Anhangabaú.

A central havia acertado com a prefeitura fazer o evento no parque da Independência, mas o Ministério Público do Estado de São Paulo obteve uma liminar para que o local não fosse ocupado.

Os organizadores não divulgam quanto devem gastar neste ano em que a programação da CUT começou no dia 25 de abril, com eventos culturais. Empresas do setor de eventos estimam que a central deva gastar entre R$ 2 milhões e R$ 2,5 milhões.

Os gastos das duas festas serão parcialmente pagos com patrocínios de empresas estatais e privadas. A Petrobras destinará R$ 300 mil para cada uma.

Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Eletrobras são algumas das empresas que fecharam patrocínios que variam de R$ 150 mil a R$ 200 mil.

Brahma, Casas Bahia, Carrefour, Pão de Açúcar, BMG, Bradesco e Itaú também devem contribuir com cotas de R$ 80 mil a R$ 200 mil.

FONTE: FOLHA.COM

Ministra pede inquérito sobre suposta cota racial no futebol francês





A ministra do Esporte da França, Chantal Jouanno, pediu uma investigação na Federação Francesa de Futebol (FFF) a respeito de denúncias de que a entidade estaria adotando, em segredo, uma cota racial para jogadores jovens.

Segundo afirmou nessa quinta-feira (28) o site investigativo francês Mediapart, autoridades da FFF teriam aprovado a limitação de 30% no número de negros e árabes entre 12 e 13 anos nos centros de formação e escolinhas de futebol no país.

Citando fontes da FFF "escandalizadas" com a diretriz, o site afirma que a suposta ordem, mantida em segredo do público, já havia sido comunicada pela Direção Técnica Nacional (DTN) da entidade para as academias de treinamento.

A ministra afirmou que a discriminação racial não tem lugar no esporte e prometeu a manutenção de oportunidades iguais para os atletas do país.

O Mediapart acusou o treinador da seleção francesa, Laurent Blanc, de aprovar a medida. Tanto a FFF quanto o técnico negaram totalmente a adoção da cota racial para jovens.

O assessor de imprensa da seleção, Philippe Tournon, afirmou que Blanc estava "afrontado" com a acusação. Segundo ele, a alegação vai contra a "filosofia" do treinador.

A questão racial tornou-se um assunto delicado no futebol francês depois do mau desempenho da seleção nacional na Copa do Mundo da África do Sul, em 2010, quando o time foi eliminado na primeira fase.

A equipe foi alvo de alegações de que os jogadores negros - seis, ao todo - haviam se rebelado contra o comando da seleção devido a problemas raciais, por não se sentirem à vontade em representar a França - uma ex-potência colonial na África.

A experiência vivida pelo time na África do Sul contrasta com a de 1998, quando a França se sagrou campeã do mundo com um elenco multiétnico, repleto de jogadores brancos, negros e árabes, conquistando a torcida.
FONTE: AGÊNCIA BRASIL

quarta-feira, abril 27, 2011

Xingu Vivo: Comitê Metropolitano vai às ruas contra construção de hidrelétrica










A construção da hidrelétrica de Belo Monte está diretamente ligada à exploração dos trabalhadores, dos povos do Xingu, e dos recursos naturais da Amazônia.


O exemplo da hidrelétrica de Tucuruí, onde o povo indígena Gavião da Montanha foi expulso de suas terras, e até hoje, mais de 30 anos depois, ainda não conseguiu fazer com que a Eletronorte compre uma área para que estes sejam reassentados, ou a situação dos milhares de moradores das zonas rurais e urbanas de Tucuruí, também atingidos por essa barragem, e que ainda hoje lutam por indenização, mostram bem essa exploração. São lágrimas e sangue do povo, derramados pelos interesses do grande capital nacional e internacional.



Na construção da hidrelétrica de Jirau, em Porto Velho, foram batidos todos os recordes de multas por não cumprimento dos direitos trabalhistas, tendo sido encontrado inclusive, por mais incrível que pareça, trabalho escravo nos canteiros dessa obra. O assédio moral, entre outras humilhações, era e é constante. Não agüentando mais essa situação, os operários se revoltaram, destruindo diversas instalações e equipamentos existentes no local. São demonstrações claras de que nada consegue impedir a força do povo, quando a unidade se faz presente.



Em Belo Monte a opressão e exploração dos trabalhadores urbanos, estudantes, agricultores, indígenas, ribeirinhos, pescadores, extrativistas, quilombolas, enfim, a morte da floresta e do rio certamente ocorrerá caso essa hidrelétrica seja construída. Por isso, chamamos nossos amigos e aliados a ir às ruas, mobilizados e organizados na COLUNA XINGU VIVO PARA SEMPRE.


FONTE: XINGU VIVO PARA SEMPRE – Comitê Metropolitano

Filmagens de Faroeste caboclo agitam o Jardim ABC, na Cidade Ocidental



Carente dos serviços mais básicos, o local lembra a Ceilândia da década de 1970 e servirá de cenário para o filme sobre a famosa canção da Legião Urbana


Ao entrar no Jardim ABC, bairro de Cidade Ocidental (GO), a 36km do Plano Piloto, é possível ter a impressão de voltar algumas décadas no tempo. O desenvolvimento urbano ainda não chegou por ali. As estradas são de terra batida, não há grandes construções e as casas têm jeito de interior. Nas próximas semanas, porém, a rotina da pequena localidade sofrerá uma transformação. Em breve, o Jardim ABC ficará conhecido em todo o Brasil pelas telas do cinema. Mesmo que muita gente não saiba — e nunca saberá — de que lugar se trata, pois será identificada como a Ceilândia do fim dos anos 1970. A região carente servirá de cenário para boa parte do filme Faroeste caboclo, previsto para entrar em cartaz em outubro, e inspirado na música de Renato Russo — a composição de 1979 foi lançada no disco Que País É Este?, da Legião Urbana, em 1987.

O diretor brasiliense René Sampaio encontrou no bairro o lugar ideal para representar a antiga Ceilândia, na qual viveu o personagem central da canção, João de Santo Cristo. Era preciso um local sem tantos prédios e com pouco asfalto, bem diferente do que se tornou a Ceilândia de hoje. Ao ver o Jardim ABC, o cineasta não teve dúvidas: passariam-se ali muitas das desventuras de Santo Cristo. As casas cenográficas estão em construção. Serão pelo menos sete — uma de tijolos e seis de madeira — e um boteco. Pedreiros trabalham dia e noite para adiantar o serviço, todos felizes com a chance de aumentar a renda. Os vizinhos assistem a tudo com atenção. Nunca viram antes tanta gente de fora.

A notícia das filmagens na região mexeu com o imaginário do povo, acostumado com a falta de opções de lazer. Ali, bom mesmo só o Cerradão Show, local onde vez ou outra bandas de forró se apresentam a preços populares ou de graça. Na semana passada, chegou também um parque de diversões não muito conservado, com direito a mulher-macaca e centopeia gigante sobre rodas.

O Jardim ABC fica na divisa com o DF, bem ao lado do terreno onde é erguido o condomínio de luxo Alphaville.

O contraste entre as duas realidades é grande. Dados do censo demográfico mais recente indicam que essa é uma das regiões do Entorno que menos tiveram melhorias nos últimos anos. Menos de 5% das ruas têm asfalto. Falta também saneamento básico. Não há agência bancária, hospital, delegacia, enfim, nenhum dos serviços básicos dos quais os cerca de 20 mil habitantes do local necessitam para viver bem.
Em meio a toda essa precariedade, o que mais preocupa a população são os crimes. A delegacia mais próxima do Jardim ABC fica a 20km, na Cidade Ocidental. Mas é difícil falar em estatísticas, porque a comunidade local não tem o hábito de registrar boletins de ocorrência por falta de fé no Poder Público. Até crimes como estupro, às vezes, não chegam ao conhecimento de investigadores. Ainda assim, segundo a Polícia Civil de Goiás, são investigados pelo menos 60 registros por mês no lugar.

O Jardim ABC tinha apenas um carro da PM para proteger toda a região até a semana passada. Depois do protesto de comerciantes contra a violência, realizado há 15 dias — eles interditaram a principal via de acesso à cidade, a DF-140, e atearam fogo em pneus —, mais um veículo foi enviado à cidade. Está, no entanto, longe de ser o suficiente.

A expectativa é de que R$ 10 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal sejam liberados até o fim deste ano para a cidade. O dinheiro, de acordo com o administrador da localidade, Afonso Eduardo da Silva, será investido em obras de asfalto. Todo mês, a prefeitura destina em torno de R$ 100 mil para o bairro. Afonso Eduardo garante que a verba é usada para a manutenção do único posto de saúde local (não funciona 24 horas), da iluminação pública, da quadra de esportes, além de empregada no pagamento de funcionários e de outras despesas.

Lote 14
Em 18 e 19 de abril, quando um carro de som rodou o Jardim ABC anunciando a procura por figurantes para o filme, o povo fez fila na frente da Administração Regional. “Eles ofereceram 200 vagas para figurantes. A fila se formou numa rapidez que você precisava ver”, relatou a funcionária do órgão Raiane Viana, 24 anos. Tinha homem, mulher, criança, gente alta, baixa, idosos e jovens. Todos queriam participar do filme. Para ganhar o cachê de R$ 40 por dia e também se divertir um pouco.

Na semana passada, a equipe começou a escalar a figuração. Muitas crianças estavam na lista. Entre elas Kamilly Idelfonso, 8 anos. “Eu vi o carro de som na rua e liguei para a minha mãe me inscrever. Esses dias, eles telefonaram dizendo que fui escolhida. Eu sempre sonhei em ser atriz e aparecer na televisão”, disse a garota, empolgada.

A dona de casa Carmen Lúcia Marques, 44 anos, que nunca pensou em ser atriz e foi ao cinema pouquíssimas vezes na vida, também se candidatou a uma vaga. Ainda não teve resposta. “É a minha chance de ver aquela menina da novela de perto e ainda ganhar uma graninha”, explicou. A “menina da novela” é a atriz Isis Valverde, que viverá o papel de Maria Lúcia, o amor de Santo Cristo.

Boa parte da população nem imagina quem foi Renato Russo ou do que fala a música que inspirou o filme. A dona de casa Cida dos Reis, 26 anos, baiana como João de Santo Cristo, casada com João Macedo Alves, 37, e mãe de cinco filhos, nem sequer ouviu falar no artista. “Acho ótimo gravarem o filme aqui. Vai mostrar para o mundo o jeito que a gente vive. Quando chove, minha casa alaga, entra lixo”, disse Cida, que mora em um dos lotes 14 da região.

Na canção, João de Santo Cristo marca um duelo com seu maior inimigo, o traficante Jeremias, “amanhã, às duas horas, na Ceilândia, em frente ao Lote 14…” Não se sabe ao certo se o Lote 14 realmente existiu ou se fazia parte do imaginário de Renato Russo. É nesse local que ocorre a cena apoteótica da música: a morte do protagonista, que pouco antes de partir assassina seu algoz. Tudo isso será encenado no Jardim ABC. O povo segue na esperança de que a movimentação, além de bons momentos, atraia olhares do Brasil para os esquecidos.

Saga roqueira
O filme é baseado em uma das músicas mais famosas de Renato Russo. A canção tem cerca de 9 minutos de duração. Ela conta a saga de João de Santo Cristo, um jovem negro e nordestino que veio para Brasília em busca de uma vida melhor. Ele se envolveu com tráfico de drogas e violência, além de frequentar a Asa Norte, Planaltina, Taguatinga, Ceilândia e ir a festas de rock “pra se libertar”. Também conhece o grande amor da sua vida, Maria Lúcia.


Luz, câmera, ação

20 mil
Estimativa da população do Jardim ABC

R$ 100 mil
Quanto a cidade recebe de verba do governo federal mensalmente

200
Quantidade de figurantes escolhidos pela produção do filme

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

terça-feira, abril 26, 2011

Cientistas criticam pressa em votação de Código Florestal





As principais entidades científicas do país pediram, na segunda-feira, que o governo adie a votação da reforma no Código Florestal e passe os próximos dois anos em um "diálogo com a sociedade" sobre a melhor forma de mudar a lei.

Enquanto isso, a execução do decreto que regulamenta a Lei de Crimes Ambientais, e que multará a partir de junho quem desmatou além do permitido hoje, seria adiada.

Representantes da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) e da ABC (Academia Brasileira de Ciências) disseram ontem que propostas do texto do deputado Aldo Rebelo, como a redução das áreas de mata em algumas margens de rio de 30 para 15 metros, não se sustentam cientificamente.

Eles lançaram em Brasília seu aguardado relatório sobre as bases científicas da legislação florestal.

O livro "O Código Florestal e a Ciência: Contribuições para o Diálogo" é produto da revisão de 300 artigos científicos sobre agricultura, biodiversidade, solos e clima.

Redigido por 12 pesquisadores de instituições como Embrapa, USP, Inpe e Unicamp, é a avaliação mais completa feita no Brasil sobre o tema até agora.

Ela chega tarde, num momento em que o governo já decidiu que o debate sobre o código será encerrado neste semestre. A presidente da SBPC, Helena Nader, culpa o rigor do processo de revisão científica pela demora.

Os cientistas reconhecem que a lei florestal precisa ser atualizada e que existe necessidade de expansão da agropecuária. "É preciso dobrar ou triplicar a produção agropecuária no mundo, e o Brasil vai ser um dos grandes responsáveis por isso", disse Elíbio Rech, da Embrapa, representante da ABC.

O texto, porém, faz crítica à redução das chamadas Áreas de Preservação Permanente (APPs). "Os estudos não suportam [a diminuição das APPs], é diferente de os cientistas serem contra", disse Antônio Nobre, pesquisador do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Segundo o relatório, a proteção que a lei atual confere às APPs já é insuficiente.


O documento da SBPC e da ABC traz também novidades sobre as APPs. Estimou pela primeira vez quanto das áreas privadas está coberto por essas matas nativas: o valor é 7%, e não 23% como estudos anteriores estimaram.

RADAR DE BREJO

A questão das APPs é uma das mais sensíveis porque, se a lei atual fosse seguida ao pé da letra, áreas usadas para o plantio de café ou de uva há décadas, em topos de morros, teriam de ser abandonadas, o que leva os ruralistas a pedir mais flexibilidade.

Os cientistas defendem mais eficiência, e não o uso de mais terras. Somente retornando a produtividade da pecuária aos níveis da década de 1940 (2,56 cabeças por hectare, contra 0,93 hoje) seria possível liberar uma grande área para a agricultura.

Os pesquisadores também usaram pela primeira vez imagens de radar combinadas a modelos matemáticos para definir, em regiões-piloto, as áreas com aptidão para uso agrícola e as áreas frágeis, que precisariam ser preservadas, como brejos.

Segundo Nobre, aplicar esse tipo de tecnologia elimina arbitrariedades legais no código. Porém, fazer isso para todo o Brasil exigiria um prazo incompatível com a agenda de votação do código no plenário da Câmara.

O presidente da Câmara, Marco Maia, disse ontem que está mantida a data de votação do texto de Rebelo nos dias 3 e 4. "É praticamente consensual." Rebelo já afirmou que vai receber o documento dos cientistas e "confrontar a pesquisa com outras opiniões" antes da votação.

FONTE: FOLHA.COM

sábado, abril 23, 2011

A mídia persegue o funcionalismo público?









O funcionalismo público e os impostos são apontado como os grandes vilões do excesso de gastos estatais no Brasil e dos problemas da população e dos empresários.

O funcionário público é visto como um privilegiado em relação aos demais trabalhadores.

Algumas perguntas:

1) Por que não é dito que o funcionalismo público contribui para a previdência sobre a totalidade do seu salário enquanto que os demais trabalhadores contribuem sobre um máximo de R$ 3.800?

2) Por que não é lembrado que, funcionários concursados a partir de 2004, não recebem mais aposentadoria integral, embora contribuindo sobre a integralidade do salário, mas uma média dos 80 melhores salários?

3) Por que não é lembrado que funcionário público não tem FGTS?

4) Por que se faz pensar que o Brasil tem o maior número de funcionários públicos do mundo. Na verdade, "enquanto que nos países desenvolvidos a força de trabalho pública representa de cerca 22% do total de empregos e na América Latina gira em torno de 12 e 13%. No Brasil, esse número cai para 10 e 11%"?

5) Por que não é dito que, entre 16 países latino-americanos, o Brasil só tem mais funcionários do que três, entre os quais a Bolívia?

6) Por que se fala em rombo da previdência quando se sabe que o problema é a transferência de recursos da previdência para outros setores e o fato de que o governo não entra com a sua parte do bolo?

7) Por que a mídia gosta de fazer crer que o Brasil tem a maior carga tributária do mundo quando 20 países, pelo menos, têm uma carga tributária maior?

8) Por que é dito que os encargos sociais representam até 102% do salário de um trabalhador quando, segundo o DIEESE, isso não passa de 21,5%? Para chegar a 102% é preciso incluir o FGTS, férias pagas, 13º salário e repouso remunerado, que não vão para os cofres públicos, mas para os bolsos dos trabalhadores e devem ser vistos como componentes da remuneracao. Por que não é dito que tem muita gente querendo aumentar seus ganhos baixando os ganhos dos trabalhadores como férias pagas e 13º salário?

9) Por que não é dito que não existe regime único em outros países?

10) Por que não é dito que existe idade mínima, no Brasil, para aposentadoria de funcionários públicos, mas não para os demais trabalhadores?
FONTE: CORREIO DO POVO / Juremir Machado da Silva

Pastas de direitos humanos, mulheres e negros sofrem com caixa minguado






O status de ministério ficou apenas no nome de quem ocupa o cargo. As secretarias especiais, criadas no governo Lula para garantir aplicação de recursos em áreas sensíveis, amargam desde 2003 a falta de dinheiro em caixa. Neste ano, as três pastas juntas — Direitos Humanos, Políticas para Mulheres e Igualdade Racial — terão R$ 431 milhões para gastar. O valor é 30% menor que o orçamento, por exemplo, do Ministério da Pesca, órgão com a menor destinação de recursos na lei orçamentária —- R$ 553 milhões — e que passou longe da disputa dos partidos por cargos.

Além de limitados, os orçamentos das secretarias especiais sofrem todos os anos com o contingenciamento. “A liberação dos recursos é toda no fim do ano. O que acontece é que as pastas não conseguem nem gastar. Os programas sociais não param, precisam de dinheiro o ano todo”, destaca a especialista em segurança pública e gênero Eliana Graça, que critica a transparência da aplicação de verba. “Grande parte dos projetos são feitos por prefeituras e organizações não governamentais, sendo que muitos convênios são aprovados sem análise técnica e sem acompanhamento”, destaca a especialista.

No ano passado, dos R$ 239,3 milhões previstos para ações de direitos humanos no país, apenas R$ 191,2 milhões foram pagos. O que significa dizer que o governo investiu menos de R$ 1 por brasileiro nessa área. A pasta é responsável por programas de combate à exploração sexual de crianças e adolescentes, proteção de pessoas ameaçadas, ações de acessibilidade e de defesa dos idosos.

Os cortes no orçamento deste ano também já afetaram as secretarias. A execução nas três pastas está abaixo de 10%, sendo que o pior índice está registrado na Secretaria de Políticas de Igualdade Racial, que gastou menos de 3%. A pasta de Direitos Humanos executou 4% do orçamento previsto para este ano.

Mesmo Dilma Rousseff tendo garantido prioridade para a infância no seu governo, até agora não houve novos investimentos no enfrentamento da violência sexual contra crianças e jovens. Apesar dos R$ 12,3 milhões disponíveis para a ação, menos de 1% está empenhado e nada foi pago. O Programa Nacional de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente em Conflito com a Lei (Pró-Sinase) também não teve aporte de recursos. Os dados são de um estudo preparado pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) com a série histórica de gastos dessas secretarias, que compõem o orçamento social do governo.

“Há um aumento nos recursos das secretarias em geral por conta da pressão dos movimentos por emendas no Congresso, mas a verba ainda está muito aquém do ideal para os temas. É impossível combater o problema da violência contra a mulher, por exemplo, com R$ 35 milhões. Chega a ser ridículo”, afirma Eliana.

Muito a fazer
A Secretaria Especial da Mulher começou 2003 com R$ 33,8 milhões, quando teve uma execução de R$ 5,6 milhões, e chegou, no ano passado, a R$ 109 milhões, com R$ 96,1 milhões gastos. Além da violência, a secretaria tem, entre as atribuições, a elaboração de políticas públicas de gênero, incluindo ações de incentivo ao empreendedorismo e melhorias nas condições de trabalho.

A Igualdade Racial tem o pior cenário. Dos R$ 94 milhões autorizados no orçamento deste ano, pouco mais de R$ 2,2 milhões foram gastos até agora, sendo que R$ 2,1 milhões são voltados para o pagamento de despesas administrativas. O restante — menos de R$ 100 mil — foi investido no programa Brasil Quilombola e em ações de promoção de políticas afirmativas. O governo passado estabeleceu uma agenda para a assistência das 1.739 comunidades remanescentes de quilombos. O projeto era atender, até o fim do ano passado, essas áreas, localizadas em 330 municípios de 22 estados brasileiros.

“Ainda estamos muito longe de colocar esses temas como prioritários ou dentro de uma política transversal, como prevê a lei. Igualdade Racial, Mulheres e Direitos Humanos não estão, de fato, agregadas ao núcleo duro do governo”, critica Eliana. O Correio entrou em contato com as secretarias e não obteve retorno.

Mais uma
O governo Dilma anunciou a criação de uma estrutura nova: a Secretaria Especial de Aviação civil, ligada à Presidência da República. A pasta, que também tem status de ministério, será responsável por articular políticas para os aeroportos brasileiros. A intenção é reduzir a possibilidade de colapso na aviação civil durante eventos como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. A estrutura atual da Esplanada é composta por 37 ministérios.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE / ALANA RIZZO