Valoriza herói, todo sangue derramado afrotupy!

terça-feira, outubro 28, 2014

São Judas Tadeu: Kawó Kabiesilé!!

   




DIA: Quarta-Feira
CORES: Vermelho (ou marrom) e branco
COMIDA: Amalá
SÍMBOLOS: Oxés (machados duplos), Edún-Àrá, xerê
ELEMENTOS: Fogo (grandes chamas, raios), formações rochosas.
DOMÍNOS: Poder estatal, justiça, questões jurídicas.
SAUDAÇÃO: Kawó Kabiesilé!!   
Nem seria preciso falar do poder de Xangô (Sòngó), porque o poder é a sua síntese. Xangô nasce do poder morre em nome do poder. Rei absoluto, forte, imbatível. O prazer de Xangô é o poder. Xangô manda nos poderosos, manda em seu reino e nos reinos vizinhos. Xangô é rei entre todos os reis. Não existe uma hierarquia entre os orixás, nenhum possui mais axé que o outro, apenas Oxalá, que representa o patriarca da religião e é o orixá mais velho, goza de certa primazia. Contudo, se preciso fosse escolher um orixá todo-poderoso, quem, senão Xangô para assumir esse papel?
Xangô gosta dos desafios, que não raras vezes aparecem nas saudações que lhe fazem seus devotos na África. Porém o desafio é feito sempre para ratificar o poder de Xangô.
A maneira como todos devem se referir a Xangô já expressa o seu poder. Procure imaginar um elefante, mas um Elefante-de-olhos-tão-grandes-quanto-potes-de-boca-larga: esse é Xangô e, se o corpo do animal segue a proporção dos olhos, Xangô realmente é o Elefante-que-manda-na-savana, imponente, poderoso.
Percebe-se que a imagem de poder está sempre associada a Xangô. O poder real, por exemplo, lhe é devido por ter se tornado o quarto alafim de Òyó, que era considerada a capital política dos iorubas, a cidade mais importante da Nigéria. Xangô destronou o próprio meio-irmão Dadá-Ajaká com um golpe militar. A personalidade paciente e tolerante do irmão irritavam Xangô e, certamente, o povo de Òyó, que o apoiou para que ele se tornasse o seu grande rei, até hoje lembrado.
O trono de Òyó já pertencia a Xangô por direito, pois seu pai, Oranian, foi fundador da cidade e de sua dinastia. Ele só fez apressar a sua ascensão. Xangô é o rei que não aceita contestação, todos sabem de seus méritos e reconhecem que seu poder, antes de ser conquistado pela opressão, pela força, é merecido. Xangô foi o grande alafim de Òyo porque soube inspirar credibilidade aos seus súbditos, tomou as decisões mais acertadas e sábias e, sobretudo, demonstrou a sua capacidade para o comando, persuadindo a todos não só por seu poder repressivo como por seu senso de justiça muito apurado.
Não erram, como se viu, os que dizem que Xangô exerce o poder de uma forma ditatorial, que faz uso da força e da repressão para manter a autoridade. Sabe-se, no entanto, que nenhuma ditadura ou regime despótico mantém-se por muito tempo se não houver respaldo popular. Em outros termos, o déspota reflecte a imagem de seu povo, e este ama o seu senhor, seja porque nos momentos de tensão responde com eficiência, seja por assumir a postura de um pai. No caso de Xangô, sua rectidão e honestidade superam o seu carácter arbitrário; suas medidas, embora impostas, são sempre justas e por isso ele é, acima de tudo, um rei amado, pois é repressor por seu estilo, não por maldade.
Fato é que não se pode falar de Xangô sem falar de poder. Ele expressa autoridade dos grandes governantes, mas também detém o poder mágico, já que domina o mais perigoso de todos os elementos da natureza: o fogo. O poder mágico de Xangô reside no raio, no fogo que corta o céu, que destrói na Terra, mas que transforma, que protege, que ilumina o caminho. O fogo é a grande arma de Xangô, com a qual castiga aqueles que não honram seu nome. Por meio do raio ele atinge a casa do próprio malfeitor.


Xangô é bastante cultuado na região de Tapá ou Nupê, que, segundo algumas versões históricas, seria terra de origem de sua família materna.

Tudo que se relaciona com Xangô lembra realeza, as suas vestes, a sua riqueza, a sua forma de gerir o poder. A cor vermelha, por exemplo, sempre esteve ligada à nobreza, só os grandes reis pisavam sobre o tapete vermelho, e Xangô pisa sobre o fogo, o vermelho original, o seu tapete.
Xangô sempre foi um homem bonito extremamente vaidoso, por isso conquistou todas a mulheres que quis, e, afinal, o que seria um ‘olhar de fogo’senão um olhar de desejo ardente? Quem resiste ao olhar de “flirt” de Xangô?
Xangô era um amante irresistível e por isso foi disputado por três mulheres. 

Iansã foi sua primeira esposa e a única que o acompanhou em sua saída estratégica da vida. È com ela que divide o domínio sobre o fogo.


Oxum foi à segunda esposa de Xangô e a mais amada. Apenas por Oxum, Xangô perdeu a cabeça, só por ela chorou.

A terceira esposa de Xangô foi Oba, que amou e não foi amada. Oba abdicou de sua vida para viver por Xangô, foi capaz de mutilar o seu corpo por amor o seu rei.
Xangô decide sobre a vida de todos, mas sobre a sua vida (e sua morte) só ele tem o direito de decidir. Ele é mais poderoso que a morte, razão pela qual passou a ser o seu anti-símbolo.
Características dos filhos de Xangô
É muito fácil reconhecer um filho de Xangô apenas por sua estrutura física, pois seu corpo é quase sempre muito forte, com uma quantidade razoável de gordura, apontando a sua tendência à obesidade; mas a sua boa constituição óssea suporta o seu físico avantajado. Há também os magros e muito elegantes.
Com forte dose de energia e auto-estima, os filhos de Xangô têm consciência de que são importantes e respeitáveis, portanto quando emitem sua opinião é para encerrar definitivamente o assunto. Sua postura é sempre nobre, com a dignidade de um rei. Sempre andam acompanhados de grandes comitivas; embora nunca estejam sós, a solidão é um de seus estigmas.
Conscientemente são incapazes de ser injustos com alguém, mas um certo egoísmo faz parte de seu arquétipo. São extremamente austeros (para não dizer sovinas), portanto não é por acaso que Xangô dança alujá com a mão fechada. Gostam do poder e do saber, que são os grandes objectos de sua vaidade.
São amantes vigorosos, em seu lado negativo, pobre das mulheres cujos maridos são de Xangô. Um filho de Xangô está sempre cercado por amigos, auxiliares, no caso de governantes, empresários, mas a tendência é que aqueles que decidem ao seu lado sejam sempre homens.
Os filhos de Xangô são obstinados, agem com estratégia e conseguem o que querem. Tudo que fazem marca de alguma forma sua presença; fazem questão de viver ao lado de muita gente e têm pavor de ser esquecido, pois, sempre presentes na memória de todos, sabem que continuarão vivos após a sua ‘retirada estratégica’.


LEIA TAMBÉM: FLAMENGO SESSENTÃO (NELSON RODRIGUES)

segunda-feira, outubro 27, 2014

Rede repudia declaração de secretária de Igualdade Racial contra Marina Silva







A secretária Adjunta de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da prefeitura de Rio Branco (AC), Lucia Ribeiro, usou o Facebook na noite de domingo (26) para festejar a reeleição da presidente Dilma Roussseff e criticar a ex-candidata à presidência Marina Silva.

Petista negra, a secretária da prefeitura administrada pelo PT parabenizou o povo brasileiro que reelegeu Dilma “e deixou Marina livre para continuar fazendo a bainha da saia”. Lúcia Ribeiro chamou ainda Marina de carapanã, inseto também conhecido como muriçoca ou pernilongo.

A Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial de Rio Branco formula, articula e implementa políticas que visam minimizar e zerar o preconceito. A capital do Acre é administrada pelo petista Marcus Alexandre.

Lucia Ribeiro foi duramente criticada na rede social e removeu a postagem ainda na manhã desta segunda-feira (27), mas o grupo Rede Sustentabilidade Acre distribuiu à noite uma nota em que repudia a declaração da secretária contra Marina.

No primeiro turno, durante encontro com artistas no Rio de Janeiro, Marina disse que a disputa era entre o besouro mangangá e a carapanã. Marina se comparou à carapanã, porque é magrinha, e comparou Dilma, por ser mais forte, ao mangangá.

Nota de repúdio da Rede Sustentabilidade Acre

"O combate ao preconceito e a todas as formas de discriminações não pode ser só retórico, mas prática cotidiana e efetiva dos que lutam por uma sociedade com igualdade, seja ela racial, de gênero, de nacionalidade e de direitos.

Repudiamos a declaração da Secretária de Igualdade Racial de Rio Branco, Lúcia Ribeiro, que numa tentativa de desqualificar a nossa líder Marina Silva, reproduz o preconceito que a mesma deveria combater. É lamentável que a gestora da pasta de Igualdade Racial tenha como prática o preconceito e a discriminação, numa infeliz contradição para com a função pública que ocupa na Prefeitura de Rio Branco.

A Rede Acre vem reafirmar o respeito pelo diferente, pela história da líder Marina Silva. Tentar diminuir Marina é tentar diminuir o Acre, seu povo e sua história. 

Não consideramos demérito fazer bainha de saia, muito pelo contrário, respeitamos. Não se trata de desonra, mas de honra para os que não renegam suas raízes, para os que fazem jus a sua história de vida e sua trajetória pública como é o caso da ex-senadora.

A Rede Sustentabilidade conta em sua fileira com diversos ativistas vinculados as mais diversas e plurais causas e disso se orgulha. Lamentamos profundamente mais esse episódio que apresenta o ódio e o desrespeito que foi a tônica da disputa eleitoral.

Nós, da Rede Sustentabilidade, estamos chocados com o preconceito que alimentou e, ao que parece, continua alimentando a sociedade brasileira pela contaminação da disputa eleitoral que teve como marca o ódio, a mentira, a calúnia e o preconceito.

Comprometemo-nos em seguir nas trincheiras de lutas, combatendo quaisquer formas de discriminações e preconceitos, nossos esforços continuarão centrados no respeito e na busca de construir um país e uma sociedade sem discriminação de qualquer natureza, defendendo sempre a democracia, a liberdade, o respeito e a dignidade da pessoa humana.

Att,

Carlos Gomes – 
Porta Voz da Rede 
Sustentabilidade Acre"

Serena Williams não é brilhante como em 2013, mas segue no topo entre as mulheres

















Norte-americano fecha a temporada
com sete títulos e mais de US$ 8 mi na conta


A norte-americana Serena Williams não teve, em 2014, um desempenho tão brilhante quanto o do ano passado. Mesmo assim, a campeã do WTA Finals deu provas de que, mesmo aos 33 anos, segue dominando o tênis feminino.


Serena terminou a temporada como a líder do ranking pela quarta vez na carreira - as outras foram em 2002, 2009 e 2013. Ao todo, venceu 52 jogos e perdeu oito, um aproveitamento de 86,6%. Títulos, conquistou sete. Em prêmios, a norte-americana embolsou nada menos do que US$ 8,904.298 milhões.

O retrospecto de Serena nesta temporada foi inferior ao de 2013, quando faturou 11 títulos e obteve 78 vitórias contra apenas quatro derrotas. De qualquer maneira, a tenista praticamente não viu ameaçada a primeira colocação do ranking, que assumiu pela última vez em fevereiro do ano passado.

Simona Halep sobe

Por falar em ranking, a romena Simona Halep, vice-campeã do WTA Finals, ganhou uma colocação e agora está em terceiro, deixando para trás a tcheca Petra Kvitova. Depois de vencer dois jogos na fase de grupos do torneio, a sérvia Ana Ivanovic também subiu, passando do sétimo para o quinto lugar.

A brasileira Teliana Pereira, melhor tenista do país na lista, aparece agora na 104ª colocação.


Serena Williams WTA Finals Teliana Pereira

Serena mantém protagonismo no ranking e Halep sobe uma posição









 O tênis feminino segue tendo como protagonista Serena Williams. Em lista divulgada nesta segunda-feira, a norte-americana segue liderando tanto o ranking da temporada, quanto o geral, após levantar a taça do WTA Finals, em Cingapura, no último domingo.

Campeã sete vezes em 2014, a tenista de 33 anos termina a temporada como líder do ranking pela quarta vez na carreira - ela foi a melhor também em 2002, 2009 e 2013. Foram 60 jogos neste ano, com 52 vitórias e apenas oito derrotas, contabilizando um aproveitamento de 86,6%. A conta bancária da melhor do mundo foi recheada com 8.904.298 milhões de dólares (cerca de R$ 22.082.659 milhões).

Outras que se deram bem na atualização da WTA foram a romena Simona Halep e a sérvia Ana Ivanovic. A primeira subiu da quarta para a terceira colocação, ultrapassando a tcheca Petra Kvitova. Já a segunda pulou do sétimo para o quinto lugar, passando pela canadense Eugenie Bouchard e pela polonesa Agnieszka Radwanska.

A brasileira Teliana Pereira, número 1 do Brasil, caiu dois degraus e foi parar na 104ª posição. Seu melhor ranking foi em outubro de 2013, quando alcançou o 87º lugar.

FONTE: Agência Gazeta Press

tênis feminino  Serena Williams 

O exemplo da gênia Serena Williams para seus filhos













Você que joga tênis e um dia joga muito e no dia seguinte não joga nada volta para casa desolado?

Você que tem um filho tenista que ontem ganhou de um cara muito bom e hoje perdeu de um muito abaixo do seu nível se descabela e liga para o treinador dele desesperado?

Calma....


No WTA Finals, Serena Williams vem mostrando o que realmente é jogar um esporte como o tênis. Um dia, ela ganha da Ana Ivanovic sem problemas; no outro, perde por 6/0 e 6/2 da Simona Halep e sai com vergonha da quadra. No dia seguinte, ganha por 6/1 e 6/1 da Eugenie Bouchard. Dá para entender?

Venho dizendo nos meus posts, nas minhas "Dicas do Fino" no meu face e aos pais e amantes de tênis que me encontram que o nosso esporte não é uma conta exata. Ao ser um esporte individual e que mexe tanto com a cabecinha do jogador, essas coisas acontecem.

Podemos acreditar que o que aconteceu com a Serena é uma fatalidade ou fazer como ela fez. Entrou no quarto, conversou longamente com seu treinador e entendeu os motivos da derrota vergonhosa. Saiu do quarto entendendo que essas coisas acontecem, mas que não podem acontecer. Saiu com as respostas para o jogo seguinte e com a motivação em alta para ganhar e se classificar.

A grande diferença dos gênios da raquete, como a Serena, para os tenistas normais são inúmeras. A primeira é a capacidade de entender seus erros e já no próximo jogo conseguir as mudanças. Outra característica é ter muitas armas e poder mudar a maneira de jogar. Mas a mais importante e relevante é o quanto o gênio/gênia acredita no seu jogo e na sua carreira. Isso faz muita diferença.

Entender que podemos ter um dia ruim é importante, mas o que temos mesmo que fazer é acreditar na nossa tática e entrar em quadra disposto a apagar o passado ruim.

Você que tem um filho que oscila nos resultados e desempenho não enlouqueça a cabeça dele, saiba que é normal e que ele está em formação. Ajude o menino ou menina a entender os motivos, isso vale muito mais que uma bronca ou uma cara feia. Saiba que não é tão simples assim.


O que mais temos que pesar é o quanto ele se esforçou e não aceitou essa realidade. Ver seu filho aceitando derrota e sem luta merece uma bronca. Ver seu filho lutando, tentando alternativas e não conseguindo merece os parabéns.

FONTE: FERNANDO MELIGENI


sábado, outubro 25, 2014

'Estilo Mujica' marca campanhas na eleição presidencial no Uruguai







Mesmo fora da disputa presidencial, Mujica influencia estilo de candidatos ao posto 

A campanha presidencial uruguaia chegará ao fim do primeiro turno neste domingo com um diferencial que faz com que a presença do atual ocupante do posto, José Mujica, transcenda partidos e projetos.

Aparentemente influenciados pelo estilo de Mujica, os presidenciáveis vêm apostando na humanização e em uma apresentação informal da sua imagem pública como instrumento de aproximação com o eleitor.

É possível perceber isso, por exemplo, em relação ao líder das pesquisas - o candidato da governista Frente Ampla, o oncologista e ex-presidente Tabaré Vázquez - e no caso do segundo colocado, o advogado Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional (ou Blanco).

"Cada um deles quer deixar clara uma atitude, uma maneira de viver. Não é uma questão de repetir a postura humilde de Mujica, mas de mostrar sensibilidade. De se apresentarem como pessoas próximas ao homem comum", diz o analista político Alvaro Padrón à BBC Brasil.

A marca de Mujica se vê não só na campanha, segundo o cientista político Daniel Chasquetti, mas também na política uruguaia em geral.

"Parece que caiu bem aos uruguaios ter um presidente mais parecido ao cidadão médio. Vemos, por exemplo, que Lacalle Pou cultiva essa ideia de se mostrar como um homem comum."

No entanto, Chasquetti relativiza a "novidade" instalada por Mujica ao lembrar que, no Uruguai, os presidentes nunca foram inacessíveis.

"Lembro-me de uma vez haver cruzado com o então presidente Julio Sanguinetti no supermercado fazendo compras de mês."

Ativo político
Luis Pou, do Partido Nacional, está em segundo lugar, segundo pesquisas recentes.

A gestão atual conta com 56% de aprovação dos uruguaios, segundo dados divulgados pelo instituto Equipos Mori na semana passada.

Em contrapartida, a Frente Ampla – coalizão da qual fazem parte vários partidos de esquerda, entre eles o Movimento de Participação Popular (MPP), liderado por Mujica – registra intenções de voto que oscilam entre 41% e 45%, de acordo com os três maiores institutos de pesquisa do país, que divulgaram na quarta-feira seus mais recentes resultados.

Segundo estes índices, portanto, o número de uruguaios que avaliam positivamente o governo de Mujica supera o daqueles que pretendem votar na esquerda.

O segundo colocado, Lacalle Pou, aparece com uma intenção de voto que oscila entre 29,2% e 33,4%.

Em terceiro, Pedro Bordaberry, também do Partido Colorado, alcança entre 13,5% e 18%.

Para o próximo domingo, espera-se que nenhum dos partidos alcance maioria absoluta e que os dois primeiros colocados voltem a se encontrar em um segundo turno, marcado para 30 de novembro.

"A coalizão precisa de Mujica e de seu partido, que não por acaso tem como slogan 'A força que Pepe construiu'. Para a Frente Ampla, a eleição está mais competitiva do que se esperava, então, ela não pode se dar ao luxo de dispensar um dos seus principais ativos, não só como presidente, mas também como líder interno", avalia Padrón.

"Além do mais, Mujica faz política o tempo todo, mesmo quando vai ver o show do Aerosmith.”

Para Chasquetti, apesar de a Presidência atual ter trazido novidades, não chega a ser um divisor de águas.

"Vázquez terminou seu governo com um índice de popularidade superior ao que Mujica tem hoje e, no entanto, os uruguaios se esqueceram de Vázquez rapidamente", pondera.

"Tenho minhas dúvidas sobre se viveremos um 'antes e depois' de Mujica. O mundo vê um Mujica, e os uruguaios veem outro."

Padrón observa que a popularidade do presidente é advinda da sua sobriedade, da capacidade de comunicação e da repercussão internacional alcançada não só por seu estilo, mas também por importantes mudanças implementadas durante sua gestão.

Entre elas, estão o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a descriminalização do aborto e a estatização da produção e da venda de maconha, além da recente recepção de famílias sírias refugiadas e da decisão de acolher presos de Guantanamo.

O cientista política acredita que tudo isso estabeleceu um patamar de popularidade difícil de ser mantido pelo próximo presidente.

"Não importa quem vencer as eleições, vamos compará-lo permanentemente com Mujica. Ele vai deixar uma marca: o valor de algo que instalou no cenário mundial."

Mujiquização
Mesmo proibido de se opinar na eleição presidencial, Mujica está por todos os lados.

Por isso, mesmo sem estar oficialmente presente nos palanques (uma limitação imposta pela Constituição, já que a reeleição no Uruguai não existe e o Presidente em exercício também não pode fazer campanha para quem quer que seja), Mujica está na prática por todos os lados.

Além disso, é candidato ao Senado pelo Espaço 609, um subgrupo do MPP, o que faz com que sua imagem figure, mais do que nunca, em folhetos, broches e adesivos.

"A informalidade veio para ficar. O primeiro efeito de ordem prática dessa 'mujiquização' da política uruguaia é que é difícil que políticos agora usem gravata. Antes, não era assim", exemplifica Padrón.

O esforço de empatia vai além. Aos 41 anos, Lacalle Pou, filho do ex-presidente Luis Alberto Lacalle, aposta na juventude e em uma proposta política "positiva" como diferencial.

Em um dos momentos de maior polêmica desta campanha, Pou fez uma "bandeira" (movimento físico de se colocar em perpendicular, a partir de um ponto de apoio vertical) e desafiou Tabaré Vázquez, de 74 anos, a fazer o mesmo.

Bordaberry, filho do ex-ditador Juan María Bordaberry, recorreu à ideia de mudança e novas ideias.

Além de conversar com crianças sobre o futuro do país na campanha na TV, vem se arriscando no português para mostrar o que vê ser uma similaridade entre a ascensão de Aécio Neves e a sua, pelo fato de o candidato brasileiro ter figurado em terceiro lugar nas pesquisas de primeiro turno e ter chegado ao segundo turno. Ele diz que "a virada já começou".

Já Vázquez é pouco afeito a declarações e é "o mais afastado de uma relação massiva com os meios de comunicação", segundo Padrón, mas ele próprio vem se mostrando mais acessível, ao participar de programas populares de entretenimento, apesar de ter se negado a estar nos debates, algo impensável para Mujica.

"O contraste de estilo entre os dois é enorme, mas o fato de Tabaré, mesmo sendo um oncologista de prestígio, ter voltado à política deixa a ideia de que ser Presidente é algo que lhe acontece quase por acidente", pondera Padrón.


"Mujica é agricultor, Vázquez é médico. Os dois buscam uma legitimidade que esteja afastada da ideia da política como modo de vida. E como Lacalle Pou se encaixa nessa busca? Com a idade, como alguém que estabelece a diferença por preferir não pensar em termos de velhos debates. O fio condutor é tentar fazer com que as pessoas voltem a se aproximar da política e dos políticos."

FONTE: BBC-BRASIL / Denise Mota

“O Minha Casa Minha Vida enxuga gelo”







Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, diz que o programa privilegia somente construtoras e defende as ocupações, que chegarão às operadoras de telefonia

As manifestações de junho de 2013 foram o gatilho. As ocupações de áreas urbanas para construção de moradias populares dispararam o barril de pólvora da periferia, que encontrou na mobilização popular forças para se impor frente à ineficiência do maior programa já realizado pelo Governo federal pela habitação, o Minha Casa Minha Vida (MCMV), lançado pelo governo Lula em 2009. A ampliação do centro, empurrada pela especulação imobiliária, foi o estopim do levante. Para citar dois exemplos, os moradores do Jardim Ângela e Campo Limpo, zona sul de São Paulo, acamparam porque já não conseguem pagar o aluguel e se negaram a ir morar mais longe ainda.

Mobilizados através do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, acusam o que chamam de “privatização da política urbana”, que fomentou o crescimento das empreiteiras e construtoras. Entrevistamos Guilherme Boulos, 31 anos, um dos coordenadores nacionais do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, que explica como a conjuntura econômica do Brasil nos últimos anos catalisou a onda de ocupações – desde junho, foram oito áreas ocupadas somente em São Paulo, e o papel da Copa do Mundo nesse processo.

Boulos recebeu a reportagem de EL PAÍS na ocupação Dona Deda, no Campo Limpo, onde cerca de 400 famílias mantém seus barracos em um terreno baldio na Avenida Professor Oscar Campiglia. Em um dos barracos, com sofá, televisão e energia elétrica obtida por meio de gatos (ligações clandestinas) puxados dos postes da rua, Boulos fala sobre a história recente do MTST. Segundo conta, seu encantamento pela mobilização popular se deu ainda na faculdade, quando era aluno de filosofia na Universidade de São Paulo (USP). Depois de passar por vários movimentos, se decidiu pelo MTST em 2001.

O hoje professor e pai de duas filhas é um dos coordenadores nacionais do movimento que abraçou, mas garante que sua condição “oriunda de outra classe social” não lhe afeta nas suas relações com demais líderes, até porque, afirma, “existem muitos mais” como ele. Com dados na ponta da língua e uma eloquência que deixa pouca margem para contestar, o velado protagonista é respeitado pelos participantes, que durante esta entrevista, trouxeram espontaneamente copos de água gelada para amenizar o calor desértico provocado pelo teto de lona do barraco.

Pergunta: Por que o Minha Casa Minha Vida, desde o ponto de vista do MTST, não deu certo?

Resposta: O MCMV tem seus méritos. Foi a primeira vez que se deu um subsídio maciço e se deixou de tratar a moradia popular na lógica do financiamento . Atendeu a uma reivindicação histórica dos movimentos, mas no grosso, o MCMV foi feito para o capital imobiliário, para resgatar parte do capital perdido pelas construtoras na bolha mundial de 2008, não para atender o déficit de moradias brasileiro. No primeiro MCMV, o Lula prometeu e fez 1 milhão de moradias. Só que o número de inscritos foi de 18 milhões. O MCMV está enxugando gelo. É um programa que fortalece a lógica imobiliária, porque as empreiteiras continuam especulando.

P. Especulando?

R. Sim, vou dar um exemplo. Suponhamos que eu sou uma construtora e tenho a verba do MCMV para construir 10 prédios e o programa me dá 76 mil reais por unidade. Se eu construir nas terras que eu tenho em bairros como Butantã ou em Itapecerica da Serra (na Grande São Paulo), me pagam a mesma quantia. Então eu vou usar as minhas piores terras, mais desvalorizadas, onde tem menos infraestrutura, com o pior material e o menor apartamento possível. Com o mesmo dinheiro dado às empreiteiras, nós estamos construindo 1084 apartamentos em Taboão da Serra, com três quartos. Enquanto as construtoras fazem unidades de 39m2, nós fazemos de 63m2 para (o que o governo chama de) faixa um (pessoas que ganham de zero a três salários mínimos), com a mesma verba. E além disso este condomínio terá um posto de saúde, uma creche, uma escola municipal e arena de teatro.

P. Mas ainda assim existem denúncias de pessoas que vendem o apartamento que conseguiram do MCMV.

R. Tem um exemplo disso em Teresina, no Piauí (Nordeste brasileiro). Construíram uma série de torres na periferia da cidade, sem acesso a transporte ou aos serviços básicos, como creches e postos de saúde. Aí reclamam que o sujeito vende. Você constrói um apartamento furreca, caixa de fósforo, precário, no meio do nada: é claro que ele vai vender. Mas se você constrói uma moradia digna, com infraestrutura, num lugar onde o cara possa viver dignamente, duvido que alguém venda. E essa é uma das lutas, e talvez por isso, o movimento se diferencie, porque não lutamos somente pela moradia, temos uma perspectiva de reforma urbana, de um outro conceito de cidade. Depois da casa tem a luta pelos serviços públicos, por melhores condições de vida, de forma geral, para os trabalhadores urbanos.

P. Atualmente 11,4% da população da cidade de São Paulo vive em favelas, segundo o IBGE, o que significa que existe quase 1,3 milhão de pessoas que vivem em moradias de péssimas condições. A melhora econômica dos últimos anos não se viu refletida na realidade das periferias? Por que continuar ocupando?

R. A primeira razão é que hoje, para a maior parte das famílias de menor renda, não há outra opção de conseguir sua casa, se não for ocupando. As pessoas que se cadastram no MCMV ficam anos esperando e não conseguem. E comprar uma casa no mercado é uma realidade distante para milhões. Uma parte trabalhadora consegue, outra não. Principalmente agora, pelo aumento dos juros. Viver pagando um aluguel que aumenta sem limites é insuportável. O bairro Campo Limpo, por exemplo, teve um aumento de 130% no valor do aluguel nos últimos cinco anos, num movimento de expulsão das pessoas que antes conseguiam morar ali com um salário mínimo. E agora elas têm que ir para Taboão da Serra ou Itapecerica (grande São Paulo), que na prática significa uma hora e meia a mais para ir ao trabalho, posto de saúde pior, escola com menos vaga ainda, ou seja, piores condições. Ocupar acaba sendo a única alternativa. E é uma situação historicamente enraizada, hoje as periferias existem porque foram áreas ocupadas inicialmente e isso aconteceu na América Latina inteira. O desenvolvimento urbano expressou desde o princípio uma segregação e boa parte dos movimentos de resistência se organizam pelo território do excedente social.

P. A ampliação do centro é vista como algo positivo, da valorização de bairros da cidade e da chegada do desenvolvimento econômico para algumas regiões...

R. Esse progresso é o que expulsa as pessoas, piora a qualidade de vida delas e afasta ainda mais a periferia. Quem causou isso foi o próprio desenvolvimento econômico, nos moldes como ele se deu. Considerando o contexto, existe uma dinâmica de crescimento econômico Lulista. Com o barateamento do crédito no Brasil, tivemos uma explosão de empreendimentos e em 2010 tivemos a maior valorização imobiliária do mundo. O crescimento do movimento nos últimos cinco anos tem a ver com a dinâmica da economia brasileira. E isso aconteceu porque o crescimento se deu alçado no capital imobiliário, com a ajuda dos Programas de Aceleração do Crescimento (de investimento em infraestrutura) e do MCMV. O capital imobiliário é a principal força política no país. As construtoras financiaram 55% das campanhas dos partidos em 2010, são elas quem hoje definem a política urbana das cidades. O governo já não tem terras, são as construtoras que determinam o quê cada bairro vai virar. E isso potencializa um conflito social muito grande e a Copa é parte disso.

P. De que maneira a Copa do Mundo influencia a situação da falta de moradias?

R. Os megaeventos não trazem desenvolvimento, é uma ilusão. A ONU tem um estudo sobre isso e concluiu que houve especulação imobiliária violenta no período que antecedeu e durante os megaeventos, como Copas e Olimpíadas, em Seul e em Barcelona houve um aumento de mais de 100% na valorização dos imóveis. Você tem um jogo de investimentos na cidade relacionado a isso, um jogo de obras que tem como resultado a expulsão, a segregação. Na África do Sul, até hoje na Cidade do Cabo, há 10.000 famílias que vivem a 30 quilômetros do centro na cidade de latas (Blikkiesdorp), em contêineres. Foram despejadas na Copa de 2010 e estão lá até hoje. Neste sentido, a Copa e Olimpíada no Brasil são dois fatores que aceleraram uma dinâmica que já era profundamente perversa, a do capital imobiliário, que envolve o despejo de famílias, o desperdício abusivo de dinheiro público e os investimentos despropositados.

P. Além de ocupar, existem outros mecanismos para diminuir o problema do déficit de moradias?

R. Antes de entrar nos mecanismos, gostaria de explicar o que é o déficit e o conceito de sem-teto. O IBGE diz que um cidadão que comprometa mais de 30% da sua renda com o pagamento do aluguel faz parte do déficit habitacional, além daqueles que não têm casa ou vivem em situação de precariedade. A Fundação João Pinheiro divulgou em dezembro que o déficit aumentou na faixa um (renda mensal de até R$ 1.600). O aluguel aumentou e as pessoas comprometem ainda mais seu salário com isso. O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo fez um estudo em 2010 falando sobre os domicílios vagos em comparação com o déficit de moradias. Se esses imóveis fossem aproveitados, somente teríamos que construir 900.000. E existe uma visão errada sobre o sem-teto. Ele não é o cara que mora na rua. O Brasil tem 6,3 milhões de famílias sem teto, mas somente parte delas moram na rua, as que chegaram a uma situação de máximo desespero e desamparo. Sem teto são as famílias que moram de aluguel sem poder pagar, famílias que dividem o mesmo quarto, que moram em cortiço, casa de parentes ou habitações precárias de modo geral. 95% dos participantes do MTST, os que ocupam, vieram de alguma dessas situações.

P. Quais as saídas?

R. Existem mecanismos para diminuir isso e está tudo no Estatuto das Cidades, não precisaríamos nem criar novas leis, somente fazer valer as que estão aí. Existe a desapropriação compulsória, que é pegar um terreno social que esteja vazio, mas que o proprietário está usando para especular. Se ele em quatro ou cinco anos não constrói, o estado pode tomar o terreno dele e pagar com títulos da dívida pública. Dação em pagamento, para os que devem IPTU. Tem o direito de preempção, que o Governo tem preferência na hora de decidir o futuro de uma propriedade. Tem direito de prioridade, que também está no Estatuto.

P. E por que não se utilizam estes mecanismos?

R. Porque você iria combater quem paga a campanha eleitoral. É difícil acreditar que isso vá acontecer. Quando em junho do ano passado conversamos com a Dilma, nossa proposta era um maior controle dos valores do aluguel. Não adianta falar que é caro, é preciso conter. De 1917 até a ditadura, existia a lei do inquilinato, que congelava o valor dos aluguéis. As mobilizações e greves de 17 eram pelos valores dos alugueis. Conseguiram congelar por oito anos. Quem acabou com isso foram os militares, que permitiram que subissem mais do que a inflação. De 2008 a 2013, a média da inflação foi de 39,67%. Os aluguéis em São Paulo subiram 95% no mesmo período. Rio de Janeiro foi ainda pior, 132% de aumento, segundo o índice da Fipezap.

P. Quais são os objetivos do MTST a longo prazo então? Continuar ocupando?

R. Em primeiro lugar, nós fomos pegos pelo processo. O movimento começou a ser procurado em todos os lugares e foram criando listas de espera enormes para ocupar. Até mesmo as ocupações que eram espontâneas, como a do Campo Limpo, vieram até nós depois que a polícia os despejou. As mobilizações de junho fizeram disparar as ocupações e os participantes do movimento, um sinal de que ninguém aguenta mais a especulação nem o aumento do valor do aluguel, entre outras questões. Nós vamos sim continuar ocupando, mas com um propósito que nos diferencia dos demais movimentos. Desdobramos a luta pelos serviços públicos e infraestrutura nas periferias. E o resultado de promover ocupações nessas comunidades é nossa integração com os bairros ao redor, que contam conosco para se manifestar diante do Pronto Socorro ou vêm pedir ajuda para resolver um problema com a Prefeitura. Desenvolvemos uma luta para melhorar as condições de modo geral. Para fevereiro, temos previsto ocupar sedes de operadoras de telefonia celular, porque na periferia elas não funcionam. Para a Copa vai ter problema, teremos ainda mais mobilização e a nível nacional.

FONTE: EL PAIS BRASIL / Beatriz Borges 

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MINHA CASA, MINHA LUTA



sexta-feira, outubro 24, 2014

Nota da Via Campesina ao Povo Brasileiro Sobre as Eleições 2014









"Por isso defendemos que tenhamos uma Constituinte Exclusiva e Soberana do sistema político que possa mudar radicalmente a atual política brasileira, construindo uma política que esteja em prol do povo brasileiro"

Para a Via Campesina, organização internacional de camponeses composta por quinze movimentos sociais e entidades, a candidatura de Aécio Neves (PSDB) representa um projeto neoliberal entregue aos interesses do capital financeiro e internacional e que exclui a classe trabalhadora.

“Sua vitória significaria um retrocesso nas políticas sociais, maior criminalização dos movimentos sociais, mais privatizações em especial da saúde, educação e dos setores estratégicos da economia, promovendo a entrega dos bens naturais e maior concentração de terra, com a nova composição do Congresso, onde a bancada ruralista, fundamentalista e conservadora aumentou ainda mais e bancada sindicalista reduziu pela metade - passando de 83 para 46 eleitos/as”, diz carta divulgada nesta sexta-feira (17).

Nota da Via Campesina ao Povo Brasileiro Sobre as Eleições 2014

O Brasil está vivenciando, em seu recente período democrático, uma das mais acirradas eleições, onde se evidenciam a mais clara disputa entre dois projetos antagônicos de governo.

De um lado, temos a Candidatura do Aécio Neves que representa o projeto neoliberal entregue aos interesses do capital financeiro e internacional e que exclui a classe trabalhadora.

Sua vitória significaria um retrocesso nas políticas sociais, maior criminalização dos movimentos sociais, mais privatizações em especial da saúde, educação e dos setores estratégicos da economia, promovendo a entrega dos bens naturais e maior concentração de terra, com a nova composição do Congresso, onde a bancada ruralista, fundamentalista e conservadora aumentou ainda mais e bancada sindicalista reduziu pela metade - passando de 83 para 46 eleitos/as.

Essa correlação de forças no Legislativo fará com que o próximo período seja mais duro para a classe operaria e camponesa. O resultado da composição desse novo Congresso é reflexo da estrutura do sistema político que temos hoje no Brasil, com financiamentos privados de campanha, onde as grandes empresas, latifundiários e a grande mídia, a qual tem um papel hoje determinante no resultado das eleições com a manipulação das informações, são as beneficiadas, impedindo que a classe trabalhadora, em sua diversidade, seja representada nas diferentes instâncias de poder.

Por isso defendemos que tenhamos uma Constituinte Exclusiva e Soberana do sistema político que possa mudar radicalmente a atual política brasileira, construindo uma política que esteja em prol do povo brasileiro.

Do outro lado, temos a candidatura da atual presidente Dilma Rousseff, que vem de um processo com vários avanços, resultado de diálogo com as organizações sociais, construindo direitos que deram visibilidade e dignidade às maiorias, melhorando as condições de vida desses milhões de trabalhadores e trabalhadoras que sempre estiveram excluídos/as nesse país.

E que está disposta a fazer a luta junto com o povo brasileiro para a mudança do atual sistema político. Nós, da Via Campesina Brasil, manifestamos a nossa decisão política de apoiar a candidata Dilma Rousseff e convocamos nossa militância a saírem às ruas em campanha.

Acreditamos que não podemos permitir retrocessos nas conquistas que tivemos nesse último período e que isso acontecerá com uma possível “vitória” do candidato Aécio Neves.

Precisamos derrotar a candidatura neoliberal de Aécio Neves, pois ela representa as forças direitistas e fascistas do país. Devemos seguir organizando o povo para que lute por seus direitos e mudanças sociais, mantendo sempre nossa autonomia política frente aos governos, pois acreditamos que é preciso avançar mais na garantia nos direitos da classe trabalhadora.

Por isso seguiremos em LUTA na reivindicação por nossas pautas históricas que precisam ser feitas, como a Reforma Agrária Popular, Democratização da Mídia, Reforma Tributária, Reforma Universitária, e a contínua construção de um Plano Camponês para que todos e todas tenham direito à alimentação saudável, e que deve começar pela a Reforma do atual sistema político, pois, sem uma profunda reforma estruturante, não se poderá garantir os direitos de toda a Classe Trabalhadora.

Vamos à Luta! Vamos reeleger Dilma Rousseff, Presidenta do Brasil.

ABEEF - ADERE - APIB - CIMI - CONAQ – ENEBIO - FEAB – MAB - MAM - MMC - MPA - MPP - MST – PJR

Presidenta Dilma assina carta aberta aos povos indígenas do Brasil













A presidenta Dilma Rousseff dirige carta aos povos indígenas do Brasil, informando realizações e reforçando compromissos.

Confira a íntegra:

Carta aos Povos Indígenas do Brasil

Aos companheiros e companheiras indígenas, os primeiros brasileiros,

No ano passado vivemos dias intensos; falo das Jornadas de Junho que, para quem não lembra, milhares de brasileiros foram às ruas exigir melhorias sociais e democráticas e, também, exigir mudanças. Naquele mesmo período recebemos os movimentos sociais, grupos da juventude e, também, recebemos lideranças indígenas de todo o Brasil. Após receber a carta com reivindicações das mãos das lideranças indígenas constatei o respeito à nossa Constituição que todos vocês nutrem e afirmei naquela reunião o que escrevo agora: nada em nossa Constituição será alterado com relação aos direitos dos povos indígenas! De todas as justas reivindicações apresentadas não tive dúvidas sobre a questão da inconstitucionalidade da PEC 215. Hoje, todos sabemos, existem desafios na esfera jurídica para podermos avançar na demarcação das terras indígenas no país, principalmente nas regiões centro-oeste, sul e nordeste. Temos que enfrentar e superar estes desafios respeitando a nossa Constituição.

Nos últimos anos construímos, com a participação de representantes indígenas, diversas políticas públicas voltadas aos povos indígenas: políticas afirmativas para o ingresso e permanência de estudantes indígenas nas universidades públicas federais; valorização das culturas indígenas com o Prêmio Culturas Indígenas; inclusão das famílias indígenas em programas federais como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida. Tive a enorme alegria em assinar o decreto que instituiu a Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial em Terras Indígenas(PNGATI), pois trata-se de uma política fundamental para a sustentabilidade dos povos indígenas.Além destas políticas públicas, buscamos superar graves dívidas históricas do Estado brasileiro com os povos indígenas, realizando a desintrusão da Terra Indígena Xavante de Marãiwatsédé, no Mato Grosso, e a desintrusão da Terra Indígena Awá-Guajá, no Maranhão.Neste ano de 2014 assinei o decreto que convoca a Conferência Nacional de Política Indigenista, que poderá se constituir num espaço privilegiado para a avaliação de toda a relação do Estado brasileiro com os povos indígenas, de identificação das dificuldades atuais, bem como num espaço de pactuação de novos avanços, particularmente na demarcação das terras indígenas, dentro dos marcos da nossa Constituição.

Gostaria de dizer a vocês que manteremos os compromissos com o fortalecimento da Fundação Nacional do Índio; com a melhoria do atendimento à Saúde Indígena; com a qualidade da Educação Escolar Indígena; com a articulação para a aprovação, pelo Congresso Nacional, do Conselho Nacional de Política Indigenista e do Estatuto dos Povos Indígenas; com o acesso das comunidades indígenas a políticas nacionais, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e outras, além de avançar na regulamentação e aplicação do direito de consulta livre, prévia e informada, conforme a Convenção 169 da OIT.

Conto com o apoio de vocês para, nos próximos quatro anos, enfrentarmos juntos os desafios e cumprirmos com os compromissos, garantindo o bem viver para todos os povos indígenas no Brasil.

Dilma Rousseff

Presidenta do Brasil