Valoriza herói, todo sangue derramado afrotupy!

sábado, junho 30, 2012

Camisa Negra


A Itália levou para Eurocopa duas surpresas. Notáveis de imediato desde o rolar da bola na relva dos modernos estádios poloneses e ucranianos. A seleção famosa por melhor cumprir ocatenaccio, o cadeado, a retranca total,  exibiu o inverso, o futebol ofensivo, possível devido ao maestro condutor, senhor absoluto do círculo central do campo, o volante inteligente e habilidoso Pirlo – faz lembrar o santista Clodoaldo na epopéia do tri.
A outra novidade feita em Palermo, na Sicília, a partir de cromossomos ganeses chama-se Mario Balotelli, de 21 anos de idade, o primeiro atacante negro da Azzurra. O jogador do time inglês Manchester City foi autor de dois gols responsáveis por colocar a sua Itália e país dos seus pais adotivos na final contra a Espanha garantindo vaga na Copa das Confederações de 2013, no Brasil. Ademais, eliminou a toda favorita Alemanha repleta de talentos, mas hesitante nos momentos decisivos.
Contudo, foi o “terceiro gol” de Balotelli o mais emblemático de todos. Aos 37 minutos do primeiro tempo, depois de estufar as redes com um petardo impulsionado pela perna direita na entrada da grande área, tirou a camisa e fez pose de Mister Universo. Alguns acharam que era mais uma típica excentricidade de Balotelli, passível de cartão amarelo. Mas o gesto foi para consumo interno. Perfeitamente entendido em casa, na Itália, onde um racismo arraigado entra em campo de forma insidiosa e intolerável.
A derme de Balotelli, a outra “camisa negra”, diferente da vestimenta dos simpatizantes do fascismo de Mussolini, poderá matricular-se na história do futebol europeu. Seria muito estabelecer parentesco próximo com os punhos cerrados dos atletas americanos Tommie Smith e John Carlos, nos Jogos Olímpicos de 1968, em favor do movimento Black Power e pelo respeito aos direitos individuais nos Estados Unidos. Porém, há esperança que a imagem da “camisa negra” de Balotelli venha contribuir para atenuar a discriminação, um passo a mais no longo processo.
O futebol italiano passa por situação análoga ao da Inglaterra nos anos 1970, onde era corriqueiro insultar jogadores de macacos e ver bananas sendo atiradas no gramado. Balotelli conhece a situação desde a infância. Ele cresceu em Brescia, cidade na região da Lombardia, reduto do xenófobo Partido da Liga Norte. Balotelli tem qualificações para ser um exemplo pioneiro contra a intolerância. No entanto, será seu desempenho esportivo que fortalecerá a nobreza da causa. Jesse Owens é exemplo eloquente.
FONTE:VEJA / Por Antonio Ribeiro


LEIA MAIS EMO gol da raça http://guebala.blogspot.com.br/2012/06/o-gol-da-raca.html

sexta-feira, junho 29, 2012

O gol da raça

Quando Jesse Owens papou 4 medalhas nas Olimpíadas de Berlim de 1936, o facínora Hitler saiu do Estádio para não ver a “desonra” da sua “puraraça ariana” ser humilhada pela superioridade humana, de um negro. A maioria do público alemão, no inicio da lavagem tóxica cerebral do nazismo, também vaiou ou saiu com o seu Fuhrer, Furioso.


Nas Olimpíadas de 68, no México, Tommie Smith e John Carlos, que conquistaram respectivamente as medalhas de ouro e bronze nos 200 metros rasos, saudaram o pódio e silenciaram o mundo com as luvas negras dos Panteras, grupo civil e armado na onda daqueles anos turbulentos.
Não se trata de consagrar a violência ou aprofundar a estúpida classificação de seres humanos em cor da pele, cultura ou raça, já desmascarada pela Biologia, Mas há discriminação racial ainda na política, na economia e no comportamento social.
Balotelli sabe disso e sofre na Europa gritos surdos de rururu (como a plateia tenta imitar orangotangos – que quer dizer “o homem da floresta”). Ele e brasileiros sempre levam cascas de bananas pelas costas quando vão arremessar a bola nas laterais do campo.
Enfim, o desabafo de Balotelli com ocorpo manifesto seminu em plasma tela do estádio e para todo mundo, camisa ao chão, como a dizer não foi a instituição seleção de futebol que fez este gol. Este foi meu. Da minha pele. Um gol da raça!!! 
Navegando pelas primas páginas do mundo verifico que só O Globo, a Folha e o Bild publicaram a foto do gol da raça, Os outros preferiram a do gol comum, com camisa talvez para não tocar no ato manifesto intencional do jogador.

FONTE: O GLOBO / BLOG DO NOBLAT / ENVIADO POR TT CATALÃO


LEIA MAIS EM:  Camisa Negra  http://guebala.blogspot.com.br/2012/06/camisa-negra.html

ProUni vira moeda de troca para “perdão” de dívida bilionária


No decorrer da última semana, o Congresso Nacional protagonizou um escândalo que, ao contrário de uns tantos outros que estão sob os holofotes, passou quase completamente despercebido pela mídia.


Embutido em uma Medida Provisória (MP) que tinha como objetivo (pasmem...) permitir à Eletrobrás assumir o controle acionário das Centrais Elétricas de Goiás (Celg), os deputados, na semana passada, e senadores (no dia 27 de junho) aprovaram uma resolução que permite que uma dívida de nada menos do que R$ 15 bilhões, acumuladas por universidades particulares do Sul do país, seja “trocada” pela promessa de que as mesmas instituições irão oferecer, nos próximos 15 anos, 560 mil “bolsas” do Programa Universidade para Todos (o ProUni). 

O agrado foi articulado particularmente e com enorme empenho pela ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e irá beneficiar cerca de 500 instituições, sendo que metade é formada por universidades e faculdades privadas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina (estado natal da ministra).

Se a falta de vergonha na cara e o descaramento que cercam toda esta história já não fossem suficientes, o Governo Federal ainda comemorou a “negociação” com os “tubarões de ensino” afirmando que foi extremamente “positiva” na medida em que os reitores se comprometeram a saudar 10% da dívida bilionária e que recuaram na sua proposta inicial que limitava a oferta de vagas aos cursos menos concorridos, como as licenciaturas. 

E ainda tem mais: o programa, batizado de Proies (qualquer semelhante com o Proer, o plano de FHC que “salvou” os banqueiros anos atrás, não é mera coincidência) ainda fez outra “concessão” às universidades, que serão retiradas do cadastro de inadimplentes do governo, o que lhes permitirá resgatar os créditos a que têm direito com o Financiamento Estudantil (Fies).

Ou seja, os tubarões que se apoderaram da Educação no Brasil ganharam algo como um “presente de natal” antecipado.

Um programa vergonhoso desde o início

É inegável que para algumas centenas de milhares de jovens da classe trabalhadora, o ProUni tornou-se uma das poucas formas de acesso às universidades e, consequentemente, é saudado com uma programa positivo. Contudo, como temos insistido desde que o programa foi criado, isto infelizmente é um lamentável engano. 

Primeiro, porque seu surgimento nada teve a ver com a preocupação do governo em inserir a “população carente” no ensino superior, já que, acima de tudo, sua criação está relacionada às metas educacionais impostas pelo Banco Mundial para ajustar o Brasil aos padrões determinados pelo neoliberalismo. Nos níveis fundamental e médio, as tais metas tiveram como principal resultado a criação da malfadada “progressão continuada”. Nas universidades, além da criação do ProUni, elas deram origem à epidemia de cursos “tecnológicos”, de “gestão” e às “licenciaturas” (curtíssimas).

No que se refere particularmente ao ProUni, apesar de ser apresentado sob o enganoso disfarce de oferta de vagas para estudantes de baixa renda (negros e negras em sua maioria, vale ressaltar), o programa não tem outro sentido senão aumentar enormemente os lucros dos gananciosos “tubarões do ensino” que estão à frente das instituições privadas. Algo garantido através de um duplo mecanismo: o pagamento (pelo governo) do valor das mensalidades e as polpudas isenções de impostos conquistadas pelos reitores. 

Se não bastasse este fato, do ponto de vista social, o ProUni, apesar de embalado em um pacote de “boas intenções”, é ainda mais desprezível e condenável. Como é típico de um governo que, como regra geral, faz discurso sobre sua preocupação com “pobres”, mas, na prática, só implementa políticas que beneficiam seus parceiros na elite brasileira, o programa “institucionalizou” uma lógica elitista e excludente (e também racista) no ensino superior brasileiro: a idéia de que “cidadãos de segunda classe” (aos olhos do Estado, obviamente) só merecem ensino de décima, vigésima ou centésima categorias.

Denunciar o ProUni, defender a Educação

A MP foi saudada como grande “vitória” pelas entidades estudantis e de professores que estão alinhados com o governo. O que, de forma alguma, pode ser considerado uma surpresa. Fato particularmente lamentável na medida em que estes setores usam como argumento o desejo sincero e justo dos jovens da classe trabalhadora em ingressarem na universidade, afirmando que é melhor estudar, com bolsas, numa instituição de qualidade pra lá de duvidosa do que nunca ter um diploma universitário.

O que o governo e seus aliados “esquecem” de mencionar é que caso trabalhasse com a perspectiva de garantir uma Educação realmente pública, gratuita e de qualidade, a primeira coisa que o governo deveria fazer era estatizar as “fábricas de diploma” que, através do ProUni, ainda vem amenizado um de seus principais problemas (a evasão e a ociosidade de vagas causadas pela principal características destas universidades: o rasteiro nível dos serviços prestados – independente, inclusive, da qualidade dos professores e profissionais que nelas trabalham).

Contra o “absurdo” que os que defendem o ProUni vêem na proposta de estatização, basta levantar um único dado. Desde 2005, quando o programa entrou em vigor, o Governo Federal tem transferido cerca de R$ 1 bilhão dos cofres públicos para as instituições privadas. Uma dinheirama que, literalmente, poderia duplicar, ano após ano, o número de vagas nas Federais.

E por esta e outras que a medida aprovada pelos congressistas e que está em vias de ser sancionada por Dilma só pode ser denunciada e combatida. E, acima de tudo, este é mais um exemplo da total falta de compromisso de Dilma, Haddad (que esteve por trás da negociação) ou, agora, Mercadante com a educação de qualidade. Algo que só poderemos conquistar com muita luta.

FONTE: OPINIÃO SOCIALISTA / WILSON H. DA SILVA, DA REDAÇÃO

quinta-feira, junho 28, 2012

Milhares de estudantes tomam as ruas de Santiago contra lucro ilegal de universidades

Movimentos estudantis estimam que cerca de 150 mil pessoas compareceram ao protesto na capital chilena

Milhares de estudantes secundaristas e universitários saíram às ruas de Santiago, capital do Chile, nesta quinta-feira (28/06) em uma das maiores manifestações deste ano no país. O objetivo era protestar contra instituições de ensino que obtém ilegalmente lucro com a educação.
Agência Efe
A manifestação foi motivada pela denúncia de uma comissão de educação superior da Câmara dos Deputados, que acusou sete centros privados de descumprirem uma lei que os obriga a serem instituições sem fins lucrativos.

"Viemos dizer mais uma vez que a educação não é um bem de consumo, a educação é um direito. E para que isto seja assim necessitamos de um Estado que assegure uma regulação adequada do setor privado e que permita o fortalecimento do setor público", disse Noam Titelman, presidente da Feuc (Federação de Estudantes da Universidade Católica).
Os jovens partiram da praça Itália, ponto central da capital, e percorreram dois quilômetros pela Alameda, a principal avenida da cidade, passando em frente ao Palácio de la Moneda, sede do governo. Foi a primeira passeata do ano na qual os estudantes foram autorizados a transitar pela Alameda, uma avenida ocupada por diversas vezes em 2011, quando eclodiu o movimento estudantil.
As lideranças estudantis estimaram um total de 150 mil manifestantes no protesto desta terça-feira. A mobilização faz parte da greve nacional convocada pelos estudantes, que pode se tornar na maior paralisação deste ano.
A manifestação foi convocada pela Confech (Confederação de Estudantes do Chile). O presidente do movimento estudantil, Gabriel Boric, afirmou que "o governo tem motivos para estar preocupado, pois o Chile tem um ministro que se curva aos empresários, queremos dizer-lhes que, enquanto isto continuar, não os deixaremos tranquilos. Passamos de uma ditadura militar para uma ditadura de mercado”.
Os jovens desafiaram o frio e chuva fina que caía sobre o centro da capital para marchar com cartazes e palavras de ordem, num ambiente festivo que só foi alterado quando um grupo minoritário provocou desordens durante o percurso. Titelman comemorou a presença massiva de manifestantes e lamentou os incidentes que marcaram a passagem dos estudantes: "Estamos muito contentes com o nível de comparecimento, ainda que lamentamos muito os incidentes que ocorreram”.
*Com informações de agências internacionais
FONTE: OPERA MUNDI

Alunos e professores relatam falta de infraestrutura nas federais de PE


Falta de sala de aula, laboratórios e livros são algumas das queixas.
Professores estão em greve há quase um mês e meio.

ENTENDA A GREVE NAS UNIVERSIDADES FEDERAIS
PROFESSORES
SERVIDORES
Desde 17 de maio, professores das instituições federais fazem um movimento de greve nacional que já atingiu 95% da categoria.
A paralisação nacional dos servidores teve início em 11 de junho e, segundo a última atualização dos sindicatos, pelo menos 90% dos institutos federais tinham servidores parados.
PRINCIPAIS REIVINDICAÇÕES
- Criação de uma carreira única, com a incorporação das gratificações em 13 níveis remuneratórios
- Aumento do piso salarial em 22,8% com a correção das pendêncais da carreira desde 2007 (atualmente, ele é de R$ 1.304)
- Variação de 5% entre níveis a partir do piso, para o regime de 20 horas correspondente ao salário mínimo do Dieese (atualmente calculado em R$ 2.329,35)
- Devolução do vencimento básico complementar absorvido na mudança na Lei da Carreira, de 2005
- Percentuais de acréscimo relativos à titulação e ao regime de trabalho
- Reposicionamento dos servidores aposentados
O QUE DIZ O MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
O MEC afirma que que quem define a agenda de negociação é o Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG). O Ministério da Educação está com uma proposta de plano de carreira pronta, para apresentar na próxima reunião agendada pelo MPOG – basicamente priorizando a dedicação exclusiva e titulação docente.
 Há quase um mês e meio, professores de universidades e institutos federais do país decretaram greve. Docentes de 56 universidades federais aderiram à paralisação nacional, segundo o sindicato da categoria, que pede reestruturação do plano de carreira e melhores condições de trabalho. Entre as queixas estão problemas de infraestrutura e falta de um maior número de professores para atender à política de expansão das universidades federais desenhada pelo Ministério da Educação (MEC). Servidores destas instituições também estão em greve.

Para mostrar um pouco dos problemas que estudantes e professores encontram nas universidade federais o G1 visitou duas universidades importante de Pernambuco  e conversou com alunos e professores para conhecer a realidade das salas de aula.

As reclamações dos manifestantes vão desde piscina, que foi fechada por falta de cloro na água, e um parafuso achado na comida do refeitório, até a falta de livros nas bibliotecas e os laboratórios que têm equipamentos defasados.

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) tem campi no Recife, Caruaru e Vitória de Santo Antão. Os dados mais recentes apontam que quase 27 mil alunos estão matriculados na instituição. O campus da capital abarca 84% desses estudantes. São 2.528 professores e 3.893 servidores técnico-administrativos nos três campi, incluindo o Hospital das Clínicas. Ao todo, são 96 cursos de graduação, sendo três a distância – sem contar as pós-graduações.

'É um puxadinho'

No campus Recife, não foi difícil encontrar alunos que criticassem a infraestrutura do local. Um dos campeões de reclamação é o curso de música. “É o ‘puxadinho’ da Federal”, diz o estudante Phillippi Oliveira. “É como se a gente pegasse salas emprestadas de outros cursos do CAC [Centro de Artes e Comunicação]. Não temos salas com tamanho nem acústica adequada. Também falta um estúdio para ensaios”, explica.

Sérgio Tavares concorda com o colega de graduação. Por causa do trabalho, ele adiou o sonho de cursar música e ficou meio desapontado quando a chance se concretizou. “Fiquei um pouco frustrado, pois uma estrutura melhor poderia motivar mais alunos e professores. Falta manutenção e até quem afine os instrumentos, porque tudo precisa passar por um processo de solicitação”, reclama.

Professor do curso de cinema da UFPE, Rodrigo Carreiro reconhece que a estrutura melhorou nos últimos anos. “Meu grupo de estudos via filmes em uma TV de 14 polegadas, com aparelho de videocassete trazido pela professora”, lembra ele sobre a época em que fazia a graduação na universidade. “Mas, claro, a infraestrutura ainda deixa muito a desejar, principalmente na parte de laboratórios. O curso de cinema sofre bastante com isso, especialmente na parte da imagem, pois faltam câmeras e equipamentos de iluminação de boa qualidade, e som. Há microfone, gravador e mixer top de linha, mas apenas um exemplar de cada”,diz.

Burocracia 

Aluno de cinema, Alan Tonello criticou a falta de uma sala apropriada para as aulas de som e equipamentos cinematográficos. “A gente pega, por exemplo, câmera emprestada dos cursos de publicidade e de rádio e TV. Também há problemas com as licitações. Uma vez pediram gravadores, mas não pensaram nos cabos, então eles ficaram parados. Vários livros chegaram recentemente, mas a filmografia ainda é feira com as nossas doações. Estou quase me formando e acho que poderia ter feito um curso melhor”, fala.

Ao lado do CAC fica o Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), que abriga o curso de geografia. Emanoel Vieira está no terceiro período da licenciatura e já sofreu com a falta de títulos na biblioteca às vésperas das provas. “Os banheiros do prédio também ficam muito sujos, as salas do meu andar não têm ar-condicionado e, às vezes, temos que improvisar para algo dar certo. Certa vez, não tinha auditório disponível e o professor pediu que colocassem tapumes nas janelas para a claridade não atrapalhar a gente na hora de assistir aos vídeos”, comenta.

'É uma vergonha'

A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) tem cerca de 15 mil alunos espalhados pelos campi Recife, Garanhuns e Serra Talhada, incluindo os matriculados no ensino a distância (EAD). Ao todo, são 49 cursos de graduação, sendo nove EAD. Aproximadamente mil professores e mil técnicos-administrativos trabalham na Rural.

No campus Recife, que fica no bairro de Dois Irmãos, o G1 encontrou muitas reclamações a respeito do curso de Medicina Veterinária. “É uma vergonha”, resume o estudante José Gênison. “Faltam equipamentos e laboratórios em todas as áreas, e o de anatomia não tem biossegurança. Também não há técnicos administrativos de nível médio e superior para trabalhar nos laboratórios e no hospital veterinário. Há livros comprados recentemente, mas não tem mais espaço nas prateleiras da biblioteca para guardá-los”, aponta.

O hospital veterinário é o que recebe a maior crítica dos alunos. “Ele não cumpre seu papel social nem educacional. Primeiro, ele não tem uma série de atribuições, como plantão e internamento, para ser considerado hospital. Só faz atendimento ambulatorial. As salas de cirurgia têm estrutura precária. Não deve ter nem sabão para lavar as mãos. Depois, não temos médicos veterinários nem técnicos para nos orientar nas aulas”, falou o estudante Paulo Lira.
Uma unanimidade entre os estudantes da UFRPE é o serviço do refeitório. A qualidade do alimento servido e a pouca variedade no cardápio são as maiores broncas. No último dia 9 de maio, o Diretório Acadêmico de Medicina Veterinária e Agronomia denunciou à reitoria que um parafuso foi encontrado no prato de comida servido a um estudante, no local.

Livro é de quem chega primeiro

Para o curso de biologia, a graduanda Raquel Gomes dá nota 6,5. “Há muitos equipamentos quebrados nos laboratórios, falta até microscópio, mas o pior é que não tem muitos livros na biblioteca. Fica para quem chegar primeiro. Estou terminando o curso e acho que meu desempenho iria melhorar com mais acesso a livros”, reflete.

No curso de Engenharia de Pesca, mais críticas. “Os laboratórios de química e física são muito defasados, quase não temos aulas experimentais por falta de material. Houve uma vez que alunos ficaram sem aulas de natação na piscina da universidade, que é a nossa disciplina de educação física, porque não tinha cloro, que eles disseram que compravam do Sul [do Brasil]. Não dá para entender isso”, diz o estudante Cláudio Della Vedova.

Professor do curso de história, Tiago de Melo Gomes também lamenta o “número ridiculamente pequeno de livros na biblioteca central da Universidade”. “Nós, professores, nem olhamos o acervo para indicar livros para os alunos. Vários professores não têm gabinetes de trabalho. Também não temos laboratórios e sala de aula. Temos de espalhar nossas salas pela universidade, onde conseguirmos enfiar nossos alunos. Frequentemente, temos de fazer boas caminhadas entre uma aula e outra, quando vamos de uma turma para outra que fica longe, o que significa perder uns 15 minutos de aula, por exemplo”, informa.

O professor ainda resume a crítica feita por todos os entrevistados. “Em linhas gerais, o que aconteceu sob [o governo de] Lula foi uma enorme expansão do número de vagas nas universidades federais, sem que tenha havido uma preocupação com a manutenção da qualidade. A infraestrutura simplesmente não dá conta”, finaliza.

MEC vai aumentar número de professores

O ministério anunciou esta semana que vai contratar mais de 48 mil professores. Nesta terça-feira (26), o ministro Aloizio Mercadante destacou que é uma visão simplista achar que o Programa de Expansão e Reestruturação das Universidades Federais (Reuni) compromete a qualidade da educação superior.

Para ele, a interiorização das universidades permite reduzir as desigualdades de acesso a essa etapa de ensino. Até 2003, havia 45 universidades federais e 148 campi. Com a expansão, até 2014 serão 63 universidades federais e 321 campi em todo o país.





UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
Campi
Recife, Caruaru e Vitória
Alunos
27 mil
Professores
2.528
Servidores
3.893
Cursos
96 graduações, sendo três a distância


O que dizem as reitorias

Através de nota enviada pela assessoria de comunicação da Universidade Federal de Pernambuco, a instituição informa que o curso de Música ganhará um novo prédio que solucionará os problemas de espaço levantados pelos alunos. "As obras estão previstas para serem iniciadas no próximo ano. A diretoria do Centro de Artes e Comunicação está tomando providências para adequar as atuais instalações para atender às necessidades do curso".

No mesmo centro, outro curso muito criticado foi a graduação em Cinema, com pouca quantidade de equipamentos nos laboratórios e uso de materiais de outros cursos. "Novos equipamentos estão sendo adquiridos para o curso de cinema. Os alunos utilizam os equipamentos e as instalações do Laboratório de Imagem e Som do Departamento de Comunicação, que é compartilhado com os alunos de publicidade, jornalismo e tádio, TV e internet. Portanto, não se trata de empréstimo e o espaço é adequado às necessidades", diz a nota da UFPE.

Em relação às críticas dos alunos de geografia, a UFPE afirma estar investindo, este ano, "R$ 1 milhão em novos títulos para as bibliotecas, incluindo impressos e publicações digitais para suprir a demanda de todos os cursos. Foi lançada uma campanha para que professores e alunos pudessem sugerir os livros mais importantes para sua formação.

A primeira compra está sendo concluída, entre três programadas para este ano".

Sobre as queixas dos estudantes do CFCH, em relação a infraestrutura, a nota da UFPE informa que o centro "teve toda sua fachada recuperada no reitorado passado e ainda é alvo de novos trabalhos de recuperação. As construções recentes já atendem a esse padrão, como os dois prédios inaugurados em abril, os Núcleos Integrados de Atividade de Ensino, que estão beneficiando os alunos dos Centros de Tecnologia e Geociências e de Ciências Exatas e da Natureza, em um edifício, e dos Centros de Filosofia e Ciências Humanas e de Ciências Sociais Aplicadas, no outro. As salas de aula desses prédios são climatizadas e possuem equipamentos de projeção".

UNIV. FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
Campi
Recife, Garanhuns e Serra Talhada
Alunos
15 mil
Professores
Cerca de 1.000
Servidores
Cerca de 1.000
Cursos
49 graduações, sendo nove a distância

Captação de recursos

Também através de nota enviada pela assessoria de comunicação, a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) comentou as queixas feitas por alunos e professores. Sobre as condições do hospital veterinário, tido pela instituição como referência em suas especialidades, "a UFRPE reconhece que melhorias de infraestrutura precisam ser implantadas para o aperfeiçoamento das iniciativas de ensino, pesquisa e extensão" desenvolvidas no local, que realiza uma média de mil atendimentos mensais, entre consultas, exames e cirurgias em animais de pequeno e médio porte. Entre essas melhorias está o remodelamento da residência, "que hoje atende ao hospital, no Recife, e à Clínica de Bovinos, em Garanhuns. Em breve, a Unidade Acadêmica de Garanhuns terá um novo hospital veterinário".

A dificuldade para captação de recursos, um dos problemas apontados por hospitais veterinárias de todo o país, segundo a assessoria da Rural, também é realidade em Pernambuco. Esse quadro começou a ser modificado, desde que o Ministério da Educação (MEC) reconheceu, este ano, os programas de residência veterinária como pós-graduações latu sensu, o que garante novos benefícios, como a adesão a programas de bolsas de estudo e investimentos em melhores instalações e equipamentos.

Sobre a carência na Biblioteca Central, a nova diretoria tomou posse no mês passado e está, inicialmente, reordenando o atual acervo. Ao fim da greve, uma campanha será feita junto aos professores e pesquisadores para a aquisição de novos livros em todas as áreas. Até o fim deste ano, está prevista a conclusão da nova biblioteca para os departamentos de ciências sociais e letras e ciências humanas. "O atual acervo dessas duas áreas, que se encontra atualmente na Biblioteca Central, será ampliado e conduzido ao novo espaço, de modo a resolver os atuais problemas de espaço físico da BC". Projetos para outras duas bibliotecas setoriais - ciências exatas e ciências agrárias - estão em elaboração.

Em relação ao serviço do Restaurante Universitário (RU), uma pesquisa realizada entre janeiro e maio deste ano ouviu 610 estudantes. O resultado aponta que "90% aprovam o sabor da comida servida; 66% qualificam a variedade do cardápio como ótima ou boa". Segundo a assessoria, "questões como melhorias de cardápio, de estrutura e de atendimento estão sendo aperfeiçoadas constantemente pelos gestores". O RU mantém atendimento normal à comunidade universitária durante a greve. Na unidade acadêmica de Serra Talhada, as obras do restaurante universitário estão em fase de conclusão.

Um novo edifício de seis andares vai abrigar o Departamento de Biologia. O prédio já está concluído e conta com salas de aula, laboratórios de ensino, gabinetes de docentes e outras dependências.

Para concluir o processo, falta instalar o mobiliário já adquirido e os aparelhos de ar-condicionado, que se encontram em fase final de licitação.

Em relação às críticas ao curso de Engenharia de Pesca, a diretoria do Departamento de Pesca e Aquicultura "não conseguiu identificar quais seriam os supostos laboratórios referidos [pelos estudantes], já que os alunos de graduação e pós-graduação participam de atividades em diversos departamentos". Segundo a Rural, essa graduação está entre as três melhores do Brasil na área, com 21 dos 24 professores sendo doutores ou pós-doutores.

Já as demandas levantadas pelo professor do curso de História poderão ser minimizadas com a construção do Departamento de Letras e Ciências Humanas, que está em andamento, segundo a Pró-reitoria de Planejamento da Rural. Ainda de acordo com a assessoria, as novas instalações "garantirão melhor comodidade para a boa realização das atividades de ensino, pesquisa e extensão da UFRPE".

Por fim, sobre a carência no quadro de servidores, a Pró-reitoria de Administração afirma que a contratação de novos profissionais - para qualquer setor da instituição - depende principalmente de autorização do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
FONTE: G1

Greve de professores atinge 95% das instituições federais, diz sindicato


Segundo o Andes, apenas 3 universidades e 4 institutos não pararam.
Professores preparam ato em frente ao Banco Central de várias cidades.

A mobilização nacional de professores das instituições federais de ensino pela reestruturação da carreira docente chegou nesta quarta-feira (27) à adesão de 95% das instituições, segundo dados do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes). Das 59 universidades, 56 têm professores parados(veja lista ao final desta reportagem). Além disso, a greve dos servidores técnicos administrativos atinge 34 dos 38 institutos federais de ciência e tecnologia em 22 estados, além dos dois centros federais de tecnologia e o Colégio Pedro II.
ENTENDA A GREVE NAS UNIVERSIDADES FEDERAIS
PROFESSORESSERVIDORES
Desde 17 de maio, professores das instituições federais fazem um movimento de greve nacional que já atingiu 95% da categoria.A paralisação nacional dos servidores teve início em 11 de junho e, segundo a última atualização dos sindicatos, pelo menos 90% dos institutos federais tinham servidores parados.
PRINCIPAIS REIVINDICAÇÕES
- Criação de uma carreira única, com a incorporação das gratificações em 13 níveis remuneratórios- Aumento do piso salarial em 22,8% com a correção das pendêncais da carreira desde 2007 (atualmente, ele é de R$ 1.304)
- Variação de 5% entre níveis a partir do piso, para o regime de 20 horas correspondente ao salário mínimo do Dieese (atualmente calculado em R$ 2.329,35)- Devolução do vencimento básico complementar absorvido na mudança na Lei da Carreira, de 2005
- Percentuais de acréscimo relativos à titulação e ao regime de trabalho- Reposicionamento dos servidores aposentados
O QUE DIZ O MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
O MEC afirma que que quem define a agenda de negociação é o Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG). O Ministério da Educação está com uma proposta de plano de carreira pronta, para apresentar na próxima reunião agendada pelo MPOG – basicamente priorizando a dedicação exclusiva e titulação docente.
Os docentes preparam, para a manhã desta quinta-feira (28), atos em frente às sedes e subsedes do Banco Central em várias cidades brasileiras.
A categoria dos docentes pleiteia carreira única com incorporação das gratificações em 13 níveis remuneratórios, variação de 5% entre níveis a partir do piso para regime de 20 horas correspondente ao salário mínimo do Dieese (atualmente calculado em R$ 2.329,35), e percentuais de acréscimo relativos à titulação e ao regime de trabalho.
Negociações
O sindicato reclama da morosidade nas negociações e do fato de elas estarem concentradas principalmente nas mãos do Ministério do Planejamento -- quem coordena o processo é o secretário das Relações de Trabalho, Sérgio Mendonça.

"É uma questão de concepção, essa não é uma discussão numérica. Por se tratar de educação, é uma discussão qualitativa", afirmou ao G1 o professor Tiago Leandro da Cruz Neto, que integra o comando nacional de greve dos docentes.
De acordo com ele, o Ministério do Planejamento "discute apenas números", e não aborda a questão da efetiva reestruturação da carreira, que inclui, por exemplo, permitir que os professores atinjam o topo de sua carreira mais rapidamente, e não logo antes, ou mesmo depois, de atingirem o tempo de contribuição mínima para a aposentadoria.
Outro lado
"O MEC tem participado, mas de forma bastante tímida, precisa ser mais incisiva, a discussão precisa ser qualitativa", disse Cruz Neto.
Procurado pelo G1, o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão afirmou, por meio de sua assessoria, que a reunião com as entidades que representam a categoria dos docentes, agendada para o dia 19, mas adiada, deve acontecer na próxima semana, mas ainda sem data confirmada. Ainda de acordo com o ministério, o secretário tem se reunido internamente com membros do governo para encontrar uma solução para o impasse nas negociações.
A última proposta do governo, divulgada em 13 de junho, sugeria que a carreira dos docentes das federais seguissem o mesmo plano de carreira dos servidores do Ministério da Ciência e Tecnologia, que contempla o reajuste salarial e a incorporação das gratificações.
O Ministério da Educação afirmou, em nota, que é importante frisar que, "sobre a greve das instituições federais de ensino superior, quem define a agenda de negociação é o Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG)
VEJA AS INSTITUIÇÕES QUE ESTÃO COM PROFESSORES E/OU SERVIDORES EM GREVE
GREVE DE PROFESSORESGREVE DE SERVIDORES
1. Universidade Federal do Amazonas
2. Universidade Federal de Roraima
3. Universidade Federal Rural da Amazônia
4. Universidade Federal do Pará
5. Universidade Federal do Oeste do Pará
6. Universidade Federal do Amapá
7. Universidade Federal do Maranhão
8. Universidade Federal do Piauí
9. Universidade Federal Rural do Semi-Árido
10. Universidade Federal da Paraíba
11. Universidade Federal de Campina Grande
12. Universidade Federal Rural de Pernambuco
13. Universidade Federal de Alagoas
14. Universidade Federal de Sergipe
15. Universidade Federal do Triângulo Mineiro
16. Universidade Federal de Uberlândia
17. Universidade Federal de Viçosa
18. Universidade Federal de Lavras
19. Universidade Federal de Ouro Preto
20. Universidade Federal de São João Del Rey
21. Universidade Federal do Espírito Santo
22. Universidade Federal do Paraná
23. Universidade Federal do Rio Grande
24. Universidade Federal do Mato Grosso
25. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
26. Universidade Federal dos Vales Jequitinhonha e Mucuri
27. Universidade Tecnológica Federal do Paraná
28. Instituto Federal do Piauí
29. Centro Federal de Educação Tecnológica de MG
30. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
31. Universidade do Vale do São Francisco
32. Universidade Federal de Goiás (Goiânia, Cidade de Goiás, Catalão e Jataí)
33. Universidade Federal de Pernambuco
34. Universidade Federal do Acre
35. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
36. Universidade Federal do Rondônia
37. Universidade de Brasília
38. Universidade Federal de Juiz de Fora
39. Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais
40. Universidade Federal do Pampa
41. Universidade Federal de Alfenas
42. Universidade Federal Fluminense
43. Universidade Federal do Rio de Janeiro
44. Universidade Federal de São Paulo
45. Universidade Federal de Grande Dourados
46. Universidade Federal de Santa Maria
47. Universidade Federal do Tocantins
48. Universidade Federal da Bahia
49. Universidade de Integração Latino Americana
50. Universidade Federal do ABC
51. Universidade Federal do Ceará
52. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Campus Três Lagoas)
53. Instituto Federal de Minas Gerais - Formiga
54. Universidade Federal de Minas Gerais
55. Universidade Federal da Fronteira Sul
56. Universidade Federal de Santa Catarina
1. Instituto Federal de Alagoas
2. Instituto Federal do Amazonas
3. Instituto Federal da Bahia
4. Instituto Federal Baiano
5. Instituto Federal do Ceará
6. Instituto Federal de Brasília
7. Instituto Federal do Espírito Santo
8. Instituto Federal de Goiás
9. Instituto Federal Goiano
10. Instituto Federal do Mato Grosso
11. Instituto Federal do Mato Grosso do Sul
12. Instituto Federal de Minas Gerais
13. Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais
14. Instituto Federal do Norte de Minas Gerais
15. Instituto Federal do Sul de Minas Gerais
16. Instituto Federal do Triângulo Mineiro
17. Instituto Federal do Pará
18. Instituto Federal da Paraíba
19. Instituto Federal do Paraná
20. Instituto Federal do Piauí
21. Instituto Federal de Pernambuco
22. Instituto Federal do Sertão Pernambucano
23. Instituto Federal do Rio de Janeiro
24. Instituto Federal Fluminense
25. Instituto Federal de Rondônia
26. Instituto Federal do Rio Grande do Norte
27. Instituto Federal Farroupilha
28. Instituto Federal do Rio Grande do Sul
29. Instituto Federal do Sul
30. Instituto Federal de Santa Catarina
31. Instituto Federal Catarinense
32. Instituto Federal de São Paulo
33. Instituto Federal de Sergipe
34. Instituto Federal do Tocantins
 
Fonte: Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino
Superior (Andes)
Fonte: Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe)


FONTE: G1



terça-feira, junho 26, 2012

Nota da Oposição de Esquerda da UNE sobre a reunião da entidade com o Ministério da Educação


Direção Majoritária da UNE e Ministro da Educação Aloizio Mercadante de mãos dadas: não fala em nosso nome!

Nota da Oposição de Esquerda da UNE sobre a reunião da entidade com o Ministério da Educação


No dia 26 de Junho de 2012 se realizou na Esplanada dos Ministérios a manifestação da União Nacional dos Estudantes, convocada no 60º CONEG, sendo seguida de uma reunião convocada com o Ministério da Educação. O ato contou com a presença de cerca de 1.000 estudantes (secundaristas e universitários) e na reunião os Diretores da Executiva da UNE, as UEEs e representantes dos DCEs presentes, ao todo, cerca de 50 pessoas.

No dia 24 a noite, a reunião da Executiva da UNE discutiu o formato e a pauta a ser apresentada nessa reunião. As preocupações levantadas iam desde a necessidade de abertura de negociação do governo com os estudantes em greve, reforço da necessidade de negociação com os professores e técnicos-administrativos em greve, até a apresentação das pautas de cada universidade, especificando seus problemas de estrutura e assistência estudantil, que são os principais motivos da greve estudantil. Porém, antes do inicio da reunião com o MEC, fomos informados que os diretores da UNE que deveriam falar deveriam se sentir contemplado com as falas do presidente da entidade, já que se posicionariam contra a negociação com a UNE e sim com o Comando Nacional de Greve Estudantil - CNGE, pressionando o Ministro para abrir as negociações. A fala dos diretores da Oposição foi censurada!

A reunião com o MEC foi montada com um objetivo claro. Durante toda a fala dos representantes da UNE sequer foi citada a existência da greve nas universidades, nem tampouco o governo tocou no assunto. O palco para defesa e exaltação do projeto de educação do governo estava armado. O Ministro afirmou que era elitista e corporativista as reivindicações por qualidade no ensino dos estudantes, já que a expansão da universidade e os “investimentos” feitos pelos governos Lula e Dilma colocavam a educação superior em outro nível, ou seja, a educação superior não é prioridade para o governo. O surpreendente é que, em vez de vaias e de uma resposta incisiva dos estudantes, os estudantes presentes aplaudiram a fala do Ministro.

Hoje, aproximadamente 44 instituições estão em greve em todo país, com forte participação dos docentes e servidores, esses também em luta por melhores condições de ensino e trabalho. Longe de defenderem apenas pautas corporativistas, hoje o movimento nas Federais é resultado da resistência à uma política de expansão sem preocupação com a qualidade, expressa pelo REUNI.

A direção majoritária da UNE passou por cima da resolução aprovada pelos mais de 60 delegados eleitos na base das universidades, presentes na reunião do Comando Nacional de Greve – CNGE, do dia 18, no Rio de Janeiro, que dizia: “Quem fala em nome dos estudantes em greve são os estudantes em greve”. Também passou por cima da própria resolução da entidade sobre a condução da reunião com o MEC e de toda a história da entidade, no respeito a sua pluralidade e democracia interna.

A direção majoritária da UNE (PCdoB/PT) tem que admitir que devido a sua postura e política governista, todas as greves estudantis passam por fora da sua vontade e por fora de seu controle. Por isso mesmo a majoritária tem que fazer o que faz a Oposição de Esquerda da UNE: se vincular e ser parte real das greves em cada universidade entendendo que só este movimento, genuinamente de base, é que pode ter legitimidade para falar ou negociar em nome dos estudantes grevistas. Em vez disso, a direção majoritária prefere criar espaços em que a UNE se sobreponha à manifestação dos estudantes, e faça coro a defesa do projeto da educação do governo contra todo o processo de mobilização das universidades, e mais uma vez coloca a entidade histórica dos estudantes a serviço de outros interesses, que não dos estudantes em greve.

Nós da Oposição de Esquerda repudiamos a postura da direção majoritária da UNE. A resposta dos estudantes em cada universidade será na intensificação das mobilizações, no fortalecimento do Comando Nacional de Greve e do seu calendário. No dia 28 de Junho, estaremos na porta das sedes do Banco Central, questionando a política econômica do governo, e no dia 03 de julho faremos atos em todos os estados e em várias cidades, tomando as ruas em manifestações unificadas com os demais setores que também estão em luta e em greve.

Se o governo se recusa a negociar com os estudantes em greve, os estudantes vão às ruas!