Valoriza herói, todo sangue derramado afrotupy!

quarta-feira, dezembro 19, 2012

Maias iniciam festejos de passagem de era







Danças, orações e oferendas de milho e fogo abriram na cidade de Mérida, no sábado, 15, as celebrações maias de boas-vindas à nova era, que começa, segundo a cultura desse povo indígena, na sexta-feira, dia 21.

A informação é publicada peloa Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC), 18-12-2012.

A celebração é uma homenagem à deusa da lua, Ixchel, que representa a fertilidade e que rege os períodos de plantio, de chuvas e de colheitas. Maias alertam que o seu calendário foi interpretado de forma errônea por aqueles que esperam pelo fim do mundo na sexta-feira.

Essa falsa interpretação teve início com o filme 2012, do alemão Roland Emmerich, e de literatura que se reporta ao fim do mundo. Especialistas da cultura indígena maia se apressaram a desmentir o presságio e a destacar que se trata da passagem de uma era a outra, quando a contagem dos maias registra 5.200 anos de existência do planeta Terra.

FONTE: ihu.unisinos

Justiça autoriza participação de estudantes de Humanas no Ciência Sem Fronteiras


Com a decisão, candidatos já podem 

homologar suas inscrições às bolsas 

em suas respectivas universidades

A Justiça Federal do Ceará decidiu nesta quarta-feira, 19, suspender a retificação do edital mais recente do Ciência sem Fronteiras (CsF), programa do governo federal que dá bolsas para universitários estudarem no exterior. Com a decisão, estudantes brasileiros de mais de 20 cursos - a maioria deles da área de Humanas -, que haviam sido excluídos nessa retificação, poderão participar da seleção. 
Na decisão, o juiz substituto da 3.ª Vara Kepler Gomes Ribeiro - responsável pelo caso - , alega que o governo “jamais poderia mudar de forma inesperada as regras do programa”. Ele alega que se estudantes de Humanas - que não são o foco do CsF, que prioriza a área tecnológica - conseguiram participar do programa na primeira chamada do edital, nessa segunda convocatória não deveria haver a exclusão. 
Ele ainda define que a União deverá, em cinco dias, "tomar as devidas providências para admitir a habilitação de candidatos independentemente da área de conhecimento da qual é o estudante proveniente", com pena de pagar uma multa diária de R$ 5 mil, por cada estudante afetado, em caso de descumprimento.
“Foi uma vitória para os alunos. Com a decisão, eles já poderão se inscrever normalmente, a partir de hoje, às bolsas em suas universidades", diz o procurador da República no Ceará, Oscar Costa Filho, que ingressou com a ação na Justiça Federal. Trata-se do mesmo procurador que já tentou, inclusive, anular o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2011 no País todo.
“Agora é correr atrás e tentar homologar as inscrições antes do recesso das universidades. A Universidade Federal do Rio Janeiro mesmo vai entrar em recesso amanhã”, diz o aluno de Jornalismo da PUC-Minas Igor Silva, aliviado com a decisão que o afetou e atingiu também pelo menos 2 mil universitários em todo o País.
Interferência
Consultado, o Ministério da Educação (MEC) vê a decisão como uma “ interferência administrativa em política pública, cujos critérios são de decisão do poder executivo”. 
"Reiteramos os argumentos de defesa e ressaltamos que não houve exclusão de cursos, definidos desde os primeiros editais, e sim uma maior especificação de quais áreas eram pertencentes à indústria criativa", diz o comunicado enviado ao Estado. Foi nessa área que estudantes de Humanas conseguiram participar do programa.
Por fim, a pasta ainda diz que vai recorrer da decisão. O MEC teria até o dia 28 de janeiro para entrar com o recurso. A ação ainda pode ser levada para o Tribunal Regional Federal da 5ª Região decidir o mérito da questão.
Entenda o caso
No final de novembro alguns estudantes de Humanas, representando mais de 2 mil universitários de todo o País, resolveram entrar com ações judiciais contra o veto que impediu a participação no programa. O Ministério Público Federal foi uma das instâncias acionadas. Foi a partir de uma ação dos estudantes que o procurador da República no Ceará Oscar Costa Filho ingressou com um processo na Justiça Federal criticando a mudança no edital.
Com a mudança na chamada mais recente do CsF, cursos como Publicidade, Artes Plásticas, Cinema e Jornalismo e também carreiras das áreas de Saúde, como Enfermagem e Fisioterapia, foram excluídos da lista de cursos contemplados pelo programa na área de indústria criativa. A situação causou revolta entre os estudantes, que se mobilizaram no Facebook e criaram o grupo “Ciência com Fronteiras”, que já tem mais de 2 mil membros.
FONTE: Davi Lira, de O Estado de S. Paulo

O ano termina: hora de rever o passado para pensar o futuro




O ano está terminando. É um momento em que as pessoas se dedicam a olhar para trás. Depois pensar o que fazer no ano que está chegando. 

É importante que os ativistas que estiveram à frente das lutas sindicais, estudantis e populares façam o mesmo em termos políticos. E tirem suas próprias conclusões, observando atentamente as posições dos distintos setores da esquerda brasileira. Em 2012, quem esteve ao lado das lutas dos trabalhadores? Quem esteve contra?

As grandes lutas internacionais possibilitam que os ativistas observem as opções políticas dos diferentes setores de esquerda frente a temas centrais da luta de classes. 

A greve geral de 14 de novembro, centrada na Espanha e Portugal, mas com mobilizações se estendendo a outros 23 países, mostra que o proletariado de maior tradição no planeta se colocou em movimento de maneira espetacular com uma inédita mobilização internacional. Existe uma tendência a situações pré-revolucionárias e revolucionárias já presentes na Espanha, Portugal e Grécia. 

Isso só foi possível pela dimensão do ataque do grande capital, que significa simplesmente o fim do “Estado do bem estar social”. 

Na Europa, existe uma tendência de semicolonização de países antes imperialistas como Grécia, Portugal. Tudo isso para salvar o imperialismo alemão, francês e inglês. 

A primeira conclusão política da situação europeia mostra a falência dos partidos social-democratas, que são semelhantes ao PT. O PASOK grego, o PSOE espanhol e o PS português foram responsáveis pela aplicação dos planos de austeridade e acabaram perdendo as eleições por isso. 

Os ativistas que apoiam o PT devem pensar o que faria o governo Dilma caso a crise nos alcançasse: não aplicaria os mesmos planos econômicos que a social-democracia europeia? De que lado está esse ativista que apoia o PT no Brasil? Ao lado das lutas dos trabalhadores e jovens europeus, ou do lado da social-democracia que aplicou esses planos econômicos?

Que posição tomar sobre a Síria?
Outro tema fundamental do cenário internacional é a guerra civil na Síria. Aqui, tanto o PT como o PCdoB, PCB e a maioria da direção do PSOL apoiam o ditador Assad por ser “anti-imperialista”. Com isso, essas correntes, majoritárias na esquerda brasileira, legitimam os massacres feitos pela ditadura síria sobre seu próprio povo. Mesmo correntes que se colocam com “ultraesquerda”, como a LER no Brasil, ficam em cima do muro nessa discussão, se recusando a apoiar a luta do povo sírio. 

Não é verdade que Assad seja anti-imperialista. Nos últimos 20 anos a família Assad tem sido um baluarte dos acordos com Israel e os EUA, além de ter aplicado o neoliberalismo em seu país. 

A maioria das correntes de esquerda no Brasil não está passando na prova mínima de localização em uma revolução. Perante o levante das massas contra a ditadura síria, apoiam a contrarrevolução. Até mesmo para disputar a direção dessa luta com as correntes pró-imperialistas é preciso estar na luta contra Assad, do lado da revolução. 

Contra ou a favor de Dilma?
O que aconteceu no Brasil em 2012 também possibilita que os ativistas reflitam sobre as posições dos setores de esquerda.

O primeiro divisor de águas é o apoio ou não ao governo Dilma. A maioria absoluta dos trabalhadores e dos ativistas que estão à frente das lutas segue apoiando esse governo. 

Mas é importante refletir: por que o governo Dilma pagou R$ 709 bilhões aos banqueiros pela dívida pública? Por que privatizou aeroportos e rodovias fazendo exatamente o que criticava nos governos do PSDB?

Nós somos contra a hipocrisia da oposição de direita, que buscou utilizar o julgamento do mensalão para mostrar que só o PT é corrupto. Mas somos igualmente contra a hipocrisia petista, que nega a realidade. A verdade é que o PT é igual ao PSDB na corrupção: ambos assaltam os cofres públicos para financiar suas campanhas eleitorais e enriquecer seus dirigentes. 

Os ativistas que apoiam o PT estão de acordo com as privatizações? Com a corrupção da direção petista?

Como organizar as lutas? 
Existe uma grande polêmica política e sindical. A CSP-Conlutas se fortaleceu em 2012, dirigindo ou co-dirigindo uma parte importante das mobilizações sindicais e populares do país, desde a luta dos moradores do Pinheirinho, a greve do funcionalismo federal, a greve dos metroviários em São Paulo, diversas greves da construção civil do país, a luta dos metalúrgicos da GM de São José, e muitas outras. 

A ANEL dirigiu a greve nacional dos estudantes das universidades federais em oposição à UNE. Tanto a CSP-Conlutas como a ANEL incluem militantes do PSTU, PSOL e independentes.

Mesmo assim, setores do PSOL continuam se opondo a elas, evitando se integrar nessas entidades que são as maiores conquistas da reorganização sindical no país. 

PSOL ou PSTU?

A outra polêmica central na esquerda é político-eleitoral. 

As eleições indicaram um maior espaço à esquerda do governo, que foi ocupada pelo PSOL (majoritariamente) e pelo PSTU. 

O PSOL elegeu o prefeito de Macapá (AP) fazendo acordos com o PTB, PSDB e DEM, além da família Sarney. Foi ao segundo turno de Belém (PA), em acordo aberto com Lula e Dilma e ainda aceitaram receber dinheiro de empresas. O partido teve 28% dos votos no Rio de Janeiro com Marcelo Freixo, que aceitou o corte de ponto de grevistas. 

Tudo isso foi referendado na reunião do Diretório Nacional do PSOL, que começou reintegrando Martiniano Cavalcante à direção do partido. Ele tinha sido afastado após a revelação de que tinha recebido dinheiro de Carlinhos Cachoeira. Ou seja, o PSOL assumiu abertamente o vale-tudo eleitoral, um caminho já trilhado pelo PT.

O PSTU elegeu Cleber, em Belém, e Amanda Gurgel, em Natal, mantendo um programa classista e socialista, e sem receber um tostão da burguesia ou da corrupção. Nossos vereadores vão receber salários iguais aos de operários especializados e se manterão ligados às lutas dos trabalhadores de suas cidades. 

FONTE: Editorial do Opinião Socialista n. 454, de retrospectiva de 2012 e perspectivas para o próximo ano

Universidades de São Paulo querem mais verba para cotas







Proposta de reserva de cotas na USP, Unicamp e Unesp será apresentada pelo governador Geraldo Alckmin na quinta-feira


As universidades estaduais de São Paulo – USP, Unesp e Unicamp – querem que o governo do Estado defina uma verba específica para financiar o programa de cotas dessas instituições. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) vai anunciar nesta quinta-feira (20) a proposta final que será levada para os respectivos conselhos universitários. Na Universidade de São Paulo (USP), a maior do País, o projeto será encaminhado para todas as faculdades antes da apreciação do colegiado. 

De acordo com o reitor da USP, João Grandino Rodas, o único detalhe que falta para a definição da política de cotas é o orçamento. "Precisa de dinheiro, não é só trazer os alunos. Essa proposta (dos reitores) busca fazer com que todos possam ser acolhidos na universidade e tenham plena condição de seguir o curso", disse Rodas. "Será um novo sistema de ingresso."

A verba seria necessária para financiar a permanência estudantil, por meio de bolsas de auxílio moradia e alimentação, por exemplo, além da estruturação do curso de reforço para alunos de escolas públicas.
O projeto prevê que, até 2016, metade das vagas da universidade seja preenchida por alunos de escolas públicas. Aproposta foi discutida pelo Conselho de Reitores das Universidades das Universidades Estaduais de São Paulo ( Cruesp ), que começou a debater o tema em outubro, quando o governador pediu a sua formulação após ogoverno federal regulamentar a Lei da Cotas para as federais. Historicamente, as universidades estaduais são contrárias à proposta de cotas.
As linhas finais do pacote têm sido mantidas em segredo. Ainda há uma série de indefinições em relação ao financiamento e ao modelo de reforço de aula para cotistas. Para o desenho da proposta, não foi realizado uma simulação específica de pontuação de vestibular e demais impactos. Mas, segundo Rodas, as universidades entregaram ao governo números da realidade das universidades para que o Executivo possa chegar a um valor que financie o projeto.
Na USP, as unidades da universidade terão oportunidade de sugerir mudanças, como revelou o reitor. Só depois é que a proposta seguirá para o Conselho Universitário, instância máxima da instituição. O plano é que o novo sistema entre em vigor em 2013.
O anúncio desta quinta-feira deve ser feito de forma que pareça que foram os reitores quem, voluntariamente, decidiram pelas cotas. A preocupação é em conservar a autonomia universitária, tema caro à comunidade acadêmica.
FONTE: ULTIMO SEGUNDO / Com informações do jornal O Estado de S. Paulo.

Estudante de filosofia da Unifesp (SP) comete suicídio dentro da faculdade







Luiz Carlos de Oliveira, de 20 anos, foi encontrado suspenso com uma corda no pescoço na escadaria do Centro Acadêmico; de acordo com amigos, ele era rejeitado por alguns colegas da faculdade pelo fato de ser negro e pobre

Luiz Carlos de Oliveira, de 20 anos, estudante de filosofia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), em Guarulhos, se suicidou na manhã de sábado (15) após uma festa de inauguração de um Centro Acadêmico (C.A.). Luiz Carlos foi encontrado por amigos, por volta das 10h, suspenso com uma corda no pescoço na escadaria do C.A..

De acordo com alunos, os motivos que levaram o jovem a cometer o suicídio podem ter sido vários. Luiz Carlos, segundo amigos, era rejeitado por alguns colegas da faculdade pelo fato de ser negro e pobre. Outros também disseram ao Brasil de Fato que o estudante passava por desgaste emocional, crises existencias, motivos emocionais e problemas financeiros.

“Não deixe que essa universidade, ou melhor, algumas pessoas que nela estão, te contaminem assim como um dia fizeram comigo”, essa foi a útima frase dita por Luiz Carlos ao seu amigo Samuel do Nascimento.

O fato causou comoção entre os colegas e as pessoas que tiveram contato com Luiz Carlos. Algumas mensagens na página do Facebook da Unifesp demonstram o sentimento dos estudantes.

Uma estudante escreveu que Luiz Carlos admitia que se sentia sozinho e sem controle sobre si. “Sempre reconheceu prontamente isso e as consequências de quando extrapolava, que se envolvia na esperança, mesmo que mínima, de que alguém o aceitasse por completo, e ele percebia que não era assim [...] ele sabia quando se sentia usado por falsos amigos, que ele não sabia quando existia falsos amigos, mas percebeu cedo que existia muitos assim na faculdade.”

Para o colega Luís Fernando Tedesco, a última mensagem que Luiz Carlos deixou foi: “Você não está amando? Então procure fazer isso! Vai se sentir bem melhor”.

Em nota, a Unifesp lamentou a morte do estudante e informou que está prestando apoio a sua família. O corpo do jovem, que completaria 21 anos daqui a um mês, foi enterrado na tarde de domingo (16) no cemitério da Vila Formosa, em São Paulo.

Leia algumas mensagens deixadas no Facebook por amigos de Luiz Carlos:

“Perdemos um grande homem, um artista sem igual! Luiz Carlos de Oliveira você sempre estará vivo no meu coração!”

“Precisamos ser fortes… mais um amigo querido que se vai neste ano tão duro, difícil e revelador. Te vi tão em paz semana passada e agora esta triste notícia… Vá em paz meu amigo!!”

“Perdi uma pessoa que também me ensinou a ser um artista problematizador e um homem de verdade: Luiz Carlos de Oliveira.”

“Diriam que o humor dele não era humor. Um sujeito que vivia rindo, pouco importando para se encaixar numa ideologia política teórica, para se enquadrar numa forma de bolo e sair militando por isso ou aquilo. Uma pessoa que não tinha medo de dizer o que pensava, que falava das entranhas aquilo que tinha vontade sem nem temer gritos ou dedos sendo apontados para sua cara. Atitude é a virtude que agora nos vem quando lembramos de sua imagem, que está impregnada no seu corpo e entrelaçada com as várias esperanças que temos dessa coisa que colocaram o nome de UNIFESP-Guarulhos.”

Fonte: Brasil de Fato /CONLUTAS

terça-feira, dezembro 18, 2012

Torcedores do Zenit lançam nota racista










Mensagem de grupo de torcedores defende que a não presença de jogadores negros ou homossexuais reforçaria a identidade do clube russo


Um grupo de torcedores do Zenit publicou nesta segunda-feira um manifesto onde demonstra a sua oposição à contratação de jogadores negros ou homossexuais. A intenção, segundo os próprios autores do texto, é manter intacta a identidade do clube russo.

“Não somos racistas, porém para nós a ausência de jogadores negros no Zenit é uma importante tradição, que reforça a identidade do clube. Somos contra também à presença de jogadores pertencentes à minorias sexuais“ diz trecho do comunicado.

A nota, que teve repercussão em toda a Rússia, continua o seu texto defendendo a não inclusão também de jogadores de outros continentes.

“Pelo fato do Zenit ser o clube mais ao Norte das grandes cidades europeias, nunca teve vínculos com África, América Latina, Austrália ou Oceania. Não temos nada contra a população destes continentes, porém queremos que pelo Zenit atuem somente jogadores com afinidade da nossa mentalidade” apontam os extremistas.

Os torcedores do Zenit são considerados os mais violentos do futebol russo. 

No texto há ainda referência ao atacante brasileiro Hulk, ao meia belga Witsel e ao zagueiro português Bruno Alves por serem considerados negros, e portanto não poderiam defender a equipe.

“Agora o Zenit nos está impondo jogadores negros quase à força, e isto causa uma reação negativa”.

Como resposta, o clube saiu em defesa de seus jogadores. O atual campeão russo publicou uma mensagem reprovando a posição do grupo de torcedores.

“Os jogadores não são escalados em nosso time com base em sua procedência étnica ou cor da pele, mas por suas qualidades e conquistas esportivas. A política do Zenit está dirigida para o desenvolvimento da integração dentro do esporte e combate posturas arcaicas”, afirma.

O Zenit também lembrou que o comportamento dos radicais não reflete o pensamento da maior parte de sua torcida. “O Zenit sempre se destacou por sua tolerância, e sempre teve em suas fileiras jogadores de diferentes origens e credos. Nosso clube conta com um exército de milhões de torcedores e admiradores em todos os continentes”, finalizou a nota do clube.

FONTE: EBAND

As cinco hidrelétricas no Rio Tapajós

   Entrevista Especial com Telma Monteiro
“Nenhum rio, no Brasil e no mundo, pode suportar a construção de cinco hidrelétricas, ou até menos, em sequência. Hidrelétricas causam prejuízos imensuráveis à biodiversidade”, desabafa Telma Monteiro no início da entrevista por telefone. Ela critica o projeto de construção do complexo de hidrelétricas do rio Tapajós, onde estão previstas cinco hidrelétricas em sequência. “O governo e seus aliados conseguiram passar as usinas do rio Madeira pela sociedade. Eles estão conseguindo passar com um trator por Belo Monte, embora estejamos resistindo bravamente. E se passarem Belo Monte, não vão ter qualquer dificuldade para aprovarem as hidrelétricas do Tapajós e todas as outras que forem planejadas para suprir a necessidade de obras para as grandes empreiteiras e de energia para as grandes eletro-intensivas”, disse ela.

Confira a entrevista.

O rio Tapajós suportará a construção das cinco hidrelétricas?

Telma Monteiro – Nenhum rio, no Brasil e no mundo, pode suportar a construção de cinco hidrelétricas, ou até menos, em sequência. Hidrelétricas causam prejuízos imensuráveis à biodiversidade, imagine cinco e em sequência. Neste caso se criariam cinco grandes lagos na região da bacia do Rio Tapajós em sequência. Isto transformaria esses rios em uma espécie de sistema lacustre.

Quais são as principais falhas no projeto do Complexo de Tapajós?

Telma Monteiro – Além daqueles que apontamos para todas as outras hidrelétricas, como foi a falha do processo de licenciamento do Rio Madeira, e estão sendo as falhas do processo de licenciamento de Belo Monte no Rio Xingu, no caso das hidrelétricas do Tapajós, os impactos seriam muito grandes. Inclusive na questão de atingir terras indígenas, que afetaria o povo Munduruku. Os munduruku estão na região do Tapajós e serão diretamente afetados. A relação desses índios com o ambiente natural é muito estreita, e, no próprio inventário hidrelétrico do Rio Tapajós, isto está muito claro.

A preservação e o desenvolvimento dessas culturas irão depender fundamentalmente da manuntenção desses grupos indígenas e de seus territórios. A continuidade de suas relações com o meio ambiente é muito importante. Quando você agride toda essa biodiversidade que irá servir aos povos indígenas, está fazendo com que morra a alma antes do corpo, que é a forma mais rápida de destruição das identidades étnicas. Acho que isso reflete muito bem o que esses grandes projetos de infraestrutura podem causar à Amazônia, em especial, nesses povos que já estão sendo afetados.

O projeto ainda nem começou, mas, pela simples menção de sua construção, esses povos já estão sendo afetados. Quando se tem uma ocupação, como no caso do Rio Madeira, esse precedente já é transferido para um novo local quando se anunciam a construção de novas hidrelétricas. Começam a fluir pessoas para esses locais, que passam a ocupar essa região de forma desordenada, e os municípios não estão preparados para esse processo migratório para a região. Na hora em que se tem a divulgação da questão das hidrelétricas nos rios Madeira, Xingu e Tapajós, é possível perceber que as pessoas já se mobilizam para chegarem a esses lugares e começarem a ocupar o espaço em busca de oportunidades de trabalho. Aí começa o caos na infraestrutura da região.

Já se sabe qual será a potência total de geração de energia do Complexo de Tapajós?

Telma Monteiro – Os estudos de viabilidade já estão prontos e estão sendo analisados. Esses estudos indicam que o potencial previsto é de 14.245 megawatts, isso para um conjunto de aproveitamento em cascata nos rios Tapajós e Jamanchim. Lógico que estão neste projeto os mesmos que estão nos outros projetos. Foi a CNEC engenharia, uma empresa da Camargo Correa, que fez os estudos. Inclusive a própria empresa Camargo Correa não objetiva gerar energia, mas construir obras. A Camargo Correa é que vai construir Jirau, está pretendendo participar do leilão de Belo Monte e também já está envolvida nos estudos do Rio Tapajós.

Na questão do Complexo de Tapajós, temos outro precedente. Lá estão as mesmas empreiteiras, cujo fim é apenas fazer obras, e não gerar energia. Na verdade, na falta de grandes obras de infraestrutura no Brasil durante algum tempo, estamos vendo agora uma verdadeira indústria de construção de barragens nos rios, em especial, na Amazônia.

As empresas começam a buscar uma forma original de apresentar as hidrelétricas para a sociedade. No caso do Complexo do Tapajós, é muito interessante: eles criaram uma nova figura, e isso foi um exercício da Eletrobrás, a da usina-plataforma.

A quem se destina toda a energia que será produzida nessas cinco hidrelétricas?

Telma Monteiro – Temos as grandes usinas eletrointensivas, que são aquelas cujo produto final requer um insumo maior de energia. Temos o beneficiamento do alumínio, primeiro com a extração da bauxita, que beneficia o alumínio. Antigamente, o Brasil exportava toneladas de material mineirado. Hoje, o país exporta quilos de alumínio. O que essas grandes empresas eletrointensivas como a Vale precisam? Precisam extrair a bauxita e beneficiar o alumínio, e isso acontece usando a energia hidrelétrica. O custo menor para elas é manter essas indústrias que beneficiam o minério perto de usinas hidrelétricas. Onde estão essas explorações? Estão justamente na Amazônia, a região com a maior riqueza mineral do planeta. E o que essas grandes empresas eletro-intensivas querem? Querem explorar toda essa riqueza. Veja que algumas já têm uma planta pronta para uma indústria em Altamira para beneficiar a indústria de alumínio.

O que está por trás da contratação das empresas Camargo Correa e Odebrecht?

Telma Monteiro – O que é a Odebrecht? Antes de mais nada, ela é uma grande empreiteira. Embora elas sejam empresas que detenham outras em diferentes setores, sua atividade principal são obras de grande porte. O que é uma grande barragem? É um conjunto imenso que utiliza concreto, é uma construção pesada, que necessita de muitas escavações em rochas e tudo isso não se consegue fiscalizar. Isso custa muito dinheiro! Quando você faz um conjunto de cinco hidrelétricas numa região como a do rio Tapajós e com uma tecnologia nova, como é que essas empreiteiras vão ser fiscalizadas, se aquele custo que elas apresentaram para a construção não pode ser fiscalizado? Por isso, grandes obras dão muito dinheiro para esse tipo de empresa. Essas empresas vivem disso, e não de gerar energia.

Belo Monte vive outro grande problema seríssimo, porque a energia que pretendem gerar lá é de 4500 megawatts médios. Isso é mentira. Há um estudo de 2006 que diz que é impossível gerar esse nível de energia, a não ser que se construam mais três energias hidrelétricas.

Querem construir no Rio Tapajós usina-plataforma. O que é isso?

Telma Monteiro – É um novo conceito revolucionário em hidrelétricas, como diz a Eletrobrás. A ideia é que a hidrelétrica será construída sem que se faça desmatamento. É isso que eles estão planejando. A Petrobrás até lançou uma cartilha com um material especial feito para que as comunidades se apropriem dessa nova “técnica” de usina-plataforma, que tem relação com plataformas de exploração de petróleo no mar. Nós não sabemos como isso pode ser transferido para o meio da floresta. Se diz que a usina-plataforma será feita sem que haja necessidade de canteiros de obras para os trabalhadores fazerem a usina, e esses trabalhadores serão levados e trazidos através de helicópteros no meio da mata. Segundo declarações do presidente Lula e do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, essas usinas-plataformas não ampliariam o desmatamento. Esta é uma coisa muito interessante, pois não se imagina como se pode fazer um reservatório de uma grande usina hidrelétrica, no meio da Amazônia, sem desmatamento. Temos duas opções: Ou o reservatório é virtual, ou ele paira.

O que significa a construção de dois projetos considerados “mega” como o do rio Tapajós e o de Belo Monte?

Telma Monteiro – Significa que, na esteira desses dois projetos, que vão afetar terras indígenas, a biodiversidade, a vida dos ribeirinhos, o custo-benefício-social não foi divulgado. Na realidade, não sabemos qual é o custo para a sociedade dos peixes que deixarão de fazer a migração para a reprodução. Essas externalidades não estão sendo consideradas e, se estão sendo consideradas, os números não estão aparecendo. Significa, portanto, que na esteira desses projeto há outros tantos, como bem disse nosso Ministro Edison Lobão, numa reunião em Brasília, que temos um potencial de desenvolvimento para gerar energia hidrelétrica inclusive em áreas preservadas e que até esses lugares estão no plano do governo de exploração.

O governo e seus aliados conseguiram passar as usinas do rio Madeira pela sociedade. Eles estão conseguindo passar com um trator por Belo Monte, embora estejamos resistindo bravamente. E se passarem Belo Monte, não vão ter qualquer dificuldade para aprovarem as hidrelétricas do Tapajós e todas as outras que forem planejadas para suprir a necessidade de obras para as grandes empreiteiras e de energia para as grandes eletro-intensivas.

Com tantos alertas e demonstrações que provam os riscos desses empreendimentos, por que, em sua opinião, os projetos continuam avançando? Quem pode impedir que essas barragens sejam construídas?

Telma Monteiro 
– Temos que repensar o planejamento energético brasileiro. Estão esquecendo de uma série de medidas que deveriam ser tomadas antes de se pensar em contruir megahidrelétricas no Brasil. Primeiro: quais são as perdas efetivas? Onde estão as contas que demostram quais as perdas que existem no sistema de transmissão do país? Ninguém fala disso. O próprio professor Célio Berman demonstrou, através de um estudo com a WWF, a necessidade de detectar quais as usinas que precisam de repotenciação. Porque você acha que a energia eólica não “pegou” ainda no Brasil? Porque não interessa às empreiteiras deixar que a eólica seja uma fatia substancial de geração de energia no país. Eólica não precisa de concreto, não tem barragem, não tem escavações. Então, enquanto tiver o lobby das grandes empreiteiras querendo fazer megabarragens, nós não teremos a necessidade de desenvolver hábitos de economia de consumo, por exemplo.

Telma Monteiro é coordenadora de Energia e Infra-Estrutura Amazônia da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé.
Fonte:Envolverde / IHU-OnLine.

Carta aberta ao doutor Sócrates


O ator Dan Stulbach – corintiano de quatro costados – esteve no Japão para acompanhar a vitória do Timão. Antes da partida ele mostrou com exclusividade para VEJA sua conversa íntima com Sócrates, o doutor Sócrates, morto em dezembro do ano passado.
“Doutor, escrevo para você do Japão. Hoje é dia da final do Mundial e até o Monte Fuji parece alvinegro. Vim de Nova York, onde o avião atrasou por causa da cantoria do bando de loucos a bordo. Três japoneses pediram pra descer. Naquele mesmo dia, em Londres uma festa de mesmo tamanho tomou conta do aeroporto, é o que me contaram. Roma, Paris, Istambul e até Dubai. Fiquei imaginando, emocionado, a movimentação de toda essa gente, vinda de todos os cantos, com todos os cantos, desaguando no Japão – cada um com a sua história, cada um com a sua paixão. E eu, que aprendi o que é democracia contigo, vejo essa galera transformando o complexo de vira-lata no orgulho de ser vira-lata. É um Brasil possível, aquele que aprendi a conhecer no estádio, com homens e mulheres, meninos e meninas de todo jeito, de todas as classes e credos, sofrendo junto e se abraçando por um gol, eles que estão aqui, agora, comendo sushi. Um estádio ambulante veio para cá, em paixão e número. Um estádio que grita e festeja ser o que é.

A final será hoje à noite, logo mais, e não tenho ideia de como será. Aliás, tô nervoso pacas. Mas acho – tenho certeza – que a maior vitória já aconteceu.

Tamo juntos, Doutor. Chegamos. É nóis
. Mais do que nunca.” 

Fonte: Revista Veja

quinta-feira, dezembro 13, 2012

Manifesto em defesa das cotas paulistas -PL 530/04











MANIFESTO A FAVOR DAS COTAS RACIAIS EM SÃO PAULO


Contra o projeto do Governo de São Paulo, 
que classifica negros como
estudantes de segunda classe;
  
Em defesa do PL 530/04

São Paulo, 05 de Dezembro de 2012

Com cerca de 14,5 milhões de afro-brasileiros/as, ou seja, 34,6% da população de 42 milhões de paulistas, São Paulo é o estado com a maior população negra do Brasil. Só na Capital são 4 milhões de negros/as. Apesar da importância política, econômica e cultural da presença negra, São Paulo se conformou em um estado estruturado pelas desigualdades raciais.

Segundo todos os indicadores socioeconômicos, negros/as ganham menos para as mesmas funções, padecem das piores condições de vida e estão ausentes dos espaços de poder. Ao mesmo tempo essa população, em especial a juventude, é a principal vítima da política de segurança pública do estado, que encarcera, tortura e mata, em uma absurda proporção. Aqui, as chances de negros serem assassinados são 132% maiores do que o assassinato de uma pessoa não negra (Mapa da Violência 2012).

Se não se pode responsabilizar as universidades estaduais paulistas pelos homicídios contra jovens negros, não há dúvidas que a sua estrutura de privilégios ajuda na produção de vulnerabilidades e mortes prematuras. A histórica decisão do STF, que declarou a constitucionalidade das ações afirmativas e das cotas raciais, em abril de 2012, sacramentou juridicamente esta posição, ao mesmo tempo em que expôs, do alto de sua importância política, esse estado de desigualdade e a necessidade das cotas raciais nas universidades. 

No contexto de lutas contra o genocídio da juventude negra e por cotas raciais em SP, recebemos com negativa surpresa a proposta de Política de Cotas apresentada pelo Governo do Estado através das declarações do reitor da Unesp, Júlio Cezar Durigan, membro do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (Cruesp), divulgadas em toda imprensa nos últimos dias.

Tal propositura repete um erro da Lei Federal, quando propõe que as cotas para negros incida apenas nos 50% destinado à estudantes de escolas públicas, o que reduz pela metade a justiça de seus números; O mais grave está maquiado na proposta, conforme divulgado pela Folha/UOL em 5/12/12 

(1): “O modelo prevê que esses 50% sejam divididos - 20% das vagas irão para calouros de escolas públicas selecionados para curso superior a distância, preparatório. Os outros 30% seriam preenchidos por meio de ações a serem escolhidas pelas universidades”, que podemos entender da seguinte maneira:

· Dos 50% de vagas reservadas para estudantes de escolas públicas, 30% serão dirigidas para seleção a partir do critério de cada universidade, obedecendo a lógica do mérito acadêmico, ou seja, haverá uma seleção dos “melhores” estudantes cotistas pré-selecionados para a ocupação direta das vagas; 

· As demais 20%, destas 50% de vagas reservadas, serão dirigidas ao “college”, uma espécie de “etapa intermediária” de estudo a distância, de 2 anos, onde os estudantes cotistas com menores notas terão um curso de reforço. Estes seriam promovidos a uma vaga na universidade apenas ao fim deste período “probatório”, caso alcancem média 7 em suas avaliações.

Meritocracia

Cabe lembrar que, como denunciam os movimentos negros há anos e conforme demonstra diversos estudos, reserva de vagas apenas para escolas públicas tende a selecionar os mais “preparados” academicamente destes espaços, e que há uma tendência de a população negra - os mais pobres entre os pobres - ocupar majoritariamente a faixa destes 20% destinado ao “college”. Ou seja, negros/as terão, mais uma vez negada sua efetiva inclusão no ensino superior por medidas protelatórias. Negros/as já possuem uma desvantagem acumulativa no que diz respeito ao ingresso e conclusão de cursos. Ao condicionar dois anos extras para alunos já em desvantagem, não apenas deixa-se de corrigir desigualdades de acesso ao ensino superior, como também se potencializa ainda mais a exclusão.

O melhor exemplo de ineficácia deste tipo de medida vem da própria USP, que em 2006 criou o Programa de Inclusão Social da USP (Inclusp), dirigido a estudantes de escolas públicas, com um resultado pífio: Apenas 87 alunos negros foram matriculados em cursos como Medicina, Direito e Engenharia até o vestibular de 2011. O número representa 0,9% dos matriculados nessas carreiras. Segundo o jornal Folha de São Paulo, “no processo seletivo 2012, a Universidade de São Paulo matriculou 28% de alunos vindos de escolas públicas. No ano anterior, esse índice foi de 26% – o que refletiu na inclusão de 2,8% de pretos e 10,6% de pardos, totalizando 1.409 alunos com esse perfil [dentre 10.652 vagas oferecidas naquele ano pela universidade, segundo dados da Fuvest]”. (2)

Cópia mal feita do já combalido sistema de ensino norte-americano – onde a graduação é essencialmente genérica, mas não de dois anos e de longa distância como se quer implantar aqui -, a medida é mais uma distração visando protelar a efetivação de políticas de inclusão. Preconceituosa e equivocada, a proposta reincide na ideia – matéria vencida no STF - de que estudantes cotistas, defasados que chegam, podem diminuir a qualidade das universidades. Ora, está mais que provado que, nesses quase 15 anos de experiência de implementação desta política, alunos cotistas têm igual ou maior notas quando comparados aos que acessam pelo método tradicional.(3)

Sob o falacioso argumento da meritocracia, as universidades públicas paulistas elaboram sistema seletivo que muito longe de selecionar os melhores alunos, elege aqueles que gozaram de maior financiamento. Ao contrário do que se faz pensar, os vestibulares não medem a capacidade crítica do aluno. Em verdade, trata-se de simples processo de eliminação, que considera fundamentalmente o critério econômico. Em resumo, selecionam-se os alunos mais abastados. Grande parte do conteúdo exigido nos vestibulares não é oferecida sequer pelos colégios particulares medianos, menos ainda por escolas públicas. De maneira que estudantes, na medida de suas possibilidades, buscam preparação em Cursinhos para “aprenderem” técnicas para aprovação nas provas. Os resultados são conhecidos: Salvo raras exceções, apenas aqueles que podem ser financiados por um ou vários anos acabam aprovados.

Ainda quanto à reflexão sobre o papel da “meritocracia” como um “Deus” justificador do acesso aos espaços acadêmicos, a contribuição do ministro do STF Marco Aurélio é precisa:

“(...) Quanto ao artigo 208, inciso V, há de ser interpretado de modo harmônico com os demais preceitos constitucionais. A Cláusula “segundo a capacidade de cada um” somente pode fazer referência a igualdade plena, considerada a vida pregressa e as oportunidades que a sociedade ofereceu às pessoas. A meritocracia sem ‘igualdade de pontos de partida’ é apenas uma forma velada de aristocracia.” ( 4 )

Autonomia Universitária

Sob a justificativa de respeito a “Autonomia Universitária”, o governo de São Paulo jamais ouviu ou sequer respondeu as tentativas de diálogo junto ao movimento negro e movimentos sociais no sentido de construir políticas de estado que efetivassem o acesso de negros/as às universidades paulistas. A postura abertamente contrária à política de cotas para negros tanto do executivo quanto das reitorias fez de São Paulo o estado da federação mais atrasado no que diz respeito à diminuição das desigualdades raciais. 

USP, UNESP, UNICAMP e FATEC’s, ao contrário de universidades públicas de outros estados, promoveram tímidas – para não dizer nulas - iniciativas no sentido de provocar maior acesso de negros e pobres aos bancos universitários. Pode-se afirmar que, no quesito acesso de negros/as, a “Autonomia Universitária” tem sido utilizada pelas universidades públicas estaduais de SP para manter o privilégio branco. Neste contexto, é importante a lembrança do pronunciamento do STF, quando do julgamento da Ação Direta de Constitucionalidade nº 51, nos seguintes termos: 

Não suponha que a autonomia de que goza a Universidade a coloque acima das leis e independente de qualquer liame com a administração, a ponto de estabelecer-se que na Escolha do Reitor sequer participe o Chefe do Poder Executivo, que é o Chefe da administração pública federal, ou que o Reitor seja elegível, uma ou mais vezes, ou que seja eleito por pessoas a quem a lei não confere essa faculdade.

De resto, na própria Constituição se podem encontrar preceitos que auxiliam a modelar o alcance da autonomia assegurada à Universidade.

[...]

De modo que, por mais larga que seja a autonomia universitária – “didático-científica, administrativa e de gestão financeira patrimonial” –, ela não significa independência em relação à administração pública, soberania em relação ao Estado.

[...]

A autonomia, é de evidência solar, não coloca a Universidade em posição superior à lei. Fora assim e a Universidade não seria autônoma, seria soberana. E no território nacional haveria manchas nas quais a lei não incidiria, porque afastada pela autonomia.++ (5)

Ademais, a autonomia é constitucionalmente concedida às universidades não para proveito próprio, mas para que a liberdade acadêmica se reverta em benefícios para toda a sociedade. A autonomia universitária se dá para que o direito social à educação se torne uma realidade, o que torna impossível que se diga autônoma uma universidade racista e elitista.

Da legitimidade do Movimento Negro e dos Movimentos Sociais

Nós, membros do movimento negro, movimentos sociais, ong’s, artistas e intelectuais há anos reivindicamos uma universidade pluriétnica. Diversos parlamentares, vinculados a diferentes partidos, já apresentaram na ALESP – Assembleia Legislativa do Estado de SP - projetos de Cotas Raciais; Departamentos internos às universidades, bem como grande parte de suas comunidades acadêmicas já manifestaram apoio à implementação de cotas raciais diretas; atos públicos, seminários, audiências públicas e até reuniões oficiais junto a conselhos universitários foram promovidas. Tudo no intuito de sensibilizar o governo estadual e as reitorias para a democratização do acesso de negros/as nessas universidades.

Não aceitaremos subterfúgios. Vários estudos apontam que a adoção de COTAS RACIAIS diretas e imediatas é o único meio capaz de mudar o perfil monocromático e elitista das universidades públicas em curto e médio prazo. Medidas como as apresentadas agora não só expõem a face racial da elite paulista, mas também evidenciam o descompasso entre o governo estadual e os movimentos sociais organizados. O governo estadual, reitorias e algumas Ong’s (que não falam em nome da esmagadora maioria da comunidade negra e dos trabalhadores organizados) não têm legitimidade para formular políticas de ação afirmativa e cotas, sem considerar o histórico de lutas e formulações construídas pelos movimentos sociais ao longo de anos de luta.

Defendemos uma política de ação afirmativa de cotas para negros nas universidades paulistas nos moldes do PL 530/04, que há 8 anos tramita na ALESP, objeto o qual já foi alvo de intensos debates, acordos suprapartidários e audiências públicas, a última realizada em 22 de maio de 2012, quando estiveram presentes, além parlamentares e de movimentos populares, representantes da USP, UNESP e UNICAMP. 

E é em nome da justiça, ainda que tardia, no que se refere ao acesso de negros às universidades públicas de SP, que nós, organizados na Frente Pró Cotas Raciais de SP e solidários, abaixo assinados, EXIGIMOS:

· Suspensão da atual proposta de “cotas maquiadas”, do Governo de São Paulo e reitorias;

· Por uma política de estado que efetive cotas raciais nas universidades públicas paulistas, diretas, sem etapas intermediárias e que incida sobre 100% das vagas disponíveis;

· Pela promoção do diálogo entre governo, reitorias, movimentos negros e movimentos sociais que realmente representam a sociedade civil organizada. A construção das políticas de cotas devem se dar em conjunto com a sociedade civil e os grupos diretamente interessados!

· Pela defesa do PL 530/04, em trâmite na ALESP há mais de 8 anos.

FRENTE PRÓ-COTAS RACIAIS DO ESTADO DE SÃO PAULO



URGENTE: CONFIRMAR ADESÕES E ASSINATURAS ATRAVÉS DO EMAIL:
FRENTEPROCOTASSP@GMAIL.COM

Assinam: ATÉ O MOMENTO (Aberto a adesões ATÉ 12/12 às 18h):
ORGANIZAÇÕES:

Amparar * CAELL - CA de Letras - USP * CAER - Centro Acadêmico Emílio Ribas, Nutrição - USP

CAF- CA de Filosofia - USP * CAHIS - CA de História - USP * CAMAT - CA de Matemática – USP

CAPPF - Centro Acadêmico Professor Paulo Freire - Pedagogia – USP * Círculo Palmarino

CARB - Centro Acadêmico Rui Barbosa - Educação Física - USP * CEQHR - CA de Química – USP

Coletivo Construção Coletiva – PUC/SP * Coletivo Mahins * Coletivo Rompendo Amarras

Coletivo Universidade em Movimento - USP * CONEN – Coordenação Nacional de Entidades Negras

Consulta Popular * Contraponto – Movimento Estudantil 

Defensoria Pública do Estado de São Paulo - Núcleo do Combate de Discriminação 
*Diretorio Acadêmico da Unesp Franca

Federação Nacional da Tradição de Cultura Afro-Brasileira (FENATRAB)

Federação Nacional do Culto Afro-Brasileiro (FENACAB)

GUIMA - Centro Acadêmico Guimarães Rosa - Relações Internacionais – USP

Instituto Latino Americano De Tradições Afro Bantu – ILABANTU/Nzo Tumbansi

Instituto Luiz Gama * JSOL – Juventude Socialismo e Liberdade * Kilombagem

Levante Popular da Juventude * MNU- Movimento Negro Unificado * PSOL – Partido Socialismo e Liberdade * Rede Emancipa de Cursinhos Populares * SinPsi - Sindicato dos Psicólogos de São Paulo * Tribunal Popular * UNEafro-Brasil *UNEGRO – União de Negros Pela Igualdade
XXV de Novembro - CA de Odonto – USP

Movimento lança manifesto contra proposta de cotas nas universidades paulistas











Para Frente Pró-Cotas, lógica do plano é impedir que a universidade se democratize de fato


A Frente Pró-Cotas Raciais em São Paulo, que reúne movimentos que lutam pela implementação de cotas raciais no estado, lançou ontem (12) um manifesto contra a proposta de cotas nas universidades paulistas, que já teria sido fechada pelo Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (Cruesp).
O conselheiro da União de Núcleos de Educação Popular para Negras e Negros e Classe Trabalhadora (Uneafro), Douglas Belchior, explica que o manifesto é a favor das cotas raciais da maneira que o movimento negro defende há anos. “Defendemos o acesso direto à universidade, diferentemente desta proposta que o governo tem formulado com suas universidades estaduais, que é na verdade um subterfúgio. Não garante acesso, cria etapas no processo e não foi dialogado nem construído com os movimentos”, disse em entrevista à Rádio Brasil Atual.
A principal crítica dos movimentos sociais são os cursos aos moldes dos “colleges” norte-americanos, que seriam preparatórios e anteriores à entrada na universidade. O reitor detalhou o plano em entrevista publicada no jornal O Estado de S. Paulo no último dia 26. No entanto, as assessorias das três universidades paulistas (USP, Unesp, Unicamp) afirmam não ter informação oficial sobre a conclusão da proposta. Segundo Durigan, o plano seria enviado ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) ainda na última semana de novembro. A assessoria do governo não confirmou o recebimento.
O manifesto foi protocolado no Palácio dos Bandeirantes, na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e nas reitorias das três universidades, e reúne assinaturas de representantes de movimentos sociais, professores e estudantes. O curso teria duração de dois anos e valeria também como formação superior. “O curso daria um diploma de nível superior a estes alunos, um diploma intermediário. E depois estariam aptos a entrar na universidade ou poderiam entrar no mercado de trabalho”, disse o reitor ao Estadão. Este curso seria semipresencial e administrado pela Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp). Conforme afirmado por Durigan, a estimativa é de que 40% dos selecionados fariam o curso e, se quisessem, poderiam entrar nas outras três universidades se atingissem uma média a ser definida pelas instituições.
As cotas paulistas levariam em conta critérios sociais e raciais, assim como a lei federal. Metade das vagas seria reservada para estudantes com renda familiar igual ou inferior a 1,5 salário mínimo, sendo 35% destinadas a pretos, pardos e índios.
A Frente Pró-Cotas critica a lógica do mérito acadêmico ainda empregada no plano de cotas proposto. “O mais grave está maquiado na proposta, conforme divulgado pela Folha/UOL em 5/12/12: 'O modelo prevê que esses 50% sejam divididos – 20% das vagas irão para calouros de escolas públicas selecionados para curso superior a distância, preparatório. Os outros 30% seriam preenchidos por meio de ações a serem escolhidas pelas universidades', que podemos entender da seguinte maneira:

 dos 50% de vagas reservadas para estudantes de escolas públicas, 30% serão dirigidas para seleção a partir do critério de cada universidade, obedecendo a lógica do mérito acadêmico, ou seja, haverá uma seleção dos “melhores” estudantes cotistas pré-selecionados para a ocupação direta das vagas”, diz o manifesto. 

Projeto de Lei

O manifesto também exige que o projeto de Lei 530, de 2004, que tramita na Assembleia Legislativa de São Paulo há oito anos, seja levado em frente. O projeto estabelece 50% das vagas sejam reservadas para estudantes da rede pública, sem etapas intermediárias, sendo que 30% seriam destinadas a negros.
Usando a nomenclatura do IBGE, segundo dados do Censo 2010, pretos e pardos somam 34,6%. “São dados objetivos e atuais. Defendemos historicamente que essa população seja atendida conforme sua demanda, é o mínimo que se espera, até que a universidade seja um espaço de democracia efetiva.” De acordo com Belchior, a porcentagem de negros nas universidades públicas paulistas gira em torno de 10%. “A universidade em São Paulo é branca, é elitista, é para ricos. E é por isso que o governo do estado rejeita tanto uma política que coloca diretamente pobres e negros para estudar junto com os filhos da elite.”

Competição positiva

“O governador está competindo positivamente com o governo federal na questão das cotas, quer formular algo melhor que o já feito”, disse Frei David Santos, da Educafro, entidade que por meio de cursos comunitários promove a entrada de estudantes negros e pobres nas universidades, em entrevista à RBA.
Segundo ele, é muito positivo que a Frente Pró-Cotas seja fortemente ativa e que o movimento negro cobre do governo estadual uma política de cotas que seja, de fato, inclusiva, mas é preciso ter cautela ao se pautar pelas informações dadas pela imprensa. “Precisamos sim que a sociedade debata o assunto, mas fico preocupado quando as pessoas debatem o assunto sem conhecê-lo profundamente.”
As informações sobre o plano de cotas publicadas nos últimos dias são incompletas e deturpadas, de acordo com Frei David. “Seguir só o que fala a imprensa é um erro grave, o movimento social sabe que já foi vítima dela várias vezes. E a imprensa, em vários aspectos, está equivocada e está passando informações deturpadas.”
Ele destaca que o cursinho de dois anos administrado pela Univesp seria uma quarta opção para o aluno cotista, e não uma barreira em si. “A Univesp está implementando mais um curso, chamado de 'college'. O aluno que fizer este curso, além de prestar concurso público, poderá entrar na USP, na Unesp e Unicamp, diretamente e sem vestibular. Isso é algo novo, revolucionário.”
De acordo com Frei David, o plano de cotas já foi recebido pelo governador e apresentado a uma comissão de dez pessoas que integram o movimento negro. Ele afirma que o plano será divulgado depois de ser aprovado pelos conselhos universitários.
Frei David se mostrou otimista quanto à implementação de um projeto inclusivo para as universidades. “Estou cheio de esperança que está chegando o momento em que vamos poder celebrar que as universidades paulistas adotem métodos de inclusão bastante interessantes, a prática vai dizer se o método é ideal.” Ele também pediu maior abertura do movimento negro para diálogo. “Peço ao movimento social: que mantenham a capacidade de bater, sou absolutamente a favor disso, mas também mantenham a capacidade de ouvir.”
FONTE: REDE BRASIL ATUAL