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segunda-feira, março 01, 2010

Em nome do poder

Algumas observações sobre o festivo e sem polêmicas Congresso petista que lançou oficialmente a candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) à sucessão do presidente Lula.

É emblemático que, nessa fase de PT remodelado pelo gosto do poder, o discurso mais inflamado a citar o "velho inimigo" FMI partiu do mais novo petista da praça, o vice-presidente José Alencar.

Coube ao mais novo Zé do PT lembrar o grito de guerra petista "Fora daqui, o FMI", ao dizer que o governo de seu amigo Lula mandou embora o FMI de forma "elegante", pagando as contas do Brasil.

O mesmo empresário Zé Alencar, que, ao ser anunciado vice de Lula em 2002, levou uma tremenda vaia. Agora, é recebido com delírio pela plateia petista.

Ficou evidente também, para quem ainda duvida, a força que outro Zé do PT segue desfrutando dentro do partido. Depois de Lula, foi ele, o ex-ministro José Dirceu, o mais aplaudido pelos petistas presentes ao evento.

Zé Dirceu desfilou pelo congresso distribuindo beijos e abraços, fazendo suas "conspirações", como ele mesmo disse à economista Maria da Conceição Tavares. Talvez Lula e Dilma não gostem de tanta desenvoltura, mas precisam do ex-ministro para ter um partido sob controle.

Ficou claro ainda que Antonio Palocci, outro petista que recentemente sentiu o fogo do inferno tal como Dirceu, segue forte. Talvez nem tanto no partido, mas dentro do governo Lula.

Ao contrário de Zé Dirceu, Palocci deu as caras no congresso apenas no último dia. Esteve, contudo, nos anteriores colado na candidata Dilma, ajudando a moldar o discurso que a ministra fez no lançamento de sua candidatura.

Ficou demonstrado ainda que, do lado do grupo de Dilma, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel é um dos mais importantes conselheiros da ministra. Amigo de Dilma desde os tempos de juventude, Pimentel sempre está ao lado da chefe da Casa Civil quando está em discussão sua estratégia de campanha.

Pimentel, ao lado de Palocci, também ajudou na elaboração e moldagem final do discurso feito por Dilma no Congresso petista que oficializou sua pré-candidatura presidencial. Se não ganhar o governo de Minas, que pretende disputar, é nome certo na equipe de Dilma --caso ela vença José Serra.

Bem, são observações de um Congresso petista em que as divisões internas foram relegadas a segundo plano, em nome de uma unidade forjada por Lula em torno da ministra Dilma. Afinal, como disse um petista, a hora é de manter o poder. Não de reforçar divisões.

Zé do PT

Recebido com delírio pela plateia petista no Congresso que oficializou Dilma pré-candidata à Presidência, o vice-presidente José Alencar mais uma vez não escondeu sua satisfação de deixar em aberto uma possibilidade de disputar o governo de Minas.

Foi quando relatava o convite feito a ele por Lula para ser candidato a vice-presidente. Dizendo que "aquilo era tudo que ele queria", Zé Alencar afirmou que não deu uma resposta definitiva para Lula naquele dia. "Se eu mostrasse como queria, ele poderia se arrepender. Então eu disse: 'Vamos ver'. Depois eu aceitei."

Nesse momento, alguém da plateia gritou que ele deveria se candidatar ao governo de Minas, numa tentativa de unir a base aliada no segundo colégio eleitoral do país _hoje dividida entre PT --que tem dois candidatos, Fernando Pimentel e Patrus Ananias-- e PMDB, que planeja lançar Hélio Costa.

A resposta do vice-presidente não poderia ser mais mineira: "Aí, é como a conversa que eu tive com o Lula, vamos ver". Zé Alencar, contudo, dificilmente será candidato ao governo de Minas. Sua família é contra. Seus médicos, na última hora, devem vetar. E ele sairia, então, candidato ao Senado. Mas, como ele mesmo disse, vamos ver...

FONTE: FOLHA ONLINE / VALDO CRUZ

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