Cerca de um quinto dos lares brasileiros tem alguma limitação a alimentos, segundo o IBGE
Cerca de um quinto dos
domicílios brasileiros (22,6%) tiveram algum tipo de restrição ou ao menos
preocupação sobre ter alimento na mesa. Desses, 3,2% dos lares ou 7,2 milhões
de pessoas tiveram fome, comprometendo a qualidade e a quantidade de alimentos
dados inclusive a crianças em formação. Os dados fazem parte do Suplemento de
Segurança Alimentar, elaborado pelo IBGE com base nos dados da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2013) em 65,3 milhões de domicílios.
Os entrevistadores perguntaram em lares do país qual a percepção delas em
relação aos alimentos, se houve alguma restrição ou carência nos últimos 90
dias.
Uma comparação com os
últimos dez anos mostra avanço no país nos indicadores. Em 2004, a fatia de
domicílios que se declaravam confortáveis em relação aos alimentos era de
65,1%. Dez anos depois, em 2013, esse percentual subiu para 77,4%. Já os casos
de insegurança, medida em três níveis (leve, moderada ou grave) desde a
preocupação com a falta de alimentos no futuro até a efetiva restrição,
recuaram de 18%, em 2003, para 14,8%, em 2013. A chamada insegurança moderada,
quando existe redução de alimentos para adultos, passou de 9,9% para 4,6%. O de
insegurança grave, quando atinge crianças, recuou de 6,9% para 3,2%.
Lares com restrição a
alimentos têm mais crianças e renda menor
Comprar fiado é a
alternativa mais comum entre os brasileiros que passam fome.
Neste ano, o Fundo das
Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) informou que o
percentual de pessoas com insegurança alimentar aguda chegou a 1,7%,
considerado erradicação, no entanto, a miséria parou de cair no país. Após uma
década de queda sistemática da pobreza extrema, ela subiu de 3,6% para 4%.
— Esse estudo (FAO)
usa uma escala parecida com a Ebia, para um dos aspectos. A FAO faz essa
pesquisa de segurança alimentar de uma maneira mais ampla, usam dados de
produção de alimentos, dados antropométricos — explicou July Ponte, técnica do
IBGE responsável pela pesquisa de segurança alimentar.

Ela é leve quando em
um lar há preocupação ou incerteza quanto ao acesso aos alimentos no futuro e a
qualidade é considerada inadequada em casos de pessoas que não querem
comprometer quantidade. No caso da insegurança alimentar moderada, ela está
presente quando se verifica a redução quantitativa de alimentos entre adultos.
Já a insegurança alimentar grave é constatada com a redução quantitativa de
alimentos entre crianças e a fome (quando alguém fica o dia inteiro sem comer
por falta de dinheiro).
FOME NO CAMPO ERA
MAIOR
Segundo o IBGE, a fome
ainda era maior no campo, com 13,9% dos domicílios em situação grave ou
moderada. Houve aumento de domicílios na condição de insegurança grave de 19,5%
para 21,4%, enquanto na área urbana, a proporção de domicílios com insegurança
grave passou de 4,6% para 2,8%, e a moderada seguiu no mesmo sentido recuando
de 6,1% para 3,9%.

No Sudeste, 85,5% dos
domicílios estavam na situação de segurança, sendo que o maior percentual em
todo o país estava no Espírito Santo. São Paulo detinha o menor percentual de
domicílios com restrição grave: 1,7%. No Rio, eram 82,2% dos lares estavam na
condição de segurança alimentar. O Centro-Oeste passou de 68,8% dos domicílios
em situação de segurança alimentar para 81,8%.
FONTE: CLARICE SPITZ / O GLOBO
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