Um dia depois de ter o seu nome oficializado pela presidente eleita Dilma Rousseff como a nova titular da SEPPIR, a partir de 1º de janeiro, Luiza Bairros recebeu o apoio de intelectuais, ativistas e pesquisadores, para quem a socióloga “é uma pessoa historicamente comprometida com o ideal de transformar o Brasil num país equâninime, que, reconheça e respeita as diferenças”.
Entre os subscritores do Manifesto de apoio estão nomes de diferentes posições e orientações político-ideológicas, como a professora Nilma Lino Gomes, do Conselho Nacional de Educação (CNE), o cientista social e exilado cubano no Brasil, Carlos Moore, a médica Fátima Oliveira, e o advogado José Roberto Militão, uma das lideranças do movimento contra o Estatuto da Igualdade Racial e a política de cotas para negros.
No documento, os subscritores propõe que a nova gestão adote um conjunto de oito medidas, a começar pela ampliação do orçamento da SEPPIR; ampliação do quadro qualificado da Secretaria para desencadear, liderar e sustentar as ações de transversalização do enfrentamento ao racismo via políticas públicas; o comprometimento da Presidente e de todo o governo com o anti-racismo e a liderança e sinergia com diferentes setores das políticas e sociais.
Também sugerem o diálogo democrático com diferentes setores da sociedade civil, em especial os movimentos sociais; a necessidade urgente de redução das taxas desproporcionais de mortalidade da população negra, em especial, jovens homens e mulheres; efetivação das políticas públicas previstas para as comunidades remanescentes de quilombo; apoio às ações afirmativas para a população negra na educação e no trabalho e apoio à pesquisa na área de relações raciais em intersecção com gênero e outras categorias e variáveis.
Leia, na íntegra, o texto do Manifesto em apoio a nova ministra chefe da SEPPIR.
Nós, intelectuais, pesquisadores/as e ativistas que trabalhamos nas Instituições de Ensino Superior (IES), públicas e privadas, no campo das relações étnico-raciais, da história e ensino de história da África e dos descendentes de africanos no Brasil, das políticas públicas para a diminuição das desigualdades de raça e gênero entre as quais as Ações Afirmativas para a população negra, manifestamos o nosso apoio à indicação da socióloga Luiza Bairros para ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial por sua reconhecida trajetória de ativismo, estudos e gestão pública.
A professora e socióloga Luiza Bairros é reconhecida com uma intelectual com uma contribuição original e profunda no referido campo de estudos e atuação desde o final dos anos 70. Trata-se de umas das principais intelectuais de sua geração, juntando-se as gerações anteriores de intelectuais negros no campo da militância e da reflexão acadêmica, como Guerreiro Ramos, Abdias do Nascimento, Eduardo de Oliveira e Oliveira, Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento, Neusa Santos Souza, Milton Santos e outros/as. São históricas, portanto, as articulações entre ativismo e reflexão acadêmica, sendo a socióloga Luiza Bairros uma das expoentes.
Avaliamos a importância da liderança de Luiza Bairros e colocamos a disposição dela e da SEPPIR a contribuição acadêmica e intelectual (não somente realizadas em espaços das universidades) de um conjunto de pesquisadores/as que nas últimas décadas têm contribuído na reflexão sobre as desigualdades sócio-raciais e as formas de superação.
Neste sentido, indicamos nossa vontade e empenho em ampliar e aprofundar as possibilidades de articulação da gestão pública com a produção intelectual e a pesquisa nesse campo, particularmente o que se volta para interpretações e análises do pertencimento étnico-racial como fundamental para o entendimento das desigualdades sociais, do racismo em intersecção com o sexismo, a homofobia e outras formas desumanização e da construção coletiva e individual de pessoas negras como sujeitos históricos.
Aproveitamos a oportunidade para relembrar os acordos de combate às desigualdades raciais firmados pelo governo brasileiro na última década tanto em foro nacional quanto internacional, o que será possível principalmente pelo destaque a ser dado à SEPPIR no próximo governo no que diz respeito tanto à alocação de recursos quanto à nomeação de uma pessoa historicamente comprometida com o ideal de transformar o Brasil num país equânime, que, reconheça e respeite as diferenças.
Proposições:
1.Ampliação do orçamento da SEPPIR;
2.Ampliação do quadro qualificado da SEPPIR para desencadear, liderar e sustentar as ações de transversalização do enfrentamento ao racismo via políticas públicas;
3.Comprometimento da Presidente e de todo o governo com o anti-racismo: liderança e sinergia com diferentes setores das políticas e sociais;
4.Diálogo democrático com diferentes setores da sociedade civil, em especial os movimentos sociais;
5.Necessidade urgente de redução das taxas desproporcionais de mortalidade da população negra, em especial, jovens homens e mulheres;
6.Efetivação das políticas públicas previstas para as comunidades remanescentes de quilombo;
7.Apoio às ações afirmativas para a população negra na educação e no trabalho;
8.Apoio à pesquisa na área de relações raciais em intersecção com gênero e outras categorias e variáveis.
Os signatários
FONTE:AFROPRESS
Nenhum comentário:
Postar um comentário