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terça-feira, abril 15, 2014

Declarações preconceituosas de prefeito gaúcho movimentam redes sociais









Prefeito de Carlos Barbosa disse que possível migração de “baianos e goianos” podia representar o fim da “tranquilidade” do município



As declarações do prefeito de Carlos Barbosa (RS), Fernando Xavier da Silva (PDT), de que uma possível migração de “baianos e goianos” podiam representar o fim da “tranquilidade” do município da serra gaúcha movimentaram redes sociais. Silva usou expressões como “infestação” e “invasão” de “goianos e baianos” para advertir que a divulgação dos bons indicadores sociais do município podiam representar o fim da “tranquilidade” da população.

A opinião do prefeito foi publicada no dia 5 de abril pelo jornal Contexto, de Carlos Barbosa, mas as declarações haviam sido feitas durante a solenidade de lançamento da edição de 2014 da Festiqueijo, no dia 31 de março. Silva disse que os bons indicadores sociais de Carlos Barbosa, apontados pelo Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (Idese), poderiam gerar “uma infestação de baianos e goianos, aí vai começar a ter fome, vão ter que invadir algum lugar e passamos a ter problemas no futuro e quem sabe a nossa tranquilidade e qualidade de vida comecem a cair”.

Um link com as declarações do prefeito, publicadas pelo jornal O Popular, de Goiánia, teve mais de 14 mil visualizações numa rede social em apenas quatro horas. A maioria dos comentários era desfavorável às declarações, lembrando que o estado de Goiás tem uma grande colônia de gaúchos “muito bem recebidos aqui”, como lembrou o leitor José Maria Fernandes.

Diante da repercussão negativa da declaração, a assessoria de imprensa da prefeitura de Carlos Barbosa informou que a opinião do prefeito “foi tirada do contexto e que ele não quis se referir especificamente a moradores de Goiás e Bahia”, mas que usou os dois estados como exemplo para falar de migrantes. A assessoria disse que o prefeito não daria entrevistas.

Silva pediu textualmente que a população tivesse cuidado com a divulgação da cidade no primeiro lugar no ranking do Idese: “Me parece que as pessoas que fizeram a mudança aqui eram baianos e goianos... Não queremos isso para o município. Se vier uma infestação aqui de baianos e goianos, vai começar a ter fome, vão ter que invadir algum lugar... e passamos a ter problemas no futuro e quem sabe a nossa tranquilidade e qualidade de vida comecem a cair”, reproduziu o jornal.

O deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO) considerou “inadmissíveis” as declarações do prefeito. “É triste você ouvir isso. Se todos os brasileiros agissem assim, o nosso Brasil seria fragmentado! Que o prefeito peça desculpas aos goianos e aos baianos, que também são nossos irmãos”, disse Caiado na sua conta no Twitter.

Além de liderar o Idese, produzido pela Fundação de Economia e Estatística (FEE) do Estado, Carlos Barbosa apresenta o segundo melhor Índice de Desenvolvimento Humano por Município (IDH-M) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) entre os municípios do Rio Grande do Sul. Com 27 mil habitantes, é sede da fábrica da Tramontina.

Em entrevista ao jornal Pioneiro, da Caxias do Sul, o prefeito disse que a afirmação foi “fruto” do despreparo intelectual” dele. “O que nós enxergamos por esse Brasil afora, especialmente nas grandes cidades e já em algumas pequenas, é uma quantidade enorme de pessoas excluídas, passando enormes dificuldades”, afirmou ao jornal.

Ainda segundo o prefeito, os prefeitos de cidades que apresentam bons índices de desenvolvimento não podem fazer propaganda sobre as qualidades do município de “forma irresponsável”, pois isso atrairia mais pessoas do que a cidade tem condições de suportar. “Em vez de chegarem lá e terem uma qualidade de vida melhorada, às vezes piora. Falem do município, falem do festival, mas não façam uma apologia ao município, porque isso pode instigar algumas pessoas em alguma parte do Estado ou até do Brasil a ‘vamos todo mundo para lá porque é o paraíso’, e não é o paraíso.”

No dia 7 de abril, foi rejeitada uma moção contra o prefeito pela Câmara de Vereadores de Carlos Barbosa por causa da declaração.

FONTE: O GLOBO

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