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segunda-feira, março 30, 2009

Banda de pacientes psiquiátricos está na trilha de ‘Caminho das Índias’

Grupo Harmonia Enlouquece canta o cotidiano dos hospitais.'Com nosso trabalho, a gente mostra que não tem que viver só na clausura.'





Principal campanha social de "Caminho das Índias", a discussão sobre transtornos mentais não está apenas nos capítulos da trama, mas alcançou também sua trilha sonora. O grupo Harmonia Enlouquece, formado por pacientes do Centro Psiquiátrico Rio de Janeiro, tem uma de suas músicas, intitulada "Sufoco da vida", no disco da novela das oito.
O grupo surgiu em 2000, como um desdobramento da oficina "Convivendo com a música". "A idéia era, através do olhar da musicoterapia, ter um espaço onde as pessoas pudessem experimentar. Em 2000 abri essa oficina e em 2001 surgiu a necessidade de mostrar o que estávamos construindo", conta Sidnei Martins Dantas, musicoterapeuta, psicólogo e coordenador do grupo. Desde então, muitos shows se passaram, o grupo já teve mais de 30 integrantes e gravou dois discos.
"Estou vivendo no mundo do hospital/ Tomando remédios de psiquiatria mental/ Haldol, Diazepan, Rohypnol, prometazina/ Meu médico não sabe como me tornar um cara normal", diz a irônica letra de "Sufoco na vida", assinada por Hamilton de Jesus e Alexandre Machado.
"Eu escrevo sobre tudo. Antes era mais sobre a psiquiatria, porque eu era isso. Hoje outras coisas acontecem na minha vida, tenho música para tudo", conta Jesus, vocalista do grupo desde sua fundação, que canta, toca violão e percussão, compõe e desenha.
Diagnosticado com esquizofrenia, Jesus é militar e está tentando ser reformado. Diz que sofreu tortura no quartel e toma medicação até hoje. Não trabalha -"sou interditado, não tenho como assinar carteira"- e vive para a música. Passa seus dias no Centro Psiquiátrico, mas já pode voltar para casa à noite.
"Alguns querem que a gente fique enclausurado. As pessoas acham que a gente só sabe rasgar dinheiro e comer cocô. Não é isso. É um sofrimento psíquico. Você tem uma úlcera, muita gente pode não acreditar em você, porque não está vendo. É a mesma coisa. Só chora pela dor, quem sente. Imagina como é viver com um monte de remédio. A gente também precisa ser livre."
G1

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