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quinta-feira, julho 05, 2012

05 de julho de 1982: "A Tragédia do Sarriá"



Tragédia do Sarriá: O dia em que o futebol morreu
A Seleção Brasileira de 1982 tinha tudo para 
se sagrar campeã mundial. Só não avisou Paolo Rossi

O dia 5 de julho de 1982 ficou marcado na história como um dos dias mais tristes do futebol brasileiro, para muitos rivalizando com o "Maracanazo" de 1950. Nesta data, a Seleção, considerada favorita ao título foi eliminada pela "zebra "Itália no grupo da segunda fase da Copa do Mundo no episódio conhecido como "A Tragédia do Sarriá".

A cidade era Barcelona e o estádio, que pertencia ao Espanyol, já não existe mais, tendo dado lugar a um condomínio de luxo. A memória, entretanto é dolorida para o torcedor verde-amarelo, que viu um verdadeiro esquadrão envergando a camisa da Seleção Brasileira, então vinda de outra decepção: o título de "campeão moral" na Argentina, em 1978, quando a equipe da casa venceu a Copa sob circunstâncias, assim por dizer, duvidosas.

Até aquele momento, a equipe, então comandada por Telê Santana, fazia uma campanha respeitável. Na estreia, um jogo duro, em que a equipe sofreu para vencer a forte União Soviética, de virada, por 2 a 1, com gols de Éder e Sócrates nos últimos quinze minutos (Bal havia aberto o placar aos 34).

Na segunda partida, contra a Escócia, mais uma vez um começo complicado: Narey abriu o placar para a Escócia. Mas o gol, ao contrário do que se poderia esperar, acendeu a "chama da vitória" nos brasileiros. O show que encantou o mundo começara ali. Com bom toque de bola e um futebol plasticamente perfeito, a equipe, considerada a melhor que o Brasil já tivera desde 1970, virou o jogo com gols de Zico, Oscar, Éder e Falcão, vencendo por 4 a 1.

Restava a partida contra a Nova Zelândia, pior equipe do grupo. Era impensável outro resultado que não uma goleada. E ela veio, com gols de Zico (2), Falcão e Serginho Chulapa, o Brasil encerrou a primeira fase de grupos com seis pontos (a vitória contava apenas dois na ocasião), três vitórias e o melhor ataque, disparado da competição, com 10 gols em três jogos, média em dízima periódica de 3,33 por jogo. Para comparar, os segundos melhores ataque foram os da Inglaterra e da Alemanha Ocidental (atual Alemanha), com seis gols. 

A taça era quase uma certeza

Aquele time, de fato, era diferente e até mesmo entre os adversários era consenso de que o título, que seria o tetracampeonato era questão de tempo, a não ser é claro, que o destino atuasse contra o Brasil.

E, enfim, Zico, Sócrates, Toninho Cerezo, Falcão, Oscar, Júnior, Éder e Serginho Chulapa conheceram a força implácavel deste. Já em Barcelona (a primeira fase fora em Sevilha), o emparelhamento colocou a Itália, que fazia uma campanha sofrível e se classificou em segundo do grupo apenas por ter marcado dois gols contra um de Camarões e a Argentina, que fazia boa campanha, mas perdera a liderança de sua chave para a Bélgica.

A Itália, como todos os amantes de futebol bem sabem, é muito perigosa quando vira franco-atiradora. Portanto, não foi surpresa a vitória sobre a Argentina por 2 a 1 na primeira partida. Depois, no clássico sul-americano, o Brasil, jogando bem e com gols de Zico, Júnior e Serginho Chulapa venceu por 3 a 1 (Díaz descontou no último minuto) e mandou os Hermanos para casa.

Chegava então a decisão do grupo. A Itália, desacreditada, fazia greve de silêncio com a imprensa que, por sua vez, não economizada nas críticas à equipe. Ou seja: o esperado era um passeio do Brasil e a vaga nas semi-finais contra a Polônia.

A mão inapelável do destino



O destino então colocou o nome de Paolo Rossi na história do futebol brasileiro. Então com 25 anos, o atacante vinha de uma suspensão por manipulação de resultados e teve sua presença no grupo questionada. Ele estava na Espanha pelo que havia feito em 1978, com três gols na competição.

Sua estrela então começou a brilhar. Na hora certa. E que hora. A equipe italiana venceu por 3 a 2 e Paolo Rossi foi o heroi, sendo autor dos três tentos que fizeram a Azzurra ser protagonista de uma das maiores zebras em Copas do Mundo.

Bem, a equipe brasileira também tinha lá suas deficiências. Cabrini cruzou da esquerda no segundo pau e a bola foi certeira na cabeça de Paolo Rossi, que cabeceou no canto oposto de Valdir Peres, logo aos cinco minutos de partida. Nada demais, já que o Brasil vinha de viradas na competição. Só um susto que durou sete minutos, quando Sócrates empatou para o Brasil, batendo quase sem ângulo, cruzado, no mínimo espaço entre entre a trave e o veterano Dino Zoff, então com quarenta anos, após jogada brilhante de Zico.

O Brasil jogava bem, mostrando o toque de bola que encantava o mundo. Mas, às vezes, a plasticidade é traidora, até mesmo dos maiores craques. Aos 25, Cerezo falhou feio ao tentar tocar uma bola no campo de defesa. Paolo Rossi, esperto, roubou a bola, agradeceu e marcou o segundo gol.

Pouco depois, uma polêmica: Gentile rasgou a camisa de Zico dentro da área e sofreu pênalti, não marcado pela arbitragem. Perdendo por 2 a 1, o Brasil desanimou: "no intervalo, nosso vestiário parecia um velório. Nunca senti uma decepção tão grande em minha vida", afirmou o zagueiro Oscar, sobre o que acontecera. 

Na volta, entretanto, o Brasil voltou disposto a mudar o destino, que insistia em se personificar nas mãos de Dino Zoff, um monstro no gol. Aos 23, contudo, não teve jeito. Após um passe de trivela de Júnior, o Brasil empatou com um chutaço de Falcão, o "Rei de Roma", que mandou uma bomba de fora de área.

O empate era do Brasil, que tinha saldo igual ao dos italianos, mas havia marcado um gol a mais. Tudo certo, mas nada decidido. Paolo Rossi estava, literalmente, no lugar errado, na hora errada (ao menos para a Seleção). Cobrança de escanteio aberta, Sócrates e Oscar bateram cabeça e a bola sobrou para Tardelli que bateu de primeira. Ela saiu mascada, seria fácil para Valdir Perez. 

So que Rossi estava na linha da pequena área e deu um desvio fatal, marcando o seu terceiro gol no jogo, aos 29 minutos. O Brasil ainda tinha 15 minutos para tentar mudar a sorte e foi com tudo para o ataque. Dino Zoff estava lá e deu um ponto final para a história do Brasil na Copa de 1982 no que foi chamado por muitos de "o dia em que o futebol morreu", em que o pragmatismo, o espírito de competição, venceu a arte (e conquistou o título mundial dias depois). O dia da Tragédia do Sarriá.

FONTE: JOVEM PAN / Da redação






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