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sexta-feira, outubro 26, 2012

Eleição em Pelotas repete polarização nacional entre PT e PSDB


Única cidade gaúcha onde a disputa pela prefeitura chegou ao segundo turno neste ano, Pelotas vive uma campanha acirrada entre dois partidos políticos historicamente rivais no país: PT e PSDB. A eleição no terceiro maior município do estado reproduz a rivalidade nacional entre esses dois partidos, que nunca pautou a política no Rio Grande do Sul – sempre marcada pela polarização entre PT e PMDB.
Pela importância estratégia de Pelotas e pela disputa de poder entre os dois partidos, a corrida pela prefeitura ganha ares nacionais. Os candidatos Eduardo Leite (PSDB) e Fernando Marroni (PT) arrebanham para suas campanhas nomes de peso da política nacional.
Nesta reta final, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) deve retornar à Pelotas, onde já esteve durante o primeiro turno. Além disso, José Serra (PSDB-SP) gravou para o programa de televisão do candidato tucano na cidade. O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) também deve desembarcar em Pelotas nos próximos dias.
No campo petista, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula gravaram inserções nos programas de rádio e televisão de Fernando Marroni. E os ministros da Saúde Alexandre Padilha (PT-SP), do Desenvolvimento Fernando Pimentel (PT-MG) e da Justiça José Eduardo Cardozo (PT-SP) também reforçam o palanque do candidato.
Atrelados ao passado, Eduardo e Marroni disputam bandeira da renovação
Somados, os candidatos que ficaram em terceiro e quarto lugares quase atingiram o mesmo percentual de Fernando Marroni, que ficou com 55 mil votos (28,54%): Jurandir Silva (PSOL) fez 25 mil votos (13,09%) e o deputado estadual Catarina Paladini (PSB) fez quase 20 mil votos (10,31%).Os dois candidatos que disputam no segundo turno a prefeitura de Pelotas adotam um discurso que parece agradar ao eleitor da cidade: o da renovação política. No primeiro turno, três dos quatro candidatos mais bem votados tinham menos de 30 anos, incluindo o vitorioso Eduardo Leite, que conseguiu 77 mil votos (39,89%).
Apesar de reivindicarem a ideia de mudança para Pelotas, tanto Eduardo Leite quanto Fernando Marroni estão atrelados a governos atuais ou passados da cidade. O tucano é vereador da base aliada do atual prefeito Adolfo Fetter (PP) – de quem já foi chefe de gabinete. E representa a coligação político-partidária (PSDB-PP-PRB-PDT-PTB-PPS-PSD-PR) que comanda o município desde 2005. Em compensação, o candidato petista já foi prefeito entre 2001 e 2004 e sempre concorreu ao cargo em todas as eleições desde 1996.
É nesse contexto que os dois travam o debate sobre a renovação política de Pelotas. “Temos que mostrar quem é a verdadeira face da mudança para a cidade e quem representa a continuação do atual governo. O outro candidato esconde o atual prefeito de sua campanha, precisamos deixar bem claro que ele está sendo apoiado por Fetter”, critica Fernando Marroni.
Já Eduardo Leite aposta nos números revelados pelas urnas. Neste ano, é a segunda vez que o candidato petista perde a eleição no primeiro turno. “Há cinco eleições o candidato do PT é o mesmo e sempre ganhava no primeiro turno. Conseguimos algo histórico ao mudar isso”, comenta.
Já Fernando Marroni adota a estratégia de se vincular aos governos federal e estadual para trazer investimentos a Pelotas. “Há dois projetos em disputa na cidade: um é o da direita do país, representada pelo PSDB, que faz oposição ao projeto de esquerda dos governos federal e estadual”, qualifica, acrescentando que possui “experiência acumulada e articulação política para desenvolver a cidade”.O candidato tucano assegura que não representa o atual governo de Pelotas e diz que apenas conseguiu reunir os partidos que apoiam a administração de Adolfo Fetter. “Eu não represento a atual prefeitura, apenas tenho o apoio dos partidos que compõem o governo. Tenho oito anos de vida pública e fui um vereador da base aliada que muitas vezes fazia críticas ao governo. Minha trajetória nunca foi de submissão aos interesses de qualquer governo”, explica.
PT e PSDB acreditam que conseguirão captar votos dados ao PSOL e ao PSB no primeiro turno
Os dois candidatos mais bem votados além de Fernando Marroni e Eduardo Leite já se manifestaram sobre o segundo turno em Pelotas. Catarina Paladini, que é deputado estadual pelo PSB e integra a base aliada do governador Tarso Genro (PT), declarou apoio ao candidato petista. E Jurandir Silva, do PSOL, optou pela neutralidade. O candidato menos votado do pleito, Matteo Chiarelli (DEM) ainda não se posicionou, mas as especulações dão conta de que ele também se manterá neutro.
“O projeto do PT é o que mais nos representa e é o que dialoga com as necessidades da cidade. A medida mais adequada para o PSB de Pelotas é aderir a esse projeto político que vem transformando o Rio Grande do Sul”, defende Catarina Paladini. O deputado não poupa críticas a Eduardo Leite. “Ele pode ser um jovem candidato, mas representa o que há de mais atrasado na política de Pelotas”, condena.
Terceiro colocado no primeiro turno, Jurandir Silva explica que a opção pela neutralidade ocorreu porque, no seu entendimento, “as candidaturas do segundo turno não representam a esquerda consequente e os eleitores que votaram no PSOL”.
A intenção do ex-candidato é se manter como um “polo alternativo”. “Nos posicionamos como um polo alternativo ao PT e ao PSDB e isso teve ressonância no eleitorado, por isso conseguimos uma votação expressiva. Nossa ideia é manter a construção desse campo alternativo de esquerda”, defende.
Ele avalia que o petista Fernando Marroni terá dificuldade de atrair os eleitores mais à esquerda por conta de sua aliança com o PMDB. “A aliança com o PMDB dificulta a conquista dos votos da esquerda pelo Marroni. No primeiro turno, ele estabeleceu somente diferenciações pessoais com Eduardo Leite e o atacou pelo fato de o candidato morar com a mãe. São coisas irrelevantes para um eleitor de esquerda”, critica Jurandir.

Fernando Marroni faz uma leitura diferente dos resultados no primeiro turno e diz que conseguirá capitalizar para si os votos no PSOL e no PSB. “Se somarmos a minha votação, a do Jurandir e a do Catarina, veremos que a maioria dos eleitores se manifestou contrária a continuidade da atual administração. Isso é um diferencial importante no segundo turno. Apesar de não ter recebido apoio do Jurandir, há manifestações de apoio de diversos militantes do PSOL nas redes sociais”, afirma o petista.Eduardo Leite não acredita que a expressiva votação dos candidatos do PSOL e do PSB tenha ocorrido por conta de seus projetos políticos voltados à esquerda. Ele diz que poderá captar para si esses votos. “É uma falácia a tese de que esses fotos foram de esquerda, pois não houve debate ideológico no primeiro turno. Nem mesmo o candidato do PSOL pautou um debate ideológico. Os votos para eles representam o sentimento de pessoas que desejam a renovação de Pelotas. Nesse sentido, existe muita afinidade com a nossa candidatura, pois o meu adversário já foi prefeito e concorre ao mesmo cargo há 16 anos, é uma figura que a população já rejeitou”, opina.

FONTE: SUL21 / Samir Oliveira




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