A primeira-dama francesa, Carla Bruni, pedirá amanhã às autoridades iranianas que absolvam Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento, mediante uma carta que será publicada pelo jornal "Libération", a revista "Elle", entre outros veículos.
"Impossível ficar calada após conhecer a sentença pronunciada contra a senhora", escreve a cantora, ex-modelo e atriz.
"Derramar seu sangue, privar seus filhos de uma mãe, mas por quê? Porque essa senhora viveu, porque amou, porque é uma mulher, uma iraniana? Tudo em mim se nega a aceitar", afirma a primeira-dama.
"Do fundo de sua cela, saiba que meu marido defenderá sua causa sem descanso, e que a França não a abandonará", acrescenta a mulher de Nicolas Sarkozy, que já anunciou seu apoio a Sakineh, da mesma forma que cerca de 2.000 políticos e personalidades francesas.
A carta de Carla Bruni será publicada junto a outros pedidos de indulto escritos pela candidata socialista à Presidência, Ségolène Royal, e o ex-presidente Valéry Giscart d'Estaing.
As mensagens também poderão ser lidas no site americano "Huffington Post" e na revista na internet do filósofo Bernard-Henri Lévy, outro defensor da iraniana condenada à morte por adultério, acusada posteriormente do assassinato de seu marido.
Na sexta-feira passada (20), o ministro de Exteriores francês, Bernard Kouchner, disse que a França "não poupará esforços para salvar" Sakineh Mohammadi Ashitiani.
ENTENDA
Mãe de dois filhos, Sakineh foi condenada em maio de 2006 a receber 99 chibatadas por ter um "relacionamento ilícito" com um homem acusado de assassinar o marido dela. Sua defesa diz que Sakineh era agredida pelo marido e não vivia como uma mulher casada havia dois anos, quando houve o homicídio.
Mesmo assim, ela foi, paralelamente à primeira ação, julgada e condenada por adultério. Ela chegou a recorrer da sentença, mas um conselho de juízes a ratificou, ainda que em votação apertada --3 votos a 2.
Diplomatas iranianos afirmam que foi encerrado o processo de adultério e que a mulher é acusada "apenas" pelo assassinato do marido. Os juízes favoráveis à condenação de Sakineh à morte por apedrejamento votaram com base em uma polêmica figura do sistema jurídico do Irã chamada de "conhecimento do juiz", que dispensa a avaliação de provas e testemunhas.
Assassinato, estupro, adultério, assalto à mão armada, apostasia e tráfico de drogas são crimes passíveis de pena de morte pela lei sharia do Irã, em vigor desde a revolução islâmica de 1979. O apedrejamento foi amplamente utilizado nos anos após a revolução, mas a sentença acabou em desuso com o passar dos anos.
Sob as leis islâmicas, a mulher é enterrada até a altura do peito e recebe pedradas até a morte.
FONTE: FOLHA.COM
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