Obras como “Folhas secas” e "Primeiro de abril" serão lembradas no desfile.
Para apresentar um desfile à altura do homenageado, os carnavalescos Mauro Quintaes e Wagner Gonçalves fizeram uma vasta pesquisa em livros, internet e com os próprios moradores, e descobriram curiosidades sobre a trajetória do sambista. Obras como “Folhas secas”, "Primeiro de abril" e “Degraus da vida” serão lembradas nas 35 alas que a escola levará para a Sapucaí.
Nelson Antônio da Silva, verdadeiro nome de Nelson Cavaquinho, nasceu na Tijuca, na Zona Norte, em 1911. Desde cedo tocava cavaquinho, mas preferiu ingressar na cavalaria da Polícia Militar. Foi como um policial que ele chegou à Mangueira e logo fez amigos. Além de Cartola, Carlos Cachaça e Zé da Zilda tiveram influência na sua vida. O poeta se mudou para a comunidade em 1952 e trocou a farda pela música, os poemas e a boemia.“A gente se deparou com um universo de religiosidade, de superstições, de bom humor, de grandes amigos, de grandes amores, que estavam muito além da boemia. Nos três primeiros momentos vamos mostrar o Nelson na Praça Tiradentes, a sua relação com Cartola, a sua chegada à Mangueira e o encontro da bossa nova com o samba”, explicou Mauro Quintaes.
A boemia, aliás, fez de Nelson Cavaquinho um personagem de grande destaque nas noites do Rio de Janeiro e também pela convivência com a fina-flor do samba mangueirense. Segundo o carnavalesco, o poeta sempre impressionou os apreciadores da música popular brasileira pela capacidade de compor letras e músicas tão sofisticadas, trabalhando sozinho ou em parcerias.
A morte e o relógio
Uma das oito alegorias promete chamar a atenção do público. Ela vai representar um sonho indesejado que Nelson tivera enquanto dormia, com a revelação da hora de sua morte. Daquele dia em diante, o sambista passou a atrasar diariamente o relógio, na esperança de retardar a partida anunciada, que na verdade só aconteceu em 1986, em horário diferente do "revelado" no pesadelo.
“A música fala justamente da relação com a mentira e por isso tivemos a ideia de colocar a figura do Pinóquio. Isso foi uma sacada do Wagner para trazer essa coisa diferenciada para dentro de um enredo tão ‘pesado’. A obra do Nelson é muito vasta e ela nos deu esse leque de opções. O que a princípio a gente achou difícil, acabou se tornando fácil demais”, explicou Mario Quintaes.
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