No último final de semana o país presenciou mais uma onda de ataques contra homossexuais. Em São Paulo, três pessoas foram agredidas com socos, chutes e golpes com lâmpadas fluorescentes por um bando de jovens da classe média. No Rio de Janeiro um jovem gay foi baleado por um militar ao final da parada do orgulho GLBT da cidade.
Os dois episódios de covardia e violência mostram o avanço das forças reacionárias no Brasil. Após uma eleição presidencial pautada pelo conservadorismo de alguns setores religiosos fundamentalistas e pela forte capitulação dos dois principais candidatos (Dilma e Serra), não é absurdo dizer que o caminho fica mais livre para ataques deste tipo. Além disso, os dois mandatos de Lula não conseguiram aprovar nenhuma lei federal que garantisse direitos à população GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros). A chamada “Carta ao Povo de Deus” lançada por Dilma na campanha eleitoral nada mais é do que um atestado de compromisso com o preconceito, garantido a manutenção de uma ordem que discrimina e marginaliza os homossexuais.
Outro elemento muito importante diz respeito à despolitização da maior parte do movimento e a carnavalização das paradas. Enquanto a luta GLBT vai se tornando um negócio festivo e lucrativo gays e lésbicas ficam desarmados para enfrentar os ataques vindos de bandos neofascistas como as muitas gangues de São Paulo. Se por um lado a visibilidade de gays e lésbicas tem aumentado no último período, por outro lado não há formas de organização que dêem uma direção para este avanço. Além disso, na mesma proporção que aumenta a visibilidade aumenta a reação dos preconceituosos, o que expõe a vulnerabilidade do movimento hoje.
No Brasil um homossexual é assassinado a cada dois dias e os dados sobre violência apontam que os ataques aos GLBTs dobraram nos últimos anos segundo o Grupo Gay da Bahia – GGB. Em meio a este avanço dos crimes de ódio o PL- 122, projeto de lei que criminaliza a violência contra GLBTs, segue engavetado no congresso nacional em função das alianças do governo com as bancadas evangélica e católica.
Em função de tudo isso, nós do setorial GLBT da CSP-Conlutas afirmamos que é preciso romper os compromissos com este e qualquer outro governo e assumir uma postura independente e combativa. É preciso denunciar as capitulações de Lula e agora Dilma e politizar o movimento GLBT. Sem isso, o que se faz é desarmar gays e lésbicas para os ataques que seguem aumentando por parte dos setores mais reacionários da sociedade.
Pela criminalização da homofobia!
Pela união civil
Pela igualdade de direitos!
Douglas Borges – Setorial GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros) da CSP-Conlutas
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