Esta definição genial sobre a capoeira foi elaborada pelo não menos genial, Mestre Pastinha, quando inquirido, numa entrevista, sobre o que seria a Capoeira.
E tem sido com este espírito de liberdade, irreverência e ousadia que a Capoeira e os capoeiristas, têm enfrentado ao longo da vida toda sorte de preconceito e perseguições. Recentemente, na cidade do Salvador, participei de uma audiência pública, promovida pela Câmara Municipal de Vereadores, quando mais uma vez, presenciei a indignação de mais de uma centena de capoeiristas com mais um desses ataques a capoeira, desta vez, sob o pseudônimo da “esportivização”.
E tem sido com este espírito de liberdade, irreverência e ousadia que a Capoeira e os capoeiristas, têm enfrentado ao longo da vida toda sorte de preconceito e perseguições. Recentemente, na cidade do Salvador, participei de uma audiência pública, promovida pela Câmara Municipal de Vereadores, quando mais uma vez, presenciei a indignação de mais de uma centena de capoeiristas com mais um desses ataques a capoeira, desta vez, sob o pseudônimo da “esportivização”.
Para quem não sabe, tramitam no Congresso Nacional, dois projetos de lei que visam regulamentar a Capoeira, supostamente para profissionalizá-la e dotá-la das condições necessárias à sua inserção como esporte olímpico. Em verdade, segundo os mestres de capoeira presentes na audiência, esta é mais uma investida, mal disfarçada, do Conselho Nacional de Educação Física (Confef) e seus aliados, para enquadrar a capoeira exclusivamente na dimensão esportiva e aprisioná-la aos seus interesses e regras.
Os danos, caso esses projetos se viabilizem, são imensos, vão desde a subordinação da capoeira e dos capoeiristas aos ditames do Confef, passando pela ilegalidade de supressão da sua dimensão cultural, visto que a capoeira foi registrada como patrimônio cultural brasileiro, pelo IPHAN, no ano de 2008, na gestão do Ministro Gilberto Gil, até a expulsão ou impedimento de acesso ao mercado de trabalho de todos os capoeiristas que não possuam título universitário de formação em Educação Física. Seria um golpe mortal nos milhares de mestres tradicionais, que nos bairros populares de nossas cidades, ensinam, educam e socializam milhões de jovens excluídos de quaisquer possibilidades na vida. Mas a voracidade do Confef, no seu afã “regulamentatório” não se limita à capoeira, busca alcançar e controlar, também os praticantes da yoga, da dança e até mesmo do pilates. Mas, ao que tudo indica a briga não será fácil, pois todos estão se articulando e mobilizando para fazer frente a mais esta aberração.
Este imbróglio se arrasta desde 2005, quando fiscais dos Conselhos Regionais de Educação Física (Cref) de maneira arbitrária e ilegal, saíram ameaçando, multando e exigindo filiação à força de milhares de academias, escolas de dança e estúdios de yoga e pilatis pelo Brasil afora. O Ministério da Cultura, acionado por capoeiristas e dançarinos, não se fez de rogado. O Ministro Gilberto Gil e seu sucessor Juca Ferreira, sensibilizados com a questão, entraram em campo e adotaram medidas fortes e concretas para o enfrentamento da situação: Registraram, por meio do Instituto de Patrimônio Artístico e Cultural Nacional, a Roda da Capoeira – “que é um elemento estruturante desta manifestação, espaço e tempo, onde se expressam simultaneamente o canto, o toque dos instrumentos, a dança, os golpes, o jogo, a brincadeira, os símbolos e rituais de herança africana…” e o Ofício dos Mestres de Capoeira – “… saber transmitido pelos mestres formados na tradição da capoeira e como tal reconhecidos por seus pares…”. Além disto, criou o Programa Capoeira Viva, que apoiou, estimulou e premiou centenas de grupos de capoeira em atividade no país. Mais ainda, criou um grupo de trabalho no âmbito do Ministério da Cultura, para elaborar o Programa de Salvaguarda da Capoeira, enquanto manifestação cultural. Foi um período de alento e esperança para os capoeiristas em sua luta permanente pela dignificação da capoeira.
Pelo visto, o Confef voltou à carga e com toda força, via Congresso Nacional, e mais uma vez, os capoeiristas baianos, honrando sua tradição de resistência e luta estão dando o alerta para o enfrentamento desta forma excludente e reducionista com que pretendem classificar a capoeira. Na verdade, estão fazendo valer, aquilo que se encontra no livro de registro do Iphan – …A capoeira é uma manifestação cultural presente hoje em todo o território brasileiro e em mais de 150 países, com variações regionais e locais criadas a partir de suas “modalidades” mais conhecidas: as chamadas “capoeira angola” e “capoeira regional”.
Enfim, o que todos esperam é que o Congresso Nacional dialogue com os capoeiristas e não privilegiem aqueles que querem fazer da capoeira apenas um negócio, honrando assim o mestre dos mestres – Pastinha, para quem: “a capoeira é tudo que a boca come”.
Axe!
Toca a zabumba que a terra é nossa!
FONTE: PORTAL AFRICAS
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