Pesquisa divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE mostra que 63,7% dos 15 mil entrevistados pelo instituto reconhecem que a raça e a cor influenciam a vida. As mulheres apresentam percentual maior do que os homens: 66,8% delas disseram que a cor ou raça influenciava, contra 60,2% deles.
O estudo mostra ainda que, na opinião 71% dos entrevistados, o trabalho é a área mais influenciada pela cor ou pela raça. Em seguida, aparecem a relação com a Justiça e a polícia (68,3%), o convívio social (65%), a escola (59,3%) e as repartições públicas (51,3%).
A "Pesquisa das Características Étnico-Raciais da População: um Estudo das Categorias de Classificação de Cor ou Raça" coletou informações em 2008, em uma amostra de cerca de 15 mil domicílios, no Amazonas, Paraíba, São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Distrito Federal. Participaram da pesquisa pessoas acima de 15 anos.
O levantamento revela também que 96% dos entrevistados afirmaram que saberiam fazer sua autoclassificação. E, ao serem indagados sobre a cor ou raça (com resposta aberta), 65% utilizaram uma das cinco categorias de classificação do IBGE: branca (49,0%), preta (1,4%), parda (13,6%), amarela (1,5%) e indígena (0,4%). Outros usaram os termos "morena" (21,7%, incluindo variantes "morena clara" e "morena escura") e "negra" (7,8%).
A pesquisa também identificou a diferença entre a forma como o entrevistado declara sua cor (autoclassificação) e a classificação feita pelo entrevistador (heteroclassificação). Por exemplo, 49% dos entrevistados se autodeclararam brancos e os entrevistadores declararam que o percentual de brancos entrevistados era de 56,2%. A maior diferença entre autoclassificação e heteroclassificação aconteceu com a cor morena: 21,7% se declararam morenos, enquanto para os entrevistadores, apenas 9,3% tinham efetivamente esta cor. Outros 7,8% se declararam negros, mas, para os entrevistadores, eles eram na verdade 8,4%.
O IBGE lembra que a classificação da cor foi livre tanto para o entrevistado quanto para o entrevistador.
- A identificação da cor e da raça é um valor extremamente subjetivo e que foi construído socialmente - diz a gerente da área de identificadores sociais do IBGE, Ana Saboia.
Segundo ela, o instituto quer reformar o sistema de classificação, para fazer com que o brasileiro se identifique mais com a metodologia. Nos Estados Unidos, por exemplo, a classificação é múltipla. O entrevistado pode dizer sua cor e sua origem. Por exemplo, se é branco de origem hispânica. Ao todo, são 15 formas diferentes de classificação.
Outro ponto revelado na pesquisa é a forma utilizada pelas pessoas para classificar a própria raça. As mais utilizadas são a cor da pele (74%), a origem familiar (62%) e os traços físicos (54%). Na identificação das "pessoas em geral", o item mais citados foi também a cor da pele (82,3%), seguida de traços físicos (57,7%) e origem familiar (47,6%).
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