Carlos Pires, professor do departamento de Geociências da UFSM e 2º vice-presidente da Regional RS do ANDES, comandou a mesa de debates de sexta à noite, que durou mais de duas horas. A primeira fala foi de Francisco Freitas, professor do departamento de Metodologia do Ensino da UFSM, que também é atual conselheiro da SEDUFSM. O eixo central abordado por Freitas foi a mudança de rumos dentro da universidade: os cursos são “vendidos” à sociedade como um meio de se conseguir chegar ao mercado de trabalho, não mais para que os estudantes pensem no meio em que vivem.
O professor se mostrou preocupado com a racionalidade do lucro, que forma os estudantes apenas para o mercado de trabalho. Citou também o Ensino a Distância (EaD), que considera um desserviço à educação superior brasileira: “vamos passar a apenas adestrar os alunos, não mais a educar”. Por fim, ressaltou que uma mudança para melhor não virá por meio de pequenas reformas: “temos que pensar em uma mudança radical do que estamos vendo. Temos que voltar às ruas, para defender a universidade que queremos”.
Ifetização
Em seguida, o professor Alberto Franke, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) explicou o processo de “ifetização” ocorrido nas escolas técnicas e tecnológicas durante os dois governos de Lula. Franke lembrou que o presidente petista, ao contrário de FHC, priorizou a criação de vagas no ensino técnico federal. Em 2008, o então presidente iniciou a união entre pólos federais isolados – à época vinculados às reitorias das IFES. Nasceram as IFETS, instituições que congregam diversos pólos de ensino técnico em apenas uma reitoria, distante geograficamente de todos.
O professor catarinense continuou o discurso criticando o processo. Franke lembrou que o governo federal se utiliza desse processo para alegar crescimento, mas que, na verdade, foram criados verdadeiros “escolões” para os pobres. “Quem tem dinheiro, vai para a universidade e tem uma formação de qualidade. Quem não tem, vai para o ensino técnico, que não tem qualidade”. Franke ainda ressaltou que o processo de ifetização acabou com a autonomia dos colégios técnicos: “antes, respondíamos à reitoria das universidades, ainda tínhamos certa autonomia. Agora, respondemos à reitoria da IFET. O problema é que o processo é completamente verticalizado, e os funcionários não se portam mais como funcionários da IFET, e sim de uma repartição pública do governo”.
CAp
Quem terminou a apresentação do debate foi a professora Cristina Miranda, do Colégio de Aplicação (CAp) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ela relatou as péssimas condições vividas pelos docentes do CAp. Por quase dez anos não realizou-se concursos públicos para professores, o que deixou o colégio com mais de 60% do quadro docente composto por substitutos. Só que, além disso, os professores substitutos contratados no início de 2011 não têm contrato nem podem receber seus salários.
Para contornar essa aberração legal, a UFRJ decidiu pagar os substitutos como prestadores de serviço. Mas isso só pode acontecer por três meses seguidos, se não pode ser configurado como vínculo empregatício. Cristina concluiu pessimista com o futuro do CAp da UFRJ: “se em agosto esses professores não tiverem sido contratados legalmente, não teremos docentes suficientes para seguir o semestre. A única saída parece ser mais uma greve”.
Texto e foto: Mathias Rodrigues (estagiário)
Edição: Fritz R. Nunes
Ass. de Imprensa da SEDUFSM
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