Valoriza herói, todo sangue derramado afrotupy!

quinta-feira, setembro 08, 2011

Grêmio Esportivo Brasil de Pelotas

Um Centenário de Força e Raça: Cheio de Graça!*
Francisco Vitória

Os primeiros duzentos anos desta Cidade terão de registrar em sua História a realização de duas importantes reuniões. Feitas no mesmo dia e mês, 07 de Setembro, mas, separadas no espaço, menos e discutível, e no tempo, a primeira ocorreu há cem anos; a segunda tem mais um dos seus atos ocorrendo agora, aqui.

A primeira surgiu da mobilização rebelde e idealista de Breno Corrêa da Silva e Salustiano Brito, jovens futebolistas que buscavam naquele tempo dividir com outras pessoas o sonho que acalentavam de criar um clube com a finalidade única da prática do futebol. Nas articulações realizadas enquanto se organizava a reunião ficava explicita a idéia de nela tornar concreto o que estava no campo das idéias, dos sonhos.

E assim, lá no inicio da Rua Santa Cruz no, inesquecível, 07 de setembro de 1911 nascia um clube aberto a todos aqueles desejosos de fazer desenvolver o futebol, esporte recente, ou mesmo, se aprimorar na prática do mesmo. Ao denominar o recém nascido como Grêmio (E) Sportivo Brasil é certa a demonstração do patriotismo dos nossos fundadores, mas podemos ver isso como uma forma de, quem sabe, nos deixar um ditado: O de que o Brasil, o nosso Grêmio Esportivo, deveria se transformar em uma nação. Em uma nação independente, aguerrida, capaz de escrever sua própria História, de com sua força fazer valer cada conquista. Isto foi discutido, afirmado, aceito. Foi formada a primeira diretoria tendo Dario Feijó como primeiro presidente, Breno Corrêa na composição. Estavam dadas as condições para que chegasse até aqui, para que seja levada daqui para frente acessa a chama desta paixão.

No aqui agora estamos comemorando estes Cem Anos transcorridos. E estamos comemorando no sentido de festejar juntos, sim, mas também no de refletir juntos, porque não? Se nos assustamos porque sabemos do tamanho da responsabilidade de levar o rubro-negro daqui para frente, ela é enorme e existe; podemos perfeitamente começar a reflexão pelo que já passamos, fazendo um balanço das perdas e ganhos até rirmos dos desencantos. Mensurando, ainda que talvez não possamos chegar à exata medida, o quanto acaba nos fortalecendo o que imaginamos ser nossa fragilidade. Nós não somos poucos que tem muito; nós somos muitos que tem pouco e é assim que fazemos corrente nosso sangue, que afirmamos nossa raça e nos colocamos a frente com todo esquadrão.

Imaginemos nós, quão difícil foi para nossos fundadores vivendo em um ambiente, - no transcurso dos festejos de seu primeiro centenário, no inicio do século passado, em momento de decantada “opulência”, projetando já seu segundo século, abrindo-se a um mundo novo, industrializado e urbano, e reorganizando-se para fazer frente às novas necessidades surgentes; o que tornava a “Princesa” solo fértil de possibilidades ao surgimento e estabelecimento de novas marcas-; fazer do Brasil, uma marca da Cidade, uma paixão a ser defendida pela maioria daqueles que viessem a se aproximar e até se tornar seguidor do futebol naquele contexto um esporte novidade.

E eles conseguiram; O Brasil nasceu no sufoco. Trazido a luz pela teimosia, pela birra, pela manha, que animavam os espíritos daqueles jovens, operários, idealistas e perseverantes. De seu possuía apenas isso.

Os primeiros jogos foram difíceis, O time era organizado a partir de atletas, operários, pobres, vindos de equipes menores da periferia. Na falta de local próprio, os jogos foram jogados sempre na casa dos adversários. Mas nada os deteve, já fazíamos nosso primeiro jogo ainda em 1911, e entramos em campo vestindo as cores rubro-negra pela intervenção de Maneca Ayres e inspiração do Clube Diamantinos, mais alguns treinos e jogos amistosos em 1912 e em 1913 disputaram o primeiro citadino.

O estádio para mandarmos nossos jogos surgiu em 1916 por cedência do Sr. Augusto Simões Lopes um campo de sua propriedade localizado no Bairro da Estação, atrás da Estação Férrea. Ali se fez o campo da estação, se fez do Brasil o time da estação.

A paixão aumentava, os apaixonados aumentavam, surgiam os “negrinhos da estação”, e as conquistas começaram a aparecer em 1917 o primeiro, em 1918 o bi, em 1919 nosso primeiro tri campeonato citadino. Encerramos este ano com o titulo de campeão do primeiro campeonato gaúcho. Melhor iniciamos 1920 disputando representando o Rio Grande do Sul do que pode ser considerada a primeira versão de um campeonato nacional. Depois destes muitos outros vieram 8 camp interior, 2 camp segundona, 27 citadinos, Torneio Internacional de El salvador, 7 regional do gauchao, Taça Casa Marcilio Dias, Taça Governador do Estado, Taça Cidade de Pelotas, Taça Cidade de Porto Alegre, Copa Clébel Furtado, Copa Rio Grande do Sul, Copa Giulianni Filho; Torneio de Verão 2004. Jogamos com a seleção do Uruguai no Centenário em 1950 e mostramos aos futuros campeões do mundo que vencer aquele time que se tornaria no mesmo dia da decisão da Copa do Mundo tri campeão da cidade quem sabe apenas uma seleção do resto do mundo poderia.

Ficamos conhecidos mundo, América a fora, e por ela andamos, mostrando-nos bem brasileiros honrando o vermelho e preto de nosso uniforme. Após a excursão de 100 dias, tomados pelo orgulho do desempenho do Brasil em terras sul e centro-americanas, os xavantes José Costa e Victor Jacó compuseram o hino do clube.

Dinheiro é nosso problema e às vezes não, por isso demoramos para ter o primeiro estádio e por isso o perdemos. Por iniciativa de Bento Freitas que encabeçou a campanha de arrecadação de réis por réis nos foi possível ter, a partir de 1943, o Estádio da Rua Treze de Maio, a baixada da Princesa Izabel. Foi por dinheiro também que Pelé perdeu a oportunidade, em 1957, de vestir nosso manto sagrado. Mas quando nosso esquadrão dominou as quadras do futebol de salão ganhando vários títulos estaduais na década de 1960, foi à moeda quem nos deu o titulo mais lendário de toda aquela série.

Devemos estar agora a mais ou menos 41 minutos do segundo tempo, vou encaminhar meu ponto final arrematando da entrada da área desejando que ele toque no montinho artilheiro e se poste grudado na rede.

Para isso desço da “Estrela” onde já estivemos, foi nossa primeira ou mais significativa romaria feita em nome do xavante depois já andamos por todo lugar neste país, nesta descida nos vejo xavantes guerreiros, netos e bisnetos, dos negrinhos da estação recebendo os primeiros campeões gaúchos no porto da cidade, recepcionando o time que voltava da excursão pelas Américas, construindo tijolo por tijolo a reforma necessário para que pudéssemos retornar a historia moderna do campeonato brasileiro feito este que fez Zagalo ter de nos engolir na celebre campanha de 1985 sem acreditar que todo aquele Flamengo que ele dirigia teve de provar na derrota a superioridade xavante em nosso caldeirão. Aqui tem que olhar para apreender e jogar muito para nos vencer.

Do chão posso ver jovens tão idealistas e rebeldes como nossos fundadores com os mesmo idéiais buscando fazer pratica a palavra de ordem cresce xavante, e isso me dá certeza de que continuaremos crescendo enquanto paixão e apaixonados que a História do xavante terá sua marca cada vez mais funda na historia do futebol. Que o nosso Brasil vermelho e preto continuará com o titulo de campeão do bem querer, que nós todos continuaremos juntos braços dados, a torcida do nosso campeão cantando avante com todo coração.

* Este texto foi elaborado para ser apresentado no almoço comemorativo dos Cem Anos do Xavante promovido pela Associação Cresce Xavante no 07 de Setembro de 2011.

FONTE: G'BALA

LEIA MAIS EM: http://guebala.blogspot.com/2011/09/centenario-do-brasil-pe-um-seculo-de.html

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