Valoriza herói, todo sangue derramado afrotupy!

sábado, novembro 22, 2008

1910: A REVOLTA DA CHIBATA

O estopim da Revolta da Chibata foi o castigo de 250 açoites sofrido por um marinheiro. A punição como de costume ocorreu na presença dos outros marujos. O marinheiro desmaiou enquanto apanhava, mas seu algoz continuou a bater-lhe. O fato aconteceu no encouraçado Minas Gerais, que navegava em direção ao Rio de Janeiro. Os revoltosos mataram o comandante do navio de guerra e mais cinco oficiais, que resistiram. Já na Baía de Guanabara, outros marujos assumiram o controle dos navios São Paulo, Bahia e Deodoro. Dois mil marinheiros aderiram à revolta, que exigia o fim dos castigos físicos, melhorias na alimentação e anistia para os amotinados.
Para espanto dos oficiais, os marinheiros mostraram que sabiam manobrar as modernas embarcações com perícia e habilidade.
Na manhã do dia 23 de novembro, sob a liderança do marinheiro de primeira classe João Cândido Felisberto e com redação de Francisco Dias Martins, foi enviado um ultimato ao governo:" (...) Queremos a resposta já e já. Caso não a tenhamos, bombardearemos as cidades e os navios que não se revoltarem."
A Marinha esboçou um ataque com dois navios menores, que foram rechaçados pelos revoltosos. Os marujos deram tiros de advertência contra o Palácio do Catete, sede do Poder Executivo, e contra a Ilha das Cobras. Encurralado, o presidente Hermes da Fonseca resolveu aceitar as exigências dos rebeldes. Os marinheiros confiaram na palavra do presidente, mas foram traídos por ele. Depois de entregarem as armas e abandonarem os navios, foram expulsos da Marinha. No dia 4 de dezembro, houve novo motim, dessa vez na Ilha das Cobras. A revolta foi reprimida com rigor.

O Almirante Negro na Inglaterra
A idéia de fazer um movimento que acabasse com os maus-tratos na Marinha brasileira surgiu dois anos antes de eclodir a Revolta da Chibata, quando o marinheiro João Cândido viajou para a Inglaterra para acompanhar a construção do encouraçado Minas Gerais. Lá, João Cândido e outros marujos, participaram de reuniões sindicais dos marinheiros ingleses e tomaram conhecimento do motim dos marinheiros do encouraçado russo Potemkin, ocorrido em 1905, motivado pela má alimentação a bordo. como represália por ter liderado o levante dos marinheiros, João Cândido foi expulso da Marinha, e morreu pobre, em 1969, como carregador de peixes do Porto do Rio de Janeiro.

Um comentário:

Anônimo disse...

Maus-tratos... O que é capaz de justificar tantos maus-tratos? E não me refiro apenas ao período de escravidão no Brasil, tampouco aos castigos físicos e aos negros...
Eu me orgulho de mim mesma por nunca ter levantado a mão a nenhum(a) de meus (minhas) sobrinhos(as).
Não tenho filhos (as), mas se os(as) tivesse, ensinar-lhes-ia que o melhor caminho para a superação de todas as lutas diárias, sejam grandes ou pequenas em importância,é o diálogo.
A não ser que eu traia a mim mesma e faça o contrário do que digo...
Bravos guerreiros os da Revolta da Chibata. Que bom seria se o presidente os tivesse ouvido!
Teresinha Brandão