Se o trabalho se tornou motivo para sofrimento, é sinal de que chegou a hora de prestar atenção à saúde.
Nas últimas duas décadas, pesquisadores do Brasil, da América do Norte e da Europa têm alertado para o crescimento de vítimas da síndrome do "burnout" (termo que significa "queimar-se de dentro para fora").
De acordo com uma estimativa divulgada em 2008 pelo Isma Brasil (instituto internacional voltado para o controle do estresse), cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros são afetados pelo mal.
Conhecido por aqui também como estafa ou esgotamento profissional, é resultado de um processo iniciado com excessivos e prolongados níveis de estresse no trabalho, explica a psicóloga Malu Rossi, do Centro Psicológico de Controle do Stress.
"O 'burnout' tem uma ação tríplice, que se processa da seguinte maneira: exaustão emocional [o indivíduo se sente sem energia e se torna pessimista], despersonalização [perde a capacidade de empatia, passando a apresentar características como cinismo e impaciência] e falta de realização pessoal [baixa autoestima e frustração]."
As consequências também são diversas. "As vítimas da síndrome podem desenvolver dores musculares, enxaqueca, gastrite, síndrome do intestino irritável, insônia e, até mesmo, doenças graves, como hipertensão, diabetes, alcoolismo, dependências de outras drogas e depressão. Muitos acabam precisando se afastar do emprego. Desses, apenas um terço consegue retornar", alerta a psiquiatra Alexandrina Meleiro, da USP.
Tratar as consequências da estafa profissional é fundamental, mas, para quem não quiser sofrer recaídas, o ideal é mudar de vida. "Inicialmente, deve-se identificar a causa do estresse para tentar aprender a se adaptar. Para tanto, a psicoterapia é um dos métodos mais eficientes. Desenvolver uma atividade social ou voluntária, por exemplo, também ajuda o paciente a dar uma nova dimensão para sua vida. Recomenda-se ainda adotar uma alimentação saudável, evitar o cigarro e as bebidas alcoólicas, dormir bem e praticar uma atividade física prazerosa."
Fontes: Alexandrina Meleiro, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo; e Maria Lúcia Rossi, psicóloga do Centro Psicológico de Controle do Estresse
Revista da Hora
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