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quarta-feira, maio 19, 2010

Dirigente negro americano denuncia retorno de onda racista

Mesmo com a eleição do presidente Barack Obama - o primeiro negro a chegar à Casa Branca - persiste nos EUA uma onda em defesa do ressurgimento dos valores do período da segregação, incluindo a celebração de personagens históricos dos Estados confederados derrotados na guerra civil americana, que aboliu a escravidão.


A denúncia é do advogado e do Assistente Geral do Conselho da poderosa Associação Nacional para a Defesa das Pessoas de Cor, Vitor Goode, que recebeu nesta terça-feira (18/05) para uma entrevista e visita a entidade os jornalistas que estão desde domingo em Washington, entre os quais o editor de Afropress, Dojival Vieira.


“As manifestações desse racismo sistêmico começaram a acontecer antes da eleição do presidente Obama, até mesmo antes que ele se tornasse senador. Isso, na verdade, começou em 1.976 e tem aumentado”, afirmou Goode, que é o responsável pelo Departamento Jurídico da entidade.


O grupo de 11 jornalistas brasileiros - que inclui os correspondentes de O Globo e da Joven Pan - respectivamente, Demétrio Weber e Ulisses Neto - foi convidado pelo Governo americano para acompanhar mais um encontro do Plano de Ação Brasil/Estados Unidos para a promoção da Igualdade Racial, que será aberta nesta quinta-feira (20/05), em Atlanta. Também faz parte do grupo a apresentadora da TV colombiana - a única negra a ter espaço no vídeo na Colômbia - Mabel Lorena Lara.


Pregação racista

Goode considerou como prova do ressurgimento do discurso racista do período da segregação episódios registrados na Carolina do Sul, Arizona, Texas, Virgínia entre outros, e manifestações públicas em defesa do retorno das “Leis Jim Crow” como ficou conhecida a legislação racista adotada pelos Estados do sul e que exigiam que escolas e locais públicos tivesem instalações separadas para brancos e negros.


Também lembrou a nova interpretação que juízes de direita na Suprema Corte estão dando ao título 6 da Lei dos Direitos Civis promulgada em 1.964, que proíbe a discriminação por pare de empresas e organizações que recebem fundos federais. Na Suprema Corte, segundo ele, existem nove juízes, sendo que quatro são declaradamente conservadores, quatro progressistas e um se equilibra entre as duas posições.


“Acredite ou não o Estado de Arizona aprovou lei que baniu o ensino de estudos étnicos nas Escolas do Estado. No Texas há a redução da influência dos direitos civis, e iniciativas visando celebrar os Estados confederados, com a reaparição em cerimônias públicas da bandeira confederada, celebrando o orgulho por terem sido Estados confederados”, afirmou.


O advogado da NAACP também lembrou o caso do Estado da Virgínia que lançou uma proclamação celebrando os heróis confederados. “Apesar dos avanços estamos no meio de uma batalha doutrinária e jurídica que influencia a aplicação dos direitos civis” afirmou.


Batalha jurídica

Como parte dessa batalha jurídica, Goode cita a luta contra a nova interpretação que os juízes da Suprema Corte Americana estão fazendo da Lei que pune a discriminação, ao exigir que cabe à vítima provar a discriminação e que é necessária também ficar comprovada a intenção do discriminador. “Nos últimos 30 anos tem sido cada vez mais difícil fazer prova da intenção de discriminar”, afirmou.


A organização que no ano passado comemorou seu centenário, tem seu quartel general no número 4805 da Mt. Hope Drive, em Baltimore, e reúne 500 mil membros e mais 1.700 unidades ativas, inclusive uma no Japão e outra na Alemanha, onde estão sediadas tropas americanas. A NAAC tem como princípio só atuar em solo americano e sob a legislação desse país e também funciona dentro dos presídios. Cada filiado paga, em média US$ 30,00, segundo Audrey Lamyssaire, gerente de serviços.


Seu presidente atualmente é Benjamin Tood Jealous, que tem 37 anos e se tornou o mais jovem presidente de sua história desde que a organização foi criada em 1.909.


Universidade Johns Hopkins

Antes da NAACP, os jornalistas tiveram encontro com médicos e diretores da Universidade Johns Hopkins, e ouviram exposição de Thomas LaVeist, diretor do Centro de Doenças que atende grupos minoritários da população, em especial, de afrodescenddentes.


LaVeist afirmou que os afro descendentes não apenas nos EUA, mas em todos os países da América latina, tem um estado de saúde muito pior do que outros segmentos étnicos. “Ao analisarmos o status da saúde, poder econômico, poder político, s aisutação da população de descendência africana não evoluiu como devia“, afirmou.


Ele afirmou que esse tema deverá ser a pauta da Conferência Internacional de Saúde da Diáspora Africana que se realizará em outubro de 2011.
Segundo La Veist, a Univesidade Jonhs Hopkins tem sido um modelo de inclusão dos afro-americanos. “Nos últimos 20 anos pulamos de nenhum para 12 professores afro-americanos, entre os 300 dessa área. Também aumentou o número de estudantes afro-americanos. Ainda não é o bastante mais aumentamos“, concluiu.


Os jornalistas ainda ouviram exposições dos médicos Victor Urrutia, Alicia Arbaje e de Susana Velarde e Yoni Miranda, do setor de serviços comunitários da Universidade.


Nesta quarta (19/05), haverá visita ao Museu Frederik Douglas, um dos mais importantes abolicionistas americanos, no bairro de Ana Costia, na região metropolitana de Washington e depois embarque para Atlanta.
FONTE: AFROPRESS

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