"Oxalá possamos fazer o mesmo no norte da África. Dar voz aos protagonistas, especialmente à juventude, e não lições de democracia", defendeu González, durante o lançamento do projeto na semana passada, em Madrid.
Filme ainda está em fase de captação de recursos
Idealizado pelo produtor espanhol José María Morales, a série contará histórias de Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia/Venezuela, Cuba, Peru e Uruguai. Os ex-colonizadores, no entanto, entrarão apenas com o dinheiro - os filmes serão feitos por diretores da América Latina.
Marcelo Gomes, de "Cinema, aspirinas e urubus" e "Viajo porque preciso, volto porque te amo", será o diretor da obra sobre Tiradentes. O produtor aqui no Brasil, João Junior, brinca que depois de fazer dois "road movies", agora Gomes fará um "horse movie". Isso porque o diretor pretende se focar nas viagens de Tiradentes por Minas Gerais e Rio de Janeiro e no caldeirão de ideias que formou a consciência política do alferes. O roteiro foi feito em parceria com o produtor João Dumas, segundo o pernambucano Gomes, para ter um "olhar mineiro".
- Escrevemos esse roteiro não sobre a Inconfidência Mineira, mas sobre a construção da consciência política de Joaquim José. Lemos sobre os costumes para entender o que era Minas Gerais naquela época.
O diretor lembra que o estado sofreu no século XVIII a maior migração das Américas. Foi para lá gente de todas as regiões do Brasil, Portugual, Espanha e outros países em busca do ouro. Foi nesse ambiente de ideias fervilhantes - estamos falando da época da Revolução Francesa e da Independência dos EUA - que o alferes e dentista se transformou em um revolucionário.
Marcelo diz que a oportunidade de participar do projeto surgiu quando ele estava em um festival na Espanha e Morales o abordou elogiando muito "Cinema, aspirinas e urubus", que também tem um pano de fundo histórico.
Com orçamento previsto de R$ 3 milhões, o novo Tiradentes ainda está em fase de captação. O valor é o teto permitido para os projetos da série e a produtora de Morales, Wanda Filmes, é responsável por 50% do investimento. A outra metade é responsabilidade dos produtores brasileiros.
Como o filme está na fase de captação, o elenco ainda não foi definido. Mas pelas declarações do diretor, o público pode esperar um ator mais novo e esquecer a figura clássica de Tiradentes, com cabelos e barba longa, lembrando Jesus Cristo. Gomes critica a imagem "quase sacra" de Tiradentes que temos hoje.
Três filmes da série já estão prontos
Nem todos os filmes do projeto "Los Libertadores" já têm seus roteiros definidos e apenas três estão completos. Os outros devem ficar prontos até o final do ano que vem. As lutas pela libertação são o ponto central das obras, mas cada uma segue seu próprio caminho.
Os filmes prontos até agora são o cubano "El ojo del canario", de Fernando Pérez; o argentino "San Martín, el cruce de los Andes", de Tristán Bauer e Leandro Ipiña; e o uruguaio "La Redota, uns historia de Artigas", de César Charlone. O mexicano "El cura Hidalgo", de Antonio Serrano, está em pós-produção.
"El ojo del canario" já acumulou prêmios em alguns festivais latinoamericanos, entre eles o de Havana, Lima e Guadalajara. Seguindo caminho semelhante ao escolhido por Marcelo Gomes, Pérez conta como o caráter de José Martí foi formado durante sua infância e adolescência.
"San Martín, el cruce de los Andes" conta como o general San Martín criou uma força militar para cruzar os Andes e tomar o Chile, dominado por forças monárquicas espanholas.
A história de José Artigas é contada sob a perspectiva do pintor Juan Manuel Blanes, que em 1884 recebeu a missão de pintar um retrato do revolucionário uruguaio. Como havia apenas uma imagem do rosto de Artigas, Blanes foi obrigado a fazer uma grande pesquisa para descobrir mais detalhes. Ele descobre então anotações de um espião espanhol, Aníbal Larra, cuja missão era matar Artigas, que enfrentava o poder central de Buenos Aires. Ao conhecer o revolucionário e a realidade do povo uruguaio, Larra começa a questionar sua missão
Já os filmes sobre Bernardo O'Higgins, herói da independência chilena; Tupac Amaru, do Peru; e Simón Bolívar, o venezuelano que inspira os maiores delírios de Hugo Chávez, ainda não têm diretor definido.
- Esses homens lutaram contra as tropas monarquistas, contra a Espanha, e hoje também são nossos heróis, fazem parte de nossa história comum - disse Alberto Oliart, presidente da emissora RTVE.
FONTE: O GLOBO
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