Projeto recupera os 56 painéis de Gentileza pintados em pilares de viadutos da cidade
No dia de seu aniversário, em 1º de março, o Rio ganhará um presente que ficará à vista de todos: os 56 murais do Profeta Gentileza totalmente restaurados. A iniciativa é do movimento Rio com Gentileza, que nasceu em 1999, dentro da Universidade Federal Fluminense (UFF), mas acabou ultrapassando os muros da instituição. Uma equipe de dois restauradores e quatro pintores assistentes levou cerca de dez meses para recuperar a obra. A reforma, bancada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), começou em maio do ano passado e custou R$ 357 mil.
Esta é a segunda restauração dos murais de Gentileza. A primeira foi iniciada em 1999 e concluída em maio de 2000. Segundo Leonardo Guelman, professor do Departamento de Artes da UFF e coordenador do Rio com Gentileza, desta vez os restauradores encontraram as pilastras do viaduto do Caju menos deterioradas. Em 1999, os pilares onde estão os escritos de Gentileza haviam sido cobertas por uma camada de cal.
- Desta vez, os painéis estavam deteriorados, mas quase não havia pichação. Os pichadores respeitam o trabalho do Gentileza. Os problemas eram o desgaste, a poluição, a corrosão. Então o nosso trabalho foi reavivar este livro urbano do Gentileza - diz Leonardo.
A restauração dos murais será entregue à cidade, com festa, no dia 1. A partir das 10h30m, haverá desfile dos blocos Céu na Terra e Mamãe Gentil. A recuperação dos escritos, feita através da Lei do ISS, da Secretaria municipal de Cultura, teve o apoio do consórcio Novo Rio/Socicam, que administra a rodoviária do Rio, vizinha aos murais, e da Subsecretaria de Patrimônio do município.
- É importante lembrar que o livro urbano do Gentileza está no limite da área portuária do Rio de Janeiro, onde acontecerá a maior transformação da cidade. Então a recuperação dessa obra do Gentileza se conjuga com esse movimento de valorização do Rio - diz Leonardo.
Gentileza, ou José Datrino, nasceu em Cafelândia, São Paulo, em 11 de abril de 1917, e morreu em Mirandópolis (SP), em 28 de maio de 1996. Trabalhava como pequeno empresário de transporte de cargas, mas depois do incêndio no Gran-Circus Norte Americano, em dezembro de 1961 - tragédia que matou cerca de 500 pessoas - decidiu abandonar o mundo material para se dedicar ao espiritual. Datrino, que mais tarde passaria a ser conhecido como Profeta Gentileza, passou a peregrinar pelas ruas do Rio com uma bata branca.
Os 56 murais do viaduto do Caju, que consagraram a frase "Gentileza gera gentileza", foram pintados na década de 80, ao longo de 1,5 quilômetro. Nos anos 90, Chegaram a ser apagados, fato que originou a canção "Gentileza", de Marisa Monte. Hoje, a obra é tombada pela prefeitura.
FONTE: O GLOBO
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