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sexta-feira, dezembro 23, 2011

Anhanguera demite 680 professores


A Anhanguera Educacional, maior rede de ensino superior do País, demitiu nas últimas semanas cerca de 680 professores em três instituições recentemente adquiridas pelo grupo na Grande São Paulo.
Em nota, a Anhanguera afirma que "o desligamento de profissionais do corpo docente acontece em função do planejamento de carga horária do próximo semestre e faz parte de um movimento natural das instituições de ensino a cada encerramento de ciclo (semestre)".
Para Ailton Fernandes, diretor jurídico do Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro-SP ), essa justificativa é uma "desculpa esfarrapada". "É normal haver remanejamento, mas por alguma questão pontual", afirma o advogado.
De acordo com o Sinpro-SP, dos 790 professores do quadro da Uniban, 380 deles foram demitidos. "Toda rescisão é feita no sindicato e a Anhanguera já agendou as homologações desses profissionais para o mês de janeiro", afirma Fernandes.
"Demitir até 10% do quadro de professores pode ser aceitável, mas 50% é demissão em massa", diz Fernandes. A Uniban foi uma das 12 instituições compradas pela Anhanguera Educacional neste ano.
O Sinpro-SP entrará na Justiça com dissídio por conta do grande número de demissões da Anhanguera, exigindo que esse quadro seja revertido. Além disso, solicitou, por meio de comunicado, que o MEC tome alguma atitude em relação às demissões.
Universidades do grupo no ABC também foram afetadas. "Na Senador Flaquer, havia sido prevista a demissão de 45 professores, mas 111 foram desligados", afirma José Jorge Maggio, presidente do Sindicato dos Professores do ABC (SinproABC). Além disso, as aulas presenciais foram reduzidas. "Na UniABC haverá aulas presenciais somente três dias por semana. Às sextas-feiras, as aulas serão a distância", diz.
Baixa avaliação. No mês passado, o MEC suspendeu a autonomia de dez instituições de ensino que tiveram Índice-Geral de Cursos (IGC) entre 1 e 2 nos últimos três anos. Entre elas, está a Uniban. "Os cortes mostram que a Anhanguera não está interessada em oferecer uma boa qualidade de ensino aos alunos", diz Fernandes. "Justamente quando estão com uma avaliação baixa no MEC eles resolvem demitir professores com titulação maior."
Ainda em nota, a Anhanguera ressalta que "todas as instituições de ensino superior que fazem parte do grupo Anhanguera atendem ao que exigem os Instrumentos de Avaliação do MEC, tanto na titulação do corpo docente quanto no seu regime de trabalho".
Fernandes acredita que as medidas, mesmo de acordo com a regulamentação do MEC, são prejudiciais à qualidade do ensino. "A Anhanguera tem essa cartilha. Compra uma instituição, demite professores com titulação, contrata professores novos que recebem menos e diminui as aulas presenciais."
FONTE: LORENA AMAZONAS, ESPECIAL PARA O ESTADO - O Estado de S.Paulo

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