Valoriza herói, todo sangue derramado afrotupy!

sábado, dezembro 17, 2011

Morreu Cesária Évora aos 70 anos













Cesária Évora morreu, este sábado, aos 70 anos. "A diva dos pés descalços" estava doente há já vários meses e tinha já terminado a carreira, a 23 de Setembro de 2011. "Eu preciso de quando vez da minha da terra, do povo que sou e desse marulhar das ondas", confidenciou Cesária Évora.

Cesária Évora deu entrada no hospital Baptista de Sousa, em São Vicente, Cabo Verde, na sexta-feira, onde esteve internada nos serviços de cuidados intensivos "com um quadro muito complexo".

"Durante este período, ela alternou momentos de lucidez com momentos de inconsciência e esteve sempre acompanhada do seu empresário José da Silva", disse o director do hospital, Alcides Gonçalves.

A cantora regressou a S. Vicente, sua ilha natal, a 22 de Outubro após ter posto fim à sua carreira musical devido a problemas de saúde.

Cesária Évora, nasceu há 70 anos na cidade do Mindelo, na ilha cabo-verdiana de S. Vicente, no seio de uma família de músicos.

Cantava para "afastar coisas tristes"

"Tudo à minha volta era música", contou numa entrevista. O pai, Justiniano da Cruz, tocava cavaquinho, violão e violino, instrumentos que se tornaram característicos daquelas ilhas, o irmão, Lela, saxofone, e entre os amigos contava-se o mais emblemático compositor cabo-verdiano, B. Leza.

"Cise", como era carinhosamente tratada pelos amigos, tornou-se no nome mais internacional de Cabo Verde, país de onde o mundo conhecia já grandes músicos como Luís Moraes e Bana.

Desde cedo que Cesária Évora se lembrava de cantar, como referiu numa das muitas entrevistas que deu: "Cantava ao ar livre nas praças da cidade para afastar coisas tristes". Aos 16 anos canta nos bares das cidade e nos hotéis começando a ganhar uma legião de fãs que a aclamavam já como "rainha da morna".

A independência da nação africana, em 1975, coincide com o início de um "período negro" da cantora que deixa de cantar, tem problemas com o alcoolismo e trabalha noutra área.

Em 1985, a convite de Bana, proprietário de um restaurante e uma discoteca com música ao vivo em Lisboa, Cise vem a Lisboa e grava um disco que passou despercebido à crítica, seguindo para Paris onde é "descoberta".

Em 1988, gravou "La diva aux pied nus", álbum aclamado pela crítica. Nesta fase da sua carreira tem um papel fundamental, que se manteve até ao final, o empresário francês José da Silva.

Em 1992, Cesária Évora gravou "Miss Perfumado" e aos 47 anos tornou-se uma "estrela" internacional no mundo da world music, fazendo parcerias com importantes músicos e pisando os mais prestigiados palcos.

Uma carreira internacional que passou várias vezes por palcos portugueses cujas salas esgotavam para ouvir, entre outros êxitos, "Sôdade".

Em 2004, recebeu um Grammy para o Melhor Álbum, de world music contemporânea pelo disco "Voz d'Amor". "Cise" não parou e continuou em sucessivas digressões, regressando de quando em vez à sua terra natal.

"Eu preciso de quando vez da minha da terra, do povo que sou e desse marulhar das ondas", confidenciou um dia Cesária Évora.

A cantora começou a enfrentar vários problemas de saúde e alguns "sustos" como afirmava, mas regressava sempre aos palcos e aos estúdios com alegria.

Em 2009 o Presidente francês Nicolas Sarkozy entregou-lhe a medalha da Legião de Honra, depois de uma intervenção cirúrgico que a levou a temer pela vida.

Cesária voltou aos estúdios e anunciou não só uma digressão como a gravação de um novo que deveria sair no próximo ano.

Um passeio pelo Bairro Alto

A 24 de Setembro, numa entrevista ao "Le Monde", a cantora afirmou que tinha de terminar a carreira por conselho médico. A sua promotora, Tumbao, emitiu um comunicado confirmando as declarações da "diva dos pés descalços", e dando conta da tristeza que sentia por ter de o fazer.

Nesse mesmo dia, ao princípio da tarde, a cantora foi internada no hospital parisiense de Pitie-Salpetriere, por ter sofrido "mais um acidente vascular cerebral (AVC)". A Tumbao emitiu nesse mesmo dia um comunicado dando conta que o diagnóstico clínico da mais internacional artista cabo-verdiana era "reservado".

Este sábado, Cise, aos 70 anos, completados a 27 de Agosto, e após uma curta visita a Lisboa onde pediu para passear a pé pelo bairro de São Bento, morreu em Paris.

Ao longo da carreira, além das inúmeras digressões e actuações em televisões, gravou 24 álbuns, um DVD, "Live in Paris", e registou dezenas de colaborações em discos.

FONTE: jn.pt

Nenhum comentário: