Confete, serpentina e salão emprestado
Pelotas ama o Carnaval e ainda sonha com um sambódromo digno dos grandes desfiles. Mas os desfiles de Pelotas já há algum tempo não podem ser rotulados de “grande” pela dificuldade das agremiações em se manter e pela dependência financeira que mantêm da prefeitura. A cada final de ano a reclamação dos carnavalescos - as parcelas prometidas pelo Executivo ainda não foram liberadas - deixam a impressão de que nada foi feito nos meses anteriores, o que se sabe, não é verdade. Mas essa é a sensação para o povo.
Não precisava ser assim. O ideal é que o município deixasse a condição de protagonista e atuasse nos bastidores, com a oferta do suporte e dos serviços para bem receber o público. Às escolas caberia o papel mais importante. Mas pela fórmula estabelecida, esse é um cenário ainda distante.
É claro que esse cordão umbilical não poderia ser cortado de forma abrupta, com um simples “não” da prefeitura. O melhor seria estudar um modelo com prazos, que levasse as entidades a andar com as próprias pernas e a captar recursos de outras fontes. Com data curtíssima para terminar a ajuda.
Eis uma questão para ser discutida no próximo ano com os futuros candidatos à prefeitura. Nenhum deles defenderá abertamente o corte dos subsídios. Seria um tiro no pé e dar munição aos adversários. Mas o tema precisa entrar na pauta de campanha. Qual o melhor Carnaval para Pelotas? O dependente dos cofres municipais ou a profissionalização voltada a espetáculo de primeira linha? A resposta é fácil. Difícil é convencer os carnavalescos.
Enquanto as escolas de samba não derem o “grito de independência” dos cofres do Poder Público, continuarão presas às decisões que o Executivo é obrigado a tomar. E ninguém imagina que a prefeitura seja contra o Carnaval. Ela sabe da importância do evento para a cidade e se vê pressionada, ano após ano, a organizá-lo. E, como tomadora de decisões, torna-se o alvo principal das críticas.
O maior choque que as agremiações carnavalescas poderiam tomar seria um prefeito que forçasse a “independência” através do fim dos subsídio anual. Medida, aliás, já cogitada há poucos anos, lembram? A gritaria foi geral. O modelo mostraria à cidade quem, de fato, trabalha sério pelo estandarte de sua preferência e quem passou a sobreviver do dinheiro dos contribuintes.
Enquanto tal ideia não passa de um “sonho de Carnaval”, em Pelotas o público terá de se contentar com apresentações muito aquém daquilo que poderia ir à passarela. Criatividade, talento e capacidade sobram nos galpões. Qualidades, porém, sufocadas por um modelo que não permite o crescimento da maior festa popular.
FONTE: diário popular - 18-12-2011
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