Negros têm pior desempenho escolar e condições de ensino precárias
Estudo feito pelo Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (Laeser), instituto ligado ao Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE-UFRJ), aponta que a taxa de analfabetismo entre os negros é maior do que o dobro entre a população branca. Dos 6,8 milhões de analfabetos em todo o país que frequentam ou tinham frequentado a escola entre 2009 e 2001, 71,6% são pretos e pardos.
O resultado é parte do 2º Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil: 2009-2010. A pesquisa trata, fundamentalmente, dos direitos sociais da população brasileira em relação à Constituição Brasileira de 1998 e a evolução das diferenças de cor ou raça e gênero desde o momento de sua promulgação. A primeira edição foi publicada em 2008.
O relatório aponta também que jovens afrodescendentes são mais expostos ao abandono escolar e à frequência à escola em idade superior à desejada. Em 2008, das crianças entre 6 e 10 anos, 45,4% não estudava na série adequada. Entre os brancos este percentual era de 40,4%, e entre os pretos e pardos, alcançava quase metade do contingente.
Entre as crianças de 11 e 14 anos, o problema de repetência e abandono se torna ainda pior, pois 55,3% não estudavam na série correta. Entre os jovens brancos este percentual era de 45,7%. Entre os jovens pretos e pardos chegava a 62,3%.
O estudo aponta que a taxa de crianças negras estudando em escolas públicas é de 90% (80% das crianças brancas estão nas escolas públicas). Mais de um terço das escolas públicas frequentadas por alunos negros tem ou nenhuma ou pouca condição de adequação de infraestrutura. Nem 20% têm condições de segurança boa ou muito boa.
Existe um imenso abismo entre as condições das escolas privadas e das escolas públicas, de acordo com o estudo. Por exemplo, em 2005, na 4ª série do ensino fundamental, 35,4% dos estudantes dos estabelecimentos públicos estudavam em escolas com 'pouca ou nenhuma adequação', ao passo que nas escolas particulares este percentual era sete vezes menor (5,0%).
O acesso à escola também afeta as crianças negras com menos de 6 anos. O relatório mostra que 84,5% das crianças negras de até 3 anos não frequentavam creches; 7,5% das crianças negras de 6 anos estavam fora de qualquer tipo de escola e apenas 41,6% estavam no sistema de ensino seriado.
Entre os brancos, 79,3% das crianças com menos de 3 anos não frequentavam creches; 4,8% das crianças de 6 anos estavam fora da rede de ensino e 49% já frequentava o ensino seriado
Dados positivos
O estudo aponta que nos últimos 20 anos também houve avanços. A média de anos de estudos das pessoas pretas e pardas acima de 15 anos passou de 3,6 anos de estudo, em 1988, para 6,5, em 2008. Entre os brancos, a taxa subiu de 5,2 para 8,3 anos de estudo
Em 2008, a taxa de cobertura da rede escolar para as crianças pretas e pardas foi de 97,7%; contra 98,4% entre os brancos.
FONTE: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário