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quarta-feira, dezembro 02, 2009

Testemunho: Dois dias de luta contra o golpe e a farsa eleitoral em Honduras

Diretor do ANDES-SN que acompanhou as eleições em Honduras com observador internacional denuncia farsa armada pelo governo golpista

Por Hélvio Alexandre Mariano
ANDES-SN


Dia 29 de novembro
No dia 29 de novembro, assim que as urnas foram fechadas, a Frente Nacional de Resistência Popular Contra o Golpe de Estado - FNRP já denunciava o fracasso das eleições em Honduras, afirmando que era com plena satisfação que anunciava, ao povo hondurenho e a comunidade internacional, que a farsa eleitoral montada pela ditadura havia sido contundentemente derrotada, devido à baixa frequência de votantes que compareceram às urnas no dia 29/11, a tal ponto que o Tribunal Eleitoral golpista teve que prorrogar em uma hora o período de votação.

Durante todo o dia 29/11, houve um amplo monitoramento, feito pela FNRP, em nível nacional, que permitiu a Frente a declarar que as abstenções chegaram ao índices de quase 70%, o mais alto da história de Honduras. Segundo a Frente, isto demonstrava que apenas 30% dos eleitores aptos a votar compareceram.

Para a os dirigentes da Frente Nacional de Resistência Popular, esta foi mais uma das formas que o povo hondurenho encontrou para castigar os candidatos golpistas e a ditadura, que agora buscam uma forma para mostrar para a comunidade internacional um volume de votantes que não existiu, mas que provavelmente seria dado pelo TSE de Honduras, um número de votantes muito superior real e que os golpista iram tentar incrementar o volume eleitoral mediante a manipulação eletrônica.

Este é um dado importante, pois em Honduras existem mais de oito mil mesas eleitoras espalhadas pelo país, e os votos ainda são em cédulas impressas em papel, com o nome e as fotos dos candidatos. Logo após o fim da votação, cada seção eleitoral apura seus votos e o presidente da mesa eleitoral informa por telefone celular o resultado final para uma central de processamento de dados que fica na capital Tegucigalpa, que se responsabiliza por divulgar os resultados parciais de cada zona eleitoral, até o resultado final da eleição para Presidente, Prefeitos, Deputados e Vereadores.

No dia da eleição, o desespero do regime de fato foi tanto que reprimiram brutalmente a manifestação pacífica que se realizou na cidade de São Pedro Sula, em qual o resultado foi a prisão e o ferimento de vários manifestantes. Entre os feridos, estão repórteres que cobriam as manifestações e entre os presos estão dois religiosos do Conselho Latino Americano de Igrejas que estavam na região como observadores dos Direitos Humanos.

Considerando que este resultado representa uma grande vitória do povo hondurenho, a Frente Nacional de Resistência convocou todos os hondurenhos e demais companheiros que estão presentes em Honduras para celebrar no dia 30/11 a grande derrota da ditadura.

Dia 30/11/2009
No dia 30/11, foi realizada em Tegucigalpa uma grande assembléia a partir das 12 horas na sede do STYBIS( Sindicato dos Trabalhadores em Fábricas de Bebidas e Similares) e, logo em seguida, uma grande caravana de carros seguiu pelas ruas de Honduras com milhares de manifestantes levando bandeiras da Frente Nacional de Resistência Popular.

Durante esta manifestação pelas ruas de Tegucigalpa, o que mais chamou a atenção foi a quantidade de pessoas que se dirigiram às ruas, janelas das casas e prédios, além dos carros que cruzavam a caravana, apresentando seu dedos limpos, o que virou a marca tradicional da resistência contra a farsa eleitoral apregoada como vencedora pelo regime de fato que governa o país.

O gesto demonstra que o eleitor não foi votar, pois em Honduras, depois de votar, os eleitores recebem uma marca de tinta nos dedos que não saem nas próximas vinte e quatro horas. Aos gritos de “não votamos”, milhares de pessoas erguiam suas mãos, seguidas por crianças que aproveitavam que também apresentavam suas pequenas mãos conta o Golpe de Estado que assola este país.

No fim da manifestação, todos se concentraram em frente à embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde está o presidente Zelaya, para denunciar mais uma vez a fraude eleitoral e a vitória da Frente.

Na frente da embaixada brasileira existe um forte aparato de segurança, com dezenas de homens do exército, policiais, tropa de choque e equipamentos contra manifestação, como carros de jato d’água e bombas de gás. Por mais de seis horas os manifestantes permaneceram no local, até a chegada de centenas de militares que obrigou a multidão a se dispersar.

As atividades do dia 30/11 demonstram que o povo de Honduras não aceita o Golpe de Estado, a farsa eleitoral e que continuará nas ruas até derrotar o regime golpista que há mais de 150 dias está no poder no país.

Tegucigalpa, 30 de Novembro de 2009

Fonte: ANDES-SN

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