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quarta-feira, agosto 10, 2011

Nova manifestação por educação gratuita reúne 100 mil estudantes e trabalhadores no Chile






Nada impediu que nesta terça-feira (9/8), a partir das 10h30, na capital chilena Santiago, cerca de 100 mil manifestantes – número estimado pela presidenta da Federação de Estudantes da Universidade do Chile (Fech), Camila Vallejo – mostrassem nas ruas, mais uma vez, a força de sua bandeira: educação gratuita e de qualidade.

Estudantes, professores e trabalhadores da Confederação de Trabalhadores do Cobre (CTC), do Sindicato Interempresas da Construção (Sintec) e outras 40 organizações se destacaram da Universidade de Santiago do Chile (Usach) em direção ao Parque Almagro.

A ideia inicial era percorrer a Alameda Santiago até a Praça Itália. Contudo, o governo não permitiu que este fosse o caminho, e negociou com as organizações dos estudantes que a manifestação faria percurso alternativo.

Na avaliação de Camila Vallejo, em sua conta no twitter, a manifestação foi tranquila. "Uma vez mais a mobilização é um sucesso, tudo se desenvolve tranquilamente, mais de 100 mil pessoas na rua exigindo uma resposta”, comemora.

A militante também relatou a forte presença da polícia. "Mais de 4 quadras de carros policiais bloqueiam a alameda, nem isso nem todas as ameaças amedrontam a vontade de nosso povo”, declara. Pouco depois, escreve: "Fazemos um chamado para terminar esta grande mobilização com calma, já sabemos que os violentos não somos nós!!”.

Com relação a confrontos entre polícia e manifestantes, o site Chilevision noticias informou que ocorreram apenas alguns episódios já no Parque Almagro. Ativistas encapuzados tentaram incendiar pneus e um grupo quis avançar rumo ao Palácio de La Moneda. A polícia utilizou bombas de gás lacrimogêneo e caminhões de água contra cerca de 150 manifestantes, que por sua vez reagiram com pedras lançadas contra a polícia e imóveis do entorno.

Camila assinalou que a mudança do itinerário da manifestação, que desta vez não passou pela Praça da Itália e pelo Palácio de La Moneda, apenas demonstra a intransigência do governo. Acrescentou ainda que os estudantes cederam desta vez, mas não abrirão mão de passar pela Alameda Santiago, principal via da cidade, nas próximas manifestações.

"Não vamos perder a Alameda, e dissemos isto à prefeitura, que assim como nós mostramos boa vontade para mudar o percurso, esperamos disposição para que na próxima convocatória mantenhamos a Praça Itália, a Alameda e Praça Os Heróis”, afirmou, anunciando que, caso os estudantes não obtenham resposta do ministro da Educação do Chile, Felipe Bulnes, com o protesto de hoje, haverá nova manifestação, que passará pela Alameda.




Mais mobilizações


A organização exige que as denúncias sejam investigadas e que o governo respeite o direito de associação e livre expressão dos manifestantes, em consonância com tratados internacionais dos quais o Chile é signatário, como Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, Convenção Americana de Direitos Humanos e Convenção sobre os Direitos da Criança.


Ainda para terça-feira, às 21h, estava marcado "panelaço” nas ruas de todo o Chile, em solidariedade ao movimento.

Já para o dia 13 de agosto, os estudantes e professores anunciaram que estão preparando uma grande marcha, desta vez em nível de América Latina.

Repúdio às violações

Frente à forte repressão na manifestação do último dia quatro, em que 500 jovens foram detidos e dezenas ficaram feridos, a Anistia Internacional publicou comunicado repudiando a truculência contra estudantes e trabalhadores durante as manifestações que ocorrem desde maio em busca de melhorias na educação.

Demandas


O movimento teve início no final do mês de abril deste ano, quando os estudantes passaram a se manifestar fortemente contra a crise da educação no Chile. De início, os protestos reuniam cerca de oito mil estudantes, mas ganharam ampla adesão de outros atores sociais.

A problemática chilena reside no fato de os recursos públicos destinados à educação são insuficientes, deixando-a a cargo das famílias, que acabam endividadas ao tentar garantir formação aos seus filhos.

Devido a isto, os estudantes reivindicam destinação de maior porcentagem do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação – atualmente, o país reserva apenas 4%, enquanto a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) recomenda percentual superior a 7%. Também exigem reestruturação do Sistema de Bolsas e Ajudas Estudantis para possibilitar acesso de diferentes camadas sociais à educação universitária.

Fonte: Adital

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