Mesmo representando 50,7% da população brasileira, segundo o Censo do IBGE 2010, os negros estão totalmente ausentes da Reforma Política em discussão no Congresso. O relator, deputado Henrique Fontana (PT/RS), não contemplou nenhuma proposta visando a inclusão dos afrodescendentes no processo político e também ignorou a histórica subrepresentação negra no Congresso Nacional.
No caso das mulheres, Fontana incluiu proposta de que na lista fechada, para cada três candidatos, obrigatoriamente seja incluída uma mulher, o que garante a participação de gênero nas chapas de candidatos. Afropress tentou falar com o deputado nesta quinta-feira (25/08), sem sucesso. Sua Assessoria prometeu responder ao pedido de entrevista.
Retrocesso
Segundo lideranças negras ouvidas por Afropress, o anteprojeto apresentado por Fontana ignora uma das reivindicações históricas do movimento negro, que é tornar a presença no Parlamento proporcional a existência desse segmento na população brasileira.
De acordo com os dados do Censo do IBGE 2010, pretos e pardos são 96,7 milhões de brasileiros (50,7%), contra 91 milhões de brancos (47,7%), 2 milhões de amarelos (1,1%) e 817,9 mil indígenas (0,4%). O historiador Edson França, coordenador geral da União de Negros pela Igualdade (UNEGRO), a corrente política que reúne ativistas ligados ou próximos ao PC do B, disse que ainda espera mudanças.
De costas para o Estatuto
O relatório Fontana também ignora a exigência de ações afirmativas prevista no Estatuto da Igualdade Racial (Lei 12.288/2010), em todos os setores, inclusive na participação política.
O artigo 2º do Estatuto diz que “é dever do Estado e da sociedade garantir a igualdade de oportunidades, reconhecendo a todo cidadão brasileiro, independente da etnia ou da cor da pele, o direito à participação na comunidade, especialmente nas atividades políticas, econômicas, empresariais, educacionais, culturais e esportivas, defendendo a dignidade e seus valores religiosos e culturais”.
O Estatuto também diz que “a participação da população negra, em condição de igualdade de oportunidade, na vida econômica, social, política e cultural do país será promovida, prioritariamente por meio da (...) eliminação dos obstáculos históricos, socioculturais e institucionais que impedem a representação da diversidade étnica nas esferas pública e privada”.
Prazo
O prazo para apresentação de emendas ao anteprojeto termina no dia 09 de setembro. O parecer final do relator está previsto para acontecer no dia 14.
O relatório de Fontana prevê a simplificação dos mecanismos de democracia participativa, como a possibilidade apresentação de emenda à Constituição por iniciativa popular, a partir da coleta de 1,5 milhão de assinaturas de eleitoras. Para apresentação de projetos o número mínimo passa a ser de 500 mil eleitorais – a exigência hoje é de 1 milhão (1º dos eleitores).O projeto também prevê o fim das coligações partidárias, e financiamento público exclusivo que deverá ser submetido a referendo popular, o fim do suplente de senador.
FONTE: AFROPRESS
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