Valoriza herói, todo sangue derramado afrotupy!

domingo, julho 31, 2011

Onda de diversidade reduz a desigualdade racial nas empresas, mas não o preconceito









São pelo menos dois os funis que distanciam quem não é branco do mercado de trabalho: primeiro, o preconceito de cor ou de raça. E, segundo, a desigualdade de oportunidades que surge como consequência dessa barreira cultural.


Apesar de o cenário estar melhorando no meio empresarial - muito por causa da onda de diversidade que toma conta das organizações -, negros, pardos, mulatos, indígenas e amarelos ainda colecionam histórias de discriminação no ambiente profissional, seja no momento do recrutamento ou na hora de ganhar uma promoção.


Um levantamento recente do IBGE confirma o panorama: 71% dos 15 mil entrevistados - sendo 49% brancos e 51% de outras etnias - apontaram o mercado de trabalho como a área mais influenciada por características de cor ou raça. Conclusão reforçada pela quinta edição da pesquisa "Perfil social, racial e de gênero das 500 maiores empresas do Brasil", realizada junto a 623 mil profissionais pelo Instituto Ethos, em parceria com o Ibope Inteligência.


Entre os dados mais representativos do estudo - divulgado em novembro do ano passado - está o que destaca o número de negros que ocupam cargos de direção nas empresas: apenas 5,3%, contra 93,3% de brancos.


Essa participação dos negros cresceu, na comparação com os 2,6% apurados na primeira edição da pesquisa, em 2001. Isso, segundo Paulo Itacarambi, vice-presidente do Ethos, por conta de um esforço conjunto das empresas em tratar o assunto com mais naturalidade. Mas, acrescenta ele, esse esforço precisa ser ampliado em larga escala:


- A taxa dobrou, mas ainda é pouco. A dificuldade para pessoas com deficiência e homossexuais é grande, mas para os negros é muito maior. E uma das respostas para isso é serem os principais atingidos pelo déficit educacional do país. Se já é complicado entrar no mercado, imagine chegar a um cargo de destaque em uma grande empresa - diz Itacarambi, ressaltando que o objetivo da pesquisa não é verificar se existe desigualdade, mas sim estimular as organizações a trabalharem melhor o tema. - Não basta praticar o discurso da diversidade, até porque pode existir desigualdade dentro dela. O objetivo a perseguir é o da equidade, ou seja, o da igualdade de condições.


Formada em estatística, Alexsandra Silva, de 34 anos, já viu de perto como o preconceito pode se manifestar no ambiente de trabalho. Há oito meses na área de marketing estratégico da Icatu Seguros, a analista lembra de um episódio marcante do início da carreira, quando ainda atuava como prestadora de serviços em uma empresa de estatística que tinha, como cliente, uma gigante do mercado de telecom. Ela se destacava em vários projetos e, quando surgiu uma chance de efetivação, foi indicada por alguns gestores. Mas a pessoa que seria sua chefe imediata não a escolheu.


- Depois, uma colega veio conversar comigo e disse que eu não tinha sido escolhida por causa da minha cor. Fiquei muito abalada, até mesmo porque em nenhum momento passou pela minha cabeça que esse seria o motivo. O jeito foi sair de lá pouco tempo depois - diz Alexsandra, que, apesar da experiência, acredita que o preconceito tem diminuído nas empresas. - Hoje não só conquistei meu espaço como tenho certeza de que sou avaliada apenas pelo lado profissional. Também tenho visto mais negros em cargos estratégicos.


É o caso de Felippe Santana, de 26 anos, que trabalha na rede MegaMatte. Após muita dificuldade para descolar o primeiro emprego, o estudante de administração - que é negro e morador de São Gonçalo - conseguiu uma vaga como estagiário em uma unidade própria da empresa, onde começou como forneiro e, pouco a pouco, chegou a gerente. Hoje consultor de negócios da marca, faz parte do seu dia a dia levantar as necessidades dos franqueados e ajudá-los a solucionar possíveis problemas:


- Fiz bicos como entregador e balconista antes de meu chefe atual apostar em mim. O preconceito ainda existe no meio empresarial, basta ver a quantidade de negros em qualquer escritório. Só acho que o problema não deve ser encarado como uma questão cultural sem solução. Acredito na mudança de mentalidade.

FONTE: O GLOBO

sexta-feira, julho 29, 2011

Quem fica com a metade do bolo?











Você trabalhador conhece a saúde e a educação pública no país. Certamente já ficou indignado em um hospital ou escola pública.

Sabe que os hospitais estão lotados e que o atendimento é ruim. Deve ter alguém na família que não conseguiu ser atendido, com consequências sérias. Também conhece algum trabalhador da saúde e sabe que eles ganham pouco e trabalham muito.

Com toda certeza sabe da situação das escolas públicas. Você mesmo sofreu, assim como seus filhos hoje, com a qualidade ruim do ensino público. As escolas de seu bairro seguramente têm problemas com a conservação e com a segurança. Você vê os professores fazendo greve querendo salários melhores.

É justa sua indignação com a situação da educação e da saúde públicas. É claro que falta dinheiro para a manutenção e ampliação dos hospitais e escolas, assim como para aumentar os salários dos profissionais de educação e saúde.

É bem provável que apóie Dilma, como a maioria dos trabalhadores do país. E acha que ela não tem nada a ver com isso, ou que ainda não teve tempo para mudar a situação.

Mas ninguém disse a você que, com o orçamento aprovado por Dilma para seu governo em 2011, a situação dos serviços públicos vai piorar. O primeiro orçamento de Dilma separa 49,5% de tudo o que é arrecadado no país, entre impostos e taxas, para os banqueiros. Enquanto isso, apenas 2,92% vai para a educação e 3,53% para a saúde. Os seja, quem vai ficar com a metade do bolo são banqueiros.

Isso nunca aconteceu, é como se você tivesse entregando metade de todo seu imposto de renda e das taxas sobre os produtos que você compra para os bancos. É por isso que falta dinheiro para a saúde e educação.

Tudo isso deve ser uma grande surpresa. Afinal, Lula disse que "pagou a dívida" e que não devíamos mais nada. Mas isso, infelizmente, não é verdade, e agora o governo tem de esconder que a dívida está maior do que nunca, e para pagá-la tem de gastar metade do orçamento com os agiotas da dívida.

Na verdade o que o governo Lula fez foi aumentar as reservas internacionais em dólares, em um volume semelhante ao da dívida externa. Ou seja, as reservas do país seriam suficientes para pagar a dívida. Mas a dívida continua aí. Não foi paga, como dizem. A dívida externa continua altíssima e, pior, agora existe uma dívida interna ainda maior.

Os trabalhadores são sérios com suas contas. Quando você compra uma geladeira, um televisor, paga suas prestações. Os defensores do governo fazem essa comparação para defender que se continue pagando a dívida do país com os banqueiros. No entanto, existem duas grandes diferenças.

A primeira é que não existe uma “geladeira”, ou “televisor”. Não foram os trabalhadores que fizeram essa dívida, e ela não beneficiou em nada os trabalhadores. Ao contrário, nem você e nenhum trabalhador sequer sabe da existência dessa dívida, apesar de termos de pagar por ela todos os dias.

A segunda diferença é que essa é uma típica dívida de agiota, daquelas que quanto mais se paga, mais se deve. A dívida externa era de 148 bilhões de dólares no início do governo FHC. Em seus dois governos, FHC pagou U$ 348 bilhões, ou seja, mais que duas vezes seu valor total. Mas a dívida externa aumentou para US$ 236 bilhões ao final do governo FHC. Hoje está em de dólares 284 bilhões.

Em relação à dívida interna é a mesma coisa: era de R$ 670 bilhões no começo do governo Lula. Em seus dois governos, Lula pagou cerca de dois trilhões de reais em parcelas e juros aos banqueiros, ou seja, três vezes o valor da dívida que encontrou. No entanto, a dívida aumentou para outros dois trilhões de reais.

É como se um banco começasse a cobrar uma dívida a todos os moradores de seu bairro. Uma dívida que nenhum deles fez. Para pagar essa dívida, os salários dos trabalhadores são cortados, assim como o dinheiro para conservar as escolas e hospitais. Esse pesadelo é real: você está sendo roubado todos os dias em seu salário, na educação e na saúde pública a que tem direito, para pagar uma dívida que não fez.

Os defensores dos banqueiros dizem que não se pode dar um calote na dívida. Mas defendem o que está sendo feito hoje, que é um calote social. Existe um calote social de enorme crueldade, que sacrifica a vida, a educação e a saúde de milhões de trabalhadores para garantir que não haja um calote nos banqueiros. Os governos FHC, Lula e agora Dilma se recusam a enfrentar os banqueiros e preferem continuar sem investir seriamente na saúde e educação.

Você ainda acredita no governo Dilma. Mas pode e deve, junto conosco, exigir que ela pare de pagar aos banqueiros e destine já 10% do PIB para a educação como reivindicam as entidades da educação, como o ANDES-SN e a ANEL. Pode e deve, junto conosco, reivindicar um mínimo de 6% do PIB para a saúde. Assim as verbas para a saúde e educação poderiam ser mais que dobradas.

FONTE: editorial do Opinião Socialista nº 428

A arte perdeu Amy Winehouse








Quando nos referimos ao lixo cultural que a decadência do capitalismo tem produzido, estamos falando do que não é arte. Falamos de algo produzido às pressas, sem personalidade, sob o ritmo louco do mercado, sem critério de criação, sem expressão real de nenhum sentimento, pensamento ou qualquer coisa. Sob essa lógica, buscam-se padrões estéticos, sem muitas exigências artísticas. 25 a 30 shows por mês, ‘Domingão do Faustão’ e pronto. Fez-se um “artista”, ou um “fenômeno”.


Olheiros, empresários e gravadoras vivem atrás dos potenciais “fenômenos”, com o fim permanente da sociedade capitalista: lucrar, lucrar e lucrar.


Fazer boa música, produzir arte, compor, escrever, tocar e cantar sob o critério da arte é uma arte e tanto. E foi com isso que Amy Winehouse surpreendeu. Apesar de branca, suas raízes na música negra, influenciada pela família de cantores de jazz (avó, tios e pai) trouxeram ao mundo uma capacidade artística incrível, que revigorou a história do jazz e do R&B (Rhythm and Blues, gênero musical nascido junto com o jazz nos anos 50).


A história social do jazz expressa resistência e um movimento artístico e cultural que impunha, junto aos movimentos políticos e sociais da época, uma nova correlação de forças na luta contra o racismo. Isso é claro como expressão de um tempo, não necessariamente por letras militantes.

Amy Winehouse expressava rebeldia em suas letras não porque se recusasse a ir para reabilitação – e diga-se de passagem, a interpretação que se divulgou dessa letra não tem nada a ver com o que ela queria dizer. Amy Winehouse foi rebelde porque fazia arte verdadeira, com entrega. O amor não lhe era um sentimento bonito, como nos contos de fada, mas um sentimento de dor, de massacre, de automutilação. É muito rebelde falar do amor assim. Para Amy, o amor é dor porque se humilha e “chora no chão da cozinha”, sem se importar em expressar mais amor do que o correspondido.

O sentimentalismo exagerado e uma visão melancólica e egocêntrica do mundo. Essa era Amy, que com certeza poderia estar acompanhada de outros poetas da 2° geração romântica, a geração spleen (termo através do qual ficou conhecida esta geração, pois ele significa tédio, que expressa melancolia, pessimismo). Mas a Amy era de hoje.


É claro que tudo no capitalismo vira mercadoria, os artistas, as noticias sobre os artistas, as fotos dos artistas, qualquer coisa. O perfil mercadológico de Amy Winehouse foi construído sob essa impressão meio rebelde, mas a abordagem mercadológica associou sua rebeldia ao uso excessivo de drogas e álcool. E ao se falar de Amy Winehouse, se fala automaticamente de sua relação com as drogas e álcool e não de sua performance impressionante cantando, por exemplo “Me & Mr Jones”, música de sua autoria, que poderíamos imaginar que foi composta nos anos 50, e cantada por uma mulher negra, com um poderoso vozeirão, na mesma década.


A artista gravou dois álbuns excelentes (Frank, 2003 e Back to Black, 2006). A pressão mercadológica da imprensa dizia que a cantora estava usando tantas drogas que não conseguia mais gravar e apresentar novos trabalhos ao seu público. Não sabemos precisamente o nível de vício da cantora e acreditamos que o vício em drogas poderia, eventualmente, atrapalhar seu desenvolvimento artístico. Mas acreditamos que o artista não pode ser obrigado a produzir sua arte em série, uma coisa nova a cada ano, sob o ritmo do mercado musical. Os artistas que respeitam seu ritmo artístico – não necessariamente por convicção, mas simplesmente pela forma de fazer arte – sofrem, assim interpretações diversas, as vezes perversas e duras.


Os lamentáveis (e, diga-se de passagem, corruptos) tablóides ingleses não divulgaram, no entanto, um dos motivos da demora para o lançamento do 3° álbum de Amy. Este foi a recusa da gravadora das músicas que estavam sendo gravadas, porque estava caminhando para um estilo muito fora do padrão que mundializou a cantora, que segundo a Universal Records (a gravadora da cantora) estava expresso em Back to Black.


Não veremos mais o 3° álbum de Amy Winehouse, pelo menos na forma que ela poderia ter pensado. A Universal Records deve lamentar a morte da cantora na perspectiva de não haver mais possibilidade de lucrar com novos trabalhos. No entanto, agora, comemora a retomada das vendas de Back to Black e sua subida para o topo dos mais vendidos. A arte perdeu. Aproveitemos o que Amy Winehouse deixou.

FONTE: OPINIÃO SOCIALISTA / CAMILA LISBOA



quinta-feira, julho 28, 2011

DOCENTES INICIAM AGOSTO COM MOBILIZAÇÃO

Os professores das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) iniciam o mês de agosto com mobilizações em todo o país, e no Rio Grande do Sul não será diferente. Entre os dias 1 e 15 de agosto, as seções sindicais do ANDES-SN devem organizar rodadas de assembleias gerais, conforme o calendário aprovado no 56º Conselho Nacional do ANDES (CONAD), realizado entre 14 e 17 de julho em Maringá (PR).

A primeira seção do Rio Grande do Sul a realizar assembleia será a Associação dos Docentes da UFPel (ADUFPEL). Segundo Sérgio Cassal, presidente do sindicato, a seção pelotense convocou assembleia geral para o dia 2/8, terça-feira. “Apesar de estarmos em período de férias, o sindicato está mobilizando a categoria” lembrou Cassal.

No dia 3, quarta-feira, será a vez da assembleia da UFSM, convocada pela SEDUFSM. Ela será às 15h, no Auditório Sérgio Pires, no campus da universidade. Rondon de Castro, presidente da SEDUFSM, citou a necessidade de mobilização frente a um governo que não negocia. “Estão nos enrolando há meses. Não negociam nem o plano de carreira, nem o reajuste – que é direito constitucional. Temos que ir à luta” concluiu Rondon.

Em Rio Grande, a Associação dos Professores da FURG (APROFURG) realizará assembleia no dia 10, quarta-feira. Já a Seção Sindical dos Docentes da UFRGS e a Seção Sindical dos Docentes da UNIPAMPA (SESUNIPAMPA) não têm assembleias marcadas. Na capital do estado será realizada uma panfletagem sobre as reivindicações da greve, no dia 10. Na UNIPAMPA a assembleia será marcada assim que o ANDES-SN dê mais um indicativo sobre o desenrolar das negociações com o governo federal.

RECOMENDAÇÕES - A recomendação é priorizar a realização das assembleias até 5/8. Isso porque, nos dias 6 e 7 de agosto, os representantes do setor das IFES ser reúnem na sede do ANDES-SN em Brasília, para avaliar o movimento e as negociações com o governo. A partir deste balanço, as seções sindicais devem planejar ações, ampliando a mobilização da base com relação à Campanha 2011, e indicar para a categoria a necessidade de greve.

Para a segunda quinzena de agosto, está prevista a realização de atos nos estados e em Brasília, com amplos setores sociais e sindicais, com indicativo de paralisação nos dias 23 e 24, para exigir negociações efetivas com o governo federal e atendimento da pauta de reivindicações.

GOVERNO - Na próxima terça-feira, 2/8, o ANDES-SN se reúne com representantes do governo no Ministério do Planejamento (MPOG) para discutir a pauta de reivindicações específica dos docentes das Ifes. O foco da reunião deverá ser a contraproposta emergencial encaminhada pelo Sindicato Nacional para o MPOG e para o Ministério da Educação (MEC/Sesu). Como forma de pressionar o governo, as seções sindicais foram convidadas a enviar representantes para uma vigília em frente ao prédio do MP, durante a reunião.


FONTE: Ass. de Imprensa da SEDUFSM

Apesar de políticas afirmativas, desigualdade no acesso de negros ao ensino superior permanece









Apesar das políticas afirmativas adotadas pelas universidades brasileiras para ampliar o acesso da população negra ao ensino superior, 123 anos depois da Abolição da Escravatura permanece o hiato em relação à população branca. Os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que entre 1997 e 2007 o acesso dos negros ao ensino superior cresceu, mas continua sendo metade do verificado entre os brancos.

Entre os jovens brancos com mais de 16 anos, 5,6% frequentavam o ensino superior em 2007, enquanto entre os negros esse percentual era 2,8%. Em 1997, esses patamares estavam em 3% e 1%, respectivamente.

Para o professor Nelson Inocêncio da Silva, coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade de Brasília (UnB), a velocidade lenta do impacto das políticas públicas ocorre em função dos anos de atraso do país para reconhecer as diferenças de oportunidades dadas a negros e brancos.

“O Estado brasileiro se absteve por muito tempo e ficou ausente no que diz respeito à questão das políticas públicas para essa população. Falamos de 1888, final do século 19, e terminamos a primeira década do século 21 com problemas seríssimos no que diz respeito à população negra”, afirma.

A UnB foi a primeira federal a implantar o sistema de cotas para negros no vestibular e 4 mil alunos já ingressaram na universidade por esse mecanismo. Silva acredita que esses números devem ter avançado desde 2007, já que atualmente cerca de 100 instituições públicas de ensino superior adotam algum tipo de política afirmativa. O principal benefício que as cotas terão no futuro, na avaliação dele, é aumentar a representação dos negros em cargos importantes.

“Quando falamos de universidades federais, não há dúvida de que elas formam pessoas que cedo ou tarde vão participar da classe dirigente deste país. Então sabemos que, pelo menos com essa formação, o aluno terá no futuro uma situação diferenciada”, ressalta o professor.

De acordo com o último Censo da Educação Superior, 10% dos ingressos de novos alunos nas universidades públicas ocorreram por meio de sistemas de reserva de vagas. Os dados apontam que 69% usaram como critério o fato de o candidato ter ou não estudado em escola pública. Um quarto das reservas de vagas foi preenchido a partir de critérios etnorraciais. Desde a sua implantação na UnB em 2004, o sistema de cotas tem sido muito criticado por ser considerado injusto com o restante dos estudantes não negros. Silva ressalta que ele precisa ser analisado do ponto de vista histórico.

“Não é possível a gente querer entender a partir do aqui e agora, é preciso voltar ao século 19, às políticas do Estado brasileiro de favorecimento das populações europeias para entender porque afinal de contas temos que desenvolver uma política de inclusão da população negra. Essas políticas atuais não são fruto de nenhum devaneio, elas são necessidades que foram esquecidas”, aponta.

Em outras etapas do ensino também há desigualdade entre negros e brancos. O último censo do IBGE aponta que, entre os 14 milhões de brasileiros com mais de 15 anos que são analfabetos, 30% são brancos e 70% são pretos ou pardos.

Fonte: Agência Brasil

Esse é o futebol brasileiro!








Que jogo foi esse? Capaz de começar com um baile dos moleques do Santos, que chegaram a abrir 3 a 0 mas viram os rubro-negros que se recusam a perder empatar em 3 a 3! No início do segundo tempo, Neymar - endiabrado como se esperava que estivesse na Copa América, na Argentina - desempatou, colocando uma vez mais, a turma da Vila Belmiro em vantagem! Mas o Flamengo tinha também o seu "fora-de-série", que resolveu mostrar ao "menino" que quem já conquistara duas vezes o título de melhor do mundo estava do outro lado, com outra camisa.

E Ronaldinho fez o quarto - numa cobrança de falta mágica, genial, tocando rasteirinho, por baixo da barreira, que saltara. E o quinto, completando passe precioso de Thiago Neves! E, com a sua melhor atuação desde que voltou ao Brasil, garantiu uma vitória heróica, antológica, inesquecível!


Um triunfo para ser lembrado daqui a muitos e muitos anos. Uma atuação capaz de encher o time de moral e até, quem sabe, impusioná-lo rumo ao heptacampeonato brasileiro. Não custa lembrar, foi também na Vila Belmiro, na estréia de Andrade, que o Fla começou sua arrancada para o hexa.


O futebol que não se viu na Argentina, reapareceu em doses maciças na noite desta quarta-feira, na Vila Belmiro. Teve golaço de placa de Neymar, teve passe precioso de Ganso, três gols de Ronaldinho Gaúcho e atê pênalti perdido, em cavadinha de Elano. Não faltou, rigorosamente, nada. Esse é o futebol brasileiro. Quando jogado assim, indiscutivelmente, ainda o melhor do mundo.

FONTE:O GLOBO/Renato Maurício Prado

Entidades organizam protesto “Você pensa que a Copa é Nossa?” neste sábado (30) no Rio






Diversas entidades e movimentos organizam uma grande manifestação contra as violações de direitos fundamentais e as remoções forçadas, provocadas pelas obras visando a Copa do Mundo e Olimpíadas. A atividade ocorrerá durante a solenidade de sorteio dos grupos das eliminatórias da Copa do Mundo de 2014.


O objetivo é denunciar o impacto das intervenções na cidade, a descaracterização arquitetônica de patrimônios e as remoções forçadas de moradores de comunidades que se encontram no entorno dos locais que servirão de sede para a disputa dos jogos da copa e da olimpíada.


A partir de amanhã (27) outras iniciativas entrarão em campo denunciando o mal uso do dinheiro público, como o tuitaço #ForaRicardoTeixeira, impulsionado pelo site “Fora Ricardo Teixeira” e divulgado por jornalistas esportivos, como Juca Kfouri e Mauro Cezar. E na quinta-feira (28), a Frente Nacional dos Torcedores participará de audiência no Ministério Público Federal do RJ sobre a reforma bilionária que está acontecendo no Estádio do Maracanã.


O ato principal ocorrerá na manhã de sábado (30), a partir das 10h. A concentração será na estação do metrô do Largo do Machado.


A manifestação é organizada pela Frente Nacional dos Torcedores, CSP-Conlutas, Anel e diversas outras organizações do movimento sindical popular e estudantil.

Participe!

FONTE: CSP-CONLUTAS

terça-feira, julho 26, 2011

Congresso da UNE não tem nada a oferecer ao movimento estudantil










Realizado entre os dias 13 e 17 de julho, em Goiânia, o 52º Congresso da UNE escreveu mais um capítulo na história de decadência e submissão da tradicional entidade estudantil. Uma vez mais, o saldo deixado por esse congresso vai estar marcado pelo governismo, a ausência das lutas e a falta de independência política e financeira.

E enquanto esse filme se repete, nas universidades mais importantes do país, é espantoso como o congresso da UNE já não provoca nenhum entusiasmo na base. Outrora catalisadora dos sonhos e da rebeldia da juventude brasileira, a entidade é hoje um aparato fragilizado em sua relação com os estudantes.

Governismo escancarado

Pela quinta vez seguida, o congresso foi um festival de aplausos ao governo. Dilma e o ministro da educação, Fernando Haddad, seguirão com a UNE em seus bolsos e bem domesticada. Mas nem por isso o congresso deixou de render homenagens ao antecessor do atual governo.

Tido como convidado mais ilustre do congresso, Lula resumiu em uma frase o governismo da UNE nos últimos anos: “sou grato à UNE pela lealdade na adversidade” . De fato, os serviços prestados pela entidade ao governo federal têm sido enormes, contando, por exemplo, com o apoio ao REUNI, ao ProUni e o FIES e globalmente à política educacional em curso nos últimos 9 anos.

Também presente no evento, o ministro Haddad tratou de defender a UNE daqueles que a acusam de ser chapa-branca, como nós do PSTU e, atualmente, milhares de estudantes país afora. “Algumas pessoas imaginam que é possível comprar a consciência do movimento estudantil (sic) com alguns trocados. (...) Estudante não se vende por dinheiro nenhum, muito menos por migalha” .

Que os estudantes não se venderam, isso se continua vendo nas ruas, nas praças, escolas e universidades do Brasil. Já com a UNE, a história é outra. E o ministro sabe disso. E sabe também que não são exatamente “migalhas” o que o governo dispensa à UNE...

Independência financeira é bobagem para a UNE

O congresso foi financiado por nada menos que 5 ministérios do governo e 3 estatais. O governo do estado de Goiás e a prefeitura de Goiânia também entraram com sua cota. Mencione-se, ainda, a Confederação Nacional do Transporte (CNT). Tudo isso é público e a UNE não esconde: governos, ministérios, empresas estatais e até sindicatos patronais financiam o congresso.

Ás vésperas do congresso, a imprensa burguesa, naturalmente, tratou de usar esse fato para tentar desmoralizar o conjunto do movimento estudantil. Acuado, Augusto Chagas, que encerrava seu mandato na presidência da UNE, se defendia com fragilidade: “O patrocinador é o dinheiro público, é o dinheiro da União. Nós achamos que o congresso da UNE tem função pública. Ele serve ao Brasil” .

No sentido empregado por Augusto, “Brasil” é uma abstração em cujo interior cabem trabalhadores e patrões, o ensino público e o ensino privado, o governo e os estudantes. Mas se quisesse mesmo ser franco, Augusto reconheceria que a UNE tem recebido milhões em verbas públicas e privadas há anos, mas não sem conceder acenos e bajulações aos donos desse dinheiro.

Recentemente, o site da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), sindicato patronal do oligopólio das faculdades privadas, divulgou a realização de uma reunião entre tal associação e o próprio Augusto. Na pauta esteve o pedido de apoio financeiro ao 52º CONUNE. Na matéria, o ex-presidente da UNE declara: “Nós sabemos do papel que o ensino particular tem desempenhado historicamente na estruturação da educação brasileira” , relatando supostas batalhas que os estudantes teriam travado ao lado desses empresários.

É, na melhor das hipóteses, ingênuo crer que o financiamento e a conduta política de uma entidade jamais terão relação direta. Pior ainda seria supor ser mera coincidência a lealdade política ao governo federal e as polpuda verbas concedidas à UNE. Tudo isso é parte de explicar porque o congresso da UNE já não é capaz de refletir as principais lutas do movimento social brasileiro.

Lutas passaram longe

A programação do 52º CONUNE divulgada pela entidade é um retrato da acomodação e de sua ausência nas lutas em curso pelo país. Em um cenário de greves e mobilizações importantes, como a dos professores em diversos estados, dos funcionários das universidades federais e dos bombeiros do Rio, nenhum desses trabalhadores em luta foi convidado a falar ao congresso – somente o governo.

O cenário internacional em que a juventude marca presença na arena política, encabeçando mobilizações nos países arábes, na Europa e no Chile, também não merece – aos olhos da UNE – nenhuma centralidade em seu congresso.

Ocorre que a maior parte dessas lutas, direta ou indiretamente, se choca com governos, como Dilma e Cabral, ou secretários e reitores aliados da entidade. E em um sentido mais profundo, não são mais a rebeldia e a luta aberta que sustentam a UNE. O CONUNE não reflete as lutas, porque as lutas vão em sentido oposto ao que vai a UNE.

Qual a tarefa dos estudantes?

Por tudo isso, esse congresso não tem nada a oferecer ao movimento estudantil combativo. E isso se revelará no segundo semestre no debate de que tarefa os estudantes têm a assumir. Enquanto o governo prepara um ataque para os próximos 10 anos, com o novo Plano Nacional de Educação, a UNE vai apoiar esse projeto e “lutar” para que ele preveja o investimento de 10% do PIB para a educação.

Acontece que se o movimento social sempre exigiu um patamar superior de investimento na educação, o fez porque isso é condição para implementar um programa de universalização do ensino público. O novo PNE, no entanto, traça metas e estratégias que dão continuidade à política de pauperização do ensino público e promoção do ensino privado, inclusive com verbas públicas para esse fim.

Ao apoiar o PNE, portanto, a “luta” da UNE por 10% do PIB para educação, de conteúdo, pede mais verbas públicas para serem entregues ao ensino privado. De qualquer maneira, este semestre vai mostrar se a UNE quer mesmo lutar pelos 10% do PIB, porque até aqui a entidade está fora da Jornada de Lutas de agosto e das articulações do plebiscito nacional – ambas iniciativas de luta por aquela bandeira.

Ao menos que ache que o 52º CONUNE tem alguma coisa a oferecer ao movimento estudantil e que esse congresso fortaleceu a luta dos estudantes, a oposição de esquerda da UNE deveria romper, de uma vez por todas, com essa entidade. De todo jeito, esses companheiros devem agora se unir à ANEL na luta contra o PNE do governo e pelos 10% do PIB para a educação. E é fora da decadente União Nacional dos Estudantes que poderão organizar a luta, em unidade com todos os estudantes que não se prestam ao papel de capachos do governo federal.

FONTE: OPINIÃO SOCIALISTA

segunda-feira, julho 25, 2011

Para coordenador do IBGE, resultado de pesquisa etnorraciais mostra que maioria da população admite a existência de racismo




A pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre as características etnorraciais da população, divulgada hoje (22), constatou que 63,7% dos brasileiros admitem que a cor ou raça influencia a vida das pessoas. Para um dos coordenadores do estudo, José Luís Petruccelli, isso indica que a população reconhece a existência de racismo no país.

Por meio de questionário aplicado em 15 mil domicílios em cinco estados e no Distrito Federal, o levantamento do IBGE revela que, para os brasileiros, o racismo está mais evidente no trabalho (71%), na relação com a polícia e com a Justiça (68,3%) e no convívio social (65%). De oito categorias, a escola foi citada por 59,3% dos entrevistados e as repartições públicas, por 51,3%.

O estudo também destaca que é na unidade da Federação com maior renda per capita do país (mais de cinco salários mínimos), o Distrito Federal, onde a população mais percebe o racismo. Lá, 10,9% dos entrevistados, na resposta aberta, se declarou "negra" - categoria que não é usada pelo IBGE.

No Amazonas, menos pessoas notam o problema (54,8%). No estado, também foi registrado o menor percentual de autodeclarados "brancos" (16,2%) e a maior proporção de "morenas" (49,2%), termo que assim como "negra" também não é usada pelo instituto para a classificação etnorracial.

Segundo a pesquisa, 96% das população sabe se autoclassificar, sendo que 65% seguem os critérios do IBGE. Para ele, o fato de uma parcela se definir "morena" é uma forma de evitar se assumir "preto" ou "parda", categorias que somadas equivalem a "negros". "Moreno é um termo para fugir da questão. Pode ser quase qualquer um, pode ser bronzeado de sol ou afrodescendente", disse o pesquisador. No total, 21,7% dos entrevistados se declararam "morena" e 7,8%, negra.

A decisão de usar dados desagregados de raça nas pesquisas domiciliares pelo IBGE cumpre recomendações firmadas pelo Brasil na 3º Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata, realizada em Durban, na África do Sul, em 2001.

FONTE: AGÊNCIA BRASIL

Caminhoneiros pedem mais segurança no Dia do Motorista





Hoje (25), no dia em que se homenageiam os motoristas, aqueles que estão atrás dos volantes cobram mais atenção do Poder Público, principalmente em relação à segurança. "Nossa profissão continua sendo uma das mais incertas; você sai de casa sem a certeza de voltar", diz o motorista Lídio Marcolim de 67 anos, morador de Caxias do Sul. Caminhoneiro há 43 anos, Lídio conta que a profissão está “abandonada”. “Não temos nenhum privilégio e nenhum cuidado é oferecido a nós caminhoneiros."

Segundo Lídio, faltam políticas voltadas aos motoristas, cujo padroeiro é São Cristovão. "Além de facilitar a compra de caminhões abaixando os juros, não lembro de nenhuma outra facilidade. Muitos caminhões hoje em dia acarretam mais problemas, porque as estradas estão cada vez mais cheias e com menos estrutura."

A Federação dos Caminhoneiros Autônomos do Rio Grande do Sul, reúne 180 mil profissionais que exercem a profissão de maneira autônoma. "O dia 25 serve para pedirmos proteção a São Cristovão, que é quem cuida por nós", destaca o presidente da entidade, Eder Del Lago. Ele diz que todo dia 25 é feita uma festa e uma procissão para pedir proteção aos caminhoneiros. "Aqui em Caxias temos uma igreja em formato de caminhão, tamanha a paixão. Nossos dias são ásperos e solitários, então fazemos questão de comemorar o dia que nos é dedicado."

O taxista Jailson Monteiro, de 58 anos, dirige desde 1978 em Brasília e diz que a vida de motorista sempre foi difícil. "Nossa profissão é uma forma de sobrevivência cansativa, estressante e preocupante". O profissional diz que a categoria se sente menosprezada e vista com maus olhos por grande parcela da sociedade. "Temos um papel fundamental, por exemplo, no que diz respeito ao turista. O primeiro contato de um turista muita vezes é com o taxista e isso é ignorado por muita gente, inclusive pelo governo."

Os motoristas convivem com acidentes nas estradas e isso pode deixar sequelas. O presidente da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, José Marcus Rotta, diz que é necessário um cuidado especial. "Quando se trata de acidentes automobilísticos não se deve contabilizar apenas as mortes. Em vários casos, a vítima, o motorista, muitas vezes, sofrem lesões ou traumas que deixam sequelas graves."

FONTE: AGÊNCIA BRASIL

ASSEMBLEIA DOCENTE DEBATE CONSTRUÇÃO DE GREVE








Governo federal se nega a discutir reajuste e plano de carreira


A SEDUFSM convoca a todos os docentes da Universidade Federal de Santa Maria para a realização de assembléia no dia 3 de agosto (quarta-feira), às 15h no Auditório Sérgio Pires, que debaterá a construção da greve dos professores. No dia anterior (2/8) será realizada uma reunião do conjunto dos servidores federais com o Ministério do Planejamento (MPOG), em Brasília, para tentar retomar a negociação do reajuste linear anual, direito previsto na Constituição mas que vem sendo negado pelo governo. Com a negativa de negociação do MPOG, há indicativo nacional de todas as categorias de servidores em iniciar a construção de uma greve no mês de agosto.

O ANDES - Sindicato Nacional deliberou o início da construção da greve de forma gradativa em seu último Conselho Nacional do ANDES-SN (CONAD), que foi realizado em Maringá (PR) entre os dias 14 e 17 de julho desse ano. Além das demandas unificadas há também o tema da carreira docente, que vem sendo tratado desde o final do governo Lula, e que, se implementado, significará em uma implosão da atual carreira. O MPOG está buscando centralizar a gestão da carreira, transformando-a com um viés meritocrático, produtivista, que privilegiaria o topo da carreira e, ao mesmo tempo, abandonaria os aposentados.

Os docentes têm também como pautas específicas de negociação frente ao governo a política salarial permanente com reposição inflacionária, a isonomia entre as carreiras, a valorização do salário base e a incorporação das gratificações; O posicionamento contrário a qualquer reforma que retire direito dos trabalhadores; A posição pela retirada dos Projetos de Lei (PLs), MPs e decretos contrários aos interesses dos servidores públicos, como por exemplo o PLP 549/09 (que congela salário do funcionalismo por 10 anos), o PLP 248/98 (que estabelece a demissão por insuficiência de desempenho), o PLP 92/07 (que regulamenta atuação das fundações privadas no meio estatal), o PL 1749/11 (que privatiza os hospitais universitários), e demais proposições; Além do cumprimento por parte do governo dos acordos firmados e não cumpridos e da definição da data base em 1º de maio.


CALENDÁRIO - Foi aprovado também pelos participantes do CONAD um calendário de atividades que visam à mobilização da categoria:

1 a 15 de agosto- rodada de assembléias gerais, com indicação de que elas ocorram preferencialmente até dia 5 de agosto;

6 e 7 de agosto- reunião do setor das federais do ANDES-SN;

15 a 30 de agosto- indicativo de período para tos nos Estados e ato em Brasília com amplos setores sociais e sindicais- espaço de unidade e ação;

23 e 24 de agosto- indicativo de paralisação dos docentes das IFES para exigir negociações efetivas e atendimento da pauta de reivindicações.

FONTE: Ass. de Imprensa da SEDUFSM

Conferências de Políticas para as Mulheres e Marcha das Margaridas serão realizadas este ano










O movimento feminista brasileiro e o movimento e mulheres, começam a trabalhar duro para realizar as Conferências de Políticas para as Mulheres e a Marcha das Margaridas, que deverá ser realizado este ano, e deverá envolver toda a sociedade, pois estas discussões envolvem a todos e todas, independente de sexo e orientação sexual.

É tempo de realização das Conferências municipais, estaduais e, finalmente, a 3ª Conferência nacional que deverá ser realizada entre os dias 12 a 14 de dezembro, em Brasília sobre as políticas publicas para as mulheres. São processos onde serão discutidos, com todos os setores interessados da sociedade, os assuntos relevantes que nortearão as políticas publicas do país para as mulheres.

O tema da Conferência Nacional é a erradicação da pobreza, e pretendem discutir e elaborar políticas públicas voltadas à construção da igualdade, tendo como perspectiva o fortalecimento da autonomia econômica, cultural e política das mulheres, contribuindo para a erradicação da extrema pobreza e para o exercício da cidadania das mulheres no Brasil.

Mas o conjunto de mulheres pretende discutir outros temas, também. Afinal é urgente e necessário que nessas Conferências também seja abordado o que a criminalização do aborto tem significado para as mulheres brasileiras, por exemplo. Deverão ser mostrados os dados que falam por si e que indicam a urgente necessidade de prestar atenção a esta realidade: no Brasil, ocorrem cerca de 250 mil internações para tratamento de complicações de aborto. Estimativas de 2005 apontam para um total de 1.054.243 abortos realizados por ano em nosso país, a curetagem pós-aborto é o segundo procedimento obstétrico mais realizado nos serviços públicos de saúde.

Alguns dos poucos serviços de aborto legal existentes no país se encontram sob a direção de pessoas que não permitem que a população saibam que eles funcionam. De acordo com o Ministério da Saúde, em todo o Brasil existem apenas 60 equipes especializadas para o atendimento de aborto legal. Um problema sério é que esses serviços são insuficientes e estão mal distribuídos. Por exemplo: em São Paulo, estão concentrados 10 destes postos, enquanto outras inúmeras localidades não têm nenhum serviço em funcionamento. Além disso, a maior parte dos atendimentos é realizada de forma precária, especialmente pela falta de estrutura e de conhecimento e capacitação dos profissionais da área.

O moviemnto feministas tem perguntado se, com a ineficiência desta política pública, o Brasil conseguirá responder ao compromisso assumido nas Conferências Internacionais e nacionais que tratam sobre o tema, de dar atenção prioritária à saúde sexual e reprodutiva das mulheres? Será que as mulheres brasileiras tem reconhecido seus direitos pelo Estado?

A grave situação por que passam mulheres que, em determinada circunstância da vida têm que recorrer ao aborto, exige que o Estado lhes dê um tratamento que não seja criminalização, punição e proibição, o que em nada tem contribuído para proteger a vida das mulheres. Por isso, um dos objetivos das mulheres organizadas, se expressa na plataforma pela legalização do aborto: é urgente "reverter o processo de denúncias, humilhações e ações judiciais em curso, que atingem tanto mulheres que abortaram quanto as trabalhadoras que as atendem e as organizações que lutam pela legalização."

São reconhecidos os entraves que são encontrados nestes processos, especialmente dos setores conservadores anti-direitos que tentam impedir as discussões e proposições das mulheres relacionadas com os seus direitos sexuais e direitos reprodutivos.

Por isso, as mulheres reiteram a exigência que o Estado brasileiro para que seja verdadeiramente Laico e que garanta e defenda seus direitos e suas vidas. Os altos índices de mortalidade materna, gravidez na adolescência, a violência sexual, as dificuldades com o uso e distribuição dos anticoncepcionais, as dificuldades com a pílula do dia seguinte, gravidez não desejada e os abortos clandestinos não são mera casualidade. Esta realidade é reflexo de uma ausência de políticas publicas autônomas baseadas nos Direitos Humanos que proteja realmente as mulheres.

O Estado, posto que tem sua laicidade expressa na Constituição, deveria ser totalmente independente das instituições religiosas e seus dogmas para legislar ou implementar qualquer política publica. Por isso, também é necessário que as instituições religiosas entendam qual é seu papel e sua função na sociedade. E certamente não é o de interferir na esfera política.

Outro evento de suma importância para as mulheres de todo o Brasil é a Marcha das Margaridas, cujo lema para este ano é: "2011 razões para marchar por desenvolvimento sustentável com justiça, autonomia, igualdade e liberdade", programada para acontecer em Brasília nos dias 16 e 17 de agosto, e que espera reunir cerca de 100 mil mulheres de todo o Brasil.

Estes são alguns pontos que as mulheres pretendem discutir para que seus direitos sejam respeitados. Em Brasília, estarão mulheres de todas as classes, etnias/ raças, cores, religiões e orientações sexuais. Estarão juntas mulheres sábias, avós, mães, adolescentes, jovens portadoras de alguma deficiência, professoras, lavadeiras, catadoras de papelões, prostitutas, faladeiras, bagunceiras, mas especialmente todas exigindo para que neste grande Brasil os direitos das mulheres sejam protegidos e respeitados.

FONTE:somos glbt