E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo:
– Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue e dou-o a quem quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu.
E Jesus, respondendo, disse-lhe:
– Vai-te, Satanás; porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás.
Lucas, cap. V, vs. 5-8.
sexta-feira, abril 30, 2010
O Operário Em Construção
"Meu Maio"
quinta-feira, abril 29, 2010
1° de Maio: Vamos lutar em defesa dos aposentados e pela jornada de 36 horas
O 1º de Maio já está aí. Vamos manter a tradição da esquerda e preparar atos unitários e classistas. Não faremos como as centrais governistas que realizam showmícios financiados pelas mesmas empresas e governos que atacam direitos e salários dos trabalhadores do decorrer do ano.
Uma das nossas principais bandeiras será a defesa do reajuste dos aposentados igual ao do salário mínimo: 9,68% retroativos a janeiro de 2010. A votação está marcada para a próxima terça-feira (5/4). Além disso, está em pauta o fim do Fator Previdenciário. Precisamos reafirmar o apoio da Conlutas à Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas (Cobap), que luta em defesa das aposentadorias.
Também serão levantadas as bandeiras de luta pela redução da jornada de trabalho para 36 horas sem redução de salários e de direitos, aumento de salário e contra a ocupação militar no Haiti.
O 1º de Maio é dia de luta contra o capitalismo, para denunciar as grandes empresas, os Estados e seus governos e reafirmar a luta por uma sociedade justa, igualitária, uma sociedade socialista.
A Conlutas faz um chamado a todos os setores do movimento sindical, popular e estudantil à realização de atos unitários, classistas, de oposição de esquerda ao governo Lula, aos governos estaduais e municipais e aos patrões. Vamos organizar atos conjuntos com todos os setores que hoje compõem o processo de reorganização e aproveitar para convocar o Congresso Nacional da Classe Trabalhadora.
Bandeiras de luta
Em cada Estado devemos nos apoiar nas mobilizações que estão ocorrendo e buscar unificá-las com as mobilizações nacionais que são:
- Aposentados: reajuste igual ao do salário mínimo, reposição das perdas e fim do fator previdenciário!
Estamos diante de mais um episódio na luta dos aposentados contra o governo Lula. Já é a terceira vez que o governo e as centrais governistas tentam uma manobra para impedir que os projetos de lei que garantem o fim do fator previdenciário, o reajuste igual ao do salário mínimo e a reposição das perdas sejam aprovados na Câmara dos Deputados. O governo quer pagar apenas 6,14% de reajuste. É necessário denunciá-lo e as centrais governistas que defendem 7,7%. Precisamos dizer que não há déficit na previdência, como insiste em afirmar o governo Lula. Só o ano passado o governo destinou R$ 283 bilhões para pagamento de juros e serviços da dívida externa.
- Redução da jornada de trabalho, para 36h, sem redução de salário e direitos
Essa bandeira deve estar presente em todas as campanhas salariais cuja jornada é superior a 36h semanais. Além disso, vamos denunciar que passados mais de sete anos, o governo Lula não tomou uma iniciativa sequer para reduzir a jornada, nem para 40h semanais. Vamos fazer um chamado às centrais governistas por um dia nacional de paralisações; não devemos apostar as nossas fichas em um congresso corrupto como as centrais governistas vêm fazendo. Essa vitória dependerá exclusivamente da mobilização de nossa classe e por isso será preciso unidade e uma forte ação contra o governo e os patrões.
- Aumento geral dos salários
Durante o Governo Lula os empresários e banqueiros aumentaram em 400% o seu lucro enquanto os salários aumentaram pouco mais de 50% no mesmo período. Vamos denunciar que isso só foi possível por que o governo, no momento da crise, despejou centenas de bilhões do dinheiro público para as grandes empresas e ao latifúndio, enquanto aos trabalhadores sobraram demissões e agora um ritmo infernal de trabalho. Portanto, há condições, sim, para um aumento geral dos salários!
- Reforçar reivindicações das campanhas salariais e manifestar apoio à luta do funcionalismo público federal
Em cada estado, região ou município devemos destacar as ações das categorias em mobilização, especialmente as campanhas salariais e dar divulgação a essas lutas. É preciso manifestar apoio à luta do funcionalismo público. Esse setor se enfrenta novamente contra o governo Lula, agora contra os projetos que na prática congelam o reajuste destes trabalhadores por 10 anos.
Haiti: Solidariedade sim, ocupação militar não!
Neste 1º de Maio mais uma vez vamos erguer defender a solidariedade ao povo haitiano. Vamos denunciar que os efeitos nefastos causados pelo terremoto têm sua intensidade agravada a partir das inúmeras décadas de opressão e retaliação impostos pelo imperialismo. Vamos reafirmar a importância da solidariedade classista e internacional, e fazer contundente exigência da retirada das tropas de ocupação militar daquele país. É preciso denunciar o papel do exercito brasileiro nesta ocupação e a irresponsabilidade do Governo Lula neste episódio. Vamos divulgar a visita de nossa delegação, este mês, ao Haiti e de nossa contribuição material ao Batay Ouvriye. Denunciar que nada está sendo reconstruído pelas tropas, que é com a própria força e solidariedade do heróico povo haitiano. Contra a ocupação, vamos exigir a presença de médicos, engenheiros, educadores e não soldados! Fora as tropas brasileiras do Haiti!
Faixas e bandeiras - Vamos ao 1º de Maio com nossas faixas, bandeiras, manifestos, formando as colunas da Conlutas. Além de nossas reivindicações principais, não podemos deixar de falar da luta contra a opressão, o machismo, a homofobia, da luta por direito a moradia, saúde, educação, estabilidade no emprego, e a defesa do Socialismo, alternativa para a vida da classe trabalhadora, para a vida da humanidade.
Veja a programação nos principais estados
São Paulo
Capital - O ato em São Paulo acontece na Praça da Sé e será divido em três blocos: sindical, dos movimentos populares e partidos políticos. Haverá apresentações de grupos culturais como Operário em Construção, Marighela, Rap-MST e Radiola.
Programação:
10h30 - Abertura do ato com a coordenação e a apresentação do grupo Radiola.
11h – Fala dos blocos dos sindicatos
11h50 – Fala os movimentos populares
12h45 – Fala os partidos políticos
13h – Encerramento.
São José dos Campos - O evento acontece neste sábado, dia 1º de Maio, a partir das 10h, na Praça Pedro Pinto da Cunha, em frente à Igreja São Judas Tadeu, no Jardim Paulista.
A luta pela redução da jornada de trabalho, sem redução salarial e sem banco de horas, estará no centro da manifestação, organizada pela CONLUTAS, sindicatos dos Metalúrgicos, dos Químicos, Trabalhadores da Alimentação, Correios, Admap (Associação Democrática dos Aposentados e Pensionistas), servidores municipais de Jacareí, oposição dos servidores municipais de São José dos Campos, oposição alternativa da APEOESP, Ação Eco-Socialista, Movimento Mulheres em Luta e Must (Movimento Urbano dos Sem-Teto) do Pinheirinho.
Ribeirão Preto
Em Ribeirão Preto haverá um ato público na Esplanada Pedro II, às 9h.
Rio de Janeiro
Niteroi - Neste ano a atividade do 1º de Maio será no Morro do Bumba, em Niterói-RJ. O ato levará a solidariedade para todos os trabalhadores vitimados em todo o Estado do Rio de Janeiro e denunciará o descaso dos poderes públicos municipal, estadual e federal relativo às tragédias das últimas chuvas potencializadas pela inércia dos governos de plantão.
Programação
30 de abril – 6ª feira – a partir das 16 horas – Panfletagens de agitação para o Ato do 1º de Maio nos seguintes locais: Central do Brasil, Metrô Carioca e Praça XV (Barcas);
01 de maio - sábado – Ato do Dia do Trabalhador em Niterói – concentração a partir das 10 horas da manhã no Morro do Bumba.
Minas Gerais
Belo Horizonte - No dia 30/04, às 8 horas no auditório do Sindicato dos Comerciários de BH, acontecerá o Encontro Metropolitano com as Centrais Sindicais para a elaboração de uma plataforma de luta unitária a ser encaminhada aqui em Minas, cujas principais bandeiras são:
- Valorização dos salários em nível regional;
- Redução da jornada de trabalho sem redução de salários;
- Contra o fator previdenciário;
- Contra criminalização e judicialização do movimento sindical e popular;
- Contra as práticas anti-sindicais;
- A questão da terra.
O ato do 1º de Maio unitário, acontecerá no mesmo dia do encontro, 30 de abril, na Praça Sete, a partir de 14 horas.
Rio Grande do Sul
Porto Alegre - A comemoração acontece na sexta- feira (30). Haverá o lançamento da revista “O ensino público pede socorro”, com a participação de professores e funcionários públicos. Logo em seguida, uma passeata irá do no Largo Glênio Peres até o centro da cidade, com a participação de sindicatos filiados à Conlutas. O ato se unificará com outras centrais sindicais e continuará em marcha até a sede do governo onde haverá um protesto contra o governo de Ieda Cruz. O encerramento será na Secretária Municipal de Saúde e denunciará o descaso e precariedade do governo com o setor.
Rio Grande do Norte
Natal - Será empunhada a bandeira por um mundo socialista, com a unificação dos trabalhadores da cidade e do campo, mulheres e homens, jovens e idosos. Juntos, pretendem ampliar ainda mais a jornada de lutas por uma sociedade justa. Participam da atividade o Sintsef, Sindsaude, Sintest, Sindbancários, Sinai, CASS, ANEL, POR, Intersindical, MST, GAS, MR, PSOL, PSTU e outras entidades.
Programação
Dia 30 (sexta-feira), 15h - Concentração no cruzamento da rua Baraúnas
com Av. 9 - em frente a Igreja Universal.
16h - Ato na praça Gentil Ferreira, no Alecrim
Dia 1º (Sábado) 9h - Panfletagem e ato no cruzamento da entrada de
São Gonçalo do Amarante (Nordestão do Gancho)
A história do 1º de Maio
O 1º de Maio é uma homenagem aos milhares de trabalhadores de Chicago (EUA) que foram às ruas protestar contra as péssimas condições de trabalho as quais eram submetidos - férias, descanso semanal e aposentadoria não existiam - e exigir a redução da jornada de trabalho de 16 para 8 horas. Essa mobilização envolveu mais de 250 mil trabalhadores. Em greve, realizaram manifestações, passeatas, piquetes e discursos movimentavam a cidade. Entretanto, a repressão policial foi brutal: trabalhadores foram presos, feridos e alguns deles mortos. Isto foi em 1886.
Após diversos enfrentamentos com mortes de trabalhadores e policiais, a polícia promoveu uma investigação pesada e centenas foram presos. Oito dos militantes mais ativos de Chicago foram acusados de conspiração.
Albert Parsons, August Spies, Adolf Fischer e George Engel foram enforcados no dia 11 de Novembro de 1887. Louis Lingg teria cometido suicídio na prisão. Os três restantes foram finalmente perdoados em 1893.
Em 1889, a Segunda Internacional Socialista aprovou em seu congresso, realizado em Paris, proclamar o dia 1º de Maio como o Dia Internacional do Trabalhador, em memória aos "mártires" de Chicago e pela luta por jornada de oito horas. Essa deveria ser uma grande manifestação internacional.
Em 1890, o Congresso norte-americano se viu obrigado a voltar a lei que estabeleceu a jornada de oito horas de trabalho.
Em 1º de Maio de 1891, nova manifestação no norte da França sofreu forte repressão policial resultando na morte de dez manifestantes, o que reforçou a data do 1º de maio como um dia de luta dos trabalhadores.
Em abril de 1919 o senado francês ratificou as oito horas diárias de trabalho e proclamou o 1º de Maio daquele ano dia feriado. Em 1920 a Rússia adotou o 1º de Maio como feriado nacional. Este exemplo foi seguido por muitos outros países, com exceção dos EUA.
FONTE: CONLUTAS
quarta-feira, abril 28, 2010
Ingresso não dará mais direito a doce
Organização da feira de Pelotas causou polêmica ao suspender a tradição
Dia da Educação é comemorado hoje; pedagogo defende criação de Procon específico
No Dia da Educação, comemorado nesta quarta-feira, especialistas que participarão do 17º Educador Congresso Internacional de Educação foram convidados para comentar a importância da data. O congresso acontece em conjunto com a 17ª Educar Feira Internacional de Educação e o 6º Educador Management Seminário de Gestão em Educação entre os dias 12 e 15 de maio, em São Paulo.
Para Júlio Cezar Furtado, pedagogo, doutor em ciências da educação pela Universidade de Havana (Cuba) e mestre em educação pela UFRJ, a data deveria servir como motivo de mobilização e reflexão. "É um dia em que se tenta sensibilizar a sociedade para a questão da educação e deveria ser assumido pelos educadores. É um dia, teoricamente, dedicado à reflexão dos educadores e das famílias, para conscientizar sobre a necessidade de se ter uma educação de qualidade e, sobretudo, deixar claro o que é uma educação de qualidade. No Dia Nacional da Educação deveríamos clamar por um 'Procon' [órgão de defesa do consumidor] específico do setor".
Nilbo Nogueira, doutor em educação pela PUC-SP e mestre em educação pela USP, pondera sobre a questão da aprendizagem e a tecnologia. "Se a metodologia não for alterada, não há milagre tecnológico que possa dar conta de todos os problemas educacionais." No 17º Educador, Nogueira apresentará em seu debate a palestra "Metodologia x Tecnologia: Questionamentos e Inovações para uma Nova Escola".
Mário Sérgio Cortella, doutor em educação pela PUC-SP, lembrou o legado deixado pelo educador Paulo Freire, cujas ideias são consideradas importantes até hoje. "Paulo Freire, falecido em 2 de maio de 1997, menos de uma semana depois do Dia Nacional da Educação, nos deixou inúmeras obras fundamentais, sendo que uma delas foi a 'Pedagogia da Esperança'; por outro lado, pouco tempo antes de nos deixar, houvera registrado algumas contundentes reflexões que foram publicadas postumamente sob o título 'Pedagogia da Indignação'. Ambas as palavras, esperança e indignação, cabem bem dentro do conceito de educação e, mais ainda, da educação escolar. Esperança ativa na construção da dignidade coletiva e indignação impaciente com qualquer ameaça à fraternidade decente."
FONTE: FOLHA ONLINE
Acusado de matar o rapper Sabotage será julgado nesta quarta em SP
Sirlei Menezes da Silva vai a júri popular no Fórum da Barra Funda.Sabotage foi morto em janeiro de 2003, na Zona Sul de São Paulo.
O acusado de matar o rapper Mauro Mateus dos Santos, mais conhecido como Sabotage, começará a ser julgado nesta quarta-feira (28) no Fórum da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo. O julgamento está previsto para começar às 13h. Sirlei Menezes da Silva, acusado de matar o músico em 24 de janeiro de 2003 na Zona Sul da capital, vai a júri popular.
Presidido pela juíza Fabíola Oliveira Silva, o julgamento vai ser realizado no 1º Tribunal do Júri. Sabotage foi assassinado a tiros na Avenida Abraão de Morais, no bairro Bosque da Saúde. Ele tinha 29 anos na época.
Cantor e compositor nascido em uma favela paulista, Sabotage compôs muitas músicas de cunho social, falando sobre drogas, violência e criminalidade. Sua estreia no cinema foi no filme “O Invasor”, de Beto Brant. Também incorporou o personagem Fuinha em “Carandiru”, longa de Hector Babenco, que estreou meses depois da morte do rapper. O papel dele era de um detento viciado em drogas.
FONTE: G1
O acusado de matar o rapper Mauro Mateus dos Santos, mais conhecido como Sabotage, começará a ser julgado nesta quarta-feira (28) no Fórum da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo. O julgamento está previsto para começar às 13h. Sirlei Menezes da Silva, acusado de matar o músico em 24 de janeiro de 2003 na Zona Sul da capital, vai a júri popular.
Presidido pela juíza Fabíola Oliveira Silva, o julgamento vai ser realizado no 1º Tribunal do Júri. Sabotage foi assassinado a tiros na Avenida Abraão de Morais, no bairro Bosque da Saúde. Ele tinha 29 anos na época.
Cantor e compositor nascido em uma favela paulista, Sabotage compôs muitas músicas de cunho social, falando sobre drogas, violência e criminalidade. Sua estreia no cinema foi no filme “O Invasor”, de Beto Brant. Também incorporou o personagem Fuinha em “Carandiru”, longa de Hector Babenco, que estreou meses depois da morte do rapper. O papel dele era de um detento viciado em drogas.
FONTE: G1
terça-feira, abril 27, 2010
"Os loucos e insensatos estão em marcha"
Trafegava nesta quinta-feira pela BR-324 (Salvador – Feira de Santana) e vi a marcha do MST pela rodovia. Saíram de Feira de Santana e a previsão de chegada a Salvador é na segunda-feira. São mais de 100 km de caminhada.
Fala-se em 5 mil ou 6 mil participantes. Vi muitos jovens e mulheres participando da marcha.
Segundo a imprensa local, “a manifestação tem como objetivos cobrar mais agilidade na reforma agrária no País e cobrar do governo a realização de obras negociadas em manifestações anteriores, como a construção de casas e escolas em 120 assentamentos no Estado”.
A marcha também tem o caráter de protesto contra a criminalização dos movimentos sociais e contra a impunidade no campo, afirmou o deputado estadual Valmir Assunção (PT), que integra a marcha.
Com ele, estão outras lideranças do partido na Bahia, como o vice-presidente estadual da legenda, Weldes Valeriano. Na programação dos participantes, estão previstas “caminhadas pela manhã e atividades culturais – como curso de formação política e exibição de filmes – nos outros períodos”.
Antes de encontrar os membros do MST em caminhada, parei em um posto para abastecer o carro e puxei conversa com o frentista sobre a marcha. Comecei perguntando se estavam muito na frente e ele me respondeu que tinham passado por ali na manhã anterior e que àquela hora (mais ou menos às nove da manhã) já deveriam ter levantado acampamento e estavam novamente na pista.
Em seguida, tentou me confortar argumentando que era feriado, o trânsito não estava intenso e talvez não encontrasse muito engarrafamento.
Respondi que não me incomodava muito, pois o MST tinha o direito de lutar e de se manifestar. Ele se animou para continuar a conversa e alegou que também gostava do MST e da coragem deles, mas não gostava quando se tornavam violentos, destruíam plantações e casas das fazendas invadidas. Desejei bom dia de trabalho ao frentista e segui viagem.
Depois que passei por aquela multidão de homens e mulheres, caminhado em duas filas indianas, cantando e demonstrando que estavam voluntariamente naquela caminhada, pensei comigo mesmo: são mesmo loucos e insensatos!
Ora, são mais de 100 km de caminhada e nesta época do ano costuma chover muito no recôncavo baiano. Loucos e insensatos, mesmo!
Mais na frente, lembrei-me da observação do frentista com relação à violência do MST e pensei: também, o que se pode esperar de loucos e insensatos?
Que vão entrar com muito cuidado nas fazendas que ocupam, cuidar bem da casa, deixar tudo limpo e arrumado? Não, nada disso. São loucos e insensatos!
Mas o que os levou à loucura e à insensatez?
Por que tantos jovens, moças e rapazes, já perderam a razão e os bons modos ainda na flor da idade?
Esta doença é hereditária e foi causada por mais de 500 anos de exclusão e opressão. No início, os índios, depois os negros, depois os posseiros e pequenos colonos foram excluídos da terra e lançados ao léu.
Agora, séculos depois, tornaram-se “sem-terra” e marcham pelas rodovias do país, moram em acampamentos, ocupam fazendas, derrubam laranjais, queimam sedes luxuosas, matam bois para comer a carne… São uns loucos e insensatos.
Sendo assim, diferente dos “doutores da lei”, eles não sabem distinguir os vários tipos de posse, não sabem distinguir posse de propriedade e, muito menos, o que sejam os tais “interditos proibitórios.”
Para eles, interessa somente a terra e os alimentos que dela brotam. Terra, portanto, não se confunde com posse e, muito menos, com propriedade.
Terra é mãe e produz alimentos, é o local, o espaço sagrado e detentor das possibilidades de continuidade da espécie humana sobre o planeta. Propriedade, de outro lado, é mera abstração, conceito, idéia, pedaço de papel, registro em cartório…
Não compreendem os loucos e insensatos do MST, enfim, por que tantos “letrados” andam dizendo por aí que a “propriedade” é um direito sagrado.
Ora, sagrada é a terra, e não a propriedade dela! Esse destino místico da terra, porém, não se realiza com pastos e pisadas de bois ou eucalipto para virar celulose, mas com a presença do homem, como se pertencessem um ao outro, plantando e colhendo, no cio da terra, alimentos para o mundo.
O homem, portanto, não pode impor qualquer função ou amarras à terra, pois ela já tem desde sempre o seu destino inafastável, que é oferecer a vida ao homem que lhe habita.
Pensando bem, aliás, o que seria da vida, da liberdade e do mundo sem os loucos e os insensatos?
FONTE: MST/ Gerivaldo Neiva Juiz de Direito da Comarca de Conceiçãodo Coité (BA)