A forte desiguladade observada na América Latina afeta principalmente as mulheres, os indígenas e os afrodescendentes, segundo o relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) divulgado nesta quinta-feira em San José, Costa Rica.
"A desigualdade afeta mais as mulheres e a população indígena e a afrodescendente", destaca o primeiro Informe Regional sobre Desenvolvimento Humano para a América Latina e o Caribe 2010, do Pnud.
"As mulheres recebem salário menor que o dos homens pelo mesmo trabalho, têm presença maior na economia informal e enfrentam dupla jornada de trabalho (pelo trabalho doméstico)", explica o Pnud, acrescentando que "muitas mulheres carecem de acesso a serviços sociais em seu emprego".
As desigualdades associadas à origem racial e étnica são "consideravelmente maiores na população indígena e afrodescendente" da região, exceto em Costa Rica e Haiti.
"Em média, o dobro da população indígena e afrodescendente vive com menos de um dólar por dia, com relação à população eurodescendente", diz o estudo.
Quanto ao acesso a serviços de infraestrutura, o Pnud diz que "embora existam casos com os do Chile e da Costa Rica, onde a diferença entre os 20% da população com maior renda e os 20% da população com menor renda é baixa, persistem casos como os de Peru, Bolívia e Guatemala, que apresentam baixa cobertura destes serviços e grandes brechas entre os dois grupos".
O Pnud esclareceu que a pobreza não é a causadora dos altos índices de criminalidade em alguns países da região, embora tenha incidência.
"A criminalidade é um fenômeno mais complexo que relacioná-lo (exclusivamente) com a pobreza. A pobreza, em si mesma, não explica a criminalidade", disse Isidro Soloaga, coordenador do relatório regional, ao destacar que a Nicarágua tem baixa taxa de criminalidade, apesar de ter altos índices de pobreza.
Na América Central, a desigualdade tem sido reduzida desde os anos 90, enquanto na América do Sul "não foi até a metade da década seguinte que apresentou uma diminuição importante, embora (...) continuem sendo dos mais altos do mundo" em desigualdade, segundo o informe.
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