Valoriza herói, todo sangue derramado afrotupy!

terça-feira, julho 13, 2010

Prestes a completar 1 ano, termina greve de mineiros na Vale do Canadá






Empresa confessa caráter político da truculência contra o movimento dos trabalhadores




Terminou no dia 8 de julho a greve dos mineiros da Inco, a mineradora canadense que desde 2006 é propriedade da Vale. A greve se encerrou pouco antes de completar um ano. Os mineiros da Vale Inco cruzaram os braços em três comunidades do país em 13 de julho de 2009, contra uma série de ataques da multinacional brasileira aos trabalhadores canadenses.

A greve atingiu algo como 3.500 mineiros organizados na United Steelworkers (USW) nas comunidades de Sudbury, Port Colborne e Voisey’s Bay que, juntas, produzem 31% de todo o níquel da Vale. O movimento foi deflagrado contra o plano da Vale de atacar o sistema de abonos dos trabalhadores (similar à PLR), o plano de pensões e a reposição automática da inflação, além de avançar na terceirização.

A Vale lutava para impor aos trabalhadores o fim do sistema de pensão definida, ou seja, o sistema de aposentadoria em que o trabalhador contribui já sabendo o quanto vai ganhar. A Vale queria que apenas a contribuição fosse já definida, num sistema que a mineradora impôs aqui aos seus próprios trabalhadores após a privatização. Outra mudança refere-se ao bônus do níquel, estipulada segundo a cotação do produto no mercado. A Vale queria associar esse bônus apenas aos resultados da empresa.

Truculência
Os ataques da Vale aos trabalhadores canadenses seguem a esteira de demissões e férias coletivas lançadas mão pela empresa em todo o mundo durante o auge da crise econômica internacional entre 2008 e 2009. Após a compra da mineradora Inco, a empresa partiu para a ofensiva contra os direitos dos mineiros canadenses, classificando as conquistas dos trabalhadores como “privilégios”.

Uma vez deflagrada a greve, a Vale, como faz no Brasil, adotou uma postura intransigente e autoritária. Em janeiro a empresa contratou “fura-greves” terceirizados, a fim de manter a produção de níquel e descaracterizar o movimento. Desde o início, a empresa não escondeu que a derrota da greve era, mais do que uma questão econômica, um objetivo político, um exemplo para os demais trabalhadores de outros países.

O movimento, porém, conquistou ampla solidariedade internacional, inclusive dos trabalhadores da Vale no Brasil. Parte dessa campanha ocorreu durante o I Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale, realizado no Rio de Janeiro em abril último, que contou com uma delegação de mineiros canadenses. Moções de solidariedade também foram enviadas pelos sindicatos de mineiros de Itabira e Congonhas, filiados à Conlutas. E, no início do ano, o dirigente Dirceu Travesso foi pessoalmente prestar solidariedade à greve.

Trabalhadores marcham durante protesto contra a Vale

Luta política
Por meses, os operários enfrentaram a ofensiva da Vale, que tinha naquela greve uma atenção especial. O próprio diretor da Vale, Tito Martins, diretor-executivo de Metais Básicos e responsável pela unidade no Canadá, confirmou em entrevista ao jornal Valor Econômico o caráter político do esforço da empresa em derrotar o movimento. Para ele, a derrota da greve faz parte dos esforços da empresa em padronizar um tipo de relação entre empregado/empresa que tem como um dos pressupostos impor uma“linha de comando entre empregador e empregado sem intervenção direta do sindicato”.

Segundo ele próprio “a grande discussão não foi econômica, foi na verdade uma briga por poder”. Para o diretor, o que motivou a extensão da greve foi justamente o esforço da empresa em diminuir a influência do sindicato. "Foi a quebra desse paradigma que levou a Vale a ir para o confronto com os trabalhadores por tanto tempo", afirmou.

Embora a empresa tenha conseguido mudar o sistema de pensão para os novos trabalhadores e o bônus do níquel, a Vale foi obrigada a fazer uma série de concessões. Mesmo com o fim da paralisação em Sudbury e Port Colborne, a unidade de Voisey’s Bay continua em greve.

Veja abaixo os principais pontos do acordo coletivo aprovado pelos trabalhadores e válido até 2015.

  • Aumento do salário-hora para todos, com aumento da ajuda de custo de vida a cada cinco anos. Elevando assim o reajuste salarial para entre $ 2,25 e US $ 2,50 por hora dentro da duração do contrato.

  • Melhorias para o atual Plano de Pensão de Benefício Definido, aumentando para $ 41.400 por ano, com a indexação de ajuda para o custo de vida para toda a vida, junto com um plano de saúde para todos durante o tempo de vida.

  • O Plano de Previdência de Contribuição Definida para os novos contratados, que prevê contribuições da empresa igual a 8% do salário base regular dos trabalhadores. Além disso, os funcionários serão capazes de fazer contribuições adicionais que variam de 2% a 6% do salário regular, combinando com as contribuições da empresa dentro de certos limites. O novo plano também incluirá a cobertura em caso de invalidez de longo prazo para os trabalhadores.

  • Como resultado das negociações bem firmes e sustentadas, o programa de bônus de níquel irá permitir que os funcionários ganhem até US $ 15.000 por ano, além de salário regular.
  • FONTE: OPINIÃO SOCIALISTA
  • Nenhum comentário: