Governo pressiona universidades de elite a ampliar o acesso de estudantes menos favorecidos
A França está embarcando em uma grande experiência, enquanto tenta descobrir como diversificar a esmagadora maioria branca das "grandes écoles", as universidades de elite, que têm produzido os líderes franceses de todos os âmbitos da vida - e Rizane El-Yazidi é uma das pioneiras.
Filha de pais protetores do Norte da África, moradora do perigoso subúrbio de Bondy, no nordeste de Paris, El-Yazidi está matriculada em um programa experimental que visa ajudar crianças inteligentes pobres a superar as enormes desvantagens culturais que muitas vezes levam ao fracasso no vestibular de acesso às universidades.
Uma vez que a entrada para as melhores grandes écoles efetivamente garante os melhores empregos para toda a vida, o governo está estimulando as universidades para que defininam uma meta para aumentar a percentagem de alunos bolsistas para 30% - mais de três vezes a cota atual nas escolas mais seletivas.
O esforço foi recebido com preocupação nas universidades, que temem que isso possa diluir o padrão e gerar revolta entre os franceses em geral, que temem que a medida contraria o ideal francês de meritocracia cega a raça, religião e etnia.
A França se imagina como um país de "virtude republicana", uma meritocracia dirigida por uma elite bem treinada que emerge de um sistema educacional altamente competitivo.No seu ápice estão as grandes écoles, cerca de 220 universidades de diferentes especialidades.
E no topo da pirâmide estão algumas instituições famosas que aceitam, conjuntamente, milhares de alunos por ano, todos os quais têm de passar por exames extremamente competitivos para entrar. "Na França, as famílias comemoram a aprovação em uma grande écoles mais do que a formatura em si", disse Richard Descoings, que coordena a mais liberal delas, o Institut d'Etudes Politiques de Paris, conhecido como Sciences Po.
As universidades temem que o governo vá prejudicar a excelência em nome da engenharia social, e dizem que o processo tem de começar mais abaixo na escada educacional. O Estado, eles acreditam, deve procurar os estudantes pobres com potencial e ajudá-los a entrar nas escolas preparatórias.
Dos 2.3 milhões de estudantes do ensino superior francês, cerca de 15% estão nas grandes écoles ou escolas preparatórias.
Em 2001, Descoings, 52, que alegremente admite que fracassou no concours duas vezes antes de passar, começou seu próprio programa de extensão para melhor preparar os estudantes menos favorecidos para a Sciences Po.
No ano passado, a escola aceitou 126 bolsistas em uma classe de 1300, e dois terços deles têm pelo menos um dos progenitores não-francês, disse. Mas isso está muito longe dos 30%.
Em fevereiro, a Conferência das Grandes Écoles, sob pressão considerável, assinou uma "Carta de Igualdade de Oportunidades" com o governo comprometendo as escolas a tentarem atingir a meta de 30% até 2012 sob o risco de perder parte de seu financiamento.
Como chegar lá continua a ser um ponto de discórdia.
O governo está analisando se o vestibular atual depende demais da familiaridade com a história e a cultura francesas.
FONTE: The New York Times
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