Nunca foi tão fácil ter um celular. A última pesquisa do Centro de Estudos Sobre Tecnologia da Informação, divulgada em abril, mostra que a proporção de brasileiros com os aparelhos cresceu 21% nos últimos três anos (de 2006 a 2009). Isso significa que, em 82% dos domicílios do país, pelo menos uma pessoa tem um celular.
Mas a constante exposição dos usuários à radiação eletromagnética transmitida pelo aparelho e pelas antenas é segura? Não, segundo a engenheira e pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Adilza Condessa Dode, autora de um estudo que relaciona o número de óbitos por câncer à radiação emitida por antenas de telefonia móvel.
De acordo com os cálculos teóricos de Dode, o nível de radiação desses locais ultrapassa os padrões adotados pela legislação federal, em maio de 2009, de 300 GHz.
“Esses padrões já são extremamente altos e perigosos para a saúde humana. Quanto mais próximo de uma antena a pessoa mora, maior é o contato com o campo elétrico”, diz a pesquisadora.
Ela costuma passar cerca de oito horas em cada residência analisada medindo a radiação e planejando a arquitetura eletromagnética do lugar. “Incentivo as pessoas a mudarem o quarto para outro cômodo, menos afetado, e a evitarem as partes da casa onde a incidência da radiação é maior”, diz.
Legislação interesseira
Embora os padrões de exposição à radiação em vigor tenham sido definidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que segue as recomendações da Comissão Internacional de Proteção Contra Radiação Não Ionizante (ICNIRP), Dode discorda: “A legislação atende aos interesses industriais, econômicos e tecnológicos, não pensa na saúde das pessoas”, afirma.
A exemplo de países como a Suíça e a Itália, onde a lei é mais rigorosa, a pesquisadora sugere que cada município tenha autonomia para definir seu limite de exposição humana à radiação. “Isso já acontece em Porto Alegre e deveria acontecer em todas as cidades brasileiras”, argumenta.
De acordo com a pesquisadora, as antenas que ficam dentro do aparelho também são perigosas: “A potência emitida pelo celular é contínua e agravada pela posição das antenas, voltadas na direção do cérebro do usuário”, explica.
Enquanto não existem legislações mais rígidas ou normas de fabricação em relação a isso, Dode recomenda que o uso do celular se restrinja a emergências: “Eu mesma só uso em casos excepcionais e prefiro enviar mensagens de texto. Para conversar, uso o telefone fixo. É perfeitamente possível mudar os hábitos”, diz.
FONTE: Ciência Hoje/RJ
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