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quarta-feira, novembro 20, 2013

Serra da Barriga celebra o Dia da Consciência Negra







Após a morte de Zumbi, negro ainda sofre com discriminação
Desigualdade, intolerância e o preconceito precisam deixar de existir na sociedade


Servindo para que os brasileiros reflitam sobre a desigualdade, a intolerância e o preconceito ainda existentes na sociedade, a comemoração do Dia da Consciência Negra, celebrado hoje (20), coincidentemente com a morte de Zumbi dos Palmares, 1695, tem como destaque em Alagoas o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, localizado na Serra da Barriga, em União dos Palmares, que apresenta grandes atrativos e apresentações culturais.

Iniciado pela manhã, com o banho de cheiro feito por religiosos de matriz africana, cortejo sagrado e cerimônia de depósito de flores na Lagoa Encantada dos Negros, o festejo também apresentou para o público as tradicionais rodas de capoeira desenvolvidas por mestres.

Até o fim das comemorações, por volta das 20h na Praça Brasiliano Sarmento com apresentações dos grupos Afro Zumba e Afro Nação Dandara, e dos cantores Janaína Martins, Igbonan Rocha e Martinho da Vila, mais de dez mil pessoas deverão fazer parte do evento, onde também vão poder presenciar homenagens, oficinas e cerimônia para a entrega das novas obras realizadas no Parque Memorial.

Tido como uma referência por ter sido o maior refúgio de escravos da América Latina, o Parque Memorial Quilombo dos Palmares mantém a tradição inovando significativamente sua programação a cada ano.

Discriminação

De acordo com análises realizadas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Alagoas teve redução expressiva na expectativa de vida de homens negros em quatro anos.

A nota Vidas Perdidas e Racismo no Brasil aponta que, além de Alagoas, estados como o Espírito Santo e a Paraíba concentram o maior número de negros vítimas de homicídio. ““Enquanto a simples contagem da taxa de mortos por ações violentas não leva em conta o momento em que se deu a vitimização, a perda de expectativa de vida é tanto maior quanto mais jovem for a vítima”, revela o estudo.

Os autores Daniel Cerqueira e Rodrigo Leandro de Moura, ambos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), analisaram até que ponto as diferenças nos índices de mortes violentas de negros e não negros estão relacionadas com questões como as diferenças econômicas, ao racismo e de ordem demográfica. “O componente de racismo não pode ser rejeitado para explicar o diferencial de vitimização por homicídios entre homens negros e não negros no país”, concluiram os pesquisadores da FGV.

Considerando o universo dos indivíduos vítimas de morte violenta no país entre 1996 e 2010, o estudo mostra que, para além das características socioeconômicas – escolaridade, gênero, idade e estado civil –, a cor da pele da vítima, quando preta ou parda, aumenta a probabilidade do mesmo ter sofrido homicídio em cerca de oito pontos percentuais.

“O negro é duplamente discriminado no Brasil, por sua situação socioeconômica e por sua cor de pele”, dizem os técnicos. No estudo, eles concluem que essas discriminações combinadas podem explicar a maior prevalência de homicídios de negros quando comparada aos índices do restante da população.

Coincidentemente, Alagoas, líder de mortes violentas, especialmente o homicídio, contra negros e pardos também simboliza a luta dos africanos escravizados trazidos da África, no século 19, para trabalhar nos canais. A personificação desta luta que, pelos índices apresentados no estudo do Ipea, ainda perdura é Zumbi dos Palmares. Alagoano de nascença e natural de União dos Palmares, Zumbi – duende na língua do povo Banto, de Angola – liderou o maior quilombo do país.

Aos 7 anos, em 1670, ele foi capturado por soldados e entregue ao padre Antônio Melo, responsável por sua formação. Com o passar do tempo, Zumbi, batizado na igreja Católica com o nome de Francisco, fugiu para o Quilombo dos Palmares onde impressiona os demais escravos fugidos de fazendas de engenho pela sua habilidade em lutas. Aos 20 anos, ele já tinha se tornado o maior estrategista militar e guerreiro, responsável pela derrota imposta pelos quilombolas na luta contra soldados fiéis ao império português.

FONTE: Agência Brasil

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