Os educadores não aceitam a proposta do governo Tarso de tornar o ensino médio técnico. Para o doutor em História Valério Arcary, a proposta do governo do Estado é uma contrarreforma. “A classe média vai botar seus filhos na escola privada, enquanto os pobres terão que se abraçar com o plano do governador. A escola precisa ser transformadora e não reprodutora de uma ordem”, destacou o professor. “O governador esqueceu , todavia, de combinar isso com os professores”, concluiu Arcary.
As políticas propostas pelo governo têm como objetivo a avaliação e a aferição. Isso não passa de uma tentativa de mascarar a falta de investimentos na educação pública. O governo tenta colocar nos ombros dos educadores a responsabilidade pela evasão escolar e repetência. Os únicos penalizados são os trabalhadores. As estruturas de governo não serão responsabilizadas pela falta de investimentos e pelo sucateamento das escolas. O secretário da Educação, que até pouco tempo se dizia contra a avaliação externa e as provas padronizadas, agora as apresenta como solução para os problemas da educação. Onde está a coerência?
FALTA DE INVESTIMENTO
Segundo Arcary, o Brasil tem 23,5 milhões de jovens com idade para ingressar no ensino superior, mas o número de vagas é de apenas 5 milhões, sendo 1 milhão em instituições públicas. O Brasil investe U$ 959 aluno/ano, pouco mais que a Bolívia (U$ 695). O Canadá investe U$ 7.731. Se o Brasil investisse 10% do seu Produto Interno Bruto na educação, cerca de U$ 2,3 trilhões, isso elevaria o investimento aluno/ano para U$ 2.398.
Conforme Arcary, o salário médio nacional dos docentes é inferior ao salário médio das demais categorias. Em compensação, a escolaridade dos docentes é o dobro da dos demais trabalhadores. Os professores costumam trabalhar mais de 30 horas semanais.
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