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quinta-feira, novembro 03, 2011

CPERS discute greve pelo piso e contra projetos que atacam a educação e os educadores














Professores e funcionários de escola discutiram a greve para garantir a implementação do piso salarial e barrar projetos do governo do Estado que atacam a educação e a categoria. Os temas foram discutidos em seminário realizado no hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre. Os educadores se reúnem em assembléia geral no dia 18 de novembro, às 13h30, no Gigantinho.

Os educadores não aceitam a proposta do governo Tarso de tornar o ensino médio técnico. Para o doutor em História Valério Arcary, a proposta do governo do Estado é uma contrarreforma. “A classe média vai botar seus filhos na escola privada, enquanto os pobres terão que se abraçar com o plano do governador. A escola precisa ser transformadora e não reprodutora de uma ordem”, destacou o professor. “O governador esqueceu , todavia, de combinar isso com os professores”, concluiu Arcary.

As políticas propostas pelo governo têm como objetivo a avaliação e a aferição. Isso não passa de uma tentativa de mascarar a falta de investimentos na educação pública. O governo tenta colocar nos ombros dos educadores a responsabilidade pela evasão escolar e repetência. Os únicos penalizados são os trabalhadores. As estruturas de governo não serão responsabilizadas pela falta de investimentos e pelo sucateamento das escolas. O secretário da Educação, que até pouco tempo se dizia contra a avaliação externa e as provas padronizadas, agora as apresenta como solução para os problemas da educação. Onde está a coerência?

A cartilha elaborada pelo governo, em mais de sua metade, utiliza-se de importantes pensadores para tentar ganhar credibilidade. A proposta é, contudo, antagônica ao que defendiam os pensadores utilizados como exemplo pelo governo. A reestruturação pensada por Tarso/José Clóvis não leva em consideração os seres humanos. Considera apenas as necessidades do mercado de trabalho, dos arranjos produtivos do Estado.

Enquanto apresenta projetos que atacam a educação dos filhos dos trabalhadores, o governo silencia em relação ao cumprimento da lei do piso salarial para professores e funcionários de escola. Os professores são obrigados a cumprir durante o ano 200 dias letivos e 800 horas aula. Já o governo se nega a pagar o piso, criado por Tarso enquanto ministro da Educação e recentemente declarado constitucional pelo Supremo Tribunal Federal.

FALTA DE INVESTIMENTO

Segundo Arcary, o Brasil tem 23,5 milhões de jovens com idade para ingressar no ensino superior, mas o número de vagas é de apenas 5 milhões, sendo 1 milhão em instituições públicas. O Brasil investe U$ 959 aluno/ano, pouco mais que a Bolívia (U$ 695). O Canadá investe U$ 7.731. Se o Brasil investisse 10% do seu Produto Interno Bruto na educação, cerca de U$ 2,3 trilhões, isso elevaria o investimento aluno/ano para U$ 2.398.

Conforme Arcary, o salário médio nacional dos docentes é inferior ao salário médio das demais categorias. Em compensação, a escolaridade dos docentes é o dobro da dos demais trabalhadores. Os professores costumam trabalhar mais de 30 horas semanais.

O pedagogo Juca Gil lembrou que a idéia de o Brasil investir 10% do PIB na educação não é nova. Em 2001 já se previa tal percentual. O Congresso Nacional, porém, aprovou 7%. Mesmo rebaixado, o índice acabou vetado por FHC. O veto foi mantido pelo Congresso e pelo presidente Lula. Gil também criticou as propostas do governo do Estado, que, segundo ele, atacam os professores.

FONTE: João dos Santos e Silva, assessor de imprensa do CPERS/Sindicato

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