Quando se lançou na vida artística, Maria Rita tentou enveredar por um caminho que evitasse comparações com sua mãe, Elis Regina. Hoje, passados dez anos, e já consolidada por sua própria conta e risco, a cantora encara um desafio que pode trazer de volta as tais comparações. A partir de março do ano que vem, Maria Rita dará vez e voz ao projeto "Viva Elis", que, além de apresentações gratuitas por cinco capitais - São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Porto Alegre -, contará ainda com uma exposição itinerante, um livro sobre a trajetória da mãe e um documentário com depoimentos de mais de 50 personalidades que participaram, de forma direta ou indireta, da carreira e da vida da homenageada.
- Nada mais natural que um filho ser comparado aos seus pais. Meu incômodo era de que me achassem uma continuação da carreira dela, o que nem eu nem ninguém poderia fazer. Não vim pra tomar o lugar, não vim pra ocupar o espaço, assim como nenhuma cantora ocuparia e jamais ocupará. Mas as comparações existem, algumas maldosas, algumas saudáveis, e continuarão existindo - admite a cantora, que tinha apenas quatro anos quando Elis morreu, em 1982, aos 36 anos.
Maria Rita prevê fortes emoções quando assumir a empreitada, para a qual ainda não definiu repertório ou mesmo os músicos participantes - o detalhamento do projeto deve ocorrer apenas a partir de dezembro, quando ela encerrar a turnê de lançamento do CD "Elo".
- Não tenho nem palavras para descrever o que vai acontecer. Estou morrendo de medo, pra falar a verdade. É como eu costumo dizer, a Elis é de todos nós, mas a mãe é minha - explicou Maria Rita, antes de se corrigir, diante do irmão, o produtor musical João Marcelo Bôscoli, que estava logo ao lado: "É nossa, desculpe", disse, provocando risos entre os jornalistas que assistiam à apresentação do projeto, feita no Terraço Daslu, na Vila Olímpia, em São Paulo.
Quanto às novas comparações que virão por aí, dá de ombros:
- Hoje tenho dez anos de carreira e me sinto muito segura para dizer: não devo mais explicações a ninguém. Acho que tenho maturidade de tentar apresentar Elis ao meu público, que é jovem, não a conhece ou passou a conhecê-la depois que comecei a cantar.
João Marcelo Bôscoli atuará como curador da mostra que acompanhará a turnê e que também terá entrada franca. Os locais e datas das apresentações e da mostra ainda estão sendo negociados.
- Compilamos entrevistas que a Elis deu para programas de televisão do Brasil e do exterior, os programas de rádio, um grande acervo fotográfico, trechos de shows, roupas, algumas reproduções de grandes figurinos que marcaram sua trajetória e um documentário que, até o presente, momento, tem depoimentos de 48 pessoas. Ele ficará à disposição para as pessoas assistirem em versão condensada, ou depoimento por depoimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário