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sábado, novembro 12, 2011

Rocinha e nós













Outro dia escrevi sobre nossas apreensões com a atuação de policiais corruptos dentro das corporações. Fui aplaudido pelos leitores e criticado por militares que se sentiram ofendidos. Eu resolvi enfrentar o tema de peito aberto, porque sei o quanto ele é relevante. A sociedade precisa lutar por mudanças profundas na estrutura de segurança do nosso país. E no Rio de Janeiro há um desafio maior.

Não demorou muito, novas informações deram conta que os princípios do meu post estavam corretos: milicianos fugiram pela porta da frente da prisão auxiliados por policiais; um centro de corregedoria passou a ser conhecido pelo sugestivo nome "colônia de férias", pois policiais eram abastecidos com cervejas; policiais presos foram flagrados com prostitutas e beneficiários de regalias inaceitáveis; um comandante de batalhão tornou-se o principal acusado da morte de uma juíza, até o seu comandante-geral pediu para sair; traficante "Nem" contou para policiais federais que metade do faturamento de drogas da Rocinha ia para PMs; uma nuvem de suspeitas pairaram sobre o 23º Batalhão da PM que tem sua ampla sede no Leblon, bairro nobre do Rio de Janeiro... Ufa!! Pano rápido.

Estamos no limiar de mais uma ocupação policial, mais uma Unidade de Polícia Pacificadora, desta vez no coração da Zona Sul do Rio: Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu. Justo as favelas que separam bairros legendários Ipanema e Leblon de São Conrado e Barra. Estas favelas são o melhor exemplo da irresponsabilidade pública. A favela é como é porque os sucessivos governos, inclusive os atuais, deixaram sê-las como são. No futuro, depois de uma enchente forte, ocorrerão tragédias e os bem informados sabem muito bem para onde mandar a conta.

Neste domingo, 13 de novembro, em que o SRZD convocou todos os seus repórteres para cumprirem uma escala perversa, mas adequada ao momento histórico, assistiremos e narraremos para nossos leitores, perplexos ou não, o comportamento dos moradores, a ação policial e a reação dos traficantes.

Oficialmente será uma movimentação que contará com até 1.000 policiais. Apesar do início da operação bem sucedida, já que o chefe do tráfico local, Nem, foi preso, o secretário de Segurança José Mariano Beltrame, sábio, não conta vitória: "Está muito cedo para falarmos em sucesso. Eu acho que há mais preocupação do que satisfação".

Outro dia, encontrei o secretário Beltrame fazendo uma corrida e nos cumprimentamos. A sua mão firme me deu certeza que ele fala a verdade. Ele está preocupado, mas consciente de que o caminho é o certo.

Muitos traficantes já fugiram. E dizem que alguns foram para a Zona Oeste, para a área da Vila Vintém. Deve ser verdade, pois a polícia conseguiu capturar dez pessoas nesta sexta. Outros estão por aí, sem rumo. E há muito tempo. O secretário Beltrame sabe o que faz.

A UPP é boa para a sociedade organizada. Mas ainda falta o maior desafio: limpar a banda podre da polícia. Não é normal que os tais "congoleses" que conduziam "Nem" no porta-malas parem o carro várias vezes e a cada parada aumentassem o valor da oferta para serem liberados. Eles o fizeram porque sabem com quem estão lidando. Normalmente, com a polícia corrupta.

Desta vez, se deram mal. Ainda bem para nós.

FONTE:sidneyrezende.com

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