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terça-feira, junho 04, 2013

'A UNE foi de mala e cuia para o Governo'











    
  ENTREVISTA / Tamiris Rizzo,               
executiva nacional da Anel

Desde a última quinta-feira (30), cerca de 2 mil estudantes de várias parte do país e do mundo estão literalmente acampados na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) para o 2º Congresso da Assembleia Nacional dos Estudantes Livres (Anel). Criada há quatro anos, a entidade foi idealizada por dissidentes da União Nacional dos Estudantes (UNE). "Nossa proposta é construir uma alternativa de luta para o movimento estudantil brasileiro", define Tamiris Rizzo, estudante de pós-graduação da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e membro da executiva nacional da Anel. Para ela, a UNE se rendeu as benesses governistas desde o primeiro mandato do ex-presidente Lula (2003-2006). "UNE foi de mala e cuia para o Governo. A entidade virou um ministério estudantil." 

Em entrevista à Tribuna, Tamiris defendeu a destinação de 10% do PIB para educação, criticou a proposta de mudança da meia-entrada e falou do uso das redes sociais pelo movimento estudantil. 

Tribuna - Qual a proposta da Anel?
Tamiris - Queremos construir uma alternativa de luta para o movimento estudantil brasileiro. Uma vez que a UNE não representa mais o que foi o movimento estudantil no passado, quando a UNE esteve na campanha pelas "Diretas já" e pelo "Petróleo é nosso". Era uma entidade em defesa da soberania nacional. Hoje, tudo isso se perdeu. Buscamos uma alternativa política de mobilização que articule o processo nacionalmente, e a educação é o nosso tema mais central. 

- A luta é pela destinação de 10% do PIB na educação?
- Não apenas isso. Em 2012, teve a greve nacional nas universidades federais quando a Anel teve uma atuação muito grande em defesa da qualidade do ensino público. Hoje temos o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) em avançado estágio de implementação. Lá atrás, em 2007, quando começaram as discussões, deixamos claro que, com o tempo, isso levaria à precarização do ensino superior. O que vemos hoje é exatamente a concretização desse processo, com salas de aulas lotadas, dependências precárias, ausência de assistência estudantil na maioria das universidades. A proporção entre número de alunos por professor, que era de um para 15, chegou a um para 18. Ou seja, faltam professores para o ensino e a pesquisa, o que compromete a qualidade da educação. 

- O Governo tem o Reuni como programa de expansão das universidades. Isso não é uma demanda da entidade?
- Não somos contra nenhuma forma de expansão. Hoje temos menos de 21% da juventude no ensino superior. Somos a favor da expansão, mas com recursos, e não enxugando as estruturas, principalmente, de material humano. A lógica é cada vez mais docentes de 20 horas e menos de dedicação exclusiva. Hoje, a prioridade de investimento do Governo é no ensino privado. Os grandes grupos de educação, que encaram educação como um negócio lucrativo, não podem somar mais investimentos públicos do que as próprias universidades públicas. Por isso que queremos a destinação de 10% do PIB na educação para agora e não para 2020. Esse dinheiro deve ser investido na expansão do ensino público. Nada mais justo do que dinheiro público para o ensino público. 

- O Plano Nacional de Educação projeta investimento de 10% para 2020. Já não é um avanço?
- O Plano Nacional de Educação prevê aumentar os investimentos para que até 2020 tenhamos 7% do PIB investidos em educação podendo chegar a 10%. O último plano, que venceu em 2011, tinha previsão de chegarmos a 7%, mas não alcançou 5%. 

- É um avanço o fato de o Governo querer destinar todos recursos dos royalties do pré-sal para a educação?
- Se continuarmos da forma como é hoje, levaremos 59 anos para termos 30% dos estudantes nas universidades. Não se pode esperar tanto tempo mais. Essa bandeira dos 100% dos royalties para educação equivale a 2% do PIB e, assim mesmo, para daqui a 10 anos. Então, como se vê, a coisa não é bem assim. O pior é que, com esse discurso, justifica-se até a privatização do petróleo. 

- A Anel nasce da incapacidade da UNE de representar os estudantes. O que mudou na UNE?
- Desde o início do Governo Lula (2003-2006), a UNE passou para o lado de lá. A luta na rua, a ação direta, o autofinanciamento, enfim, todas as bandeiras da UNE foram deixadas de lado. A UNE foi de mala e cuia para o Governo. A entidade virou um ministério estudantil. É muito triste ver uma entidade como a UNE, com a história que tem, aceitar financiamento público para financiar seus congressos. Hoje, a UNE recebe mesada do Governo e em troca sai na foto ao lado do (senador) José Sarney (PMDB) e do (presidente do Senado) Renan Calheiros (PMDB). Não é essa entidade que vai representar os estudantes. 

- O que difere a Anel da UNE?
- Temos um programa alternativo, independente, autônomo e que possa fazer frente às políticas das reitorias, dos governos municipais, estaduais e federal. A Anel tem política de auto-financiamento. Para fazer esse congresso aqui, por exemplo, vendemos rifas, muitas rifas, fizemos pedágios nos estados. Teve livro-ouro e festas para arrecadarmos recursos. A UNE nos ensinou o caminho da ação direta, da parceria com os trabalhadores e do auto-financimaneto, mesmo tendo se afastado dessas bandeiras. Fazemos isso porque aqui, queremos ter liberdade para tocar a nossa música, que é a música dos estudantes. 

- Qual a estrutura organizacional da Anel?
- Adotamos a organização por meio de assembleia por ser mais democrática. A entidade chama-se Assembleia Nacional dos Estudantes Livres. Cada um pode levantar a mão e se pronunciar. Nos estados, temos executivas para implementar deliberações das assembleias. 

- Por que o movimento estudantil deixou as ruas depois dos "caras-pintadas"?
- O movimento estudantil não acabou com os "caras-pintadas". Ele está aí de volta. Se tiver estudantes nas ruas protestando, a Anel está lá. Tenho certeza. No mundo todo, os processos de mobilização social envolvem a mobilização da juventude. 

- O Congresso prepara mudanças no benefício da meia-entrada. Qual a posição da Anel?
- O direito a meia-entrada não pode ser submetido à apresentação de uma carteirinha. Se isso passa, teremos de novo o monopólio de uma entidade que emite carteirinhas. Na prática, é como se para exercer o seu direito, você precisasse de comprá-lo por meio de uma carteirinha. Antes de mais nada, é um absurdo comercializar um direito seja ela qual for. 

- Como o movimento estudantil usa as redes sociais?
- A Anel tem página na internet, no Facebook, no Twitter. Usamos todos os canais de comunicação para informar os estudantes. Agora, são ferramentas para levar à ação direta. É preciso que as coisas do mundo virtual reflitam no mundo real. Não adianta ficar apenas na frente do computador, é preciso ir para as ruas.

FONTE: TRIBUNA DE MINAS


Congresso em Goiânia: 

Virginia Barros é eleita 

presidenta da UNE


“A juventude está viva e pronta para continuar suas lutas”. 

Declarou a reportagem do Portal Vermelho, Virginia Barros (a Vic), presidenta eleita da União Nacional dos Estudantes (UNE), durante o 53º Congresso Nacional da UNE, que ocorreu entre os dias 29 de maio e 2 de junho, na cidade de Goiânia, no estado de Goiás. 

Virginia Barros, que  compõe a chapa Movimento Bloco na Rua, que é encabeçado pela União da Juventude Socialista (UJS), recebeu nestas eleições 68,3% dos votos dos 3.764 delegados crediciados. 


Segundo dados atualizados da direção da UNE, participaram do Congresso mais de oito mil estudantes, representando cerca de 800 municípios. A UNE destaca que esta edição do Congresso mobilizou cerca de 98% das instituições de ensino do país.


A presidenta eleita destacou ser “muito simbólico os estudantes alçarem, à presidência da UNE, uma mulher”. Ela lembra que, além dela, somente mais quatro mulheres ocuparam esse cargo, o que demonstra os desafios das mulheres na luta por maior representatividade nos espaços de poder.

E constatou: “Empoderar as mulheres nos espaços de poder, seja instituído seja nos movimentos sociais, além de ser uma demanda urgente que está dada para a sociedade, de forma que consigamos naturalizar a presença das mulheres nesses espaços”, destacou Vic.

Sobre os desafios a serem enfrentados a partir de hoje, a nova dirigente da UNE destacou que a principal bandeira da UNE será a luta pela destinação de 10% do PIB [Produto Interno Bruto], 100% dos royalties do petróleo e 50% do Fundo Social do Pré-sal para educação.


"Recebemos o bastão de uma gestão que já obteve grandes conquistas. Seguiremos no combate para ampliar essas conquistas. De modo que bandeiras como a luta contra a desnacionalização da educação, o reforço da luta pelo reforço da política de cotas, a luta pela reforma politica e dos meios de comunicação serão bandeiras que continuarão dando o tom da luta da UNE.

Ao passar o bastão para a nova presidenta, Daniel falou sobre a importância que a UNE ganhou nos últimos anos e destacou a pluralidade que a entidade possui. "A UNE é um se forjou como espaço fértil para as lutas políticas, a juventude tem muito a fazer e a UNE está ciente disso. A Vic liderará as nossas lutas e ampliará ainda mais a força da UNE", pontuou.

O presidente da União da Juventude Sociaalista (UJS), André Tokarski, salientou que a UJS buscou se conectar com as lutas do movimento estudantil e o resultado alcançado nesse Congresso é resultado da luta de uma juventude conectada com as lutas e que está ciente dos desafios do nosso Brasil. 

Segundo o dirigente da juventude socialista, "a militância está de parabéns. Ela se mobilizou nos 27 estados, colocou o bloco na rua, para refletir sobre as lutas da juventude e o resultado alcançado é fruto do esforço dessa militância aguerrida".

E lembra “Junto com o Movimento Bloco na Rua, a UJS foi mais uma vez protagonistas nessa mobilização para a construção do Congresso da UNE e elegemos uma representante de todo o movimento estudantil brasileiro. A Vic ao tempo que é combativa e formuladora ela também é uma mulher que é atenciosa e que ouve a opinião dos estudantes. Tenho convicção de que por ser mulher, a nossa nova presidenta da UNE vai ampliar a representação da UNE nos rumos do debate da Educação”, disse Tokarski ao Vermelho.

UNE 2013/2015

A nova direção é composta por 81 diretores assumem cargos na entidade, sendo que 17 participam da diretoria executiva, ocupando posições como presidência, vice-presidência, secretaria geral, diretoria de universidades públicas, diretoria de universidades particulares, diretoria de comunicação ou diretoria jurídicax militantes estudantis de xxx regiões do país.

FONTE: Joanne Mota / Portal Vermelho

ATUALIZADO EM: 04JUN13 / 19:17

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