Nota nº 03
No fim da última semana, São Paulo viveu duas grandes manifestações contra o aumento das tarifas de ônibus, trem e metrô para R$3,20. O Movimento Passe Livre (MPL) não é a única organização envolvida nessas mobilizações e não se considera o dono da luta contra o aumento. Esta luta tem sido uma luta ampla, com grande adesão da população e de outras organizações políticas – por isso mesmo não temos controle total das manifestações e nem dos grupos envolvidos.
O MPL é um movimento social independente e apartidário que luta por um modelo de transporte verdadeiramente público. Há partidos políticos participando das manifestações contra o aumento, mas, ao contrário do que foi publicado em alguns veículos de imprensa, os partidos não fazem parte do MPL. O MPL é um movimento nacional, autônomo e horizontal – não há líderes e todas as deliberações são tomadas coletivamente.
Declarações do Prefeito
No último sábado (08), foi publicada uma entrevista no Jornal Estado de S. Paulo na qual o prefeito Haddad falou sobre seus planos para o transporte coletivo da cidade e suas impressões sobre as manifestações ocorridas na semana.
Perguntado sobre a municipalização do imposto e sobre os combustíveis, Haddad disse que o movimento está defasado em relação o debate público. Mas se engana: quem está defasada é a prefeitura, que renega um debate muito mais avançado que foi feito pelo próprio PT no início da década de 1990: a Tarifa Zero.
Haddad diz ainda que a desoneração do Cide é uma bandeira histórica dos movimentos sociais, o que também não é verdade. Esta seria antes uma bandeira histórica de EMPRESÁRIOS do ramo: desonerar impostos, aumentar subsídios e ainda aumentar a tarifa!
O Prefeito revela que para se implementar a Tarifa Zero nos ônibus da capital seriam necessários R$6 bilhões, diz que essa discussão é séria e precisaria saber de onde tirar esse financiamento. O Movimento Passe Livre sabe que essa é uma questão séria, tanto que sabe também que, por exemplo, a previsão orçamentária da cidade que era de R$37 bilhões em 2012 cresceu para R$43 bilhões em 2013 – os 6 bi necessários para a Tarifa Zero.
Uma política como a Tarifa Zero, que priorize o transporte público, depende de uma decisão política. E a opção que esta prefeitura vem mantendo, é a mesma das anteriores: o modelo falido de priorizar o transporte individual em relação ao coletivo.
Sobre o Bilhete Mensal
Haddad admite que se trata de uma forma de captar mais recursos para as empresas. O projeto só beneficiará 10% dos usuários e representará um aumento de 60% do dinheiro publico que vai pro bolso dos empresários.
Trem e Metrô
O Governador Geraldo Alckmin parece não ter entendido (ou finge que não entendeu) que as mobilizações não são apenas contra o aumento das tarifas de ônibus: os aumentos do metrô, CPTM e dos intermunicipais são igualmente injustos. E que os mesmo prestam um serviço de péssima qualidade ao usuário e precarizam as condições de trabalho de seus funcionários.
Sobre o diálogo
O Movimento Passe Livre São Paulo está perfeitamente aberto ao diálogo, no entanto não temos disposição em negociar algo diferente daquilo que a população está exigindo nas ruas. Nas atuais mobilizações, temos uma reivindicação clara:
a REVOGAÇÃO DO AUMENTO.
Voltaremos ao centro na terça-feira às 17h na praça do ciclista, e estaremos nas ruas dos bairros ao longo de toda semana. A luta está só começando.
Por uma vida sem catracas - Movimento Passe Livre – São Paulo (MPL-SP)
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