Mas e classe? A qual classe pertencemos? Nós mulheres somos todas iguais? Sofremos o machismo do mesmo jeito, o mesmo tipo de opressão? E, o que é opressão?
Para tentar entender estas e outras perguntas vamos refletir sobre nossa vida.
Somos trabalhadoras, temos filhos, cuidamos dos afazeres domésticos, levamos cantadas na rua e muitas vezes no trabalho. Somos responsabilizadas por tudo aquilo que acontece com nossos filhos e fazemos o possível para não irritar nossos companheiros, pois os homens são assim mesmo, sem paciência e chefes da casa.
Bem, quando passamos por tudo isto somos oprimidas e muitas vezes não podemos sequer exprimir nossos sentimentos sem sermos reprimidas pelos homens, sejam eles pais, maridos, irmãos, etc.
Quando sofremos qualquer tipo de opressão, humilhação, assédio moral ou sexual, violência física e psicológica, na maioria das vezes ficamos caladas, pois não temos a quem recorrer. O governo Lula criou a Lei Maria da Penha e uma Secretaria das Mulheres, mas na prática de nada adiantou.
Nem mães podemos ser quando desejamos, pois o estado não nos garante nem o emprego, o que dirá assistência médica para nós e o bebê ou a creche para deixá-lo para podermos trabalhar (quando temos emprego). Por este motivo mulheres pobres continuam morrendo por fazerem abortos caseiros ou em clínicas sem nenhuma infra-estrutura, já que ele é considerado crime no Brasil.
Quando somos espancadas por um homem, seja pai, companheiro ou irmão, não temos onde recorrer, já que na maioria das vezes, além do medo, não temos condições financeiras para nos mantermos e o poder público nada tem a nos oferecer, por isso acabamos sempre nos submetendo aos maus tratos a ponto de pensar que a situação é assim mesmo e o jeito é "aprender" a lidar com o homem violento.
Agora vamos refletir sobre a vida de uma mulher rica. Quando ela é assediada sexual ou moralmente, contrata bons advogados e consegue punir quem a assediou. Se ela precisa fazer um aborto vai a uma clínica cara com toda a infra-estrutura necessária e, embora o aborto continue sendo um crime, ninguém a acusa. Se sofre algum tipo de violência doméstica, ela sai de casa e vai viver longe do agressor com todo o conforto, pois dinheiro não lhe falta.
Quando chega do trabalho, a mulher rica encontra sua bela casa impecável, pois tem empregadas, que ela explora, para fazer o trabalho doméstico. Para cuidar de seus filhos contratam babás e não têm o trabalho nem de trocar uma fralda. Além disso, podem ser mães no momento em que decidirem porque tem condições financeiras para isto.
Todas estas diferenças demonstram que mulheres pobres e ricas sofrem o machismo, mas de forma muito diferente. Mas só as mulheres trabalhadoras sofrem o machismo combinado com a exploração.
Apesar de sermos todas mulheres, nós não pertencemos à mesma classe social.
Mulheres pobres pertencem à classe trabalhadora e as ricas à burguesia. Nossos interesses são opostos: nós lutamos pelo fim da opressão machista e também pela igualdade social, por uma sociedade sem divisão de classes justa e igualitária, sem exploração e com a socialização de tudo o que a humanidade puder produzir para melhorar nossas vidas.
A mulher burguesa não tem a mínima intenção de modificar a sociedade capitalista e quer seguir explorando as trabalhadoras. É por este motivo que somos unidas pelo fato de sermos mulheres, mas estamos em campo oposto ao das mulheres que são parte da classe dominante que nos explora.
E é também por isso que não dá para lutar contra a opressão machista sem lutar contra a exploração do trabalho de mulheres e homens.
Diante disto, chamamos a todas as mulheres trabalhadoras para estarem conosco no Movimento Mulheres em Luta. É necessário combater o machismo agora. Organizar as mulheres para lutar contra o machismo e a exploração, para lutar contra esse sistema que nos humilha e destrói.
Venham juntar-se a nós e construir um grande movimento de mulheres trabalhadoras no Brasil.
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