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segunda-feira, março 30, 2009

Presidência de Obama abre portas para mídia negra















Para revistas, jornais, canais televisivos e estações de rádio voltados ao público negro, a chegada da gestão Obama foi o prenúncio de uma era sem precedentes de acesso à Casa Branca. O presidente Barack Obama deu sua primeira entrevista impressa para a revista Black Enterprise e uma de suas primeiras entrevistas de rádio a um apresentador negro.
Neste mês, ele convidou 50 editores de jornais negros para um encontro na Casa Branca. E, durante sua coletiva de imprensa na terça-feira, ele pulou vários proeminentes jornais e revistas para chamar Kevin Chappell, editor da revista Ebony. Foi a primeira vez que um repórter da Ebony foi convidado para fazer perguntas ao presidente durante uma coletiva de imprensa de horário nobre.
"Temos, pelo menos, o mesmo número de cadeiras na mesa", disse Bryan Monroe, vice-presidente e diretor editorial das revistas Ebony e Jet. "Não vamos conseguir tudo que precisamos. Mas agora podemos ter a certeza de que somos ouvidos." Obama está cultivando um novo elenco de jornalistas na capital americana, os correspondentes e editores de meios de comunicação negros, que alocaram mais pessoas e recursos para a cobertura do primeiro presidente afro-americano.
Alcançar esses jornalistas permite que Obama passe sua mensagem para o público negro por meio de organizações de mídia que geralmente o celebram mais do que criticam. Autoridades afirmam que essas organizações chegam a pessoas geralmente não alcançadas pela imprensa tradicional e que o esforço reflete o compromisso do presidente de governar para todos os americanos. "Queremos que as pessoas saibam o que estamos fazemos e como as políticas do governo vão impactar suas comunidades", explicou Corey A. Ealon, o novo diretor do presidente para a mídia afro-americana.
Nas últimas semanas, o governo convidou grupos de mídia negros para acompanhar as tele-conferências de vários altos conselheiros de Obama, como Rahm Emanuel, seu chefe de gabinete; Valerie Jarrett, conselheira sênior; e Shaun Donovan, secretário de Habitação. Também foram organizadas reuniões com Melody C. Barner, que lidera o Conselho de Políticas Domésticas do presidente. E durante o encontro da semana passada com os editores negros, Obama agradeceu o apoio a sua candidatura e presidência.
"A razão pela qual eu e Michele conseguimos fazer o que estamos fazendo é o apoio extraordinário e a consideração de sua cobertura sobre nossas campanhas e atividades, portanto, estou muito agradecido a vocês", disse Obama aos membros da Associação Nacional de Editores de Jornal, que representa mais de 200 jornais da imprensa negra americana. Mas se o novo acesso à Casa Branca levou mais relevância e respeito a meios há muito relegados ao segundo plano, também atiçou o debate sobre se a imprensa negra deveria oferecer uma visão mais crítica do presidente.
Neste mês, Tavis Smiley, conhecido apresentador negro de TV e rádio, clamou em entrevista na National Public Radio que jornalistas - tanto brancos quanto negros - avaliassem criticamente o desempenho de Obama. "Acredito que o solo é fértil para que Barack Obama seja um grande presidente", disse Smiley. "Eu acho que ele pode ser, mas apenas se ajudarmos a fazê-lo um grande presidente. Grandes presidentes precisam ser empurrados até sua grandeza." Smiley alertou, porém, que criticar Obama não era para "os corações fracos".
Ano passado, Smiley se demitiu como comentador regular do programa The Tom Joyner Morning Show após receber uma chuva de e-mails e telefonemas furiosos por ter questionado o comprometimento de Obama com as lutas negras. Grupos de mídia negros insistem, porém, que vão fazer pressão no presidente e que os recursos acrescentados fornecerão mais cobertura.
A Black Entertainment Television incluiu um segundo correspondente à sua equipe na Casa Branca e a rede de televisão transmitiu ao vivo o primeiro pronunciamento de Obama ao Congresso e suas duas coletivas de imprensa. A Essence, revista voltada para mulheres negras, contratou seu primeiro correspondente em Washington. A Johnson Publications, grupo de Chicago que controla as revistas Ebony e Jet, inseriu uma nova seção na semanal Jet, "Inside Washington" (Por dentro de Washington).
Além de artigos celebrando a posse, o casamento de Obama, sua família e seu estilo de governo, algumas publicações examinaram os planos econômicos do presidente e se preocuparam com a negligência aos problemas da comunidade negra. A Black Entrerprise publicou recentemente um artigo no qual vários economistas negros dissecavam o plano de estímulo econômico, com alguns questionando a eficácia dos cortes de impostos e levantando preocupações sobre se o plano lidaria com o alto nível de desemprego entre os negros.
Hazel Trice Edney, editora-chefe do serviço de notícias da associação de editores, aponta que repórteres negros ainda são raramente chamados para os informes diários da Casa Branca. E observou que a administração se recusou a permitir que os editores negros presentes no encontro com Obama fizessem qualquer pergunta ou cobertura do evento - ela desafiou a proibição gravando e reportando o encontro.
"O que aconteceu com Kevin é maravilhoso, estamos felizes que ele tenha sido chamado", disse Edney sobre Chappell. "Mas é apenas uma revista." Ao mesmo tempo, entretanto, alguns jornalistas e organizações de mídia negros prometem continuar seu papel histórico de celebrar as conquistas dos negros - incluindo a do presidente - porque dizem que as publicações tradicionais nem sempre fazem isso.
Semana passada, Dorothy Leavell, presidente da Fundação Nacional de Editores de Jornal, recebeu um caloroso aplauso quando disse a seus colegas editores que a eleição de Obama fez com que se sentisse "orgulhosa de que alguém tão excepcional, tão vibrante, pudesse liderar este país". Durante o encontro, Leavell deu a Obama o prêmio de personalidade da imprensa do ano de sua organização. "Estamos dando cobertura a você", disse.

The New York Times-Terra

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