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sexta-feira, outubro 02, 2009

Estudantes realizam manifestação em frente ao STF a favor das cotas raciais


Estudantes de todo o país se reuniram nesta quinta-feira (1/10), em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), para realizar manifestação contra a ação ajuizada pelo partido político Democratas (DEM), que questiona e pede o fim do sistema de cotas raciais nas universidades públicas.




O encontro, de acordo com os estudantes, faz parte de uma série de eventos que serão realizados para comemorar os 120 anos do STF, celebrado em 2010. Para o diretor da Educafro, frei David Santos, a melhor forma de celebrar a data será com o voto, dos ministros, a favor das cotas. "No Supremo existem vários processos a serem julgados, e um deles é o do DEM, contra a comunidade negra.




Estamos aqui contra o partido, não entendemos o por quê de tanto ódio com o povo negro. Eles precisam reconhecer que o sistema de cotas, entre diversas ações, é um modo de resgatar os 388 anos em que os negros foram escravizados", afirma Santos.




Para o frei, a atitude do DEM é equivocada ao afirmar que as cotas irão gerar mais racismo, pois está provado que, nas diversas universidades que adotaram o sistema, há uma grande integração entre os alunos brancos e os negros. David Santos afirmou ainda que o Brasil passa por um boa fase. Segundo ele, pela primeira vez um presidente da República escolhe um negro para o STF, o ministro Joaquim Barbosa.




E destacou que já conversou com todos os ministros sobre a ação do DEM. "Nós tivemos a honra de ter uma audiência com cada ministro e acreditamos que apenas três deles ainda estão em dúvida com relação ao voto. Por isso, com esses, vamos fazer um bom trabalho para que possam ficar a nosso favor", completa.




Durante a manifestação, além de levarem um bolo e cantarem parabéns para o STF, os alunos levantaram uma bandeira e pediram a construção de um Brasil diversificado, ou seja, com inclusão de brancos, negros e índios. "Nós queremos que em 2010 possamos dar mais um voto de confiança ao STF e dizer que se os ministros amam o Brasil e querem ver o país como um país da diversidade e da paz, eles têm que ser justos na hora do voto. A juventude negra está envelhecendo fora dos muros da universidade, fora do emprego e dentro das prisões ou favelas. Ou o STF ajuda a mudar o Brasil ou o país não terá paz", afirmou Jaime Alves, aluno cotista da Educafro.




STF


O ministro Ricardo Lewandowski, relator da ação do DEM, convocou audiência para os dias 3 a 5 de março do ano que vem, com o objetivo de colher depoimentos de pessoas com experiência em políticas de ação afirmativa no ensino superior. Na convocação, o ministro explica que a reunião é importante do ponto de visto jurídico, "uma vez que a interpretação a ser firmada por esta Corte poderá autorizar, ou não, o uso de critérios raciais nos programas de admissão das universidades brasileiras".




O ministro ressaltou ainda a repercussão social do julgamento, que "poderá ensejar relevante impacto sobre políticas públicas que objetivam, por meio de ações afirmativas, a redução de desigualdades para o acesso ao ensino superior".




Estatuto da Igualdade Racial



O projeto que cria o Estatuto da Igualdade Racial foi aprovado, no último dia 9 de setembro, pela Câmara dos Deputados. O próximo destino da proposta seria a análise no Senado Federal. Porém, um requerimento de autoria do senador Arnaldo Madeira (PSDB-SP) pede para que a matéria seja analisada novamente no plenário da Casa.




A atitude do parlamentar não agradou à uma parcela da população. Por isso, o grupo de estudantes que esteve em Brasília nesta quinta-feira, também se reuniu com o político para manifestar a sua indignação.




De acordo com o diretor executivo da Educafro, frei David Santos, a atitude do deputado foi injusta e desonesta com os outros parlamentares que trabalharam para concluir a votação do projeto, que já estava em análise na Câmara há dez anos.




A decisão de Madeira, segundo David, vai fazer com que se estenda a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial. "A nossa meta é que o presidente Lula sancione o estatuto em 20 de novembro deste ano. Se o projeto voltar para o plenário da Câmara, o processo de votação vai demorar ainda mais. Queremos que vá logo para o Senado, que já está preparado para fazer um trabalho bonito e com eficiência", explica.




O grupo participou também nesta quinta de audiência pública no Senado com objetivo de debater com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) o motivo pelo qual as grandes empresas do Brasil possuem apenas 3,4% de negros ocupando cargos executivos. Durante o encontro, ficou decidido que a CNI dará essa resposta no dia 25 de novembro, em uma nova audiência no Senado.
AGÊNCIA BRASIL

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