O Brasil ainda vai precisar de cinco anos para conseguir cobrir a determinação da Constituição de garantir o ensino fundamental à população. No entanto, esse prazo será muito maior para a camada de brasileiros com mais de 30 anos. O sistema educacional brasileiro ainda reflete as desigualdades sociais e regionais do país. Os dados constam do estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2008, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa de analfabetismo no Brasil foi de 10% em 2008. No entanto, o percentual varia de 5,8% no Sudeste para 19,4% no Nordeste. Nas áreas rurais, o analfabetismo chega a 23,5% contra 4,3% nas regiões urbanas. A taxa entre os negros é de 13,6%, mais do que o dobro do percentual identificado entre a população branca. A camada da população com mais de 40 anos tem um índice de analfabetismo de 16,9%. Para o diretor de estudos sociais do Ipea, Jorge Abrahão, o analfabetismo no Brasil tem endereço.
Para resolver o problema da educação no Brasil, e levar ao mesmo nível de países como Chile e Argentina, é preciso resolver o gargalo do analfabetismo e também ampliar o ensino superior. No Brasil não são muitas as pessoas que conseguem chegar à universidade.
O estudo mostra que entre os 20% mais ricos da população, apenas 1,9% são analfabetos. Mas essa não é a realidade dos 20% mais pobres, que têm uma taxa de analfabetismo de 19%. Segundo Abrahão, existem 50 milhões de vagas no ensino médio, o que não é trivial. Mas é preciso ainda ampliar a educação básica e melhorar sua qualidade.
De acordo com dados do Ipea, de cada 100 brasileiros que entra no ensino fundamental, 13 largam os estudos na 4º série. No Nordeste, esse número chega a 20. E de cada 100 pessoas que conseguem chegar a 8º serie, apenas 54 conseguem concluir o ensino médio.
O GLOBO
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