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quinta-feira, dezembro 06, 2012

Sob aparato policial, é criado sindicato que divide os técnico-administrativos


O Sindicato dos servidores técnico-administrativos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), entidade vinculada à Fasubra, criticou a forma como foi realizada a assembleia de fundação da Atens- Sindicato Nacional, em Santa Maria. Para o encontro, realizado no Park Hotel Morotin na manhã desta segunda, 3, não faltou o aparato repressivo tanto da Brigada Militar como de segurança privada. O presidente do sindicato docente e 3º secretário do ANDES-SN, Rondon de Castro, repudiou a tentativa de divisão na categoria dos técnico-administrativos, bem como o uso de métodos coercitivos contra os críticos à fundação do novo sindicato. “O que ocorreu lembra em muito a famigerada assembleia do Proifes, em setembro de 2008, em São Paulo, quando, além de guardas privados, houve pessoas votando através de procurações, o que é um absurdo”, destaca Rondon.


Durante a assembleia, cerca de 100 técnico-administrativos em educação (TAEs), representados pela Assufsm e alguns vindos de várias partes do país para representar a Fasubra, realizaram ato de denúncia em frente ao Hotel. O cerco de repressão montado culminou na expulsão, pela Brigada Militar, do carro de som da Assufsm. A direção da Fasubra também foi coagida a assinar um boletim policial, em que se responsabilizou pela ‘perturbação da ordem’, alegada pela Atens. Numa tentativa de apontar a quem verdadeiramente servirá o novo sindicato, diretores da Fasubra e coordenadores da Assufsm ressaltaram que, enquanto a Fasubra foi criada na época da luta contra a ditadura militar, a nova entidade já surge sustentada pela repressão e anda de mãos dadas com a força policial e a supressão dos meios democráticos de decisão e diálogo.

A Atens existia até então como associação, mas agora que alcançou a representação sindical tende a ter maiores efeitos nocivos sobre a categoria dos TAEs, uma vez que representa apenas os técnicos de nível E (ou nível superior), numa clara investida contra a unidade da base desses trabalhadores. Prova disso, conforme denunciou a Assufsm, foi o fato de vários técnicos que compareceram ao ato terem sido impedidos de participar da assembleia por não pertencerem ao nível E. Os poucos que conseguiram acesso demonstraram seu descontentamento com a entidade durante votação – em que os votos contrários à criação do sindicato não foram contabilizados – e, após, retiraram-se do salão.

Na tarde do dia 3, a Fasubra entregou ao Ministério Público alguns documentos e indícios de que a Atens teria usado recursos da máquina pública para sua fundação. Suspeitas de apoio financeiro e de vinculação com a Reitoria da Ufsm foram levantadas. A denúncia apresentada em Santa Maria deve ser também levada a outras universidades onde se suspeita, também, de práticas irregulares.

Na avaliação da Assufsm, a nova entidade é pautada pela ‘facilidade de benesses, gratificações e proximidade com reitores e chefias’. Em carta assinada pela Fasubra e entidades filiadas, a Federação faz um chamado aos TAEs de Nível Superior para que venham construir a base da entidade e não legitimem o divisionismo corporativista da Atens. “O grande equívoco dessa organização de TAEs (Classe E –Atens) é apostar na divisão da categoria com a ilusão de atendimento fácil das demandas dessa classe. As consequências da consolidação desse movimento divisionista são o fortalecimento do governo nas mesas de negociação e o consequente enfraquecimento da mobilização de nossa categoria para qualquer outra luta econômica ou política”, diz o documento.

Para oRondon de Castro, é lamentável ver que certas práticas que já se pensavam esquecidas voltem a se repetir em meio ao sindicalismo do país, como a cooptação e o uso do aparato repressivo contra o direito de livre manifestação dos trabalhadores. “O que os servidores técnico-administrativos precisam perceber é que dividir uma entidade como a Fasubra é dividir a categoria. E isso, obviamente, é fazer o jogo do patrão, ou seja, do governo, que assiste a tudo, de camarote, enquanto os trabalhadores se digladiam entre si”, enfatiza.


Fonte: Sedufsm

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