O Sindicato dos servidores técnico-administrativos da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM), entidade vinculada à Fasubra, criticou a
forma como foi realizada a assembleia de fundação da Atens- Sindicato Nacional,
em Santa Maria. Para o encontro, realizado no Park Hotel Morotin na manhã desta
segunda, 3, não faltou o aparato repressivo tanto da Brigada Militar como de
segurança privada. O presidente do sindicato docente e 3º secretário do
ANDES-SN, Rondon de Castro, repudiou a tentativa de divisão na categoria dos
técnico-administrativos, bem como o uso de métodos coercitivos contra os
críticos à fundação do novo sindicato. “O que ocorreu lembra em muito a
famigerada assembleia do Proifes, em setembro de 2008, em São Paulo, quando,
além de guardas privados, houve pessoas votando através de procurações, o que é
um absurdo”, destaca Rondon.
Durante a assembleia, cerca de 100 técnico-administrativos em educação (TAEs),
representados pela Assufsm e alguns vindos de várias partes do país para
representar a Fasubra, realizaram ato de denúncia em frente ao Hotel. O cerco
de repressão montado culminou na expulsão, pela Brigada Militar, do carro de
som da Assufsm. A direção da Fasubra também foi coagida a assinar um boletim
policial, em que se responsabilizou pela ‘perturbação da ordem’, alegada pela
Atens. Numa tentativa de apontar a quem verdadeiramente servirá o novo
sindicato, diretores da Fasubra e coordenadores da Assufsm ressaltaram que,
enquanto a Fasubra foi criada na época da luta contra a ditadura militar, a
nova entidade já surge sustentada pela repressão e anda de mãos dadas com a
força policial e a supressão dos meios democráticos de decisão e diálogo.
A Atens existia até então como associação, mas agora que alcançou a
representação sindical tende a ter maiores efeitos nocivos sobre a categoria
dos TAEs, uma vez que representa apenas os técnicos de nível E (ou nível
superior), numa clara investida contra a unidade da base desses trabalhadores.
Prova disso, conforme denunciou a Assufsm, foi o fato de vários técnicos que
compareceram ao ato terem sido impedidos de participar da assembleia por não
pertencerem ao nível E. Os poucos que conseguiram acesso demonstraram seu
descontentamento com a entidade durante votação – em que os votos contrários à
criação do sindicato não foram contabilizados – e, após, retiraram-se do salão.
Na tarde do dia 3, a Fasubra entregou ao Ministério Público alguns documentos e
indícios de que a Atens teria usado recursos da máquina pública para sua
fundação. Suspeitas de apoio financeiro e de vinculação com a Reitoria da Ufsm
foram levantadas. A denúncia apresentada em Santa Maria deve ser também levada
a outras universidades onde se suspeita, também, de práticas irregulares.
Na avaliação da Assufsm, a nova entidade é pautada pela ‘facilidade de
benesses, gratificações e proximidade com reitores e chefias’. Em carta
assinada pela Fasubra e entidades filiadas, a Federação faz um chamado aos TAEs
de Nível Superior para que venham construir a base da entidade e não legitimem
o divisionismo corporativista da Atens. “O grande equívoco dessa organização de
TAEs (Classe E –Atens) é apostar na divisão da categoria com a ilusão de
atendimento fácil das demandas dessa classe. As consequências da consolidação
desse movimento divisionista são o fortalecimento do governo nas mesas de
negociação e o consequente enfraquecimento da mobilização de nossa categoria
para qualquer outra luta econômica ou política”, diz o documento.
Para oRondon de Castro, é lamentável ver que certas práticas que já se pensavam
esquecidas voltem a se repetir em meio ao sindicalismo do país, como a
cooptação e o uso do aparato repressivo contra o direito de livre manifestação
dos trabalhadores. “O que os servidores técnico-administrativos precisam
perceber é que dividir uma entidade como a Fasubra é dividir a categoria. E
isso, obviamente, é fazer o jogo do patrão, ou seja, do governo, que assiste a
tudo, de camarote, enquanto os trabalhadores se digladiam entre si”, enfatiza.
Fonte: Sedufsm
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